quinta-feira, 8 de março de 2012

"Não há como se entregar se não sabemos quem somos"

Essa frase (absolutamente perfeita) é do poeta, escritor e jornalista Fabrício Carpinejar em uma curta entrevista. Ele ainda levanta questões interessantes como o que ele chama de "profissionalização da dor". Ele diz: "Se o casal tem um problema, não resolve, delega para o consultório. Se o filho tem um problema, os pais não resolvem, delegam para o consultório" (ou pra escola...). Com isso ele questiona nossa postura em dividir as coisas com os outros.

Ainda conta que um dia resolveu fazer as unhas porque estava achando que a esposa tinha um caso com a manicure de tanto que ela ia pra lá e voltava feliz. E se deu conta de que estava mais feliz depois ter suas unhas polidas. Mas não foi a unha... foram os bons ouvidos sem julgamentos da manicure: "Ouvir sem julgar, esse é o segredo. A maior parte dos casais não se compreende, não se aconselha, mas estabelece sermões, ameaças. Como é possível desejar alguém sem desejar o seu mundo?" Excelente pergunta! E a frase do título é a grande resposta!

Na verdade, a pergunta da revista era "Um ser apaixonado é um ser solitário?". E sua resposta magistral:
"Um ser apaixonado valorizou antes a solidão para estar agora acompanhado. Não há como se entregar se não sabemos quem somos".

Fica a dica!

Essa é a essência do meu discurso. Detesto aquele papo de "cara metade". Eu não sou a metade de ninguém e não estou pela metade. Eu sou eu. Sou um inteiro (ou, pelo menos, venho tentando ser). Se procuro alguém, procuro alguém que esteja comigo, que deseje o meu mundo assim como eu desejarei o mundo da minha paixão. Por isso, valorizo e sempre valorizei a minha solidão, pois nela descubro o meu mundo e as minhas paixões (e quando digo "minhas paixões" não estou falando somente do amor clássico/romântico, mas de todos os meus desejos).

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