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terça-feira, 10 de julho de 2012

O bem do MAR

Fiquei bem feliz de saber que em setembro deste ano será inaugurado o novo Museu de Arte do Rio (MAR) no Porto Maravilha - mesmo que a previsão tivesse sido para o fim do ano passado com metade do orçamento final.


A solução encontrada pelos arquitetos para unir um palacete de 1916 ao prédio modernista vizinho foi "tirar um pedacinho do mar e colocar lá em cima". Essa é a definição para a cobertura "fluida" projetada para interligar os dois prédios de estilos completamente distintos e fazer ainda mais sentido com a sigla do museu. Detalhe: teve ajuda do Salgueiro! Isso mesmo: da escola de samba! Quer mais carioca do que isso?

O prédio antigo será o das exposições e o moderno o do setor educativo, a Escola do Olhar (muito bom esse nome!).  Na inauguração já teremos quatro exposições com direito a Tarsilas, Cildos, Tungas, Volpis e as duas Lygias! A escola só começara seus projetos em 2013. E outra coisa bacana do projeto arquitetônico é o fato de, para ver as exposições, é preciso entrar pelo prédio novo, subir até o último andar e ir descendo para ver as exposições. Primeiro: descer é bem mais fácil, não? Segundo: as exposições menores terão mais chance de serem vistas. E terceiro: todo o prédio será visitado! Acredito que isso possa riar algum tipo de inconveniente num futuro (até porque nada é 100% sensacional), mas achei bem bolado.

Salve a arte! Salve a cultura! Salve o Rio! E isso veio antes de virarmos patrimônio, hein!

PS.: O título dessa postagem é o nome de uma música de Dorival Caymmi que nada tem a ver com o museu em si, mas a sigla desse museu dá pano pra muitas mangas...

domingo, 24 de junho de 2012

Nada de ingênuo

Matando a sede, de Elza O. S.
Se a arte já recebe todas as críticas por poder ser "feita por qualquer um", imagine o quanto sofre a arte naïf, que carrega o peso de parecer ter sido feito por crianças?

O termo naïf é empregado para essa arte chamada de ingênua ou primitiva, mas existe uma liberdade de estilos, academicismos, técnicas e temas que mostram uma modernidade evidente e renegada. Tendo registros de seu auge na época do impressionismo, a arte naïf teria forças para ser tão revolucionária quanto o Cubismo de Picasso, se seu objetivo não fosse tão simples. Os pintores naïf (como Henri Rousseau) não queriam romper com tradições ou fazer algum manifesto vanguardista e sim aprofundar suas obras na simplicidade do cotidiano usando bem as cores.

Inaugurado em 1995, o Museu Internacional de Arte Naïf (Mian) é o maior e um dos mais completos dessa arte no mundo e fica no Cosme Vellho, ao lado da subida do Cristo Redentor. Detalhe: é o único museu internacional de alguma coisa que existe no Brasil! E mesmo com todas essas credenciais, o museu fechou em 2007 por falta de conservação e infra-estrutura. Sorte a nossa que ele reabriu!


E está ótimo! Obras belíssimas em um trabalho curatorial e museográfico melhor que muitos museus por aí. O acervo conta com mais de 6 mil obras de artistas de todos os estados brasileiros - com destaque para a história do Brasil de Aparecida Azedo e o Rio de Janeiro de Lia Mittarakis, as duas maiores telas naïf do mundo! - e de mais de 100 países (tem um trabalho africano impressionante), do século XV aos dias de hoje.

Rio de Janeiro, gosto de você, gosto dessa gente feliz (1984-88), de Lia Mittarakis

Escolas, agrupem-se! Vale a visita! E ainda tem uma exposição temporária de Molas do Panamá (tecidos folclóricos com bordado aplicado) bem legal.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Menos TV, mais arte.


Perfeito o anúncio do Masp, criado pela agência DM9DDB.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

DO PERU: Lima

Então... começo aqui meus rápidos comentários sobre a recente viagem ao Peru que fiz com meu pai e tinha o objetivo claro de conhecer a incrível cidade de Machu Picchu.

A viagem começa em Lima, capital do Peru. O que dizer da cidade? Bom... é grande, tem um trânsito caótico (desesperador!), não tem taxímetro (combinar preço de taxi é surreal!) e é cinza. Pegamos dias nublados e feios. Ficamos no bairro residencial de San Isidro que é distante do centro turístico do bairro de Miraflores. Para os cariocas: digamos que você more no fim do Recreio dos Bandeirantes e o buxixo fica no Jardim Oceânico... só de taxi, né? E esse mesmo que você tem que combinar o preço e piorar o trânsito ao ficar negociando no meio da rua.

A comida peruana é muito boa! Do início ao fim da viagem (até mesmo em lugares mais ou menos que tivemos algum problema), a comida era bem feita e bem servida. Logo no primeiro dia, tivemos as expectativas culinárias alçadas às alturas: o restaurante Alfresco fica como dica certa! A comida estava EXCELENTE! E não esqueça que o Peru é famoso por seu ceviche (nada de copinhos miseráveis, e sim grandes porções!), pelos 3500 tipos de batata (!!!) e os outros tantos tipos de milho. Aliás, vale falar do peruá... sabe aquele milho de pipoca que não estoura? Então... lá é couvert de restaurante! E é bom pacas!

Sobre a parte turística, o básico de Lima é sua Plaza de Armas (ou Plaza Mayor) com a catedral principal que possui o túmulo do conquistador Francisco Pizarro (porque endeusar o cara que destruiu a civilização inca, eu não sei...) e a vista do Oceano Pacífico a partir do Parque del Amor. Mmmm... tá. Sorte a nossa que Lima guarda "segredos" incas não revelados...


No meio da cidade, passamos de ônibus por duas huacas (templos de adoração a Mama Cocha, que já nos apresenta à incrível arquitetura inca: os tijolos de adobe dispostos como "livreiros" são antisísmicos. Uma pena que não paramos para fotografar ou até mesmo curtir mais de perto a Huaca Pucllana e a Huaca Huallamarca.


Mas o melhor ainda estava guardado pelos trocentos hectares do sítio arqueológico de Pachacamac, o deus dos terremotos (que abordarei no meu outro blog em breve).


O lugar é gigantesco! Cheio de construções antigas e nem é muito citado! Debaixo dessa terra toda deve ter praticamente uma cidade! Impressionante!


Os museus do Peru que visitamos são uma questão a parte. Em Lima, visitamos Museo Nacional de Arqueología e Antropología e o Museo Larco Herrera. O primeiro é público e conta toda a história da civilização inca a partir de todas as civilizações anteriores que a formaram, com bastante material, maquetes, banners, caveiras do Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, múmias, cerâmicas e muito mais. O segundo é privado e conta com uma quantidade absurda de cerâmicas (mais de 45 mil!) e metais preciosos. A diferença fica clara não só no material exposto, mas na forma como isso é feito. Iluminação, legendas, curadoria, expositores, tudo meio mambembe no museu público. Nada que prejudicasse por completo a experiência museológica, mas deixou a desejar. Isso aconteceu por todos os museu visitados e falrei mais sobre isso posteriormente.


A seguir: Cusco, a capital do Império Inca e o umbigo do mundo (e dos peruanos)!

domingo, 3 de julho de 2011

Consciência do inconsciente

Sempre tive vontade de conhecer o Museu de Imagens do Inconsciente - que fica no Instituto Municipal de Assitência à Saude Nise da Silveira (antigo Centro Psiquiátrico Pedro II), na zona Norte do Rio de Janeiro. A abstração e suas significações me intrigavam. O tempo foi passando e o abstracionismo geométrico se tornou uma questão pontual pra mim: o que é aquilo afinal? O que faziam os russos? E os concretistas brasileiros? Afinal: qualquer um faz ou só uma mente elevada (ou louca) é capaz de transformar em arte um quadrado negro?

Perdão pela falta de legendas. Só sei que as duas imagens menores são de Arthur Amora e Fernando Diniz. Se alguém souber, me atualize!

Ainda busco várias dessas respostas, mas a apreciação por esse tipo de arte só aumentou. Fui até fazer um mini-curso sobre o diálogo entre a arte concreta e o design. E nesse curso fui novamente despertado pela necessidade de conhecer o Museu do Inconsciente ao saber que a história do design brasileiro, de nossa arte concreta e do museu se cruzaram na década de 1950.

A produção dos ateliês de terapia ocupacional organizados por Nise da Silveira no Centro Psiquiátrico Pedro II era tão abundante e cientificamente/artisticamente relevante que, em 1952, houve a necessidade da criação de um acervo para pesquisa. Em 56, já era um museu. Em 57, Carl Jung conheceu o trabalho de Nise no museu em uma exposição em Zurique.

Tentar interpretar os belos grafismos concretos e abstratos me fez ter mais tolerância por muita arte que é feita hoje. Por isso, acho que o Museu de Imagens do Inconsciente merece maior destaque. Acredito que dificilmente ele sairia de onde está (muito escondido) hoje pela importância do local, mas acho que precisa de mais mídia... por que não exposições no Centro do Rio e seus incríveis espaços culturais gratuitos?

Além disso, Nise da Silveira precisa sair do universo da psiquiatria/psicologia e ser conhecida pela grande massa. Uma mulher pioneira, ética, forte, inquieta e batalhadora. Enxergou que ter alguém assistindo em silêncio a produção artística de um esquizofrênico mudaria seu trabalho: o artista queria ser visto. E, hoje, quem não quer?

Ser visto? Ser ouvido? Ter um minutinho de atenção? O Museu de Imagens do Inconsciente quer! Deve! Precisa!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Arte brasileira do século XIX ao XXI

Estou atarefado e não pude comentar sobre meu passeio no final de semana ao Museu Nacional de Belas Artes e à exposição coletiva A Cara do Rio, no Centro Cultural dos Correios. Então aqui vai...

MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES
Você já foi? Sim? Vá de novo! Ainda não? Tira a bunda da cadeira e vá! Fechada para obras de reforma desde 2008, a Galeria de Arte Brasileira do Século XIX está incrível! Restaurações excelentes! Tem quadro parecendo que acabou de ser pintado! A museografia está muito bem feita com uma cronologia que faz a gente ver uma evolução de nossa arte. Os destaques acabam sempre ficando para os gigantescos quadros de Pedro Américo, a Batalha de Avaí e a Batalha dos Guararapes, mas as obras de Victor Meirelles são deslumbrantes (como A primeira missa do Brasil)! O próprio Pedro Américo tem outros obras incríveis!


E o MNBA ainda tem um circuito com arte brasileira do séc. XX com Di Cavalcanti, Portinari, Anita, Tarsila, Guignard, Goeldi, Chagall e muito muito mais! E fecha com um circuito do séc. XXI onde vemos o que a arte brasileira anda produzindo.

Fora isso, temos as galerias com réplicas de esculturas gregas e com esculturas estrangeiras, e as exposições temporárias Gullar 8&80 (sobre Ferreira Gullar), Mapa da Mina (de Alex Flemming) e Nidus Vítreo - Diário de Cheiros (de Josely Carvalho. Programão!


A CARA DO RIO
No último sábado, foi a abertura da exposição A Cara do Rio - da minha janela, no Centro Cultural dos Correios, evento que faz parte da oitava edição do projeto “A Cara do Rio”, que anualmente homenageia a cidade com alguma atividade artística. A mostra reúne 110 obras - entre fotografias, pinturas ou esculturas - que retratam paisagens cariocas vistas através de janelas, com curadoria de Marcelo Frazão. Katia Politzer, professora e coordenadora da escola onde trabalho, está com a bela obra em vidro Tatuagem exposta. A diversidade é muito interessante e vale a pena. A exposição é gratuita e fica aberta até 3 de abril.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Museus paulistas

No feriado da Consciência Negra (dia 20 de novembro), estive em São Paulo, visitando museus como inspiração para um projeto que fui convidado a participar pela mestre em museologia Thelma Palha. Apesar de cansativa (ida e volta de ônibus para ver 4 museus em um dia), a viagem foi muito boa.

Por chegar muito cedo, primeiro fomos tomar um café da manhã no Mercado Municipal, com seus pastéis, barracas de frutas estranhas (inclusive a do Tony Ramos na novela "Próxima Vítima") e temperos do mundo todo.
Nossa primeira parada cultural foi a Pinacoteca do Estado. O prédio é belíssimo, tanto por dentro, quanto por fora.... ao ponto de ser mais válido ver o prédio do que as exposições. Brincadeiras a parte, o prédio é um labirinto com pouca sinalização, mas muito bem estruturado para exposições. Tive a oportunidade de ver uma exposição sobre Eliseu Visconti e uma mostra de arte abstrata/construtivista brasileira.
Bem na frente, o tão falado Museu da Língua Portuguesa. É legal? É. Mas não é nada disso que todo mundo fala. Tavlez por minha experiência, talvez pelo meu gênio excessivamente crítico. Mas acho que o excesso de expectativa que se coloca estraga as surpresas. O museu é muito tecnológico: muitos vídeos porjetados, computadores, áudios e por aí vai. Mas a parte analógica precisa ser revista: vitrines com luz queimada, cronologia muito extensa... mas o museu é ótimo! As exposições temporárias concentram o foco do lugar. Vi a exposição (bem cenográfica) de Machado de Assis e achei bem interessante. O "Largo do Machado" estava ótimo.
Depois do almoço e um passeio de ônibus, chegamos ao estádio de futebol do Corínthians, o Pacaembu, onde está localizado o Museu do Futebol. É um museu pra quem é fã do esporte. Ou seja, eu adorei! E nesse museu a tecnologia é utilizada da forma correta... VEJAM O VÍDEO! Foi feita uma área debaixo das arquibancadas com projeção de torcidas que é de arrepiar! Essa é a forma correta de se pensar em tecnologia. A parte educativa também é muito boa com a tomada de uma partido visual ótimo. Ainda tem o final interativo, com jogos virtuais e filmes 3D. Vale a pena pra quem gosta muito (e acho que pra quem não gosta tanto também).


E por fim... a 28ª Bienal. Não tenho o que comentar. Sabe por quê? Porque resolveram dizer que iam fazer uma reflexão sobre o vazio e deixaram um andar INTEIRO vazio! E isso porque a organização do evento tem dois anos pra fazer tudo. Achei péssimo. E quando tinha alguma coisa no terceiro andar, eles fizeram estruturas aparentes de papelão e compensado dizendo que era outro partido do evento. Então, prefiro postar as fotos do lindíssimo prédio de Niemeyer e rever minhas vontades de visitar esse evento no futuro.
Tirei bastante proveito dessa viagem. Foi muito bom ver o que se faz por aí em exposições e museus.