segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Questionando nosso sistema de ensino

Há pouco tempo decidi que iria fazer licenciatura para dar aula de artes (ou educação artística) em escolas, tanto no ensino médio quanto no fundamental. Por que isso? Porque sou utópico. Sou daqueles que acham que as crianças são o nosso futuro e que a educação pode nos salvar. Acho também que falta cultura ao nosso povo. Que as crianças devem conhecer música, cinema, artes plásticas, fotografia e outras expressões artísticas na escola ao invés de serem bombardeadas pelo mundo materializado nas TVs. E aí me meti nessa... será que eu consigo? Só me resta tentar.

Já comecei a estagiar em uma escola e uma das professoras que assisto lançou um míssil: "As crianças de hoje só sabem executar, não sabem criar. Se você pede para copiar isso ou aquilo, elas fazem. Mas vai pedir para fazer um desenho livre! Elas ficam doidas sem saber o que fazer". Isso me pegou de jeito! É a mais pura verdade!

É um problema de todo nosso sistema de ensino (pelo jeito, mundial!) e ainda nem tenho cacife para escrever sobre isso. Mas na minha época de mestrado eu já discursava que "o mundo acadêmico é quantitativo e não qualitativo". Formam-se máquinas com informação para utilizar em avaliações questionáveis que serão esquecidas posteriormente para a injeção de informação ligada ao trabalho específico.

Aí recebo hoje esse vídeo SENSACIONAL. Sir Ken Robinson é um especialista britânico em criatividade e vem questionando a forma como nossas crianças vem sendo educadas. Tem 20 minutos e é em inglês, mas vale muito a pena e tem legendas (subtitles) para escolher.



Nada mais a dizer no momento. Somente que isso ainda vai dar muito pano pra manga...

3 comentários:

Graça disse...

Após ler atentamente o post e assistir o vídeo, milhares de coisas vieram a minha cabeça. Não me surpreendi com o comentário da professora mas confesso que ouvindo o professor inglês fiquei surpresa pois imaginava que na Europa a educação estimulasse mais a criatividade.
De uma conversa com minha irmã nos veio a lembrança um poema de Emily Dickinson (1830/1886) que diz o seguinte:

"Para fazer uma campina
Basta um só trevo e uma abelha.
Trevo, abelha e fantasia.
Ou apenas fantasia
Faltando a abelha"

Sei não...!!! Acho que anda faltando fantasia

fichagas disse...

hoje a fantasia é dada pela tv, pelo cinema, pelo videogame. é mais fácil apertar um botão do que criar. as escolas exigem e avaliam um conteúdo que é exigido e avaliado pelo mercado. aí fica a questão: pq será que se dá tanto valor hoje em dia à inovação? aos profissionais criativos?

pq isso é raro.

Graça disse...

Já que o assunto é criatividade/educação, gostaria de aproveitar para lembrar brevemente uma experiência vivida por Melanie Klein, um dos ícones da Psicanálise, durante a 2a Guerra Mundial.
Refugiada e vivendo na Inglaterra com os filhos passou a trabalhar com crianças que eram levadas para áreas distantes para fugir aos contínuos bombardeios alemães.
A dificuldade de obter material para trabalhar com as crianças a levou a utilizar todo o tipo de sucata possível e dessas sucatas resultaram verdadeiras "obras" de criatividade, de engenhosidade.
Finda a guerra, e com a vida voltando a normalidade, foi possível a aquisição de brinquedos industrializados e nesse momento, como ela mesmo registrou, ela percebeu que as crianças perderam muito da criatividade.

Não desejo de hipótese alguma que se volte à carência da 2a Guerra Mundial mas gostaria de voltar a ver uma criança aos 4 anos de idade pegar um garrafa pet, uma embalagem metálica para guardar charutos e umas canetinhas coloridas e transformar num "fabuloso" submarino