segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Olhe além.

Relendo minhas postagens de fim de ano, percebi que desde 2013 venho dizendo que os anos estão péssimos. O que dizer de 2017: ano de Trump, de Crivella, de corrupção às claras, de crise e sei lá mais de quê?

Na postagem do ano passado, ficamos sabendo que entramos em um Ciclo de Saturno que durará 36 anos! E o interessante é que Saturno é também Cronos, deus do tempo... tempo esse que eu não tive esse ano, tempo esse que eu decidi recuperar. Nem escrevi minha postagem de aniversário... e olha que eu tinha bastante a falar, porque esse ano fiz 39 anos e tudo está com uma cara de final, como se realmente as coisas estivessem chegando ao seu fim para o início da segunda metade da minha vida. Decisões foram tomadas e agora é hora de ver no que vai dar.

Por isso, minha mensagem é "Olhe além", porque quero que todos vão além, sejam além. Busquem o melhor de vocês, o melhor para vocês. Não deixem que os estereótipos te enjaulem ou que as expectativas sociais te prendam em um lugar onde você é/está infeliz. Não há fórmula para felicidade ou mapa para achá-la, mas comece olhando além.

O olho grego foi adicionado porque todo mundo precisa de proteção contra a inveja – principalmente quando você está em busca de sua felicidade e as pessoas à sua volta estão presas, desejando que você esteja preso junto à elas. Saiba mais sobre o olho grego, AQUI.

Mas olhe mesmo, porque 2018 será reinado por Júpiter, aquele que destronou Saturno (mas o ciclo ainda é do titã até 2052 e Júpiter só entra em março!). Um ano regido pelo maior planeta do sistema solar é de conquistas e mudanças em vários setores, tendo impactos maiores nos negócios, esportes, leis, política e religião, com período de prosperidade para assuntos ligados às artes (AMÉM SENHOR!). Júpiter acena com expansão, crescimento e desenvolvimento intelectual para novos projetos, novos empreendimentos (TOMARA!) e novas leis estão no caminho deste ano. Nem tudo são flores: em ano de Júpiter elevam-se os fanatismos (isso já está, né?) e os relacionamentos se abalam se não houver respeito mútuo.

A numerologia é positiva, pois o ano é regido tanto pelo número 2 quanto pelo poderoso número 11, que trazem um forte magnetismo, influenciando a intuição, a sensibilidade, a espiritualidade, a energia da cooperação e a facilidade de adaptação a novas situações. É um ano que favorece aqueles que tem um mesmo ideal. É tempo de união, conciliação e diplomacia.

O ano chinês será do Cão de Terra com início em 16 de fevereiro. É um ano de lealdade, fidelidade e honestidade, mas também de teimosia e conservadorismo. Parece que Júpiter e o Cão da Terra tem bastante coisa em comum, pois também indica prosperidade na medicina e nas artes (DE NOVO AMÉN!).

A Pantone disse que a cor do ano é o Ultraviolet, mas Júpiter e o Cão da Terra pedem tons terrosos e mais escuros (A Coral deu um cinza rosado que nem vale a pena considerar). No entanto, o legal da cor Pantone é que ela corrobora com o meu desejo de ir além. A empresa diz que a cor Ultraviolet é complexa e contemplativa, sugerindo "os mistérios do Cosmos e nos intrigando por aquilo que ainda está por vir e as descobertas que estão além do lugar onde nos encontramos agora". Está ligada às artes e "simboliza a experimentação e o não conformismo, levando os indivíduos a conhecer a sua marca única no mundo e expandir as fronteiras através de soluções criativas".

Então é isso mesmo: Olhe além. Vá além. Seja além.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Pra onde foi a Arte grega?

Em 2014, fiz o curso "Introdução à Arte Moderna: do Néoclássico ao Impressionismo", na PUC-RJ. Como conclusão, escrevi um trabalho sobre a arte grega chamado Os anos perdidos da Arte grega: A transformação dos cânones ocidentais clássicos em uma produção anticlássica, onde investigo os rumos que tomaram os preceitos considerados clássicos ao longo dos séculos.



É longo, mas vale a pena pensar nesse tipo de transformação – da referência ao ostracismo – que o tempo histórico nos oferece.

sábado, 14 de outubro de 2017

Arte ao Lado: Erick Grigorovski

Com formação em design pela ESDI, é claro que Erick Grigorovski iria sistematizar sua produção artística… quer dizer… seus "filminhos" de animação. Independente do projeto, seja profissional ou pessoal, Erick mantém um processo de criação e produção bem semelhante: do briefing à pesquisa, do esboço no papel à finalização digital. Porém, como ele mesmo diz:
“Nos meus projetos pessoais, a diferença é que o cliente sou eu. E como nem sempre sei exatamente o que quero, de modo geral, o briefing vem a partir de conversas com amigos”.
Seus "filminhos" de animação são sem orçamento ou ambições, mas com muita vontade de contar histórias ao lado de amigos queridos. Então, somente após enxergar o projeto na sua frente com roteiro, artes conceituais, storyboard e cronograma, é que decide se tem motivação suficiente para colocar todo seu esforço nos meses seguintes e evitar cair na armadilha frustrante do engavetamento de um projeto pessoal. Por exemplo, Terra Incognita e Uruca levaram 10 meses, enquanto Entre Nós levou 18 meses e mais 10 meses ilustrando e escrevendo o blog da protagonista.


Em nenhum momento, Erick fala sobre fazer arte. Parece enxergar o que faz quase como um trabalho. Mas, quando fala que “faço porque quero contar aquela história, daquele jeito”, mostra sua motivação interior. Mesmo que um trabalho profissional de design, ilustração ou videografismo também o divirtam, é nesses "filminhos" de animação que realiza seu ato de arte. Não só no contar uma história, mas na dedicação à ilustração e no envolvimento pessoal.


Erick é de casa. Tem até marcador aqui no blog. Estudamos juntos na ESDI e passamos poucas e boas nessa vida. E é por isso que não entendo o diminutivo que ele usa para suas animações. Porra, cabeça, tu ganhou prêmio com teus “filminhos”! Vai estrear HOJE o novo Uruca no Rio Mountain Festival E no Inkafest, em Lima, no Peru! O que você faz é incrível! É arte! Você dá movimento ao desenho, vida à sua imaginação! Força na motoca!

sábado, 30 de setembro de 2017

Os olímpios

Segunda metade do século 19.

Alguns pintores resolveram parar de idealizar o cotidiano com alegorias e metáforas para fazer obras que mostrassem a realidade e representassem a vida como ela é (que deu no movimento artístico denominado Realismo). Em 1863, Édouard Manet pintou Olímpia (óleo sobre tela, 1,3 x 1,9 m, Museu d'Orsay), inspirado pela Vênus de Urbino de Ticiano e pel'A maja desnuda de Goya. Dois anos depois, Olímpia foi selecionada para ser exibida no Salão de Artes de Paris.


IMORAL! VULGAR!

Esses foram os xingamentos mais leves que o precursor do Impressionismo recebeu dos críticos conservadores da época.

O nu artístico sempre existiu, porém, de forma acadêmica (como estudos do corpo humano com modelos vivos), alegórica (em cenas mitológicas) ou exótica (mostrando povos distantes e considerados primitivos). Quando Manet representou uma prostituta de luxo fora desses três contextos, ele deslocou o nu do imaginário profano para a realidade pudica (e hipócrita). BLASFÊMIA!

E ele fez mais: ao colocar a mulher olhando diretamente o espectador com a mão tampando seu sexo, ele deu poder à ela. É ela quem manda no sexo, é ela que dá acesso e controla sua própria sexualidade. QUE ABSURDO (para uma sociedade machista e patriarcal)! UM ESCÂNDALO!

O escritor francês Émile Zola saiu em defesa do pintor:
Quando outros artistas corrigem a natureza pintando Vênus, eles mentem. Manet perguntou a si mesmo porque deveria mentir. Por que não dizer a verdade?
Manet ficou arrasado com as reações do público. Seu amigo, o poeta francês Charles Baudelaire, ficou preocupado:
Manet tem um grande talento, um talento que resistirá. Mas ele é frágil. Pareceu desolado e atordoado pelo choque. O que me impressiona é a alegria de todos os idiotas que acreditam que ele foi vencido.
O pintor chegou a se isolar, mas (ainda bem) foi tirado do ostracismo pelos impressionistas capitaneados por Bethe Morisot, Camille Pissarro e Claude Monet (que foi responsável por comandar uma campanha em 1890 para que a tela fosse comprada e doada para coleções públicas). Ele deveria ter conversado mais com Gustave Courbet, pintor da obra A origem do mundo, censurada pelo Google e pelo Facebook...

Corta, então, para o início do século 21.

Em julho de 2017, o artista Maikon K (um dos nomes mais respeitados e consagrados da performance no Brasil contemporâneo), realizou em um projeto privado a apresentação da DNA de DAN, na qual fica nu com o corpo coberto de um líquido que se resseca aos poucos, até, ao fim, se quebrar, revelando a pele do artista. Foi preso de forma truculenta por ATENTADO AO PUDOR e OBSCENIDADE, mas fez questão de declarar:
Podem me colocar diante de um juiz. Eu sei que eu não fiz nada de errado nem nada pelo qual eu deva me envergonhar. Eu estava trabalhando, e minha função é essa: perturbar a paisagem controlada dos sentidos. O meu corpo afronta os seus canais entupidos, o seu ódio contido, mesmo estando parado. Porque vocês nunca vão me controlar e eu pagarei o preço, eu sei, eu sempre paguei. Porque parado ali, nu, imóvel no meio da praça, suas vozes me atravessam, suas piadas estúpidas tentam me derrubar, sua indiferença me faz rir, seu embaraço me dá dó, mas eu continuo em pé.
Em setembro de 2017, o artista Wagner Schwartz realizou em um museu de arte a apresentação Le Bête, na qual manipula uma réplica de plástico de uma das esculturas da série "O Bicho", de Lygia Clark, e se coloca nu, vulnerável e entregue à performance artística, convidando o público a fazer o mesmo com ele. O evento tinha avisos de classificação etária. Uma mãe (coreógrafa e também artista performática) levou a filha para interagir com o artista. Foi filmada e... PEDÓFILO! CRIMINOSO! DESTRUIDOR DA FAMÍLIA TRADICIONAL BRASILEIRA!

Esses são apenas dois acontecimentos entre a dezena de censuras que a Arte vem sofrendo no atual momento. Vivemos um período de transição e polarização que a Arte insiste em escancarar. Disse Zola:
Basta ser diferente dos outros, pensar com a própria cabeça, para se tornar um monstro. Você é acusado de ignorar a sua arte, fugir do senso comum, precisamente porque a ciência de seus olhos, o impulso de seu temperamento, levam-no a efeitos especiais. É só não seguir o córrego largo da mediocridade que os tolos apedrejam-no, tratando-o como um louco.
A nudez é um dos tabus mais hipócritas que temos hoje em dia. Em nossa sociedade, pode-se usar roupa íntima na praia, mas não se pode amamentar em público. Pode-se colocar crianças maquiadas dançando eroticamente um funk, mas não se pode expor a criança à manifestações artísticas mais contundentes. Pode-se dar uma arma de brinquedo, mas jamais ir a uma praia de nudismo. Mande nudes, mas não tome banho com seu filho.

A nudez feminina vem sendo "trabalhada" há séculos, enquanto a nudez masculina se resume à estátuas gregas com folhas de parreira (castração religiosa) ou membros pequenos que não chamam atenção. Maikon K e Walter Schwartz se colocam no lugar da Olímpia e confrontam os padrões tanto da representação masculina quanto da Arte em si.

Esse é o papel da Arte (dita contemporânea) desde que as vanguardas do século 20 começaram a questionar o que vinham sendo feito em busca de maior expressividade ao invés de restrições estéticas. Técnicas e suportes foram sendo experimentados e substituídos. O corpo se tornou ferramenta e meio. Gostar ou não gostar não é mérito da Arte: isso é um problema do espectador.

Toda essa discussão só incentiva ainda mais a produção artística. Eu espero muita gente pelada por aí.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Ao meu lado

A quarta edição da revista Arte ao Lado é especial... porque é minha!



Tinha que lançar ainda em agosto, mês dos Leoninos que adoram aparecer... como eu (?).