quinta-feira, 19 de março de 2015

O minucioso Rio de Debret


O Rio de Janeiro de Debret é uma exposição IMPERDÍVEL. Fica no Centro Cultural dos Correios até 3 de maio e você precisa ir. São vários os motivos, desde a genialidade antropológica do pintor a delicadeza expográfica de se distribuir lupas para os visitantes apreciarem todos os detalhes das preciosas aquarelas em miniatura.

Entrudo.
A exposição integra as comemorações dos 450 anos do Rio de Janeiro e prestigia o público com 120 obras originais, entre aquarelas e desenhos, do artista francês Jean Baptiste Debret, que viveu no Brasil durante 15 anos, no período de 1816 a 1831, registrando a paisagem carioca, a vida cotidiana, os costumes e tipos populares daquele início do século XIX. As obras selecionadas para a mostra pertencem ao acervo dos Museus Castro Maya.

Já achava Debret um gênio, mas a proximidade com suas obras, ver sua técnica em aquarela, os detalhes minuciosos em seus desenhos... Uma aula de história, antropologia, arte, literatura, crônica... muito bom!

quarta-feira, 18 de março de 2015

Kandinsky?

São Jorge. Óleo sobre tela. 1911.
Fica até o último dia de março a exposição Kandinsky: Tudo começa num ponto, dita como uma mostra com pinturas, litografias, fotografias e objetos que ilustram a trajetória de um dos mais renomados mestres da pintura moderna, pioneiro e fundador da arte abstrata. Acontece que não é bem isso. O foco maior é em trabalhos dos seguidores de Kandinsky e de artistas que o influenciaram, como Münter, Larionov e Jawlensky.

Ok... Kandinsky tem obras na exposição, mas elas se perdem em meio a peças russas e xamânicas que mais parecem ocupar espaço vazio do que ter algum significado real dentro do Simbolismo. Em certo momento fiquei achando que a exposição tinha ido para um lado psicodélico/espiritual com citações de fadas etc. Com isso outras obras (de outros artistas) saltam aos olhos, como um pequeno porém impressionante pôr-do-sol, uma gigantesca paisagem e até mesmo um quadro sobre um reino submarino.

Para mim, se eram poucas as obras de Kandinsky que poderiam fazer parte, a exposição deveria ter sido menor e mais concentrada. Sua incrível técnica colorista que atinge gradientes e misturas únicas fica reduzida entre tantos. Sua importância na Bauhaus e no design nem é citada. Sua contribuição direta no abstracionismo geométrico parece ter se escondido atrás de uma obra (nada geométrica porém não menos incrível) do papa do Suprematismo russo, Kasimir Malevich. O elo de ligação com Shönberg se torna uma pérola no meio disso, coroada com a proximidade do quadro No branco.

Óleo sobre tela. 1920. Museu Estatal Russo.

As exposições no CCBB são sempre incríveis e cada vez mais ganham destaque no cenário nacional e internacional. Por isso, acho que essa ficou aquém do merecido/esperado (ainda mais depois de 1 hora de espera na fila...).

domingo, 15 de março de 2015

Homenagem ao Rio

Em 2000, participei de uma exposição coletiva chamada DaGema, onde vários novos artistas davam uma nova leitura para a cidade do Rio de Janeiro no fim do século. Agora, em virtude dos 450 anos da cidade (sim, estou atrasado...), trago novamente a obra que fiz com alguns pequeninos consertos e refinamentos que todo designer tende a fazer sobre seu trabalho. Vale dizer que minha arte está no texto, na edição, na recolorização e nos efeitos gráficos aplicados sobre a pintura/desenho de Alex Ross.

Clique para ampliar.

Ainda acho atual.
Ainda mais num dia como hoje.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Deus = Juiz?

Aqui no Brasil, parece...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Fora do Oscar com: GRANDES OLHOS

Mesmo sendo um interessado pela arte, confesso: não tinha ouvido falar em Walter e Margareth Keane. E ainda não me recordo de ter visto qualquer pintura de criança com olhos grandes antes de ver o filme Grandes Olhos (Big eyes, 2014) que conta a história do casal. Dirigido por Tim Burton e tendo Christopher Waltz e Amy Adams nos papéis principais, era de se esperar um bom filme. Acontece que sem uma boa história fica difícil fazer um filme.

Chega a ser ruim? Não, mas está mais pra filme de televisão do que uma obra cinematográfica. Definitivamente não parece um filme de Tim Burton e Christopher Waltz parece estar uns 10 tons acima do nível, porém, sendo uma biografia de uma artista ainda viva, acredito que ele tenha recebido algum feedback. O filme chega a ser mais um manifesto feminista ("atrás de um grande homem sempre existe uma grande mulher" é talvez a moral do filme) do que um conto sobre arte.

Eu sou daqueles que acho toda arte válida se dentro de um contexto, motivação e técnica adequados, então... valeu por me apresentar uma nova artista (da qual preferi as obras posteriores a la Modigliani), ainda que alguns digam que ela disputa com Romero Britto qual é o mais brega.