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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Uma vitória da esperança!

Hoje é um dia histórico para o país: o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável dos homossexuais por unanimidade! Na prática, as regras que valem para relações estáveis entre homens e mulheres serão aplicadas aos casais gays, ou seja, herança, comunhão parcial de bens, pensão alimentícia e previdenciária, licença médica, inclusão do companheiro como dependente em planos de saúde, e por aí vai. Todos os jornais falarão sobre isso. Muita discussão será ouvida nos próximos dias sobre a decisão que altera toda a sociedade brasileira. Mas eu queria dar um outro olhar para isso.

Tive a oportunidade de ouvir e ler alguns dos discursos dos ministros que estiveram presentes na sessão que definiu essa mudança na legislação brasileira. São textos impressionantes que falavam de "sociedade plural", "evolução da constituição", "grande passo contra o preconceito", "estado laico", "direitos iguais" e "cidadania independente do sexo e da religião". O que mais me impressionou foi o uso da palavra AMOR (infelizmente não achei a parte do texto que falava em afeto, em felicidade)! Leiam trechos:
"Onde há sociedade há o direito. Se a sociedade evolui, o direito evolui".
"Por que o homossexual não pode constituir uma família? Por força de duas questões que são abominadas pela Constituição: a intolerância e o preconceito".
(Ministro Luiz Fux)

"O reconhecimento hoje pelo tribunal desses direitos responde a grupo de pessoas que durante longo tempo foram humilhadas, cujos direitos foram ignorados, cuja dignidade foi ofendida, cuja identidade foi denegada e cuja liberdade foi oprimida. As sociedades se aperfeiçoam através de inúmeros mecanismos e um deles é a atuação do Poder Judiciário".
"Uma sociedade decente é uma sociedade que não humilha seus integrantes".
(Ministra Ellen Gracie)

"Estamos aqui diante de uma situação de descompasso em que o Direito não foi capaz de acompanhar as profundas mudanças sociais. Essas uniões sempre existiram e sempre existirão. O que muda é a forma como as sociedades as enxergam e vão enxergar em cada parte do mundo. Houve uma significativa mudança de paradigmas nas últimas duas décadas".
"Dignidade humana é a noção de que todos, sem exceção, têm direito a uma igual consideração".
(Ministro Joaquim Barbosa)

"O limbo jurídico inequivocamente contribui para que haja um quadro de maior discriminação, talvez contribua até mesmo para as práticas violentas de que temos noticia. É dever do estado de proteção e é dever da Corte Constitucional dar essa proteção se, de alguma forma, ela não foi engendrada ou concedida pelo órgão competente".
(Ministro Gilmar Mendes)

"As garantias de liberdade religiosa e do Estado laico impedem que concepções morais religiosas guiem o tratamento estatal dispensado a direitos fundamentais, tais como o direito à dignidade da pessoa humana, o direito à autodeterminação, à privacidade e o direito à liberdade de orientação sexual".
(Ministro Marco Aurélio)
Gente... isso é sério: é muito mais do que a união estável homoafetiva. É acreditar que a política quer mudar, quer fazer o bem, quer evoluir em nossa sociedade líquida. As minorias (de gênero, religião, raça ou o que quer que seja) estão sendo ouvidas. Podemos crer que o amanhã não será tão desesperador, porque estão agindo no hoje!

É uma vitória da esperança!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Brinquedos líquidos?

Em agosto de 2009, a LEGO irá inovar: é a linha BYOG (Build-Your-Own-Games)! Serão dez jogos diferentes onde o usuário constrói o tabuleiro, os dados e as peças (!!!) podendo variar o jogo a cada montagem.
Regras? Invente! Objetivos? Crie! Você não será mais o "pininho verde" ou o "chapeuzinho amarelo". Agora você será o astronauta! O gladiador! A múmia!Um conceito totalmente novo que corrobora com as tendências mundiais que tanto falo aqui e estudo por aí. Direto do Blog de Brinquedo.

Com isso, me lembro do sensacional (e visionário?) Calvinbola...

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Fé: uma reflexão religiosa e/ou científica

Neste fim de semana estréia o filme Anjos e Demônios, apatado do livro homônimo de Dan Brown, o mesmo autor de Código Da Vinci. O cara gosta de questionar a igreja e isso me interessa muito. Tenho inúmeras ressalvas a fazer ao empreendimento humano chamado religião e seus consequentes dogmas e edificações.

O mesmo homem que criou a religião em seus primórdios para tentar entender o mundo, agora tem a ciência para explicar seus fenômenos. Neste livro, ele retoma o eterno embate entre ciência e religião. E em 2/3 de seu discurso, a ciência parece vitoriosa nas explicações. Mas não nos meios. Leiam esse longo trecho que a Igreja enfrenta diretamente a Ciência e dá até uma pitadinha de Bauman:
A ciência é o novo Deus. Medicina, comunicações eletrônicas, viagens espaciais, amnipulação genética, estes são os milagres sobre os quais agora falamos às nossas crianças. Estes são os milagres que alardeamos como prova de que a ciência nos trará as respostas. As histórias antigas de concepções imaculadas e mares que se abrem não são mais relevantes. Deus ficou obsoleto. A ciência venceu a batalha. Nós nos rendemos. Mas a história da ciência nos custou caro. Custou muito caro para cada um de nós.

A ciência pode ter aliviado os sofrimentos das doenças e dos trabalhos enfadonhos e fatigantes, pode ter proporcionado uma série de aparelhos engenhosos para nossa conveniência e distração, mas deixou-nos em um mundo sem deslumbramento. Nossos crepúsculos foram reduzidos a comprientos de ondas e freqüências. As complexidades do universo foram desmembradas em equações matemáticas. Até o nosso amor-próprio de seres humanos foi destruído. A cieência proclama que o planeta Terra e seus habitantes são um cisco insignificante no grande plano. Um acidente cósmico. Até a tecnologia que promete nos unir, ao contrário, nos divide. Cada um de nós está hoje eletronicamente conectado ao globo inteiro e, entretanto, todos nos sentimos sós. Somos bombardeados pela violência, pela desintegração e pela traição. O ceticismo passou a ser uma virtude. O cinismo e a exigência de provas para tudo converteram-se em pensamento esclarecido. Alguém ainda se admira que as pessoas hoje se sintam mais deprimidas e derrotadas do que em qualquer outra ocasião da história do homem? Será que existe alguma coisa que a ciência considere sagrada? (...) Despedaça o mundo de Deus em parcelas cada vez menores em busca de significados e só encontra mais perguntas.

A velha guerra entre a ciência e a religião está encerrada. Vocês venceram. Mas não venceram honestamente. Não venceram fornecendo respostas. Venceram redirecionando nossa sociedade de modo tão radical que as verdades que outrora víamos como diretrizes agora parecem inaplicáveis. A religião não tem capacidade de acompanhar isso. O crescimento científico é exponencial. Alimenta-se de si mesmo como um vírus. (...) Atualmente calculamos por semana o progresso científico. Estamos girando fora de controle. O abismo entre nós se aprofunda sem parar e, à medida que a religião vai ficando para trás, as pessoas se vêem em um vazio espiritual. Imploramos pelo sentido das coisas. (...) Frequentamos médiuns, buscamos contato com os espíritos, experiências extracorpóreas, uso do poder mental (...) São o grito desesperado da alma moderna, solitária e atormentada, deformada por seu próprio esclarecimento e incapacidade de aceitar que haja sentido em qualquer coisa que seja estranha à tecnologia.

(...) Desde o tempo de Galileu, a Igreja vem tentando diminuir o ritmo da marcha implacável da ciência, às vezes por meios equivocados, mas sempre com intenções benéficas. (...) As promessas da ciência não foram mantidas. As promessas de eficiência e simplicidade resultaram somente em poluição e caos. Somos uma espécie despedaçada e frenética, seguindo um caminho que nos leva à destruição.

Quem é esse deus-ciência? Quem é esse deus que oferece poder a seu povo, mas nenhuma estrutura moral para lhe dizer como usar este poder? Que tipo de deus dá fogo a uma criança, mas não a avisa sobre seus perigos? A linguagem da ciência não vem com diretrizes sobre o bem e o mal. Os livros científicos explicam-nos como criar uma reação nuclear, mas não tem nenhum capítulo discutindo se a idéia é boa ou má.

(...) Estamos exaustos de tanto ser uma diretir para o mundo. Nossos recursos estão esgotados por sermos a voz do equilíbrio enquanto vocês se atiram de cabeça em sua busca or chips menores e lucros maiores. (...) Seu mundo anda tão depressa que, se pararem por um instante que seja para refletir sobre as implicações de seus atos, alguém mais eficiente pode ultrapassá-los em um piscar de olhos. Por isso voces vão em frente. Promovem o aumento das armas de destruição em massa, mas é o Papa quem tem que viajar pelo mundo suplicando aos líderes que tenham prudência. Clonam criaturas vivas, mas é a Igreja que tem de lembrar a necessidade de considerarmos as implicações morais de nossos atos. Incentivam as pessoas a interagir através do telefone, telas de vídeo e computadores, mas é a Igreja que abre suas portas e nos lembra de comungar aqui, no mundo real, que é como se deve fazer. (...)

(...) Mostrem-nos uma prova de existência de Deus, dizem vocês. E eu respondo, usem seus telescópios para olhar o céu e me digam como é possível não haver um Deus. (...) Será que é mesmo tão mais fácil acreditar que escolhemos a carta certa em um baralho em que há bilhões delas? Será que estamos tão falidos espiritualmente que preferimos acreditar numa impossibilidade matemática e não em um poder maior do que nós?

Se vocês acreditam em Deus ou não, tem de acreditar nisto: quando nós, como espécie, abandonamos a confiança em um poder maior do que nós, abandonamos também nossa obrigatoriedade de prestar contas. A fé, todas as formas de fé, são advertências de que existe algo que não podemos compreender, algo a que temos de responder. Com fé, prestamos contas uns aos outros, a nós mesmos e a uma verdade maior. A religião é falha, mas só porque o homem é falho. (...)

O Vaticano já está mandando boicotar o filme assim como fez com o anterior... aliás... assim como fez com os livros. Mas será que o livro foi lido? Será que é outro equívoco na tentativa de frear a ciência?

Eu me considero, de certa forma, um cético. Continuo sendo mais "cientista", porém tenho a minha fé. Esse texto vale uma longa reflexão. Talvez não pela religião ou pela ciência, mas pelos rumos que estamos indo.

(BROWN, Dan. Anjos e Demônios. Trad. Maria Luiza Newlands da Silveira. Rio de Janeiro: Sextante, 2004, p. 314-8.)

sábado, 25 de outubro de 2008

Inclua-se no hoje

Em junho deste ano, eu falei sobre o livro "Identidade líquida" do sociólogo Zygmunt Bauman. Nele você se descobre parte do mundo. Mas que mundo é esse é a pergunta que tem resposta no livro "Modernidade Líquida" do mesmo autor.

Nele, Bauman tenta descrever o hoje, o presente, o mundo em que vivemos. Com isso, é possivel se incluir na sociedade. Saber que você realmente faz parte dessa loucura é importante. Mas é preciso entendê-la, saber como se dão as novas relações. E desenvolve o termo "líquido" e talvez seja legal que ele seja o primeiro a ser lido, uma vez que o termo é central a todas as suas publicações. Para ele, "os fluidos não fixam o espaço ou prendem o tempo".

Eu recomendo muito esse livro. Volto a dizer que ele parece meio pessimista, mas não é. Ele é verdadeiro.

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BE INCLUDED IN TODAY
In June, I talked about sociologist Zygmunt Bauman's book "Liquid Identity". In it you will find yourself in the world. But which world is the question that has a an answer in the book "Liquid Modernity" by the same author. Bauman describes the today, the present, the world in which we live, and then, you can be included in society. It's important to know that you are part of this madness, understand it and know how the new relationships occur. He develops the term "liquid" in this book, so is the first to be read, because the term is central to all its publications. For him, "the fluid does not fix the space or do the time." I highly recommend this book. I will say again that he seems pessimistic, but he is not. He is real.