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sábado, 26 de setembro de 2015

Arte ao Lado: Fabio Lopez

Hoje a proposta é um pouco diferente. Quem acompanha este projeto, sabe que tenho feito três perguntas para pessoas próximas a mim que estão ligadas a alguma forma de arte. Só que com o Fabio Lopez tive que mudar por duas razões: (1) já escrevi tanto sobre ele aqui que já tem até um marcador só pra ele; (2) ele estava imerso há mais de um ano num puta projeto que saiu essa semana, o miniRio.

O Rio em pictogramas. (clique para aumentar)
Tudo organizado! Nada aleatório! (clique para aumentar)
Amante de tipografias, Fabio criou duas famílias para o projeto. (clique para aumentar)

O projeto começou como uma catalogação de linguagem, ícones, locais, coisas e experiências tipicamente cariocas e se tornou uma extensa coleção de pictogramas que homenageiam e representam visualmente os patrimônios culturais materiais, imateriais e afetivos percebidos pelos próprios cariocas em sua cidade do Rio de Janeiro. Não preciso explicar muito porque o site do projeto está minucioso.



Perceba que o vídeo acima já dá algumas respostas do que eu teria pedido a ele. Sua inquietação e olhar crítico aguçado se unem a uma incrível qualidade técnica para mais um resultado maravilhoso. Mais um porque ele é "pai" do Bando Imobiliário, do War in Rio, do Batalha na Vala, do Homem de Neandertype e da marca do Centro Carioca de Design. Também participou da criação da marca dos Jogos Olímpicos no Rio, fez selo natalino e brincou de melhorar o brasão da República brasileira, além de muito mais que vocês podem encontrar no marcador dele aqui no blog ou no site do projeto.

Percebeu o poço de criatividade? No vídeo ele fala: "não gostaria de passar o resto da vida fazendo isso". Claro que não! Um inquieto como ele não pode parar mesmo! Nós não queremos também! Inspirador! Quero que meus alunos tenham essa inquietude.

PS.: Normalmente eu faço um último parágrafo explicando meu vínculo com o artista em questão, mas - como esse caso é diferente - eu já tinha uma postagem de 2009 sobre ele aqui. ;) Repetindo da época: obrigado por existir, Fabio.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Homem de Neandertype


O Homem de Neandertype habitava as antigas planícies tipográficas do Vale dos Impressos há cerca de 30.000 anos, tendo coexistido com o Homo Calligraphos no começo dos tempos. O crânio acima foi encontrado no sítio arqueológico de Dessau, junto a artefatos de entrelinha e ferramentas de Paica em ótimo estado de composição. Os Neandertypes dominavam a técnica do chumbo e estavam adaptados ao ambiente semi-gráfico das oficinas de tipografia. Seus crânios eram aproximadamente 50% menores em pontos Didot que os dos humanos modernos, e sua altura-de-x não ultrapassava 1,60m. Alimentavam-se, sobretudo, das letras em preto e branco dos catálogos de Letraset, sendo também exímios catadores de sementes de Linotipo – o que provavelmente levou ambas espécies à extinção.


Mais um trabalho f*5# de Fabio Lopez feito em 15 meses com gesso, tinta acrílica, Uni Pin 0.05, paciência e duas paixões: caveiras e letras.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Bando Imobiliário!

Em 2007, Fabio Lopez lançou o polêmico War in Rio (pra quem ainda não sabe, é a versão do clássico jogo War acontecendo no Rio de Janeiro, com direito a tabuleiro dividido em favelas e pecinhas do Bope), intrigado pelos questionamentos levantados pelo filme Tropa de Elite. Em 2009, o Batalha Naval se transformou em Batalha Na Vala. E, em outubro de 2010, um cartaz para um terceiro filme da série.

Mas, no fim de 2012, sem muito estardalhaço, Fabio lançou um novo jogo: o Bando Imobiliário!


Também refletindo o filme (agora o número 2) e sua leituras sobre as milícias cariocas, o projeto tem bem mais complexidade que o War in Rio. Dinheiro, cartinhas de Sorte ou Revés, novas localizações... tudo - como sempre - impecável!


Na época do War in Rio, Fabio teve seus 15 minutos de fama e tomou um puxão de orelha do Beltrame. E agora? Será que ao invés de ficarem incomodados com a crítica, vão ficar incomodados com a situação do Rio? Por sorte, sei que, mesmo que a cidade consiga se recuperar desses problemas, o design instigante de Fabio não vai parar.

PS.: Tirando o Batalha Na Vala, que Fabio colocou para download, os outros dois jogos (War in Rio e Bando Imobiliário) são apenas críticas. Não há qualquer movimento de comercialização.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Às armas!

Pegue sua carteira de identidade, carteira de motorista, CPF, passaporte, carteira de trabalho... e ache o Brasão da República (ou uma das inúmeras versões dele). Aliás... você conhece o Brasão de Armas da República Federativa do Brasil? (shhh... É esse aí do lado...)

Então... se você procurou, deve ter percebido que todos são meio diferentes. Talvez o único padrão existente seja estabelecido pela baixa qualidade de reprodução das marcas d'água, reduções e versões monocromáticas que aparecem. E foi isso que intrigou Fabio Lopez.

Sabendo da necessidade do cotidiano administrativo das repartições públicas, Fabio resolveu fazer um redesign simplificado para facilitar o reconhecimento desse importante símbolo nacional criado no século XIX. Na proposta criada todos os elementos e traços do desenho original foram repensados para proporcionar maior consistência e legibilidade. É até possível entender melhor o desenho, com as folhas de café e fumo ladeando a estrela (que eu nem sabia que tinha um significado!).

Clique para aumentar

A fonte utilizada (UnB Pro e Office) é livre e pode ser implementada sem ônus algum pro país. Trata-se de um projeto desenvolvido pelo designer brasileiro Gustavo Ferreira para a reformulada identidade visual da Universidade de Brasília. Para reduções extremas, tem uma versão onde as fitas apareçam sem os dizeres oficiais, deslocando-os para fora do Brasão e garantindo sua legibilidade.

Só lamento ser uma proposta não-oficial. Mas deveria ser vista por mais pessoas. É pra isso que escrevo aqui: divulgar uma produção de design independente com qualidade (melhor ainda se for do nosso país). Sugiro a todos que façam como eu e revejam seus conceitos.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Design carioca

O Centro Carioca de Design (que fica na Praça Tiradentes, no Centro do Rio, pra quem não sabe...) fez um concurso público para definir sua identidade visual. O vencedor? Fabio Lopez, né?


O projeto sagrou-se vencedor no dia 21 de março ao ser escolhido dentre outras 35 propostas por um júri formado pelos designers Paula Camargo (CCD), Chirs Lima (ADG), Luiz Stein e Bruno Porto (sociedade civil) e por Flavio Vaz (representante da prefeitura). Vamos à explicação do designer:
Forte, expansiva e irreverente: uma marca para representar a missão de construir um futuro vigoroso para o design carioca.
A ideia central da proposta apresentada apoia-se em três pilares de comunicação: no fortalecimento da economia criativa (estratégia), no espírito irreverente do design carioca (personalidade) e na importância da instituição (qualidade técnica). Esses pilares foram reunidos em uma solução simples e pregnante, uma marca feita para trabalhar.

Estratégia / fortalecimento da economia criativa
Com elementos compactos de preenchimento sólido, a marca constitui uma solução forte e consistente apta a operar com destaque sobre diversas escalas, cores e ambientes de aplicação. O acrônimo CCD faz menção aos conceitos de proteção (CC = Copyright / Creative Commons), bem como destaque e expansão, através de uma forma radial que lembra ainda uma engrenagem da indústria criativa da cidade.

Personalidade / espírito irreverente do design carioca
De maneira simbólica, a forma que abriga a letra ‘D’ no acrônimo CCD também remete ao Sol, astro tradicionalmente associado a capital carioca. Essa associação faz ainda mais sentido se entendermos o CCD como um centro de referência e fonte de transformação. O espírito irreverente do carioca está presente em uma escolha tipográfica que foge ao protocolo: na versão apresentada a fonte Aller Display mescla de maneira inusitada letras minúsculas e maiúsculas, sugerindo diversidade e descontração. Por se tratar de uma fonte distribuída gratuitamente, o projeto favorece um uso pleno e correto da tipografia sem custos para o CCD, facilitando o manuseio do projeto por designers e fornecedores.

Qualidade Técnica / importância da instituição
A marca apresentada é legível e bem acabada, e constitui uma representação de qualidade e eficiência que assegura a percepção de importância nas ações da instituição. Vale ressaltar ainda a versatilidade do sistema de identidade apresentado, baseado em uma completa gama de assinaturas institucionais e versões. Por constituir uma solução simples o sistema é extremamente flexível e permite inúmeras experimentações formais – e uma marca viva é um convite para a criatividade.

Então... concordam? Na página do Facebook do CCD, podemos ver as marcas que ficaram em segundo e terceiro lugares (ao lado). As críticas são inúmeras. Numa rápida contagem, parece que o segundo lugar é preferido pelos internautas. E, numa primeira olhada, essa segunda marca realmente parece ser de fácil entendimento: dá pra ver os dois C, o D, a ideia de sol, de cores quentes, etc etc.

Já a marca criada pelo Fabio não é tão óbvia: os C que lembram copyright, o sol azul que lembra uma engrenagem etc. Ao ler a explicação dada, ela ganha, então, maiores dimensões simbólicas. Mas quando vemos ela aplicada e a sequência de sua construção... é vitória fácil! (OBS.: Como não tive acesso a defesa e apresentação dos outros concorrentes, não tenho como opinar mais profundamente sobre eles.)

Memorial descritivo completo AQUI.

Como eu sempre digo, no design nada deve ser gratuito. Mesmo que o objetivo seja estético, esse já é um objetivo. É preciso ser coerente em todo o projeto para que fique fácil argumentar em sua defesa. E é isso que Fabio sempre faz. E ele ainda alia isso a uma linguagem atual que foge do convencional. Do óbvio.

Parabéns é pouco!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Para aprender design


Ainda na esteira do Dia Mundial do Design Gráfico que aconteceu na última quarta-feira, dia 27, um cartaz que não descobri a autoria (peguei no Collecta), mas tem uma mensagem legal (mesmo que extremamente simplista).

E aproveito para divulgar o tutorial sobre design criado pelo designer Fabio Lopez. O tutorial é um compacto das aulas de conteúdo em Programação Visual apresentadas as turmas do curso de Design da Puc-Rio. Aborda os temas identidade visual, tipografia, diagramação e naming, com finalidade estritamente acadêmica: "seu intuito é reforçar de forma remota os principais pontos do conteúdo teórico das aulas. Contém 148 páginas, 180 imagens, links, referências bibliográficas e diversas ferramentas teóricas de grande utilidade. Bom proveito"!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A marca Rio

Demorei um pouquinho para falar da marca das Olimpíadas do Rio em 2016, porque queria acompanhar as repercussões e descansar do reveillon. Mas vamos lá...



Nascida em uma concorrência entre 139 agências e escritórios, a marca escolhida foi criada pela Tátil Design e lançada em Copacabana, pouco antes da virada do ano, com direito a um sigilo digno de tramas conspiratórias e espionagens. O designer Fabio Lopez - que tanto falo por aqui - fez parte da equipe de criação junto com Raphael Abreu (que também estudou na nossa turma da ESDI).

Acho que vale a pena ver o vídeo da Tátil antes de qualquer coisa:


Tenho que confessar que não foi amor à primeira vista pra mim, não. Achei a história de ler RIO na marca uma forçada braba, a tipografia meio desconexa (perdão...) e a "cabeça" do personagem azul ainda não finalizada. Também li as palavras do enebriado Jacques Rogge, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), e fiquei ainda mais cabreiro:
A marca tem um desenho leve, que parece flutuar na água. Lembra-me estar velejando. É muito estética, inovadora e criativa. É possível ver várias coisas nela: Rio, montanha, sol, Copacabana.

O fato de ser uma "marca-escultura" mostra uma urgência em ser tridimensional que precisa de cuidados, já que uma marca precisa ser bidimensional antes de ser 3D por causa de suas inúmeras aplicações. E, na minha opinião, ela também precisar funcionar em monocromia, mesmo que as cores tenham um peso grande. Por isso, estou louco para ver cartazes, uniformes, medalhas, mascote...


Mas - como digo hoje para os meus alunos - uma argumentação bem estruturada é TUDO em um projeto. Por mais que você force uma barra aqui ou ali, se você souber vender seu peixe, nada te segura. E é isso que a Tátil fez: um projeto de marca excelente que realmente concentra os ideais do evento, tem um potencial identitário incrível e uma tipografia exclusiva (melhorou?). Já estou até lendo o RIO na marca! E digo mais: coloquei o título do post sem o 2016 porque acho que esse símbolo tem grande chance de se tornar a marca não-oficial do estado do Rio de Janeiro! Serão 6 anos (ou mais!) vivendo essa marca que foi amplamente abraçada pela população em seu lançamento e está tendo um repercussão mundial excelente.



O melhor mesmo é ver a auto-suficiência do design nessa marca. Isso engrandece a minha profissão. Não podemos esquecer que, em comparação ao fiasco da marca para a Copa do Mundo de 2014, essa marca é absolutamente incrível! Aliás... se compararmos com as outras marcas de Olimpíadas, só adicionamos vantagens. E agora os ingleses resolveram soltar os cachorros por causa da marca "estranha" das Olimpíadas de 2012 criada pela grande Wolff Olins. Obrigado por isso, Tátil! Ponto pra gente!

Agora... anda aparecendo um questionamento de plágio na internet por causa da marca da Telluride Foundation e do quadro "A dança" de Henri Matisse. Eu não vou usar a frase batida (e errônea) de que "no design nada se cria, tudo se copia". Isso é um exagero. Mas é preciso entender que estamos inseridos em uma cultura visual global e que, portanto, é possível encontrarmos traços semelhantes em inúmeras criações. Inclusive, podemos ver no vídeo da Tátil um enorme mural de referências durante o processo de criação. Como Fred Gelli, sócio fundador da agência disse:
Pessoas se abraçando e dançando é algo universal, vem desde as pinturas rupestres. De alguma forma, o movimento das pessoas dançando está no inconsciente coletivo.
Dizer que plágio é demais... beira o ridículo. Criancice por não ter feito (ou por ter perdido as Olimpíadas pra gente, né, americanos invejosos?).


É válido dizer inclusive que todo o processo de concorrência, promovido pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) com assessoria da Associação de Designers Gráficos (ADG Brasil), foi elaborado com base nas recomendações do Icograda (conselho internacional de associações de design gráfico) e supervisionado com regras claras e justas. Ou seja, chamar de plágio é boçalidade. Além disso, percebe-se que era possível fazer algo bem melhor para a Copa, não?

É a hora do design brasileiro!

PS.: Espero que a marca das Paraolimpíadas tenha essa mesma força!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Filatelia natalina

É... não tem jeito... o Natal começa dois meses antes da data real por causa das Lojas Americanas.

Mas esse post é pra falar de mais um empreitada do meu amigo Fabio Lopez. Em junho deste ano, ele participou de uma concorrência dos Correios para a criação de um bloco de selo natalinos... e ganhou! Vejam o resultado e a explicação:


O bloco mostra José e Maria reunidos em torno do menino Jesus de onde emanam raios de luz, representando o carinho e o amor familiar. Acima deles, um anjo voa trazendo consigo a estrela de Belém pendurada numa varinha. Flores e estrelas completam o cenário da noite de Natal.

As cores predominantes do bloco remetem a bandeira do Brasil: uma grande área de azul e verde, e detalhes em amarelo e branco. Essas cores apresentam tonalidades relativamente próximas, servindo para destacar os personagens e o colorido desse encontro.

Quase todos os elementos no bloco estão posicionados de forma a convergir o olhar para o acontecimento central retratado: os círculos de cor, as faixas de luz, a nuvem, as pombas e as flores dispostas simetricamente. A disposição de todos esses elementos periféricos ajuda a integrar os personagens em torno de um pequeno coração, representando o amor como o alicerce da união familiar.

O bloco foi criado com técnicas mistas de ilustração vetorial. Os recursos de volume e sombra destacam os elementos do fundo como se estivéssemos diante de uma colagem digital. A forma de representação dos elementos criados para a ilustração segue um princípio de simplificação: recurso que facilita a criação de um desenho adequado a escala do impresso. Quando o selo é destacado do bloco (ainda que isso não seja usual) a imagem principal se mantém em destaque, e as proporções continuam adequadas para essa nova dimensão.

Foi feita um tiragem de 150 mil cópias, através de um processo de impressão offset em couché gomado com fosforescência.
Como eu sempre digo, a diferença de um designer está na argumentação. Percebam que nada é gratuito ou decidido por gosto pessoal. E isso tem valor. O trabalho fica melhor, tem peso, consistência.

E tem mais: o interesse do Fabio por selos vem da infância, mas o interesse adolescente se perdeu em meio a outros até retornar no mestrado "sob o disfarce do design gráfico", como ele mesmo diz. Deslumbrado com o que encontrou - principalmente no design holandês -, começou o blog design e filatelia, escreveu um artigo na Revista Tupigrafia e ministrou uma palestra na ESDI que o levou a novos rumos e à concorrência aqui postada.

Isso mostra que gostar do que se faz é definitivamente o diferencial. É o que te leva a buscar mais e mais e mais. Uma lição do Fabio.

sábado, 9 de outubro de 2010

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Amigos Designers News!

Meus amigos Fabio Lopez e Erick Grigorovski continuam naquela vida bem sucedida. Fabio foi entrevistado por Miya Choi, do portal de notícias sul coreano design.db:


Aliás... vale a pena a gente pensar no já clássico War in Rio e nas UPPs do governo do estado atual. Conquista e ocupação territorial! Lembram do que o Beltrame falou?

Além disso, foi convidado pelos curadores Rico Lins e André Stolarski a participar da 3ª Bienal Brasileira de Design em Curitiba na mostra de cartazes "Sustentabilidade, e eu com isso?" com o trabalho Papo furado incorporated, que ele descreve da seguinte forma:
sustentabilidadesustentabilidadesustentabilidade... Repita até não significar mais nada. Temos agora uma palavra sem conteúdo, pronta para ser usada como enchimento e moldura em campanhas publicitárias pouco criativas. Utilize-a para catequizar os corações apavorados pelo risco de destruir a civilização com sacos plásticos e emissões involuntárias de carbono. O cartaz apresenta uma esfinge-manequim-pinóquio-flutuante conduzindo consumidores-marionetes pelo jardim do papo furado. A mentira está na intenção, mas o disfarce não oferece perigo – afinal, importante é salvar as consciências sem averiguar se a preservação da sociedade fará mal para a espécie. Recicla-me ou devoro-te.

Muito bom, né?

E Erick continua angariando prêmios com a animação Entre Nós. Inclusive, competiu na 10ª Mostra Internacional de Filmes de Montanha. Sua personagem Luísa acabou de sortear uma mochila pelo Facebook e sua história está cada vez mais engraçada com complicações amorosas, dificuldades escolares e muita trilha e escalada!



E lembrem-se: outubro é o lançamento! Luísa vai escalar!!!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Psicografaram uma marca!

Venho eu cheio de discursos sobre uma mudança de pensamento, revendo meus conceitos sobre a profissão... quando me deparo com:

No Facebook, eu li que parece o Chico Xavier psicografando (veja a imagem de novo, considerando as mãos verdes como o cabelo e a mão amarela como a mão no rosto). E parece mesmo. Ou, então, é o povo brasileiro se lamentando pelo futebol mequetrefe e pela estrutura de quinta "catiguria"...

De início, só consegui criticar. Na matéria que saiu na Globo.com, falava em um juri de "notáveis" que selecionaram essa maravilha: Gisele Bündchen, Paulo Coelho, Ivete Sangalo, Oscar Niemeyer, Jérôme Valcke (secretário-executivo pentelho da Fifa), Hans Donner e Ricardo Teixeira.

Hã?

Cadê os desginers brasileiros aí? Ivete pode ser minha musa, mas o que a qualifica para falar de identidade visual? Gisele pode ser linda e ter uma marca pessoal mais linda ainda, mas o que a qualifica para falar de identidade visual de uma Copa do Mundo? O Valcke é um pentelho que só fala mal do Brasil e deve estar doido pra Copa ser em outro país. Niemeyer tem 102 anos e é arquiteto. Ricardo Teixeira acha que entende de futebol, que diremos de deisgn... Do Hans Donner, sei que existe uma legião de designers brasileiros que são contra ele, mas, no meio dessa turba, acho que ele se salva. Ah... preciso criticar a presença do Paulo Coelho?

A marca foi criada por um escritório francês e já teria sido registrada pela Fifa no Escritório de Marcas e Registro de Design da União Européia e será apresentada no fim desta copa africana. Ou seja... já era. Nem se dignaram a pensar que o próprio país teria profissionais capazes de realizar esta tarefa. Só nos resta ter a iniciativa de utilizar a internet para produzir um número sem fim de marcas que poderiam substituir facilmente essa daí. Aliás, essa é a iniciativa do blog Espaço.com.

Mas depois desse desabafo crítico e um pouco raivoso, eu me lembrei que mês passado fiz um post sobre as identidades visuais das copas. Rapidamente fui lá ver e conferir que existem coisas BEM piores.


Claro que isso não é motivo pra fazer qualquer coisa, mas percebe-se que o padrão da Fifa é bem duvidoso.

Só que aí vem meu amigo Fabio e me derruba (no bom sentido). Ele escreveu sobre essa marca de uma forma bem clara e cheia de argumentos que provam que essa marca funciona, é interessante, mas precisa de apenas uns ajustes. Resumindo, ele acha que as críticas que andam surgindo na internet é uma raiva coletiva da ausência de designers brasileiros e do juri. Isso eu concordo, afinal, tô nessa! Mas ele pergunta: quem são afinal esses profissionais que poderiam julgar esse trabalho? Acho que só ele, que deu inúmeras razões com fundamentação teórica (14 parâmetro de Chaves/Bellucia.. uau!) pra marca servir pra alguma coisa. Leiam AQUI na íntegra e, de quebra, vejam o Chico Xavier da marca.

Sinceramente, eu até concordo com algumas das citações dele, mas o resultado final é TOSCO! É ruim. Com cara de mal acabado. Tipografia péssima. Processo de seleção inexsitente, juri falso. Autoridade questionável. Acho que vou aproveitar o clima da Copa pra criar também e entrar no tal desafio. Ou, então, realmente rever os meus conceitos...

sexta-feira, 5 de março de 2010

"Depoimento de um usuário", por Fabio Lopez

(...)
Eu comecei a usar ainda na faculdade, por que todo mundo tava usando e era legal. No início era só um degradê de leve, uma sombrinha... mas aí eu descobri os tutoriais de volume e os efeitos de distorção. Nossa! Na época eu fiquei encantado. Me achava o máximo e sonhava que um dia seria o próprio Hans Donner. Ter o plugin que quisesse no meu PC, essas coisas... mas aí com o passar do tempo, algo estranho aconteceu. Vi meus amigos mudando pro Illustrator, um por um... eles passaram a se vestir de maneira diferente e falavam de um jeito engraçado também: place, pdf, layer... Eu fiquei curioso e cheguei a tentar esse programa, algumas vezes. Mas não conseguia mais viver sem os efeitos de perspectiva - e não achava isso fácil por lá, sabe? percebia que o Corel estava afetando meu trabalho, que estava me fazendo mal... mas não conseguia parar. :( E aí cometi um erro: senti que precisava de novidades mais pesadas, pois os templates já não faziam mais efeito na minha retina. Comecei a misturar distorções com transparência, esticava letras e fazia sombras com formas de pincelada. Isso me fez muito bem por um tempo: sentia que podia fazer um abadá de olhos fechados! mas não durou muito... Logo em seguida, quando passei a aplicar o texto em curva, meus amigos começaram a se afastar de mim. Até os professores me discriminavam na faculdade, por que eu não usava Adobe. Fodam-se, invejosos recalcados! Procurei novos amigos, mas eles também só se aproximavam para converter arquivos. Sabia que por trás todos riam de mim... entrei em depressão. Fiquei mal e parei até mesmo de comprar versões atualizadas do programa. Meus arquivos começaram a não abrir e bateu o desespero. Perdi os meus cliparts favoritos e conheci o fundo do poço. Nessa época meus pais tentaram me ajudar, e me internaram numa pós-graduação em design... Escutei um monte de histórias da Bauhaus e do modernismo - mas porra! Esses viados só usavam cores chapadas e texto alinhado! O professor falava de grid, gestalt, tipografia... mas eu fugi. Renegado pela sociedade, perambulei na sarjeta do design por meses. Trocava logomarca por dinheiro e me humilhava por uma filipeta qualquer. Arrumei alguns empregos, mas não ficava por muito tempo. Senti que precisava de ajuda, ou acabaria numa gráfica rápida. Um dia, enquanto colava algum trabalho no poste, vi um anúncio da Coréu Anônimos... era bonito, com letras em 3 dimensões. Anotei o endereço e fui no mesmo dia. Que lugar incrível! Havia mensagens positivas por toda parede, como se eu estivesse dentro de um arquivo de Power Point. Eles usavam letras que eram felizes que nem eu, e cores, cores e mais cores - toda a magia do arco-íris. Eu me senti em casa... Um sujeito gordinho de jeans e camiseta preta se aproximou - Marlon, era seu nome. Fui apresentado ao grupo e ouvi histórias de gente como eu: usuários de Corel Draw em recuperação. Aos poucos estou me reintegrando a sociedade do design, e um dia terei um computador branco - eu sei. Por enquanto estou aprendendo a me virar sem os efeitos. Estou limpo há 25 dias, 8 horas e 45 minutos.

Muito obrigado.
Fabio Lopez

Bom, né? Original AQUI.

Mas lamento informar que, apesar de não sofrer esse vício intenso, sou daqueles que acreditam que a droga do Corel tem "utilidades medicinais"! Meu nome é Filipe Chagas, e eu uso Corel há 18 anos! HAHAHAHA

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Registros do Hexa

Design e Flamengo só podia dar belos resultados. Os cartazes aí em cima são de Lauro, Fabio Lopez e Daniel Neves (Dimáquina) para os três dos maiores responsáveis pelo Hexa!

Agora vejam dois vídeos do Bom Dia Brasil da TV Globo: um com o jogo e a história do herói Angelim, e outro com imagens históricas dos seis títulos rubro-negros!



E pra finalizar, leiam o texto "Sai do chão, sai do chão! O Brasil é do Mengão!"de Rica Perrone, ex-jornalista paulista do jornal Lance:
Eu pensei muito. Estou em pé desde as 5 da manhã, e quando digo em pé não me refiro a estar acordado. Me refiro a estar sem me sentar mesmo. Avião, táxi, fila, arquibancada, enfim, um dia sofrido, porém feliz.
Quando entrei no avião pra voltar, pensei em tudo que eu poderia escrever sobre hoje. Em exaltar a torcida, falar do Andrade, do Maraca, do penta ou hexa, do Bruno, do sofrimento... Mas não.
Eu fico com as palavras da torcida do Mengão, que aos 45 do segundo tempo cantou em coro que “com palavras, não sei dizer...”.
Não tem explicação.
Eu fui a 700 jogos na minha vida, 650 na arquibancada.
Diversos times, diversos estádios. Vi finais e mais finais.
Eu nunca vi uma torcida comemorar tanto um gol.
Eu nunca vi uma festa tão bonita.
Eu nunca vi um estádio tão bonito lotado.
Eu nunca vi um time ter tanto medo de ser campeão.
Eu nunca vi uma torcida ter tanto medo do fiasco.
Eu nunca vi um drama tão desnecessário.
Eu nunca vi nada do que eu vi hoje.
Eu nunca vi um gol tão bonito quanto feito.
Eu nunca vi um time jogar tão mal uma decisão.
Eu nunca vi um time ser tão querido por uma nação.
Eu nunca vi uma nação inteira vestida com a mesma roupa.
Eu nunca vi tanta gente feliz junta.
Eu nunca vi tanta paixão num só lugar.
Eu nunca tinha visto.
Hoje eu vi.
Aprendi, ao vivo, a cores e dentro da arquibancada, em pé, passando aperto pra entrar, e no meio da nação, o que é ser Flamenguista.
Eu achava que sabia. Mas não sabia.
Não, eles não são melhores do que os outros. Mas também não são iguais.
Eles são únicos. Eles amam aquela coisa de uma forma inexplicável.
E quando eles dizem “sai do chão, sai do chão!”, não é uma musica, é uma ordem.
E se você não sair, eles te tiram.
E se você conseguir, no meio deles, ficar livre de qualquer envolvimento, você é um ET.
Não existe torcida mais bonita.
Não existe relação mais incrível como Flamengo x Rio de Janeiro.
Nunca vi uma cidade vestida com a mesma roupa desde as 8 da manhã de um domingo.
Nunca vi nada parecido com o que eu vi hoje.
Nunca vi tanta gente merecer tanto um título.
Não, não me refiro aos 30 jogadores do elenco. Me refiro aos 35 milhões de eternos jogadores do elenco.
Nação… me desculpem.
Eu sei que esperavam um belo texto hoje. Mas... nada do que eu escreva vai ser mais bonito do que aquilo que vi.
Parabéns! Vocês merecem.
Foi perfeito. É perfeito. Tem sido perfeito. Lindo!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Rio 2016?

Daqui há poucas horas será definida a cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Em agosto do ano passado, ao analisar as marcas das cidades, eu já havia dito que o Rio de Janeiro tinha grandes chances de sair vencedora porque seria a primeira edição dos jogos na América do Sul.

Nos últimos dias, muito se falou. O ego do carioca (e de alguns brasileiros também) inflou. Lula e Pelé foram pra Dinamarca (local do evento de escolha da cidade-sede) dar aquela moral. Mas aí... Chicago (EUA) ganhou a força do queridinho do mundo: Obama. Pelé, no "auge" de sua "sabedoria", saiu com a seguinte frase: "Estamos ganhando de 2 a 1". Só que aí... não mais que de repente... me surge Oprah! A outra queridinha do mundo! Ou seja... 10 a 2 pra Chicago! Mas o Brasil ainda tinha uma carta na manga: João Havelange. Para o mundo desportivo, o quase-centenário e carioca João Havelange fez um discurso emocional. Acho que ganhou uns votos sozinho.

A Globo está com uma cobertura excelente em seu site e nos canais SporTV. Depois eu dou a notícia por aqui também. Mas queria aproveitar pra fazer mais uma propagandinha básica do meu amigo designer Fabio Lopez. Outra excelente dele:
viva essa paixão, mas passa pra cá a carteira.
esperando o trem bala perdida.
boa sorte Rio, e seja o que deus quiser...
com a colaboração do sr. Otl Aicher. ;-)
A idéia foi brincar com os pictogramas esportivos criados pelo designer Otl Aicher para as Olimpíadas de 1972 em Munique (Alemanha). Cliquem na imagem para aumentá-la. Aproveitem e passeiem pelo Flickr do Fabio!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Lopez e Morales!

Fabio resolveu levar seu premiado cartaz "rethink consumption" para Evo Morales ver!
Brincadeirinhas a parte, depois de ter circulado por Tokio, Seul, São Paulo e Humaitá (palavras do autor), o cartaz foi selecionado para a III Bienal Internacional del Cartel na Bolívia e ficará exposto por lá em novembro deste ano! Lembrando: o cartaz foi criado para o concurso "Love your Earth" do portal designboom em 2007 e é um convite a reflexão sobre consumo e responsabilidade. Bruno Porto, Marcos Minini, Mateus Valadares, Benoni Ceratti e Carlos Vinicius também foram selecionados.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Batalha na Vala!

— F2...
— Bala perdida.
— G2...
— Acertou o dono da boca!
— G3...
— Acertou de novo!
Mais uma sensacional do Fabio: depois do War in Rio...
BATALHA NA VALA!
Espalhe os personagens do cotidiano carioca na área cercada por muros de contenção e... mande bala! Se errar o alvo, é "bala perdida" – vence quem eliminar primeiro o exército de adolescente da outra facção. Mas não deixe de computar no B.O. marginais e inocentes abatidos, afinal o Estado precisa continuar contando carneirinhos.
Polêmico? Claro! Esse textinho básico apresenta o jogo que dessa vez pode ser impresso em qualquer lugar e usado por qualquer um! Tem o Dono da Boca, os Aviõezinhos, Soldados, Vapores e até Inocentes! Te segura Beltrame!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Fabio Lopez

Em 1996, entrei para a Escola Superior de Desenho Industrial e conheci o Fabio. Sua loucura sempre foi evidente (rsrs); e o resultado de seus trabalhos, incríveis. Podíamos sempre esperar algo diferente vindo dele. E, se ser designer é pensar em respostas diferentes para uma questão, o Fabio com certeza é designer. Além disso, me parece ser um apaixonado por isso.

Nunca vou esquecer do livro que ele fez com fotos tiradas de cadáveres. Pertubador, mas ao mesmo tempo, sensacional. Sua veia tipográfica já se mostrava latente.


Chegamos a fazer alguns trabalhos juntos e até fomos parados por policiais! Sua monografia de conclusão de graduação era um livro sobre tipografia... tão foda... mas tão foda... que sugeriram sua publicação!

Nos formamos em 2000. De materiais para a indústria da moda (eu tenho uma camisa dele!) a adesivos de decoração, Fabio se jogou no design (e na corrida). Aventurou-se no mestrado para soltar ainda mais a cabecinha de gênio. Palestras, cursos, tipografias premiadas... eu nem sei o que esperar de sua dissertação. No mínimo, genial.


E o que dizer de sua piração em novembro de 2007... o War in Rio! O maluco apareceu de bigodão na TV e ainda foi matéria de praticamente todos os jornais. Coloque o nome dele no Goggle que vocês ainda acharão muitas coisas sobre isso. Mas se vocês quiserem entender mesmo a idéia, leiam o blog que ele construiu sobre o jogo.

A 9ª Bienal da ADG terá a honra de ter dois de seus trabalhos: War in Rio na categoria vernacular e regional, levando um pedacinho do Rio pra exposição, e o cartaz Rethink Consumption na categoria manifesto, selecionado pelo portal designboom na mostra Love your earth, depois de já ter passeado em Tokyo e Seoul.

Ficou claro, então, que sou fã. Fã mesmo. Daqueles que acha qualquer coisa feita por ele sensacional. Me orgulho de dizer que te conheço! Obrigado por existir, Fabio! HAHAHAHA
Eu e Fabio fazendo pose no 1º ano da ESDI.