segunda-feira, 15 de abril de 2019

Empoderamento errado

Sinceramente: acho que as pessoas não estão vendo direito o filme da Capitã Marvel (Captain Marvel, 2019). Sei que estamos vivendo uma onda de empoderamento feminino e tal... mas o filme é MUITO FRACO! Quer mulher mandando ver? Vá ver o excelente filme da Mulher-Maravilha!

Vamos começar com a seguinte pergunta pra você que viu o filme (ou seja, SPOILERS a partir daqui): quem é o vilão do filme?

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Te dei esse tempo aí pra responder e pra perceber que não tem. Se você disse Talos e os Skrulls, sabe que errou (pelo menos, até parte do filme). Se você disse os Krees, deve ter ficado dividido entre a Starforce de Yon-Rogg (Jude Law), a Inteligência Suprema (Annette Benning) e armada de Ronan (Lee Pace). Os dois primeiros não são os vilões durante 3/4 do filme e o terceiro aparece pra tomar uma surra e fugir. Portanto, não há uma grande luta sequer, um momento épico de combate... somente uma exposição dos grandes poderes da grande mulher.

Vamos pegar esse ponto. Somos apresentados a uma mulher resiliente que fica navegando entre sonhos, ilusões e falhas de memória. Seu gênero não é nem um pouco questionado em qualquer cena alienígena, uma vez que isso não é importante por lá (amén!). Então, tirando a cena final onde vemos todos os momentos onde Carol se levantou, ela é só uma personagem comum em um enredo óbvio. Ok, ok, precisamos de mais mulheres protagonistas, sendo exemplo e tal. Mas será que não podiam ter feito um filme bom? Pelo menos um edição coerente sem ficar indo e vindo, verdade e ilusão etc etc... Eu garanto que se tivéssemos uma edição mais linear o resultado seria mais satisfatório.

Eu nem vou entrar muito na personagem dos quadrinhos. Sua história é cheia de confusões editoriais, com direito a gravidez em um piscar de olhos e perda total de poderes para a Vampira dos X-Men (quando ela era do mal). Saibam que a origem foi alterada: ela é sim um piloto da Força Aérea Americana (e não piloto de testes de uma empresa) e seus poderes vem da explosão de um artefato kree chamado psicomagnetron. Aliás... alguém me explica a presença do Tesseract na cronologia do MCU com o Fury envolvido? Porque me pareceu um furo de roteiro aí.

Para os leitores de quadrinhos tem uma coisa não-óbvia nesse filme... os Skrulls. Sim, eles são transmorfos infiltrados, mas achei uma heresia mais grave do que fazer um Wolverine de 1,90m. Uma coisa é adaptação cinematográfica, outra coisa é perversão de personagem. Enquanto, eles eram os vilões, tudo bem... fazia sentido. Aí eles viram refugiados espaciais??? Bonzinhos??? NÃO! Eles são uma raça alienígena dominadora!!! Fiquei metade do filme esperando os Skrulls voltarem a ser do mal! Fazerem alguma sacanagem!!! E o quê? Ela vai ser embaixadora deles? Não. Não pode. Errado. Ruim. Não que os Krees sejam bonzinhos, mas, em toda a história da Marvel, eles são bem mais amigáveis do que os Skrulls FDP!!!

E pra fechar... Annette Bening era o Mar-vell???? O Capitão Marvel original? Que tem uma das mortes mais icônicas dos quadrinhos? Que se não fosse ele não teria Capitã Marvel? PQP!!! ERRO! MUITO ERRO!

Concluindo... é disparado o pior filme de origem feito até agora! Fomos apresentados de maneira rasa a uma personagem desconhecida para o grande público, só para ter a mulher mais poderosa do universo Marvel que vai derrotar Thanos. Lamento, Capitã... mas você NUNCA será uma Mulher-Maravilha.
PS.: Samuel Jackson está over, mas é o melhor do filme junto com Goose, o flerken (ou o gato, se você preferir).

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Vespa e Homem-Formiga

Viúva Negra abriu o caminho. Gamora e Nebula mostraram que no espaço também tem mulheres poderosas. E Wakanda solidificou a força da mulher. Em Homem-Formiga e Vespa (Ant-man & Wasp, 2018), Vespa é mais interessante que o Homem-Formiga (por isso, alterei a ordem no título), seja em Evangeline Lilly ou na eternamente bela Michelle Pfeiffer. Até mesmo a pequena Abby Roston é mais bacana que os personagens masculinos.

Claro que o talento para comédia de Paul Rudd e seus asseclas continua no tom certo e garante a diversão. No entanto, já estamos esperando as narrativas de Luis... e isso chega ser meio ruim, porque perdeu a graça. A formiga gigante não pega. O que eles fizeram com os carros em perseguição reduzida e aumentada é absolutamente incrível, mas fica demais ao aumentar e diminuir um prédio inteiro em qualquer lugar (com direito a alça pra puxar a "mala").

O filme é uma sequência que serve não só para encaixar direitinho os personagens no MCU pré/pós-Thanos, como para estabelecer duas coisas: a força feminina na Marvel e o Reino Quântico como uma saída para a continuação do MCU. Pena que a Marvel não acerta com os vilões: a Fantasma (mais uma mulher) não diz a que veio e não chega a conseguir nossa pena; e os gângsters são bocós.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Shazam!

Jeff Smith
ALTER EGO: William Joseph "Billy" Batson

NOME ORIGINAL: Shazam (Capitain Marvel)

OUTROS NOMES: Capitão Marvel, Marvel e Capitão Trovão

EPÍTETOS: "Campeão da Humanidade", "Campeão da Magia" e "Vermelhão"

ORIGEM
(Versão Original) C.C. e Marilyn Batson eram renomados arqueológos que amavam profundamente seus filhos, William e Mary. Certa vez, viajaram para uma escavação dos tesouros de Ramsés II no Egito e contrataram um assistente chamado Theo Adam, que estava em busca de uma joia que encerrava o espírito do Adão Negro, um antigo campeão egípcio. Para obtê-la, Theo assassinou os arqueólogos, deixando Billy e Mary órfãos e a mercê de assistentes sociais que os colocaram sob os cuidados de famílias diferentes. Billy ficou com seu tio Ebenezer, que só se importava com dinheiro e roubou o fundo fiduciário do garoto. Com acesso à herança, Ebenezer expulsou o garoto de casa que, sozinho e sem dinheiro, ficou a vagar pelas ruas de Fawcett City. Esperto, Billy arrumou emprego de vendedor de jornais em esquinas. Com o pouco dinheiro que recebia, conseguia se alimentar. À noite, se refugiava nos subterrâneos do metrô.

Uma noite, Billy foi abordado pelo fantasma de seu pai, que o conduziu a um trem decorado com hieróglifos para levá-lo a uma caverna misteriosa com estátuas que representavam os Sete Inimigos Mortais do Homem: Orgulho, Inveja, Luxúria, Ódio, Egoísmo, Preguiça e Injustiça. No fundo da caverna, o garoto encontrou um velho sábio sentado em um trono que se apresentou como Mago Shazam. Sobre sua cabeça, havia um enorme bloco de pedra flutuante (a Pedra da Eternidade). De acordo com o mago, a pureza e a bondade de Billy o faziam herdeiro dos poderes de Shazam, mas ele precisava se comprometer com uma vida de bem e com o combate ao mal. Assim, ao dizer o nome do mago e palavra mágica, Shazam!, um relâmpago atingiu Billy que ganhou não só superpoderes, mas também se tornou um homem adulto vestindo um uniforme vermelho com emblema de um raio e uma capa branca. Contudo, embora tivesse a estrutura do campeão, ele continuava sendo, para todos os efeitos, um garotinho, tornando-se um herói inocente, até ingênuo.


CARACTERÍSTICAS FÍSICAS: Menino ou adulto, Billy tem cabelos negros. Talvez suas características mais marcantes sejam seu grande queixo e pequenos olhos (como se estivessem constantemente apertados) quando se torna o herói.

PODERES: Sempre que Billy fala Shazam!, Billy ganha poderes de seis heróis lendários que formam um acróstico da palavra mágica:
  • A sabedoria de Salomão: Se manifesta na forma de conselhos mentais que também permite traduzir línguas extintas, como hieróglifos, e construir/entender estruturas e mecanismos extremamente complexos.
  • A força de Hércules: Confere ao personagem uma das maiores e mais extensas forças físicas das HQs, conseguindo erguer corpos com massas dantescas e destruir materiais extremamente resistentes.
  • O vigor de Atlas: Concede invulnerabilidade, vasta resistência a venenos e a capacidade de sobreviver ao vácuo do espaço. Algumas histórias sugerem que o poder de Shazam também concede incrível longevidade.
  • O poder de Zeus: O relâmpago que o transforma pode ser usado como arma. Também é capaz de alterar algumas características faciais.
  • A coragem de Aquiles: Permite superar grandes medos e pânicos intensos.
  • A velocidade de Mercúrio: Concede velocidades próximas a da luz.

ARMAS E ACESSÓRIOS:

FRAQUEZAS:

AFILIAÇÕES: C.C. Batson (pai falecido), Marilyn Batson (mãe falecida), Ebenezer Batson (tio), Mary Batson (irmã).

GRUPOS: Família Marvel, Liga da Justiça, Liga da Justiça América, Liga da Justiça Internacional e Sociedade da Justiça

CRIAÇÃO: C. C. Beck e Billy Parker
PRIMEIRA APARIÇÃO: Whiz Comics #2 (1939)


OUTRAS MÍDIAS:
  • Em 1941, estreava The Adventures of Capitain Marvel, a primeira adaptação de um herói de quadrinhos para o cinema, em formato de seriado com 12 capítulos. Frank Coghlan Jr. era Billy Batson e Tom Tyler o Capitão Marvel.
  • De 1974 a 1977, a Filmation produziu Shazam!, um seriado de TV de muito sucesso que chegou a ser exibido no Brasil e gerou um spin-off da heroína Isis, The Secret of Isis (A Poderosa Ísis).
  • Asher Angel e Zachary Levy foram contratados para fazer Billy Batson/Shazam no filme lançado em 2019.

CURIOSIDADES:
  • Sua irmã Mary se torna a heroína Mary Marvel ao pronunciar a mesma palavra mágica e isso retira uma parcela dos poderes de Shazam.
  • Um garoto chamado Freddy Freeman ficou aleijado durante um confronto entre Shazam e o Capitão Nazista. Para salvá-lo da morte, Shazam deu a ele uma parcela de seus poderes. Então, ao pronunciar a palavra mágica, Freddy se torna o Capitão Marvel Jr.
  • O zelador da escola de Billy, Dudley H. Dudley, é, de certa forma, o tio da Família Marvel. Costuma vestir um uniforme semelhante aos dos heróis para fingir que tem poderes. Todos sabem que ele não os possui, mas ajudam a manter a ilusão.
  • Um tigre ambulante chamado Sr. Malhado também acompanha o grupo.
  • Como profetizado em sua origem, que um dia viria a substituir o Mago Shazam na Pedra da Eternidade, Billy chegou a ser o novo mago, chamando-se apenas de Marvel. Seu uniforme e seu cabelo ficaram brancos e ele permaneceu na forma adulta, mantendo o equilíbrio do mundo mágico.
  • O personagem foi criado como uma resposta da Fawcett Comics ao enorme sucesso do Superman da National Comics (atual DC). A National processou a Fawcett por plágio quando o Superman perdeu mercado e isso acabou colocando o herói no ostracismo por mais de 20 anos.
  • Seu nome seria Capitão Trovão, mas já havia um personagem com esse nome em outra editora. Então, foi modificado para Marvel, que significa "maravilhoso".
  • A aparência física do herói foi moldada a semelhança do ator Fred McMurray.
  • Na década de 1970, a DC Comics comprou os direitos do personagem e o inseriu no multiverso do Superman, Batman, Mulher-Maravilha etc. No entanto, precisou tirar o nome Capitão Marvel porque a Marvel Comics havia criado o seu Capitão Marvel no tempo que o personagem sumiu.
  • No Multiverso DC, os personagens da Fawcett Comics estavam na Terra-S, uma dimensão paralela a Terra-1 oficial. Passou para a versão oficial na megassaga Crise nas Infinitas Terras.
  • No Reino Unido, foi criado o Marvelman (atualmente conhecido como Miracleman) que é totalmente inspirado em Shazam. A palavra mágica que transforma o personagem é Kimota, ou Atomik ao contrário, numa referência a era nuclear.

domingo, 23 de dezembro de 2018

Ouça.

Releia a postagem do ano passado que é praticamente a mesma coisa: a descendente continua e o tempo se extingue. Mas você vai perceber que eu estava tão animado que vi as previsões astrais de forma positiva e coloquei as partes mais negativas quase como um adendo. Só que 2018 mostrou a que veio: fanatismo, conservadorismo, teimosia... o Mal venceu.

Se você está se sentindo como um Jedi contra o lado negro da Força, saiba que você não está sozinho. E o ano de 2019 será de lutas intensas já que Marte, deus greco-romano da guerra, é o planeta regente a partir de 20 de março (quando começa o outono no hemisfério sul). Perceba que até essa data, ainda teremos o Júpiter de 2018 enchendo o nosso saco.

Marte é um astro passional, que pode tanto te dar coragem e ousadia para consolidar planos e atingir metas, quanto atrair questões relativas à ambição e ao conflito. Essa intensidade pode sim levar à conquistas, porém, muitas vezes na forma de dominação. Vale lembrar que, na última vez que Marte foi regente, aconteceram DUAS GUERRAS MUNDIAIS. E eu não duvido de uma terceira vindo aí. Marte é vinculado ao fogo (ao signo de Áries) e, por isso, sua força pode gerar acidentes (vulcões, queimadas etc) por descuido e falta de controle. O sexo casual explode e esses acidentes aí podem ser um baby boom indesejado (ou uma epidemia de IST). É preciso conhecer e domar as energias de Marte para que se tenha um ano de prosperidade.

Com isso, Ogum é o orixá do próximo ano. Sincretizado à São Jorge, ele rege 2019 para tirar o povo da catarse e levá-lo à luta. É a oportunidade de espantar as energias negativas, deixar de lado a cobiça que o mundo material desperta em nós, pois desperta a necessidade de ser focado em coisas mais importantes para vida, e não detalhes que se esvaem sem deixar traços significativos. Porém, a intolerância e a discórdia devem aumentar...

2019 é um ano 3, um ano de colocar o equilíbrio em prova, ou seja, um ano que demanda foco ou haverá dispersão, demanda atenção ou a superficialidade vai tomar conta. Quem conseguir foco e atenção, irá não só atingir o equilíbrio como conseguirá a expansão. Mas intensidade aparece novamente como característica... seja nos astros ou nos números é preciso tomar cuidado com excessos, exageros e impulsos. O silêncio será um poderoso escudo, porém, um exercício quase impossível.

Para os chineses, 5 de fevereiro marca o início do Ano do Porco da Terra. Por marcar o fim do ciclo dos doze signos do horóscopo chinês, 2019 está sendo considerado um bom ano para todos os outros animais do zodíaco. Abundância é esperada para aqueles que conseguirem pausar, refletir e analisar com atenção as energias intensas porém efêmeras.


Parece, então, que minha mensagem para 2019 se encaixa: OUÇA.

Eu acredito nas energias do Universo agindo a favor da vida.

SEI que o Universo fala conosco através do nosso próprio dia-a-dia.

Então, no meio desse turbilhão que estamos vivendo e que parece querer continuar, PARE.

OUÇA.

REFLITA.

Fique atento e focado como pede a numerologia. Não se disperse. Evite conflitos desnecessários. Dome seu fogo, sabendo quando realmente ele deve ser utilizado. E novamente... OUÇA.

PS.: A cor Pantone é Living Coral, uma cor dita vibrante e animada para energizar. Só não sei se a gente precisa de algo que potencialize demais a energia que parece estar fluindo por aí...

domingo, 7 de outubro de 2018

Compreensão do tempo e do espaço

Artigo sobre o texto Futuro do Passado, de Nelson Brissac e Maria Celeste Olalquiaga, produzido em 7 de outubro de 1996 para a disciplina Análise à Informação, do Prof. Jorge Lúcio de Campos, enquanto eu estudava no primeiro ano da ESDI.

Tempo e espaço sempre foram duas barreiras que o homem nunca conseguiu ultrapassar. A necessidade de ganhar mais espaço e de impedir a ação do tempo levou o homem a elevar o grau de ficção dentro da realidade, para poder formular hipóteses, muitas vezes, esdrúxulas.

Uma sociedade industrializada tem, como consequências naturais, uma explosão demográfica e uma gigantesca urbanização. O aumento das relações comerciais e das cidades começou a exigir um espaçamento exacerbado não esperado.

Mas aos poucos, foi-se adaptando toda a sociedade para minimizar o uso de diversas coisas, escondendo a real grandeza do problema Espaço. Isso foi favorecido, é claro, como toda a vida prática de nossa sociedade, pelos avanços tecnológicos. A informação, por exemplo, foi transformada em bits. Uma quantidade enorme de informação pode ser armazenada em apenas um disquete de computador. Horas de imagens podem ser gravadas em uma fita de videocassete.

Quando o homem pisou na Lua, todo o mundo festejou a conquista de mais um local para poder expandir suas capacidades. Talvez a Lua fosse a resposta para o problema Espaço. Todos aqueles sonhos de colônias espaciais caíram por Terra, quando se descobriu as dificuldades de explorar o terreno lunar. Tudo, então, entrou num processo de compactação na tentativa de impedir a compressão do espaço, pois a cortina criada para encobri-la já estava há muito transparente.

A ação do tempo é um fator que o homem sabe que não pode controlar, como fez com tudo em que pôs a mão.

O novo e o velho são conceitos muito usados dentro de uma sociedade industrializada. Tudo em nome de uma produção encomendada por um mercado consumista exigente. Isso leva à procura de materiais de maior resistência que dêem maior durabilidade aos produtos. Nossa sociedade industrializada viu a necessidade desse tipo de produto para baratear sua ação no futuro.

As ambições do próprio homem em querer viver mais para poder conhecer o futuro almejado e, até mesmo, criado com sua ajuda influenciam filosofias temporais, que levam a viagens ao passado, e tentativas de criogenia (processo de congelamento do corpo humano para impedir a ação tempo e permitir que haja um despertar tardio). Tudo para também esconder o problema Tempo, estimulado pela vaidade das mulheres, que pedem cosméticos e cirurgias plásticas para impedir que seus corpos envelheçam. O desejo de voltar no tempo para consertar os erros do presente e impedir falhas maiores no futuro começa a se repetir compulsivamente.

Motivada, então, por um avanço acelerado da tecnologia, pela produção de bens de maior durabilidade e pelas ambições temporais e pessoais, a sociedade começa a realizar saltos na sua cronologia natural, às vezes, perdendo estágios importantes, mas diminuindo o curso temporal que deveria seguir.

Conclui-se então que a sociedade passou a minimizar distâncias e intervalos de tempo através de simulações esquematizadas e diagramações eletrônicas, alcançando tempos e lugares, que eram apenas imaginação ou devaneio, em deslocamentos instantâneos. O ideal de futuro deixa de ser algo distante que precisa de anos para acontecer, e se torna um objetivo próximo e breve.

FUTURO DO PASSADO, EM TERMOS DE UMA ANÁLISE DO PANORAMA SÓCIO-CULTURAL CONTEMPORÂNEO
A expressão Futuro do Passado, título do texto de Nelson Brissac Peixoto e Maria Celeste Olalquiaga, nos remete a pensamentos espaço-temporais. Pensamos em passado, presente e futuro. Seria fácil dizer que o futuro do passado é o presente. Mas estaria errado.

Se estudarmos a conjuntura social do passado, teremos desejos e anseios bem diferentes dos nossos, porque as realidades são diferentes e nos permitem outras possibilidades.

Na década de 50, o futuro era a década de 90. Tudo aquilo que se esperava do futuro teria que ser exatamente o que é hoje se pensássemos que o futuro do passado é o presente. Nessa época, o mundo acabava de passar por uma grande guerra e enfrentava as agruras de uma bipolarização. A Guerra Fria levou o mundo a uma corrida armamentista que acabou investindo maciçamente em tecnologia, seja ela bélica ou não. Essa tecnologia pós-guerra levou a um deslumbramento, expressado pelo consumo de massa que eclodiu. Gigantescas estruturas vazadas ou envidraçadas se alastraram pelos subúrbios distantes, formando novos centros urbanizados, ligados por imensas auto-estradas. Os ideais de "quebra de fronteiras" e "imensidão infinita" rodeavam a imaginação dessa sociedade. Mas as possibilidades abertas para o futuro não eram só de progresso. O temor atômico, gerado pela mesma corrida armamentista e pelo exemplo de Hiroshima, também trouxe ideais apocalípticos. Foi criada uma iconografia futurística, capaz de criar futuros prováveis, dentro das possibilidades de um contexto social e internacional.

Nosso presente é caracterizado por uma perda da identidade do futuro. Ao estudar um passado que idealizou um futuro que não ocorreu, a contemporaneidade entra, então, num paradoxo. O hoje se tornou mais importante, por causa do enorme avanço tecnológico. A automação que se esperava na década de 50, ocorrera, e a ideia de tempo e espaço se tornaram conceitos filosóficos. Essa ausência de perspectiva gerou o fenômeno "retrô". O ideal de futuro passou a ser adaptações avançadas dos antigos. Viagens interplanetárias, invasões extraterrestres e criaturas mutacionadas geneticamente ou por acidentes radioativos. Toda e qualquer sensação de futuro é retirada do passado. Mas o avanço tecnológico trouxe também um exagero da artificialidade, que impossibilita qualquer mistura entre ficção e realidade.

O panorama sócio-cultural contemporâneo fica marcado por uma sociedade pós-industrial, que dificulta quaisquer projeções futuras. Constitui seu futuro de imagens do passado. Assim, o significado de Futuro do Passado se esclarece como uma possessão literal, ou seja, nossa sociedade contemporânea toma o passado como esperança e/ou exemplo para o futuro.

O CINEMA PODE SE REVELAR UMA VALIOSA VIA DE DISCUSSÃO DA QUESTÃO PÓS-MODERNA
Apesar de ser uma ficção, ou seja, apenas histórias inventadas, o cinema é capaz de problematizar situações e solucioná-las de diversos meios. Muitas vezes essas situações se assemelham a acontecimentos reais.

Para que um filme fique o mais realista possível, é preciso estudar uma época e retratá-la com mínimos detalhes, seja no cenário ou no método de pensar e agir das personagens. Assim, o cinema se torna um reflexo da sociedade da época e de seus ideais.

No texto Futuro do Passado, os filmes de ficção científica foram utilizados para a realização de uma análise sobre as crenças no futuro da nossa sociedade nas décadas de 50, 60 e 80. Fica claro que a conjuntura internacional e a tecnologia influem no modo de pensar e imaginar como será o futuro.

Na década de 50, uma sociedade pós-guerra, que idealizava um paradoxo entre progresso e degradação, realizava filmes que mostravam uma tecnologia hipotética avançada, invasões extraterrestres e viagens espaciais, expressando o encantamento com a tecnologia real, que avançava junto com a industrialização. A artificialidade dos ambientes cinematográficos conduziu a uma estilização do real, que gerava diversas possibilidades de futuro.

Já na década de 60, essa estilização deixou de ser ficção para se tornar realidade. Inicia-se um processo de desaparecimento do ideais de futuro. Toda aquela automação e mobilidade da década passada se tornaram imagens trazidas do passado, para compor um futuro iconográfico. Os filmes ganharam formas aerodinâmicas e uma eletrônica ampla e simbolizada.

Os anos 80 também foram retratados no cinema. A cultura pós-apocalíptica e nostálgica da época se transformou num retrocesso hiperartificial. A já degradada sociedade e a desumanização fazem parte do cotidiano e são conduzidas às projeções imaginárias de um futuro próximo.

Assim, se o cinema é capaz de retratar a sociedade contemporânea, mostrando personagens, momentos e valores, é capaz de se revelar uma valiosa via de discussão da questão pós-moderna. Uma análise profunda pode dar temas para diversas discussões.