sábado, 15 de abril de 2017

Arte ao Lado: Eliude A. Santos

Livros do autor.
Tem casos que a criação artística é um processo tão intenso que sai pelos poros. É essa a impressão que tive ao conversar com o escritor Eliude A. Santos. Aliás, chamá-lo de escritor talvez seja reduzi-lo a uma única direção, quando, na verdade, é apenas uma de suas válvulas de escape:
"Eu me expresso com as extremidades: com a língua e com a ponta dos dedos, donde tiro letras e traços que sussurram valores ao espírito do observador cuidadoso. Eu me expresso com empatia e com respeito. Eu me expresso com a luz e as trevas que existem em mim e que transformo em contos, romances, desenhos, pinturas, fotografias, performance, atuação, canto, música, drama, religião (e por religião eu falo de uma religação com o outro e com o que há de mais sagrado em mim)."
Porém, foi na leitura que ele encontrou um objetivo:
"Quando eu era criança, eu amava ir à biblioteca e ficava imaginando chegar numa biblioteca e ver um livro escrito por mim. Mas eu cresci e o desejo do livro físico foi ficando menos importante que o desejo de penetrar na mente do leitor e fazer um rebuliço."
Hoje nem se preocupa tanto que seus textos estejam nas mãos de editoras, mas quer ser lido/ouvido (e por isso utiliza a internet). Quer que as pessoas vejam as cores diferentes que tenta mostrar em uma visão particular e coerente do mundo que compartilha. Suas técnicas podem variar, mas a essência por trás da técnica é a mesma:
"Faço com desejo, faço com intensidade, faço com delicadeza e com força, faço com que o outro reveja o que pensa; faço com que o outro reflita. Faço com que eu mesmo me perca pra que me ache de um modo mais elevado. Faço porque eu me sentiria um covarde se não ousasse, faço porque sinto prazer em fazer; faço porque me preocupo com a visão limitada do outro; faço porque sou um libertador. Quase como um proselitismo literário, um proselitismo libertário."
Suas respostas mostram um ímpeto quase incontrolável do processo criativo. Uma necessidade de questionar o padrão e estabelecer uma reflexão, um desejo que está na base da Arte considerada Moderna desde o século XIX, quando o Romantismo deslocou o observador da obra para as intenções do artista.

Foi na internet que conheci Eliude e suas observações bem particulares sobre religião. Como sou amante de mitologia, acabei lendo um de seus livros e resolvi fazer perguntas direto pra ele através das redes sociais. E ele respondeu! Daí surgiu um contato bacana, uma conexão cheia de coincidências e similaridades que vem crescendo através da Arte.

Um comentário:

Graça disse...

Que artista interessante e eclético! Só o titulo do livro "Quando a vida grita para ser ouvida" já aguçou minha curiosidade.
Estou certa que deve ser também uma pessoa especial.
Obrigada por me apresentar.