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terça-feira, 20 de setembro de 2016

Doces memórias


No início do ano falei de um gatilho olfativo de alfazema que me lembrou minha avó. Agora o gatilho foi outro: infelizmente foi pela passagem de uma tia-avó muito especial que tive na minha vida. Ela foi a pessoa mais doce, carinhosa e inocente que já conheci e - creio - não conhecerei igual. Acho até que ela era um erê, um espírito criança, que veio ao mundo para aflorar o que há de mais doce na gente. E é dessa doçura que me veio a memória.

A rabanada que ela fazia no Natal era insuperável (eu comia umas quatro antes da ceia!). Sua panquequinha de banana eu nunca mais vi igual e não sobrava nos pratos aos domingos. Seu jeito simples e risada gostosa adocicava tudo mais.

Impossível lembrar dela sem contar que ela escondia jujubas, bombons e biscoitos no armário. As crianças eram as únicas que podiam comer seus doces, os quais ela gostava de dar em segredo como se criasse um elo de ligação ainda mais forte, ainda mais doce. Nem preciso dizer que nós (em cinco primos) somos apaixonados por doces, chocólatras mesmo. Não por culpa dela, mas sim graças a ela.

Ela também me ensinou a gostar de Clara Nunes e é por isso que fecho aqui com uma de suas músicas.


Com licença que vou ali comer uma jujuba.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Memória olfativa


Eu sou super alérgico. Na verdade, sou muito alérgico mesmo. Mas utilizei a hipérbole do super, porque sou tão fã de super-heróis que, por um tempo, me senti um mutante, um X-Man, com olfato tão aguçado que ficou hipersensível. Achava que eu tinha genes de cachorro porque eu sentia cheiros que as pessoas não sentiam, reconhecia pessoas pelo perfume e lembrava de lugares pelo aroma.

O ser humano é capaz de perceber mais de 10 mil diferentes odores, cada qual definido por uma estrutura química diferente. Isso é tão forte que é capaz de alterar nosso paladar. A neurociência diz que os aromas são percebidos por várias áreas do cérebro, fazendo com que seus processamentos envolvam tanto cognição quanto emoção.

Toda essa introdução é pra contar um gatilho olfativo que aconteceu comigo. Há pouco mais de um mês, passei por uma senhora na rua que cheirava à alfazema. Se fosse um filme, era hora de dar um fade e mudar a colorização para um flashback porque, na mesma hora, me lembrei da minha vó.

Alfazema é, pra mim, cheiro de limpeza, de pós-banho, de uma infância despreocupada, carinhosa e feliz. O banho tomado na casa dela era sempre divertido (com xampu Palmolive de jojoba). Ou minha vó ou uma das duas tias-avós que moravam com ela estavam sempre do lado de fora da cortina mandando a gente lavar tudo, principalmente atrás da orelha. No fim, já secos, vinha a alfazema e a certeza que tudo estava certo, limpo, bem cuidado.

Claro que depois de passar pela senhora na rua, entrei numa farmácia e comprei um vidro de alfazema. E me desculpem os perfumes franceses... alfazema é amor.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Sobre hadoques e lobos no brejo

Por erro de logística (e talvez obra do destino), hoje pela manhã precisei andar por quase toda a extensão da Rua Haddock Lobo na Tijuca. É impressionante como uma rua pode ser tão recheada de memórias. Pelo menos 1/3 da minha vida está nessa rua... o terço inicial, da minha infância. São lugares, cheiros, experiências que imediatamente pipocam na mente a cada passo dado.
A escola eterna e a primeira vez que voltei para casa sozinho. O salgado pós-escola. Os aquários e filhotinhos da pet shop. O glamour em fraques. As ruas transversais, casas e prédios de vários amigos e familiares. O curso de inglês. O Clube Municipal. O Banco Nacional do avô. O Brasa Columbia. A piscina dos finais de semana (que agora é um prédio). O mercadinho Nova Olinda (agora Apolo). A papelaria (virou loja de roupas femininas). O Rei dos Plásticos (virou loja de ferramentas genérica). A loja de quadros na esquina (que já me dizia quem eu seria). A maravilhosa lojinha de balas onde eu gastava minha mesada de 50 centavos (agora é uma autorizada). O pronto-socorro que atendeu o filho da empregada. O armarinho. A vila das bolinhas de gude e dos carros de coleção. A única Chácara da Tijuca (nº300, 9º andar)! O gigante adormecido na janela. A Fundação Bradesco e o Maria Raythe. As missas dominicais obrigatórias nos Capuchinhos. O futsal no Fumageiros (e em vários clubes portugueses da área). O AABB Tijuca e TODA a minha iniciação esportiva. O cheiro da casa de umbanda. O velho consultório do dentista. O moderno consultório dos aparelhos dentários. À caminho para o trabalho do meu pai. Ou para o sonho da Zona Sul.

Isso é só uma pontuação de memórias vívidas e vividas. Cada uma ainda se desdobra em outras lembranças. Mas apesar do tom nostálgico, não há saudades. Foram momentos que fizeram quem eu sou hoje. E o passado - seja bom ou ruim - torna esse presente real. Real de verdade. Real de rei.


Me dei conta também de que a Rua São Francisco Xavier é um divisor de ruas e de águas: assim como ela transforma a Rua Conde de Bonfim em Rua Haddock Lobo, ela separa minha infância da minha adolescência. O segundo terço da minha vida é à direita do Largo da Segunda-Feira, até a Praça Saens Peña. A partir daí me tornei um Tijucano de carteira.

PS.: Pra quem não sabe, Tijuca, em tupi, é "água podre" porque ao bairro era um brejo. Também descobri que Roberto Jorge Haddock Lobo (1817-1869) foi o médico responsável pela primeira anestesia (para fins experimentais) no Brasil e ainda realizou um recenseamento no Rio de Janeiro.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Saudade do bom humor

Há 15 anos atrás, um transplante de coração mal-sucedido levou o melhor trapalhão: Antônio Carlos Bernardes, o Mussum.

Mas de onde veio o "Mussum"? Veio do Bairro Feliz, o programa humorístico da TV Globo em 1965, que lançou Antônio Carlos na TV. As cenas se passavam em um bairro imaginário situado no subúrbio do Rio de Janeiro, por onde desfilavam personagens de Agildo Ribeiro, Berta Loran, Grande Otelo e Milton Gonçalves. Certa vez, em um quadro da escola de samba, Grande Otelo foi acompanhado pelo conjunto Os Originais do Samba, que tinha entre seus integrantes o cabo Antônio Carlos, que participava do programa sem o conhecimento dos seus superiores e, por isso, tentava se manter o mais escondido possível em cena, até que teve um ataque de riso durante um dos programas, quando Grande Otelo deixou cair no chão um livro onde havia guardado o script, porque não havia decorado o texto. Desconcertado, o comediante olhou para o sambista, que era negro, calvo e sem pelos no rosto, e fuzilou: “Tá rindo de quê, ô mussum?”, levando a platéia às gargalhadas. “Mussum” é o nome de uma enguia preta e sem escamas. Milton Gonçalves diz que Antônio Carlos passou algumas semanas irritado com o apelido, mas acabou adotando-o como nome artístico, com o qual entraria para o grupo Os Trapalhões e para a história do humor brasileiro ao lado de Didi (Renata Aragão), Dedé (Manfried – hã? – Santanna) e Zacarias (Mauro Faccio Gonçalves, infelizmente também falecido) na televisão e no cinema.

Mas pra quem não sabe, Antônio Carlos recusou o primeiro convite de ser humorista por machismo! Ele não queria pintar a cara como os palhaços faziam porque considerava que não era "coisa de homem"! Sorte a dele (e nossa) que ele não precisava se pintar para fazer rir! Nascido em 7 de abril de 1941 no Morro da Cachoeirinha, no Lins de Vasconcellos, Rio de Janeiro, Mussum estudou num colégio interno e tirou diploma de ajustador mecânico. Mas a música falou mais forte. Dividido entre a Força Aérea e a Caravana Cultural de Música Brasileira de Carlos Machado, Mussum acabou fundando com amigos o grupo Os Sete Modernos, que viria a se tornar sucesso nacional como Os Originais do Samba.

Em 1969, Mussum entrou para Os Trapalhões na extinta TV Excelsior, convencido por Dedé. Quando o programa foi para a TV Globo, Mussum teve que abandonar o grupo de samba, mas sem nunca deixar sua paixão mangueirense: todo ano desfilava na Ala das Baianas da Estação Primeira de Mangueira! E é daí que vem o outro apelido: Mumu da Mangueira!

A trupe circense foi sucesso imediato. "Joaquim Mé Silva da Mangueira" era o "nome real" de Mussum, dono de frases inesquecíveis e linguajar único (aprenda com o Mussumgrapher), protagonista de cenas antológicas e até mesmo uma premonição do que viria acontecer.







Zacarias se foi primeiro e o falecimento de Mussum acabou com Os Trapalhões, revelando diversos problemas internos por muitos anos de convivência, como, por exemplo, a formação do grupo DeMuZa em 1983 que excluía Renato Aragão e foi deteminante para a briga Didi/Dedé.

Todos falavam que Antônio Carlos e Mussum eram a mesma pessoa e não um personagem. O sorriso largo, a alegria contagiante e o jeitão do povo eram constantes. Salve o YouTube que nos permite rever e gargalhar.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Cacildis!

Eu adorava o Mussum! Era disparado o mais engraçado dos Trapalhões pra mim. Ele era do tipo que, só de aparecer em cena, já me dava vontade de rir. A expectativa do bom humor é fundamental para alguém que trabalha com comédia.

E, nessa mínima homenagem que faço, coloco o link para você aprender a falar como ele. O Mussumgrapher te garante momentos hilários ao trazer na memória o "forevis" e o "mé". Divirtam-se.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Spectroman!

Mais um saudosismo... monstros de borracha com zíper nas costas e efeitos bizarros; os Dominantes (!!!); o sinistro Dr. Gori (aquele macaco que falava com gestos e dublagem fora de sincronia que é referência até hoje); foi o primeiro herói gigante. Antes de Ultraman, Jaspion e outros.

Planeta: Terra. Cidade: Tóquio. Como em todas as metrópoles deste planeta, Tóquio se acha hoje em desvantagem em sua luta contra o maior inimigo do homem: a poluição. E, apesar dos esforços das autoridades de todo o mundo, pode chegar um dia em que a terra, o ar e as águas venham a se tornar letais para toda e qualquer forma de vida. Quem poderá intervir? Spectreman!



Acompanhe com a música:
Spectreman! Spectreman! | Hear the flash | Like a flame | Faster | Than a plane | A mistery | With the name | Spectreman! | Power | From the space | He'll save | The human race | Yet they'll never know the face | Of Spectreman! | We will never know the source | Of his power and his force | As he guides this planet's course | Spectreman! | Spectreman!

Spectroman (Supekutoruman, em japonês e Spectreman, em inglês) foi uma série de TV japonesa, exibida em seu país originalmente entre 2 de janeiro de 1971 e 25 de março de 1972, totalizando 63 episódios. Foi um grande sucesso na época, dando mais impulso ao gênero tokusatsu, que compreende os filmes e seriados com efeitos especiais japoneses. A série foi exibida no Brasil inicialmente pela Record no final da década de 1970, e depois, durante a década de 1980, pelo SBT.

A história contava que, no distante planeta Épsilon, vivia uma civilização de simióides (homens-macaco) pacíficos e civilizados com tecnologia muito superior à da Terra. Detentor de um intelecto muito acima de qualquer ser humano, o genial cientista Dr. Gori era o líder mutante. Ao assumir o poder, Gori pretendia construir armas mortíferas para derrubar o governo central de Épsilon e conquistar planetas pelo universo, pois achava que a tecnologia de sua civilização fora desperdiçada em projetos pacíficos. Seu plano foi logo descoberto, sendo considerado culpado. Como não havia pena de morte, a mente do cientista teria sua maldade eliminada. Antes que isso acontecesse, um oficial do exército chamado General Karas libertou o cientista e ambos fugiram em uma nave. Vagando pelo espaço, a dupla chegou à Terra graças a uma tempestade eletromagnética. Gori ficou encantado ao ver a Terra, e analisando o planeta descobriu que os seres humanos estavam destruindo seu próprio planeta com a poluição. Indignado, Gori passou a criar monstros a partir da própria poluição para conquistar a Terra, transformando-a em seu paraíso particular. Uma raça de vigilantes espaciais, os Dominantes do planeta Nebulosa 71, sabendo da chegada de Dr. Gori à Terra, enviou o ciborgue Spectroman para proteger o planeta. Spectroman adotou o nome de Kenji e se empregou na Divisão de Pesquisa e Controle de Poluição, chefiado pelo Chefe Kurata, onde combate os planos do Dr. Gori.

Minha infância era tão boa... mas era tão boa que eu nunca tinha parado pra pensar que o Dr. Gori poderia ser o verdadeiro herói. Aliás, o nome original da série era Homem-macaco Espacial Gori! Vamos pensar... apesar de suas idéias imperialistas de invadir e dominar a Terra, o Dr. Gori justificava seus planos com um argumento muito racional: os seres humanos realmente estão destruindo a Terra com a poluição, e por isso não mereciam viver nesse planeta. Então, se o Dr. Gori achava um absurdo a forma como os humanos tratavam o planeta onde viviam, ao lutar contra ele, Spectroman estaria defendendo as grandes corporações poluidoras e o aquecimento global? Além disso, os monstros do Dr. Gori eram ecologicamente corretos, sendo criados a partir de lixo reciclado! E agora?

Não importa! Eu ficava feliz de almoçar vendo Spectroman derrotar os monstros e a poluição. E ele me fez acompanhar todos os seriados japoneses seguintes!

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SPECTREMAN!
Rubber monsters, ziper clothes, bizarre visual effects, Dr. Gori, The Dominants and my chldhood was the best!