Você visita um site porque quer um serviço simples, uma informação qualquer, até mesmo comentar um post em um blog (como esse) e te jogam um
CAPTCHA (Completely Automated Public Turing Test to tell Computers and Humans Apart ou Teste Público de Turing Completamente Automatizado para Diferenciação de Computadores e Humanos)...
Sabe o que é esse palavrão? É aquela imagem contendo palavras graficamente distorcidas que o sistema pede para você confirmar o que está escrito em um campo apropriado. Ela serve para que o administrador do site/blog tenha certeza de que você é um humano e não um software tentando se fazer passar por um spam. E eu concordo com a designer
Ligia Fascioni (que me inspirou a escrever esse post) que esse sistema é uma afronta ao usuário.
Uma pessoa gasta, em média, 10 segundos para responder um CAPTCHA e todo dia são mais de 200 milhões dessas coisas digitadas na rede. Então, faça as contas: 200.000.000 x 10 segundos = aproximadamente 64 anos de trabalho humano inteligente (que um computador não faz) perdidos! Pense: você está lá no site e é obrigado a perder esse tempo (e sua visão) para se identificar como ser humano? Por que a empresa não gasta dinheiro com um bom anti-spam? Resposta óbvia, né... Não temos nada a ver com isso e devemos receber um bom serviço, sendo poupados dessas chaturas, mas o administrador nos empurra um problema que é exclusivamente dele.
Mas - graças a Santa Placa Mãe! - o guatemalteco Luis von Ahn, um dos pais desse sistema-monstro, resolveu rever seu conceito inicial e nos trouxe uma ideia genial! Aproveitando o movimento mundial para a digitalização de livros (
Amazon,
Google e outras grandes instituições estão
digitalizando todo o seu acervo para que mais gente possa ter acesso), o
reCAPTCHA é agora utilizado para decifrar palavras que sofrem na legibilidade da digitalização. Isso acontece com frequência em livros mais antigos: cerca de 30% das palavras digitalizadas. Luis deve ter pensado: "os computadores não conseguem ler, mas as pessoas sim! Então vamos usar todo aquele tempo!"
Agora é assim: o sistema tem duas palavras, sendo que uma delas já foi decifrada pelos digitalizadores. Se 10 pessoas interpretarem a palavra distorcida da mesma maneira, eles dão a palavra como decifrada! Com isso, eu, você e todo o mundo está ajudando a traduzir mais ou menos 100 milhões de palavras por dia, ou seja 2,5 milhões de livros por ano! Não é o máximo?
Finalmente posso dizer que minhas infinitas horas na internet são realmente úteis! Continuo concordando com a designer sobre o fato de que ninguém pode te empurrar um trabalho que não é seu ou j obstáculo a mais na sua vida, mas dessa vez o princípio é nobre. Então, como o fim não justifica os meios, acho que essa história do reCAPTCHA deveria ser de conhecimento público. Faço aqui a minha parte.