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sábado, 22 de setembro de 2018

E agora?

As poucas pessoas que passam por aqui já devem ter percebido que ando revisitando alguns trabalhos. Então... achei esses dois cartazes que fiz durante uma oficina com os célebres designers Jair de Souza e André Stolarski (RIP) no SENAC, em julho de 2006.

Feito de forma analógica, ou seja, com recorte e colagem.
Cartaz com auxílio de softwares.

Não são perfeitos para o momento? Tanto em relação às vindouras eleições quanto ao mês de prevenção ao suícidio?

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Somos latinos

Em 2010, também participei de um concurso de cartazes de Concurso de Afiches do Encuentro Latinoamericano de Diseño 2010 com o tema "Somos Latinos". Mandei duas imagens mas só a primeira foi publicada na página 110 do Libro de Afiches do evento.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

USA by Designers

Em 2010, rolou um concurso que perguntava "O que os Estados Unidos significam pra você?". Essas foram as imagens que eu mandei:


Claro que o USA by Designers não aprovou, né? 😉

domingo, 27 de maio de 2018

A Imaginação dos Quadrinhos vs. A Física da Realidade – O combate psicológico que atormenta crianças no mundo inteiro

Trabalho produzido em 27 de maio de 1997, para a disciplina Física Experimental, do Prof. Arruda, enquanto eu estudava no segundo ano da ESDI.
Aqui vale uma explicação: em certa aula, o professor resolveu reclamar sobre os desenhos animados que desafiam às leis da física, dizendo que isso era ruim para a sociedade. Eu retruquei imediatamente e um pequeno debate se instaurou. Por fim, perguntei se poderia não fazer a prova do semestre, caso eu provasse que ele estava enganado. O trabalho (meio arrogante e totalmente desafiador) a seguir foi a prova. A nota foi 10.

INTRODUÇÃO
No mundo real, ninguém pode voar como o Super-Homem, ou subir pelas paredes feito o Homem-Aranha. Mas qual seria a graça desses personagens se vivessem conforme conceitos estritamente científicos? E com o Super-Homem desafiando as leis da gravidade com sua força incrível, crianças poderiam saltar dos prédios acreditando que poderiam voar ou, então, tentar parar um ônibus escolar com as mãos... Será que as novelas surreais, os filmes violentos e os livros de romances não são tão culpados quanto os super-heróis dos quadrinhos? Mesmo sabendo da poderosa influência dos meios de comunicação, dar a eles toda a culpa não é um modo de desviar a atenção dos verdadeiros problemas que nossa sociedade enfrenta: violência, alienação e imoralidade?

IMAGINAÇÃO VS. REALIDADE
Existe um mundo no qual a ciência é milagrosa. Pesquisadores jamais erram, mesmo sem realizar testes ou perder tempo com estatísticas. E, embora não apareçam em congressos ou lecionem, podem dispensar bolsas e patrocínios. A falta de dinheiro nunca é problema. Não se sabe de onde vêm os recursos, mas inventos mirabolantes e fenômenos surpreendentes surgem dia após dia com material surgido do nada. Tudo é possível nas histórias em quadrinhos. A psicologia diz que "no mundo dos super-heróis, a ciência está mais próxima da mágica."

Por isso, ler histórias em quadrinhos é muito bom. Essa fantástica criação artística do homem nos transporta ao mundo da magia e do encantamento. Os enredos cheios de imaginação, narrados por meio de imagens e textos rápidos, são o nosso passaporte para o reino da fantasia, onde prevalece o faz-de-conta. E, mesmo quando as historinhas abordam temos menos inocentes, não temos dúvidas: os quadrinhos traduzem o espírito de aventura do homem no século XX.

É mais do que fato, porém, o enorme poder de comunicação das histórias em quadrinhos: é inegável. Hoje, elas frequentam diversas escolas, servindo de material didático auxiliar, configurando uma alternativa às atividades pedagógicas tradicionais. E, por ser um produto largamente difundido, os quadrinhos acabam influenciando a formação e educação de crianças, jovens e até adultos. Portanto, convém manter-se atento ao tipo de mensagem e valores transmitidos. Trata-se de uma precaução oportuna, mas em contrapartida, seria ingenuidade supor que os quadrinhos modifiquem a visão de mundo do leitor.

Pelo contrário, os quadrinhos considerados adultos ou infanto-juvenis muitas vezes tentam retratar a realidade para tornar suas histórias mais reais, podendo assim mostrar como se deve ou não agir em determinadas situações. Superpoderes ou inventos absurdos são apenas detalhes para aguçar a imaginação e estimular o raciocínio dos leitores.

Além disso os quadrinhos incentivam o leitor a buscar outros textos e a desenvolver o senso de observação das imagens. O livro, portanto, não fica excluído em termos de importância e interesse: ele veicula outro tipo de conhecimento, propõe situações novas e exige leitores mais atentos, com maior capacidade de concentração, para interpretar suas mensagens. É um exercício mais complexo para a imaginação dos leitores.

FICÇÃO CIENTÍFICA - A GRANDE VILÃ?
Ficção científica é a fantasia a respeito da ciência. Entre temas tão antigos, como terror ou amor, a ficção científica é mais recente. Entendê-la e usá-la seria impossível caso a ciência não fizesse parte do dia-a-dia de todos, o que só foi possível a partir do século XIX.

Frontispício de uma edição inglesa de
Frankenstein, de Mary Shelley,
publicada pela Colburn and Bentley
em 1831. Gravura feita por
Theodor von Holst (1810-1844).
Há quem registre o surgimento da ficção científica no ano de 1818, quando Mary Shelley publicou seu livro Frankenstein, pois foi utilizando de tecnologia e conhecimento científico que o Doutor Frankenstein criou o monstro.

O moderno, associado à ciência e ao desenvolvimento tecnológico, é, portanto, obrigatório ao gênero. Claro que a fantasia a respeito da ciência já existia antes, mas de formas menos científicas. às vezes, muitos autores conseguiram antever o futuro com bastante acerto. Em outras, fizeram predições disparatadas. Exemplificando Jules Verne, que mostrou sua insanidade ao criar um canhão propulsor para levar humanos à Lua em seu livro Da Terra à Lua, mas mostrou previsões científicas ao criar o Nautilus, famoso submarino de seu romance Vinte Mil Léguas Submarinas.

Em pouco tempo, a ficção científica revelou-se extremamente fértil. Grandes escritores, como Isaac Asimov, Ray Bradbury, H. G. Wells, H. P. Lovecraft e tantos outros escreveram textos dessa "ficção semelhante à ciência", partindo de informações científicas bem detalhadas e concretas ou recorrendo mais à fantasia do que ao conhecimento tecnológico. Hoje há uma classificação que distingue a ficção científica entre hard e soft. A hard explora as informações científicas com muitos detalhes, concentra-se mais nas Ciências Exatas. A soft parte de reflexões filosóficas e sociológicas sobre o homem, de como a vida poderia se transformar após uma nova descoberta ou invento. Alguns subtemas da ficção científica são apavorantes como histórias de terror. E há outros mais otimistas quanto ao futuro da humanidade.

Para os fãs de gibis, nem pensar em tirar a ficção científica da história. Sem os cientistas, quebrando todas as regras, os quadrinhos não teriam o mesmo enfoque. Em grande número dos enredos dos quadrinhos. É a ciência que determina o ponto alto de uma aventura.

Tintim, o herói desenhado pelo belga Hergé, foi o pioneiro no uso da ficção científica nos quadrinhos. Quarenta anos antes de o homem alcançar a Lua, Tintim pisou o satélite a bordo de um foguete caseiro, construído pelo Professor Girassol. Em 1933, Flash Gordon foi o primeiro personagem americano a rumar para o espaço, mais precisamente, para o planeta Mongo, que, de acordo com a imaginação fértil do quadrinista ameaçava invadir a Terra. O Doutor Zarkof, um eminente pesquisador, envia, então, o herói para Mongo, em um foguete de fundo de quintal como o de Tintim.

Esse tipo de máquina é inviável no mundo real, começando pela velocidade necessária para escapar da Terra (aproximadamente 40.000 km/h). Ainda teria a questão das coordenadas de alvo, pois, estando a Terra e a Lua em movimento, complicados cálculos e um programa de correção de percurso seriam imprescindíveis. Para tudo isso, seria necessário tecnologia de ponta, o que não é fácil de se encontrar em um fundo de quintal de pequenos laboratórios caseiros.

O Super-Homem, o herói mais popular de todos os tempos, é talvez um dos maiores erros físicos que já existiram. Os superpoderes do personagem estão diretamente relacionados à pseudociância dos quadrinhos. A visão de raios X do herói é absurda; ele jamais poderia enxergar através das coisas. Comparando com os aparelhos hospitalares usados para registrar imagens do interior do corpo humano, fica claro como é impossível os olhos do Super-Homem emitirem um feixe de raios X para captar a imagem registrada no mesmo olho que emitiu o feixe. Além disso, o Super-Homem não poderia voar sem ter propulsão, sustentação e sem consumir uma monstruosa quantidade de energia. No final da década de 30, as aventuras desse "erro físico" estouraram as estatísticas de vendas, por causa do ânimo de seu público, alarmado com a possibilidade de explodir a Segunda Guerra. Somente o Super-Homem seria capaz de vencer o nazismo. Na sua cola, vem a legião dos super-heróis, baseados na ficção científica. Era a Era de Ouro dos heróis.


A ciência também era tratada como algo temível. Os grandes inimigos dos super-heróis eram cientistas ricos e inescrupulosos, como Lex Luthor e Dr. Silvana. Todo o tipo de projetos absurdos era válido para esses cientistas dominarem o mundo. Mas a figura do Capitão América trouxe a ciência para o lado dos mocinhos. Com a maré da euforia antinazista, o herói deu coragem e patriotismo aos jovens e amedrontados soldados americanos. Ele surgiu a partir de uma experiência química que lhe desenvolveu a musculatura, como os anabolizantes atuais. A diferença é a velocidade de ação. Os anabolizantes não tem ação rápida, como o Soro do Supersoldado do Capitão América, e sim um crescimento muscular gradual.

As histórias do Quarteto Fantástico chegam a ser cômicas de tantos inventos absurdos. São "nulificadores de antimatéria", "absorventes de energia cósmica para recarregar ciborgues blindados de proteção civil", "disparadores de energia negativa reversa", "deslizadores espaço-temporais com âncoras dimensionais", etc. Eles sempre têm o invento certo para a situação certa.

O Homem de Ferro, outro famoso personagem, era um empresário milionário que construiu uma superarmadura de metal maleável com computadores internos e diversos equipamentos embutidos. Sua armadura lhe conferia a capacidade de sair a salvo de rajadas balas. Impossível. Se o metal é maleável, ele se rasgaria todo ao ser atingido pelas balas. Além disso, o Homem de Ferro conseguia tirar expressões de felicidade, espanto e raiva de seu elmo. Ou seja, ele possuía os músculos faciais mais fortes do mundo, pois conseguia dobrar metal com eles.

Um jovem estudante foi picado por uma aranha radioativa, transferindo os poderes de um aracnídeo a ele, e se tornou o Homem-Aranha, o herói mais popular entre os leitores infanto-juvenis. Desde tempos remotos o homem tenta se associar aos animais, mas o Homem-Aranha extrapolou essa ideia. Seus poderes de adesão, ou seja de escalar paredes, são impossíveis. As pontas dos dedos do herói jamais seriam capaz de suportar o peso dele. Quanto mais alto ele subisse, maior seria sua energia potencial e, portanto, maior seria a força que seus poderes de adesão teriam que realizar. Até que seus ossos não aguentariam o peso e arrebentariam.

Mas não foram só os quadrinhos de super-heróis que abordaram a ficção científica. Nos anos 50, surgia o maior símbolo da ciência nos quadrinhos: o Professor Pardal da Disney, com a placa na porta de seu laboratório "Inventa-se qualquer coisa". Na ciência real, também há muitos inventores malucos, alguns que até plagiam o Professor Pardal, como, por exemplo, um engenheiro inglês desempregado que construiu uma bicicleta voadora, que – justiça seja feita – já havia sido projetada pelo cientista da Disney.


Mas nem sempre a ciência dos quadrinhos está errada: nas histórias de Flash Gordon já apareciam aparelhos de TV. A própria NASA admitiu ter se inspirado nos quadrinhos para buscar novos equipamentos espaciais.

JÁ TENTARAM CENSURAR!
As histórias em quadrinhos tiveram seus obstáculos desde o início. A maior editora do ramo na década de 30, a DC Comics, montou um conselho editorial formado por psiquiatras, especialistas em bem-estar infantil e outros cidadãos famosos e bem respeitados a fim de garantir que a DC Comics não fosse danosa, mas sim benéfica para as crianças.

Fredric Wertham é o nome do homem que iniciou a "Caça aos Quadrinhos". Após sete anos de estudo sobre a influência dos gibis nas criançaas, Wertham formou a base de seu livro Seduction of the Innocent. Ele argumentou que "o número de 'bons' quadrinhos não vale a pena ser discutido, mas o grande número do que faz se passar por 'bom' certamente merece uma atenção mais cuidadosa".

Os efeitos da campanha de Wertham foram imediatos. As revistas em quadrinhos começaram a ser examinadas e diversas delas foram declaradas carregadas de ensinamentos comunistas, racistas e sexuais. Foi relatada até uma queima pública de quadrinhos após uma coleta feita de casa em casa.

Em resposta a esse ato, várias editoras de quadrinhos formaram a Association of Comics Magazine Publishers (Associação de Editoras de Revistas em Quadrinhos). A principal função da ACMP era administrar um conjunto de diretrizes sob as quais os quadrinhos de seus membros teriam de ser aprovados.

Porém, havia aqueles que discordavam de Wertham, tais como Frederic Thrasher, que escreveu no Journal of Educational Sociology: "Fredric Wertham afirma taxativamente que os quadrinhos são um fator importante na causa da delinquência juvenil. Esta posição extrema, que não é substanciada por nenhuma pesquisa válida, não só é contrária a parte considerável do atual pensamento psiquiátrico como também desconsidera procedimentos de pesquisa aprovados e testados...". Apesar disso, a indústria das HQs finalmente acabou sendo investigada pelo governo federal para investigar o crime organizado.

A afirmação de que os crimes cometidos em quadrinhos eram copiados por crianças foi um reforço para o livro de Wertham. Ele conseguiu, através de artigos complementares em jornais da época, apresentar casos de delinquência infantil nos quais cada acusado admitia que tinha se inspirado nos quadrinhos.

Embora tenha escrito no prefácio do livro que nem todos os quadrinhos são ruins, Wertham concedeu licença a si mesmo para atacar todos os outros. No entanto, cometeu diversos erros. Considerando que as HQs eram exclusivamente infantil, esqueceu os quadrinhos de adultos que os soldados liam durante a Segunda Guerra Mundial.

Outro erro foi sua frequente alegação de culpa por associação. Muitas crianças que cometiam crimes liam quadrinhos e, portanto, os quadrinhos eram a causa da delinquência infantil. Ao chegar a esta conclusão limitada, Wertham ignorou claramente quaisquer outros fatores envolvidos.

O Comics Code Authority foi decorrência das conclusões das audiências da Subcomissão do Senado Americano de 1954 que investigou o efeito dos quadrinhos sobre a delinquência juvenil.

A indústria das histórias em quadrinhos formou, então, a Comics Magazine Association of America. A CMAA adotou o código e estipulou os meios para administrá-lo. Apenas as revistas com o selo do código na capa poderiam ser distribuídas. Algumas editoras modificaram seus títulos de maneira drástica ou saíram do ramo.

O último livro de Wertham, The World of Fanzines, serve como uma espécie de conclusão de sua carreira. Nele, Wertham examina um certo grupo que já havia se tornado uma subcultura significativa de nossa sociedade: o fanzine. Segundo Wertham, os "fanzines mostram uma combinação de independência que não se encontra facilmente em outras partes da nossa cultura" e acabou concluindo que "eles são válidos e construtivos. A comunicação é o oposto da violência. E toda faceta de comunicação tem um lugar legítimo".

É difícil acreditar que isso foi escrito pelo mesmo autor de Seduction of the Innocent. De acordo com ele, esses fãs haviam se beneficiado através de suas experiências com quadrinhos e ficção científica e não haviam se tornado criminosos.

O que ficou claro foi que o texto do código se baseava em censuras para os padrões estipulados de violência, linguagem, situações sexuais, uso de drogas e outras situações controversas. Não havia nada que especificasse a proibição de temas científicos que desafiassem as leis naturais e contradissessem a física. E mesmo assim, a diretora executiva do Comic Book Legal Defense Fund, já disse que até mesmo esse código perdeu qualquer poder que tenha tido um dia.

A CULPA DE VERNE
Jules Verne (1825-1905) foi um novelista francês que fez curso de Humanidades, antes de estudar Direito. Foi um dos primeiros escritores a praticar uma literatura de antecipação, na linha da moderna ficção científica. Descobriu seu verdadeiro gênero literário ao escrever algumas narrativas de viagens. Seu primeiro grande êxito, Cinco Semanas num Balão, apareceu em 1862, na revista Magazin d'Éducation, cujo diretor ofereceu a Verne um vantajoso contrato para que ele escrevesse duas novelas por ano. Entre suas obras mais conhecidas, figuram: Viagem ao Centro da Terra (1864), Da Terra à Lua (1865), Vinte Mil Léguas Submarinas (1869) e Viagem ao Redor do Mundo em Oitenta Dias (1872).

Em todos os seus livros de viagens e aventuras, Verne predisse grande parte dos inventos que se tornaram realidade no século XX, desde o submarino às naves espaciais, em verdadeira antecipação do futuro. Além do sentido didático, suas novelas estão escritas em estilo claro, fluente e vigoroso. O autor desenvolve a ação episódica metodicamente, deixando o leitor preso à história, sempre de elevado nível imaginativo. Descendo ao seio da terra ou subindo aos espaços siderais, Verne nunca se deixa trair por situações ridículas, transpirando de seus relatos uma estranha verossimilhança.

Recebido com o maior interesse pelos leitores cultos, Verne caiu logo para a leitura juvenil e infantil: as crianças do mundo inteiro leram seus romances, que foram justamente nessa época superados pela evolução técnica. Hoje, Verne é novamente lido, resistindo à ação corrosiva do tempo com permanente fascínio, reconhece-se nele a oposição do espírito de aventura contra o racionalismo do século XIX. Ele continua sendo o responsável, da maneira mais agradável possível, pelo despertar do interesse pelas viagens espaciais, pela pesquisa das profundezas da terra, pelas maravilhosas viagens oceânicas.

Não seria, então, Verne o culpado de tudo? Afinal, desde o século passado, que Verne vem enchendo a cabeça de crianças, jovens e adultos com situações bizarras de contradições físicas. Nem mesmo Wertham o acusou!

OS SONHOS DE DA VINCI
Leonardo Da Vinci foi um desenhista sem igual, e seu traço - às vezes rápido e forte, outras vezes hesitante e fluido - não lhe servia apenas para anotar as primeiras ideias de suas pinturas, mas o ajudava a ilustrar e comentar suas observações científicas : desenhos de flores e animais se aproximavam, com habilidade, de detalhes da anatomia, e os de estratificação da crosta terrestre, com os "dilúvios" e os "turbilhões" dos ventos e das águas.

Nas asas de seus anjos, encontram-se evidências dos seus estudos sobre o voo dos pássaros que o intrigava sobremaneira. Da Vinci escondia em suas obras e filosofias o desejo ardente de extrair do mecanismo perfeito das asas o segredo que, em sua imaginação, permitiria a realização do sonho de Ícaro (personagem da mitologia grega), para dar ao homem a possibilidade de voar.


Mais do que um artista, Da Vinci era um gênio. Seus inventos tinham total estudo físico e geométrico, mas em relação aos conceitos científicos daquela época. Wertham com certeza o internaria.

CONCLUSÃO
Culpar os quadrinhos por estarem distorcendo o pensamento das crianças é uma bobagem. Toda criança precisa estimular sua imaginação e criatividade de várias formas, até mesmo para saber diferenciar realidade de ficção.

Mesmo sabendo que a percepção visual de uma criança é muito limitada, não demora muito até elas perceberem a diferença entre, por exemplo, o Tom e o Jerry e um gato e um rato de verdade. Afinal, os animais de verdade não falam, não se vestem, não telefonam e nem usam artefatos do homem para seu benefício. Outro exemplo é o Pica-Pau. Quando as crianças vêem um pica-pau de verdade, elas até se decepcionam, pois não é aquele pássaro pestinha que atazana a vida de todo mundo com sua risada chata.

Os super-heróis não fogem dessa teoria. As crianças não vêem homens voando, escalando paredes ou soltando raios pelas mãos. Fica fácil separar os dois universos. O grande problema está na mensagem transmitida. Se as crianças vêem um super-herói matando sem consequências ou usando drogas, elas acharão que isso é legal e bom. Mas isso não acontece. Os super-heróis são carregados de moralidades e códigos de honra, passando boas impressões aos leitores. Desenhos animados como The Simpsons e Beavis and Butt-Head são verdadeiras drogas da sociedade.

The Simpsons é o desenho animado de uma família completamente fraca e cheia de problemas. Os princípios da família são destruídos, sendo retratados de uma forma genérica. Sem personagens com superpoderes ou animais falantes, as crianças se inspiram muitas vezes nos hábitos da família americana e acabam criando problemas em casa e na escola.

Beavis and Butt-Head
Beavis and Butt-Head é um desenho animado da MTV que conta as aventuras de dois garotos que gostam de música pesada e vivem sozinhos fazendo besteiras. Eles são completamente alienados por viverem assistindo a emissora que os criou e gostam de sexo e violência. Nos EUA, já foram constados diversos acidentes de crianças e adolescentes que resolveram imitar os dois personagens.

Se os desenhos da Warner Bros. e Hanna Barbera fossem analisados profundamente, teriam que ser censurados. A violência empregada nos desenhos do Tom e Jerry e nas caçadas do Coiote Coió ao Papa-Léguas é muito grande (sem contar os absurdos físicos, como demorar diversos segundos para cair de um abismo). Comichão e Coçadinha, o desenho animado dentro do desenho animado The Simpsons, é a violência sem limites. A loucura do Pica-Pau também é algo preocupante. O pássaro realiza feitos completamente insanos e sádicos sem qualquer motivo ou sentido.
Comichão e Coçadinha


Mas, saindo dos quadrinhos e desenhos animados, temos que lembrar que é muito mais difícil para uma criança separar os filmes da realidade. Crianças temem os monstros do filme, porque não sabem que são apenas efeitos especiais e maquiagem. O filme Superman poderia fazer uma criança se jogar de um prédio para tentar voar. No entanto, o filme Anjo Malvado poderia fazer uma criança matar seu irmão por ciúmes. Os personagens reais dos filmes geram uma identificação mais clara com a realidade.

Talvez seja nesse ponto que entra um fator essencial para tudo isso: a educação familiar. Os pais devem agir, mostrando às crianças o que é real e o que é invenção. A conversa entre pais e filhos pode impedir desgraças inspiradas em desenhos, filmes ou quadrinhos. Mostrar que um homem não pode voar ou matar sem sentido é importante para a formação de um caráter incólume de uma criança. Os pais ainda enfrentam o grande obstáculo de prepará-los para o mundo exterior, tendo que fugir de diversos paradoxos, como dizer que matar é ruim e leva à prisão, sendo que diversos bandidos estão soltos na rua, com a violência aumentando a cada minuto.

Vamos, então, deixar de lado às censuras aos quadrinhos e suas loucuras físicas e nos preocupar mais com o nosso mundo real. Devemos estimular a imaginação e a criatividade das crianças para que elas sintam necessidade de buscar soluções para nosso mundo doente.

BIBLIOGRAFIA

  • Da Vinci. Coleção de Arte. Editora Globo.
  • Enciclopédias Barsa e Mirador.
  • Revista Superinteressante, Setembro 1993.
  • Revista Wizard, Fevereiro e Março 1997.
  • IANNONE, Leila Rentroia e IANNONE, Roberto Antonio. O Mundo das Histórias em Quadrinhos. Coleção Desafio. Editora Moderna.
  • KUPSTAS, Marcia. Sete Faces da Ficção Científica. Coleção Veredas. Editora Moderna.
  • VERNE, Jules. Viagem ao Centro da Terra. Coleção Elefante. Ediouro.

terça-feira, 1 de maio de 2018

Reflexões sobre o livro "Transparência do Mal – Ensaios sobre os fenômenos extremos", de Jean Baudrillard

Texto produzido em 1º de maio de 1996 para a disciplina Análise à Informação, do Prof. Jorge Lúcio de Campos, enquanto eu estudava no primeiro ano da ESDI.

ENSAIO 1: "APÓS A ORGIA"
Toda boa redação deve ser dividida em introdução, desenvolvimento e conclusão. Na introdução, devem estar o tema central e as ideias a serem abordadas. O ensaio "Após a orgia" é como uma introdução.

Baudrillard apresenta uma série de argumentos demasiadamente radicais, caóticos e negativos. Chegou a me lembrar o poeta pré-moderno Augusto dos Anjos, que escandalizou sua época por usar um linguajar rebuscado e negativo. Sua radicalidade se expressa pelo excesso de palavras como "tudo", "todos", "nada", "jamais", que, em Geografia, aprendemos a não usar por serem tão generalizantes.

O autor define "orgia" como "o momento explosivo da modernidade, o da liberação em todos os domínios". E é nesse pensamento que se seguem seus outros ensaios, explicando-se uma série de liberações de nossa sociedade, relacionadas sempre com a pergunta crucial do livro: O QUE FAZER APÓS A ORGIA?

Não acho que nossa sociedade tenha percorrido "todos os caminhos da produção e da superprodução virtual de objetos, signos, mensagens, ideologias, prazeres". Nossa sociedade tradicional é calcada no ideal de progresso, onde o espaço de experiência é diferente do horizonte de expectativa. Isso nos leva a analisar uma sociedade que sempre procura melhorar através de mudanças sejam elas boas, ou não. Assim, fico impossibilitado de dizer que estamos progredindo no vácuo. Nós não vivemos uma reprodução indefinida em um tempo cíclico de saber no passado. O homem surpreende a toda hora e pode alterar seus ideais e sonhos, vivendo um tempo linear de saber no futuro.

Baudrillard argumenta que as coisas não desaparecem por morte ou fim. A proliferação, saturação, exaustão e epidemia das mesmas podem realmente levá-las a um fim dispersivo. O cineasta Wim Wenders diz que numa cidade grande, onde o acúmulo excessivo de propaganda é alienante, o tudo acaba se tornando o nada. É exatamente isso que o autor quer dizer: perde-se o sentido e a força quando se chega à contaminação exacerbada.

A trilogia do valor é facilmente entendida graças ao feedback que possuímos, uma vez que não há uma explicação clara e bem desenvolvida do tema. As atenções se voltam apenas para o quarto valor: o valor fractal. Esse valor é dado como o valor de avaliaço impossível que irradia para todos os lados sem referências, de forma aleatória. Isso porque é difícil avaliar o valor do que está em constante mudança, saindo de um eixo ordenado óbvio. Mesmo os opostos não andam mais lado a lado, numa luta eterna pela hegemonia. Esse é o valor fractal. E o autor determina esse valor como o "esquema atual de nossa sociedade". Assim, ele entra num paradoxo que ele diz melhorar o funcionamento de uma sociedade. Ao mesmo tempo que finaliza o ideal de progresso, ele dá um movimento às coisas de maneira fractal.

Esse paradoxo é mal analisado quando se sustenta o ideal de que o progresso, a riqueza e a produção desapareceram, mas continuam existindo. Como falar no desaparecimento das bases político-econômicas de nossa sociedade? É fato que estamos enfrentando momentos difíceis e confusos, mas anular a essência da sociedade? Isso fica exagerado. Concordo com a ascensão do jogo político em contraposição ao fim das ideias, porque (infelizmente) leio jornais para saber o que ocorre no ninho de víboras do governo.

O que, com certeza, possibilitou o homem mudar, ou seja, evoluir para o que é hoje, foi sua curiosidade. Nascida no âmago de todos os seres, essa sede de conhecimento nos levou a lugares incríveis e a descobertas fascinantes. Por isso, fica injusto considerar a curiosidade como uma pulsão secreta em todo ser humano de desfazer-se das ideias e das essências para chegar à orgia, excedendo em todos os sentidos. Nosso objetivo é estudar, experimentar para que alcancemos novas possibilidades e facilitemos a vida de todos.

Talvez seja um grande erro não obedecer ao código genético. Se eu fosse um fanático religioso, diria que a genética é um pecado mortal, uma afronta a Deus. Clonagens e próteses são uma tentativa de driblar os valores naturais. "O máximo da sexualidade com o mínimo de reprodução" é a ordem da liberação sexual. "O máximo de reprodução com o mínimo possível de sexo" é o sonho de uma sociedade clônica. Mas será que chegamos, alguma vez, a um desses dois extremos? Nossa sociedade jamais foi influenciada apenas em sexo ou apenas em clonagens. Ocorre sim, como o autor comenta em seus outros ensaios, uma transexualidade que se estende bem alem do sexo. Não se tem um processo de confusão e contágio; tudo é experimental, são tentativas de formar personalidades próprias e extrapolar seus desejos mais íntimos. Realmente perde-se o caráter específico do sexo e cria-se um processo viral de indiscriminação. Isso, exatamente, porque é algo novo que vai contra os valores sociais e morais de nossa sociedade.

São esses valores que dão margens a essas discussões. O conservadorismo e as tradições que nossa sociedade guarda, de fundo moral e ético, acabam criando paradoxos com a evolução do saber que acompanha o crescimento da humanidade. Há uma dificuldade muito grande em quebrar tabus para acolher os novos conhecimentos.

A comparação entre a metáfora e a metonímia, direcionada ao processo transversal é interessante. A utilização da denotação das duas palavras para dar um sentido conotativo à transversalidade cai perfeitamente nesse discurso. Nesse processo da transversalidade, é fácil perceber essa metonímia ao avaliarmos o campo de ação de uma disciplina qualquer. As disciplinas criaram uma interligação, fazendo desaparecer os vestígios dos conjuntos individuais para formar um enorme termo de coletividade. E é por causa dessa contaminação, dessa infecção de todos os domínios que podemos falar "tudo é sexo", "tudo é política", "tudo é dinheiro". Essa radicalização é bem contestada quando Baudrillard fala que "cada categoria é levada a seu mais alto grau de generalização, e por isso, perde toda sua especificidade e se desfaz em todas as outras".

Há uma análise nesse ensaio, sobre as teorias revolucionárias, que nos faz pensar sobre o tão esperado progresso da humanidade. O capital não leva em consideração os valores econômicos, fugindo de seu próprio significado centralizador, sem quaisquer referências (aliás, raramente o capital seguiu as leis a ele impostas); o político foi questionado e, quando teve suas bases enfraquecidas, levou consigo o social; a arte tentou renegar as regras que a limitavam mais continuou seguindo padrões que levaram à banalidade das imagens; a utopia sexual de tornar a totalidade do desejo como uma realização na vida de cada indivíduo acabou numa confusa transição sexual de circulação promíscua que levam a uma indiferença e discriminação do ato. Ou seja, as tentativas que nossa sociedade fez para melhorar suas condições e seu campo de ação, determinaram o começo da orgia.

O princípio do Mal de Baudrillard acaba por aparecer. A curiosidade que a sociedade carrega instiga uma parte maldita: a vontade de violência e morte. O movimento incessante da sociedade, sempre eficiente e sempre fracassada, na tentativa de disfarçar o Mal, beneficiando o Bem, descreve essa parte maldita do princípio. O autor considera o Bem uma sentimentalidade ingênua que sempre será superada pela energia irônica do Mal.

Acho bem errado dizer que o êxito da comunicação e da informação indica a incapacidade da sociedade se superar através de outros meios. É através da comunicação e da informação que a sociedade, como coletivo, e o indivíduo, como entidade só, conseguem satisfazer sua curiosidade e aprender métodos de superação mais fáceis ou lucrativos. Até mesmo o conhecimento entra num processo de superação, quando seu excesso acaba em dispersão. Ao adquirirmos conhecimento, livramo-nos daqueles que se tornam vagos e ilógicos. Temos, assim, um processo metonímico de comutação. Quando Baudrillard fala que a imagem do homem sentado contemplando o horizonte e seu silêncio se tornará uma bela imagem no futuro, começamos a pensar outra vez sobre a relação tudo-nada, a que se refere Wim Wenders, graças à anulação da presença do silêncio no meio dessa invasão comunicacional e informativa. Acho que esse interesse no silêncio já está, aos poucos, surgindo. Há um anúncio de TV que mantém o silêncio, deixando apenas as imagens e as palavras correrem. Isso quebra o cotidiano de informações ininterruptas e acaba prendendo o telespectador.

ENSAIO 2: "TRANSESTÉTICO"
A arte sempre seguiu regras, que, por sua vez, seguiam os padrões de estética da sociedade. Às vezes ela assumia um caráter próprio por receber as influências dos indivíduos que a moldavam. O que chamamos de "moda", por exemplo, é algo ditado por alguns da sociedade que desejam impôr seus padrões a toda uma sociedade. No entanto, já não existe mais regras fundamentais ou critérios de julgamento. A arte continua com sua força de ilusão, sua capacidade de negar a realidade, perdendo o sentido e a finalidade, para ganhar uma nova forma idealizada. Continua também com suas características de proliferação de seus discursos sedutores e/ou destruidores.

No ensaio "Transestético", percebemos que, sem critério algum, fica difícil haver uma troca de informações no meio estético. A coexistência de diversas tendências artísticas num mesmo espaço cultural nos leva a aceitá-las simultaneamente com uma profunda indiferença. Essa espécie de inércia da sociedade atinge a arte numa estase agoniante, imobilizada pela própria imagem e riqueza de seu passado, deixando as liberdades formais e conceptivas se misturarem com outros estilos sem nenhum controle ou com um controle imóvel.

A evolução do homem, já analisada em função da curiosidade interior, tornou o mundo potencialmente criativo. Sem dúvida, a curiosidade "puxou" a criatividade para perto, onde as experiências podiam ser então melhor observadas e concluídas. Mas o homem experimentou a industrialização da arte e "transestetizou" toda a insignificância do mundo. Essa mercantilização que se viu ao redor da arte mudou o destino da organização semiológica. Qualquer coisa que fosse uma força de expressão, um signo, uma consideração de uma das tendências artísticas sofria ação do mercado. Acabou-se por vender o marginal, o banal como forma de cultura, de ideal estético. A arte ganhou o valor do mercado, perdendo o valor estético do signo. Isso não é uma descrição clara dos Mamonas Assassinas? Todo o besteirol, a lixo-cultura que eles empreenderam se tornaram uma ideologia que é cultuada até hoje, mesmo depois da morte do grupo.

Nesse ensaio, o ideal do transversal é esclarecido. Não é a essência da arte que está desaparecendo ou suas concepções desmaterializando. A estética se proliferou por toda a parte e ganhou uma personalidade mais operacional. Baudrillard diz que é assim que a arte sobrevive: modificando-se de acordo com as regras do jogo, forçando até seu próprio desaparecimento. Mas ele pisa num terreno contrário a arte. A publicidade jamais poderia ser chamada de arte, mesmo que tornemos essa última o mais mercantil possível. Os ideais fundamentais de arte e publicidade entram em choque. Não há passagem de emoção e sensibilidade numa propaganda, assim como a arte, em seu sentido mais puro, jamais será artificial.

O homem é uma criatura iconoclasta. Os ícones nos fazem crer na possibilidade da existência. Toda imagem nos passa alguma coisa, mas a profusão delas nos leva a um apagamento dos vestígios e das consequências. Seria fácil colocar a existência de Deus em questão, mas as imagens transmitidas por ícones não nos permitem deixar de crer. Assim, devemos considerar a arte contemporânea como os ícones e suas imagens, levando em conta sua função antropológica sem critérios ou julgamentos estéticos.

É inútil buscar coerência e destino estético na nossa arte. É impossível julgar belo e feio, condenando a humanidade à indiferença. Essa indiferença gerou o hiper-realismo atual da arte. Não se cultua mais o belo ou o feio. Prefere-se o kitsch e o fascinante, o hiperreal. A arte-pop ganhou força com isso, pois se elevou a potência irônica do realismo.

Essa elevação potencial mexe no meio mercantil, como já foi analisado. As leis do valor também se elevam, o que é mais caro se torna mais caro e os preços ficam exorbitantes. Entra aí o modismo. Essa alteração dos valores supervaloriza alguns artistas, inferiorizando outros, iniciando a arte-xerox, ou seja, uma arte copiada que penetra no paradoxo das regras artísticas.

Para Baudrillard, a arte gira em torno de dois mercados: o da hierarquia dos valores e o da especulação financeira, ficando acima do belo e do feio. Talvez não seja por aí que a arte se desenvolve. Ela cresce por si só, com seus fundamentos de sensibilidade e transmissão de uma mensagem, desafiando os valores, realmente ficando acima deles. Os mercados reutilizam essa arte como uma forma de superar esses valores para controlar o capital flutuante e ficar, ainda, acima do bem e do mal.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Ao meu lado

A quarta edição da revista Arte ao Lado é especial... porque é minha!



Tinha que lançar ainda em agosto, mês dos Leoninos que adoram aparecer... como eu (?).

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Ao Lado da Escultura

Demorou bem mais do que o previsto, mas saiu a terceira edição da revista Arte ao Lado! O assunto é escultura com Katia Politzer, Mari Leal e Alcemar Maia, ou seja, a escultura de uma forma não tão convencional assim! Leia e surpreenda-se!

domingo, 12 de março de 2017

Novo volume da revista Arte ao Lado

Tem tudo sido tão corrido que nem escrevi aqui que o segundo volume da revista do projeto Arte ao Lado saiu!

Com um cheirinho de nostalgia, a edição traz o Desenho mais do que bem representado por Letícia Vicentini, Sidney Chagas e o mestre Amador Perez.



Ah... e o "quem sabe" pela continuação do projeto pode estar virando um "com certeza"...

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Arte ao Lado: A revista!

O Arte ao Lado saiu do blog e se tornou uma publicação! Isso mesmo! Nesse primeiro volume, os três fotógrafos – Fernando Gonçalves, Reinaldo Smoleanschi e Victor Haim – tem suas postagens transformadas em matéria. Clique AQUI e leia!

Aos poucos os outros também aparecerão! E quem sabe alguns inéditos? :)

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Arte ao Lado: Eu

Isso mesmo... resolvi me colocar no lugar dos meus entrevistados. Já que tem sido tão difícil conseguir depoimentos, nada melhor do que experimentar do "próprio veneno" pra ver se é tão complicado mesmo. E olha... fácil não é, mas também não é nenhum bicho de sete cabeças. E eu nem sou artista; sou designer e professor, e me aventuro pelo mundo da nossa língua.

Bom, seguindo as perguntas que fiz a todos... o que eu faço é brincar com as palavras, desde o som às letras que as compõem. Sempre fui fascinado pela nossa língua e me lembro de ter passado mais de uma semana com a palavra "papoula" ressoando na minha mente. Quando aprendi as figuras de linguagem na aula de português da minha inesquecível professora Auxiliadora, senti que as possibilidades eram enormes. Aliás, foi na aula dela que escrevi meu primeiro poema iludidamente construtivista e totalmente cliché:

DÚBIO PREDICATIVO
Por que Sertão?
Ser tão pobre.
Ser tão miserável.
Ser tão infértil.
Ser tão seco.
Ser tão desesperançoso.
Ser tão morto.
É.
Por isso somos tão.

Daí vieram os sinônimos, antônimos e a noção que nosso idioma é realmente rico. As palavras foram amadurecendo dentro de mim e em 2000 participei de uma exposição coletiva chamada DaGema, com a obra DicionáRIO.


A vida foi tomando outro rumo até que entrei no universo acadêmico que me fazia complicar o fácil, ser prolixo porém conciso e claro. Em 2010, a porteira se abriu e a produção começou. A maioria já apareceu aqui no blog:

  1. enGARRAFAmento
  2. Banco de DADOS
  3. emPILHAmento
  4. indigNAÇÃO
  5. É, nem... nem é!
  6. Rio de Janeiro a Novembro de 2010
  7. Direitos Humanos para Humanos Direitos
  8. Direito Civil: onde já se viu? (em gênero, número e grau)
  9. Luto - Luta
  10. Arranquem o SiSU
  11. Irã. Irá? Ira!
  12. COMUNIDADE
  13. FRIO
  14. Cética Ética ETC... e a variação CosmÉTICA
  15. Afeto Afeta
  16. Deus Juiz
  17. Muda.
  18. Sabia, sábia sabiá?
  19. B! (Anagrama)
  20. entre outros...

Mas dando sequência nas perguntas... como eu faço isso? Olha... não tem muito uma fórmula. Normalmente, quando alguma palavra me pega, eu a anoto e deixa ela amadurecer. Assim que ela precisa sair (e eu tenho tempo), eu vou pro computador testar espaços e tipografias. Tenho as tipografias prediletas e os formatos e cores mais ou menos queridos, mas tudo está aberto para o que a palavra quiser.

Agora vem a pergunta mais difícil, provavelmente aquela que empacou com todo mundo: POR QUÊ? E eu não sei responder mesmo. Eu faço porque eu quero, porque eu preciso. Não é só uma forma de expressão, é a criação de algo e ao criar me sinto dando vida. Algo nesse mundo passa a existir porque eu fiz. Esse tipo de poder é único, comparado talvez à geração paterna/materna.

É isso. Esse é meu lado artista, meu lado criador (e ontem esse blog fez 9 anos!).

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Arte ao Lado: Amador Perez

Na primeira edição do Arte ao Lado, fiz uma postagem sem conversar diretamente com o artista (no caso, Fabio Lopez). Hoje faço o mesmo para escrever sobre Amador Perez. Na verdade, escrevi sobre ele há 2 anos por conta da exposição comemorativa de seus 40 anos de carreira (Memorabilia), mas gostaria de reescrever e acrescentar algumas coisas.

Ofício I, do díptico baseado em "Newton", de William Blake.
Desenho, série "Imagens e espaços", 1991, grafite, 10 x 14 cm, Coleção do Artista.

Chamá-lo de desenhista é reduzi-lo. Sua técnica em grafite transborda do academicismo e inunda suas obras com uma riqueza de detalhes, uma perfeição estética inigualável. Isso oferece a abertura necessária para explorações técnico-visuais, onde Amador se permite embaralhar grafite, gravura, fotografia, impressão, Photoshop e até mesmo objetos pessoais em novas representações artísticas.

Livro de artista Nijinski:Imagens. 2013.
Estudos a partir de "Madame Récamier", de David.
Tonergrafia, série "Impressões da Arte", 2004, impressão a laser sobre papel, 42 x 29,5 cm.
Série COSMO-LÓGICA.
Negativo da imagem do desenho Indeciso, série Eus e Um, 1990, grafite e lápis de cor, 14 x 11 cm.

Em uma grata oportunidade, Amador resumiu diretamente sua relação com a arte:
A arte salva. Esse é o meu lema e escopo. É por ela e através dela que sobrevivo.
O interessante disso é pensar que ele foi meu salvador. Conforme escrevi anteriormente, Amador foi meu professor na faculdade. Sua fala doce, seu amor pelo ensino, pelo design e pela arte transbordavam para aqueles que - como eu - andavam desmotivados pelo boulevard esdiano. Com ele aprendi a errar e encontrar beleza no erro. Aprendi a insistir e persistir em busca de um processo significativo, relevante, engrandecedor que transcende o resultado.

Mais uma vez, obrigado.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

E se os super-heróis fossem africanos?

O publicitário brasileiro André Cox respondeu à essa pergunta do título com uma série de posters publicados no dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado em diversas regiões do Brasil. Os super-heróis aparecem lutando contra algum problema que atualmente está presente no continente africano. Na página do projeto, entre um poster e outro, tem algumas informações sobre os problemas e conflitos acontecendo na África, como forma de conscientização.

Aquaman salva os imigrantes ilegais do afogamento.
Batman enfrenta o Coringa que recruta crianças para o combate armado.
Mulher-Maravilha resgata as meninas das garras do Boko Haram e as protege de outras atrocidades.
O órfão Superman protege seus iguais.
Hulk contra os fanáticos do Boko Haram.
Wolverine contra os caçadores ilegais.
A Fênix enfrenta as queimadas na savana, seja pela seca, seja pela ação humana.

Essa é uma discussão que já rola há tempos no mundo dos quadrinhos. A representatividade negra é pequena:

  • O personagem Falcão - que aparece no segundo filme do Capitão América - é de suma importância e hoje assumiu o escudo do Capitão.
  • Agora teremos o Pantera Negra vindo aí nos filmes: soberano de uma riquíssima nação africana, tão inteligente e ágil quanto os heróis mais conhecidos.
  • A x-woman Tempestade é outra que tem uma imagem fortíssima, sendo até chamada de Deusa, mas nunca foi retratada à altura nos cinemas.
  • Após a "morte" do Superman, um negro assumiu seu manto: John Henry Irons, o Aço, que chegou a virar filme (péssimo) com Shaquille O'Neal.
  • Em um desenho animado, Aqualad (parceiro mirim do Aquaman) foi retratado como negro.
Esses são alguns exemplos que chegaram a um público maior. Poderia colocar aqui também o desenho do Superchoque, a vindoura série da Marvel, Luke Cage, e o Homem-Aranha negro, Miles Morales, de outra dimensão, que faz tanto sucesso que quase foi o novo herói no cinema. Mesmo assim, ainda falta.

sábado, 24 de outubro de 2015

Arte ao Lado: Sidney Chagas

Todas as crianças no mundo desenham e rabiscam desde muito pequenas. Mas pra onde será que vai essa habilidade? O que é feito no meio da criação/educação que as crianças perdem a vontade de se expressar graficamente? Essa é apenas uma das reflexões que passaram pela minha cabeça quando li as respostas do designer Sidney Chagas.

Pra ele, quando crianças, ninguém julga seus próprios desenhos como ruins. As pessoas crescem e começam a se comparar umas às outras, e tudo que não se adequa ao conceito de correto ou bonito é classificado como ruim. Às vezes as próprias pessoas decidem que seus desenhos não são bons o suficiente e desistem de continuar à desenhar.


Quando ingressou na faculdade de design, Sidney aprendeu que o conceito de ilustração sugere que a mesma acompanhe um texto, um conceito ou um produto com o propósito de complementar, o que acontece frequentemente em seu trabalho como designer. A profissão “ilustrador“ lhe pareceu agregar propósito demais ao desenho e isso tirava um pouco da magia que essa atividade representava pra ele:
Tive a impressão de que o desenho desenhado era um pedaço de mim que se mostrava bem pequeno em relação ao mundo de tipos, regras e planejamento que me eram apresentados.
Isso o incomoda muito, ao ponto de ter tido grande dificuldade de responder as perguntas deste projeto (“Foi um parto de mim mesmo!”). Sidney questionou-se sobre como iria escrever sobre algo tão livre como arte se sua criatividade tem ficado cada vez mais condicionada ao trabalho:
Tem aquela criatividade já forjada pro trabalho, sabe? Te pedem uma coisa e você produz. Produto puro, TEM que vender, TEM que ser bom, o cliente TEM que gostar. Isso afeta demais quando se quer simplesmente desenhar. Chego em casa e não tenho mais aquele desejo...
Agora ele busca se sentir criança novamente, retomando o desenho sem expectativas no final, sem razões concretas, sem responsabilidades de parecer correto. Não quer mais desenhar somente para complementar algo ou ter uma explicação necessária. Sabe que tem nas mãos uma ferramenta de moldar o mundo ao seu redor (“Desenho quando não quero estar preso à regras, ou quando quero quebrá-las”) e, seja de forma analógica ou digital, entende que as técnicas se tornam inúteis sem uma inspiração. E ao falar disso, Sidney relembra a magia do desenho:
É comum eu querer criar algo e passar horas com uma folha de papel em branco na minha frente pois nem sempre a criatura obedece ao seu criador. Geralmente extraio inspiração de pessoas peculiares que vejo na rua, de personagens e personalidades que admiro. Se algo que vejo gera uma reação forte o bastante pra que eu fique pensando naquilo por um certo período, isso geralmente me motiva a desenhar e, ao fazê-lo, tento recaptar aquela sensação. O desenho pode vir também pela simples vontade de desenhar, como um chamado, se eu quiser colocar “poeticamente”. Eu desenho porque é uma das poucas coisas em que se tem total liberdade pra se fazer.

Esse chamado poético é o Chamado da Arte. Fez Sidney sofrer ao se dar conta que sua forma de expressão, sua liberdade, está sendo tomada pelo cotidiano voraz capaz de eliminar o ato de desenhar da vida das pessoas. Mas foi essa angústia (que emergiu ao ter se deparado ironicamente com uma folha branca na sua frente) que o motivou a retomar o caminho de sua vocação.


Apesar do sobrenome em comum, não somos da mesma família, mas carinhosamente nos chamamos de “primos”. Ele foi estagiário de design no Museu da República quando eu trabalhava lá. Ambos estudamos na ESDI (em momentos distintos) e me lembro de termos rapidamente conseguido uma conexão profissional (suas ilustrações já me impressionavam e salvaram vários momentos de falta de criatividade!). Aos poucos a ligação se tornou pessoal e vivíamos ouvindo músicas no rádio (odiando a “Hora do Blush”). Mesmo com nossa separação profissional e o intercâmbio para a Alemanha que o fez morar lá, mantivemos contato pelas redes sociais e hoje estabelecemos novos vínculos. Espero que esse projeto reanime sua Arte.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Casas cor

Depois de 8 anos consecutivos indo ao Casa Cor (escrevi sobre 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012), perdi os dois seguintes por duas razões: ambos foram na Barra da Tijuca (Península e Casa Shopping) e eu estava cansado de poucas novidades e muitos exageros. Mas esse ano foi na Villa Aymoré, na Ladeira da Glória e pude ir.


Como sempre, o local é bem mais interessante do que as criações. Inclusive, tentando antever o movimento na cidade, as casas se tornaram espaços comerciais e, no final, construíram uma área bem legal de coworking que fica pronta até o início de 2016.

Esse ano fica perceptível que a cor azul escura é a queridinha em seus vários tons ou associações com suas companheiras de temperaturas frias, o verde e o roxo. Acho que TODOS os ambientes tem algo de azul. Os papéis de parede que sempre chamara a atenção já não surpreendem... nem mesmo o 3D - que é interessante, mas já foi visto antes e não consigo ver sendo aplicado no cotidiano.

E aí está o problema de sempre: o dia-a-dia. Um série de soluções dadas não comportam a rotina diária, as facilidades de limpeza, os acidentes... alguns aproveitamentos de espaço foram bacanas, mas isso acaba por ressaltar as pouquíssimas coisas realmente interessantes.

Almofadinhas na escada transformando-a em mais um local de convivência,
além das prateleiras ao longo do caracol para aproveitar o espaço.
Esses brilhinhos na parede são difusores de jardim com LEDs pra dar essa
iluminação decorativa que lembra um estofado. Na foto, estão acima da cortina.
(clique para aumentar, mas ignore a cadeira...)
Esses rebatedores de luz feitos de fundo de embalagem de produto de limpeza
não é lá bonito, mas um reuso interessante e estiloso do material.
O belo cactário do Jardim de Frida Kahlo, decorado por Paula Bergamini.
Se é Casa Cor, esse é o Jardim Cor.
Frida é inspiradora e o resultado é talvez o mais bonito de todo o evento.

Estou reclamando muito (e já faz tempo), mas continuarei indo a esse evento porque ainda é interessante como inspiração. É como ir na casa de alguém e ficar olhando os detalhes pra poder julgar (e copiar) depois. :)

sábado, 26 de setembro de 2015

Arte ao Lado: Fabio Lopez

Hoje a proposta é um pouco diferente. Quem acompanha este projeto, sabe que tenho feito três perguntas para pessoas próximas a mim que estão ligadas a alguma forma de arte. Só que com o Fabio Lopez tive que mudar por duas razões: (1) já escrevi tanto sobre ele aqui que já tem até um marcador só pra ele; (2) ele estava imerso há mais de um ano num puta projeto que saiu essa semana, o miniRio.

O Rio em pictogramas. (clique para aumentar)
Tudo organizado! Nada aleatório! (clique para aumentar)
Amante de tipografias, Fabio criou duas famílias para o projeto. (clique para aumentar)

O projeto começou como uma catalogação de linguagem, ícones, locais, coisas e experiências tipicamente cariocas e se tornou uma extensa coleção de pictogramas que homenageiam e representam visualmente os patrimônios culturais materiais, imateriais e afetivos percebidos pelos próprios cariocas em sua cidade do Rio de Janeiro. Não preciso explicar muito porque o site do projeto está minucioso.



Perceba que o vídeo acima já dá algumas respostas do que eu teria pedido a ele. Sua inquietação e olhar crítico aguçado se unem a uma incrível qualidade técnica para mais um resultado maravilhoso. Mais um porque ele é "pai" do Bando Imobiliário, do War in Rio, do Batalha na Vala, do Homem de Neandertype e da marca do Centro Carioca de Design. Também participou da criação da marca dos Jogos Olímpicos no Rio, fez selo natalino e brincou de melhorar o brasão da República brasileira, além de muito mais que vocês podem encontrar no marcador dele aqui no blog ou no site do projeto.

Percebeu o poço de criatividade? No vídeo ele fala: "não gostaria de passar o resto da vida fazendo isso". Claro que não! Um inquieto como ele não pode parar mesmo! Nós não queremos também! Inspirador! Quero que meus alunos tenham essa inquietude.

PS.: Normalmente eu faço um último parágrafo explicando meu vínculo com o artista em questão, mas - como esse caso é diferente - eu já tinha uma postagem de 2009 sobre ele aqui. ;) Repetindo da época: obrigado por existir, Fabio.