terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

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Sempre que alguém próximo (ou eu mesmo) demonstra sinais de auto-crítica, auto-análise e - principalmente - reconhecimento de um erro ou problema que precisa ser reparado, eu brinco dizendo que foi dado o primeiro passo dos Alcoólicos Anônimos. Mas acho que não é tão brincadeira não. Acho que realmente o primeiro passo que devemos dar - em muitas ocasiões - é reconhecer um erro, reconhecer que temos um problema.

Mas fiquei pensando... e os outros passos, então? O que fazer para reparar esse erro? Então fui pesquisar... os Doze Passos do AA são:
  1. Admitir a impotência perante o álcool, que perdeu-se o domínio sobre sua vida.
    Esse passo é para eliminar os mecanismos de defesa, aqueles que dizem que seu vício (erro, falha) não fazem mal a você ou a outros. Esse processo de negação é minimizado e abre-se espaço para a espiritualidade, sendo que aqui a espiritualidade é vista como a melhoria da qualidade do relacionamento com quem ou com o que é mais importante em sua vida.

  2. Acreditar que um Poder superior poderia devolver à saúde.
    Sim, o Poder superior é Deus no original americano. Mas há leituras que dizem que o próprio doente tem a força (fé) para reverter a situação.

  3. Entregar sua vontade e sua vida aos cuidados de Deus.
    Seguindo a leitura da força de vontade individual, este passo significa colocar-se a disposição, realmente se comprometer com a melhoria. É chamado de o passo da estruturação, aquele que define as decisões a serem tomadas para que as ações não se tornem impulsos infantis.

  4. Fazer minucioso e destemido inventário moral de si mesmo.
    Esse é o passo da honestidade, onde se reavalia a vida como um todo, o que é bom e o que é ruim para a realidade em que se vive, buscando sempre o equilíbrio. É um dos mais difíceis porque tende-se a buscar somente os negativos, quando são os positivos que darão o suporte para a recuperação.

  5. Admitir perante Deus, si mesmo e outro ser humano a natureza exata de suas falhas.
    Outro passo difícil: o da humildade. O primeiro passo parece fácil porque é uma coisa interna, individual, é possivel que ele seja dado no conforto de suas próprias idéias. O resultado do quarto passo pode ser um ego inflado. Mas dizer em voz alta seus erros com testemunhas para ouvi-lo, é concretizar o problema, é dar vida, é realizar o erro. Além disso, é mostrar a todos que você está comprometido com a melhoria.

  6. Permitir que Deus remova todas essas falhas.
  7. Rogar a Ele que te livre de suas imperfeições.
    São dois passos praticamente iguais que - se visto pela força individual - nos levam a assertividade, ao agir com correção. Depois de estruturado e embasado em suas decisões e morais e totalmente consciente do problema, é preciso agir. Começar a praticar a melhoria. São passos demorados e é preciso ter cuidado para não desviar do caminho.

  8. Fazer uma relação de todas as pessoas que prejudicou.
  9. Fazer reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem.
    Esses passos estão diretamente ligados. Reconhecer que prejudicou alguém com seu erro e se colocar disponível para recuperar é realmente um ato e tanto! Se muitas vezes já é difícil pedir desculpas, imagine neste caso! Após uma incessante busca interior, estes atos levam a ter novamente uma unidade com o todo, com a sociedade. É reaprender a viver com os outros.

  10. Continuar fazendo o inventário pessoal e, quando estiver errado, admitir prontamente.
  11. Procurar, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus.
  12. Transmitir essa mensagem aos alcóolicos e praticar esses princípios em todas as suas atividades.
    Os três últimos passos são chamados de manutenção. É manter o exame de consciência, a espiritualidade, a força de vontade em por fim, transmitir a vitória através de práticas que realmente sejam benéficas.
No geral, são frases muito espiritualizadas pra mim, mas é possível enxergar coisas importantes nas leituras intermediárias do primeiro ao nono passo. Aí eu descobri que os Doze Passos são derivados dos Seis Passos de Oxford, que são bem mais palatáveis:
  1. Admitir a impotência perante o álcool.
  2. Ser honestos consigo mesmo.
  3. Ser honesto com outra pessoa, em confiança.
  4. Reparar os danos causados a outros.
  5. Trabalhar com outros alcoólicos, sem visar prestígio ou dinheiro.
  6. Orar a Deus para que ajude a realizar estes passos da melhor maneira possível.
Portanto, seja simples e direto e tente ao menos dar os quatro primeiros passos: admita o erro, entenda você mesmo e suas ações de maneira honesta e tente reparar da melhor forma possível. Ou então... siga ao menos a regra de ouro, aquela que se assemelha a minha idéia de que devemos nos colocar no lugar do outro.

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