Vejo muitos amigos de profissão se desdobrando em seus projetos para ganhar muito pouco e ainda ser maltratado e desrespeitado pelo cliente. Também já passei por muitos problemas desse nível por ainda não saber me expressar e acabei perdendo a razão.
Quando vi esse vídeo, aplaudi, me preocupei, questionei...
Não sei a história completa desse pedido de demissão ao vivo do jornalista Paulo Beringh da TV Brasil Central de Goiás. Mas acho que alguns de nós deveriam agir dessa maneira frente à censura e ao desrespeito profissional. Será que devemos ficar tão na dúvida entre ficar desempregados e aceitar irregularidades? Devemos fazer qualquer coisa pelo dinheiro?
Bom... eu não fico a dúvida. E faço uso das palavras de Beringh para aqueles que pensam diferente: "garanta o seu emprego que eu garanto a minha dignidade!"
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segunda-feira, 22 de novembro de 2010
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Aos mestres com humor
Nada como o humor do Dr. Pepper pra comemorar o dia de hoje:
Parabenizo, então, aqueles que transmitem conhecimento como forma de vida.
Parabenizo, então, aqueles que transmitem conhecimento como forma de vida.
terça-feira, 1 de junho de 2010
Vou deixar o "falcão" voar
Pra vocês verem... há poucos dias atrás eu falei que tinha que rever os meus conceitos e citei o "profissional dos olhos de falcão". E não é que ele ganhou um perfil de página inteira no Segundo Caderno do jornal O Globo, do último sábado? E com o seguinte subtítulo: "Exigente, vaidoso, arrogante e brilhante, ele já formou três gerações no Parque Lage e é considerado o principal professor de arte do país"...
E agora, mané? Não foi a toa que fiquei conhecido no curso como "o rapaz que discordou do professor"...
Ao ler a matéria, comecei a entender algumas coisas que se encaixam melhor no meu diagnóstico. Leiam essas frases:
Vou deixar o "falcão" voar...
E agora, mané? Não foi a toa que fiquei conhecido no curso como "o rapaz que discordou do professor"...
Ao ler a matéria, comecei a entender algumas coisas que se encaixam melhor no meu diagnóstico. Leiam essas frases:
Não tenho a pretensão de ensinar ninguém a pintar, sou um educador, quero que as pessoas reflitam sobre como fazer aquilo que escolheram fazer. (o próprio)E não é que é isso tudo mesmo? Exigente, vaidoso, arrogante, provocador, desafiador (brilhante já é demais...). E se você pensar que ele foi uma das razões para eu ter feito o mestrado, ele acabou realmente fazendo diferença na minha vida. Isso sem contar as horas de energia gastas alimentando um ódio... Ainda mantenho algumas das minha críticas, mas acho que já posso viver em paz com essa história sabendo que fui provocado e desafiado pelo melhor professor de arte do país (vai pro currículo).
Gosto do formato de seus cursos, ele formula problemas, provoca, desafia, e eu sou uma artista de raciocínio, a lógica. Ele me mostrou um universo que eu desconhecia. (Beatriz Milhazes)
Ele é um homem honesto, para o bem ou para o mal, mesmo que essa honestidade às vezes pareça assassina. Ele mostra para seus alunos que a criação não é um dom divino. (Cadu)
Eu tento fazer com que meus alunos foquem naquilo que irão criar. Algumas pessoas podem tentar desvalorizar e chamar isso de autoajuda, mas, na boa, não vejo problema algum. Autoajuda é um expressão que significa simplesmente "olhe para você mesmo e faça!". Sei que fiz a diferença na vida de muita gente. (o próprio)
Vou deixar o "falcão" voar...
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Tá na hora de rever os meus conceitos...
Há seis anos atrás, fiz um curso com um figurão que mudou minha vida (por razões negativas, achava eu). O curso era caro, o professor falava um monte de asneiras e a turma concordava com tudo, porque - afinal - ele era uma figurão. Isso sem contar o fato que ele terminou o curso faltando duas semanas para o fim porque ele não estava dando conta dos trabalhos dele... (hã?) Para vocês terem uma idéia, eu fiquei conhecido como "o rapaz que discordou do professor". E vou contar isso.
Em determinado momento do curso, o figurão disse que selecionava os profissionais de design para uma bolsa na Inglaterra a partir de seus trabalhos autorais e não com uma análise de portfolios engessados por clientes. Quase que instantaneamente eu retruquei: "e quem não tem tempo?". A turma toda ficou me olhando como se eu fosse um herege, mas ao longo do meu discurso alguns concordaram comigo. Perguntei sobre aqueles que trabalhavam por mais de 8h por dia e ainda tinham filhos pra criar, roupas pra lavar ou quaisquer outras funções particulares. Será que essas pessoas que não tem tempo e, portanto, não podem fazer trabalhos autorais, devem ser excluídas dos processos de seleção? Essas pessoas não tem valor? Não tem chance?
Resposta do figurão: " Eu sei o que eu estou falando. Eu tenho olhos de falcão."
A raiva que eu fiquei foi tão grande que pensei: "se esse cara pode falar esse monte de besteira e ainda ganhar dinheiro, eu também posso... e ele usa óculos! Olhos de falcão é o C@/@7#*". Por incrível que pareça, esse foi o pontapé inicial para o meu mestrado. Os quatro anos seguintes foram de reflexão, estudo, pesquisa e avaliação. Não de um tema para o mestrado... mas de mim mesmo. Eu precisava ter certeza que esse era o caminho a seguir. No início de 2009, eu me tornei mestre em design e me vi - pelo menos - melhor do que o figurão, pois eu poderia garantir que besteira eu não ia falar.
Mas todo esse processo de anos foi além. Quatro meses depois de obter o título do mestrado, decidi que o design precisava chegar às pessoas pela educação, desde pequenas, e não somente pelas prateleiras ou universidades. Então, estou fazendo um curso para me tornar professor de ensino fundamental e médio. Voltando ao figurão: ao invés de raiva, eu deveria agradecê-lo.
Só que me vi hoje numa situação ainda mais complicada... eu tenho a impressão que ele estava certo! Não pelos malditos "olhos de falcão", mas pela idéia dos trabalhos autorais. Estou participando de palestras sobre design cultural com um outro figurão e tenho percebido uma fala romântica, utópica, quase surreal sobre a atuação dos designers brasileiros. Confesso que inicialmente achei péssimo, achei distante, achei fora da realidade. Até que comecei a me dar conta que o discurso dos figurões era convergente. Refletindo sobre o que venho acompanhando sobre projetos-conceito, iniciativas de estudantes e investimentos de grandes instituições... trabalhos autorais fazem a diferença mesmo! (Fabio Lopez, por exemplo...)
E agora? As bases do meu "divisor de águas" mudaram da esquerda para a direita! Acho que agora só me resta ter a humildade de refletir mais sobre isso, rever meus "pré-conceitos" com os figurões e - tomara - me tornar um designer melhor.
Em determinado momento do curso, o figurão disse que selecionava os profissionais de design para uma bolsa na Inglaterra a partir de seus trabalhos autorais e não com uma análise de portfolios engessados por clientes. Quase que instantaneamente eu retruquei: "e quem não tem tempo?". A turma toda ficou me olhando como se eu fosse um herege, mas ao longo do meu discurso alguns concordaram comigo. Perguntei sobre aqueles que trabalhavam por mais de 8h por dia e ainda tinham filhos pra criar, roupas pra lavar ou quaisquer outras funções particulares. Será que essas pessoas que não tem tempo e, portanto, não podem fazer trabalhos autorais, devem ser excluídas dos processos de seleção? Essas pessoas não tem valor? Não tem chance?
Resposta do figurão: " Eu sei o que eu estou falando. Eu tenho olhos de falcão."
A raiva que eu fiquei foi tão grande que pensei: "se esse cara pode falar esse monte de besteira e ainda ganhar dinheiro, eu também posso... e ele usa óculos! Olhos de falcão é o C@/@7#*". Por incrível que pareça, esse foi o pontapé inicial para o meu mestrado. Os quatro anos seguintes foram de reflexão, estudo, pesquisa e avaliação. Não de um tema para o mestrado... mas de mim mesmo. Eu precisava ter certeza que esse era o caminho a seguir. No início de 2009, eu me tornei mestre em design e me vi - pelo menos - melhor do que o figurão, pois eu poderia garantir que besteira eu não ia falar.
Mas todo esse processo de anos foi além. Quatro meses depois de obter o título do mestrado, decidi que o design precisava chegar às pessoas pela educação, desde pequenas, e não somente pelas prateleiras ou universidades. Então, estou fazendo um curso para me tornar professor de ensino fundamental e médio. Voltando ao figurão: ao invés de raiva, eu deveria agradecê-lo.
Só que me vi hoje numa situação ainda mais complicada... eu tenho a impressão que ele estava certo! Não pelos malditos "olhos de falcão", mas pela idéia dos trabalhos autorais. Estou participando de palestras sobre design cultural com um outro figurão e tenho percebido uma fala romântica, utópica, quase surreal sobre a atuação dos designers brasileiros. Confesso que inicialmente achei péssimo, achei distante, achei fora da realidade. Até que comecei a me dar conta que o discurso dos figurões era convergente. Refletindo sobre o que venho acompanhando sobre projetos-conceito, iniciativas de estudantes e investimentos de grandes instituições... trabalhos autorais fazem a diferença mesmo! (Fabio Lopez, por exemplo...)
E agora? As bases do meu "divisor de águas" mudaram da esquerda para a direita! Acho que agora só me resta ter a humildade de refletir mais sobre isso, rever meus "pré-conceitos" com os figurões e - tomara - me tornar um designer melhor.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Diploma pra quê?
Não vou iniciar uma reflexão sobre a necessidade de diploma no jornalismo. Quero mesmo é perguntar pra vocês se não existem aqueles momentos nos quais vocês acham que o diploma de vocês serve exatamente para o que a tirinha do glorioso El Toletón (parceria entre Iturrusgarai* - responsável pelo estagiário -, Angeli, Laerte e Glauco) demonstra. Clique na imagem para aumentá-la e pensem. Reflitam. Questionem.
Infelizmente, às vezes, me encaminho para a seguinte conclusão:Esse é o primeiro passo. O segundo é ainda mais complicado: saber o que fazer a partir de suas conclusões. É um processo difícil e doloroso, mas é importante que seja feito não importa quando.
* Quem é Iturrusgarai? É um dos mais importantes cartunistas brasleiras, criador de "Aline", do casal "Rocky & Hudson" e do "Ilusionista", entre muitos outros. Nasceu em 1965, na cidade de Cachoeira do Sul, Rio Grande do Sul. No Brasil, publica seus quadrinhos na Folha de São Paulo, jornal O Liberal e revista Sexy. Publica também na revista Internazionale (Itália) e revista Fierro (Argentina). Suas tiras utilizam um homur escrachado, debochado, "sujo". Em seu blog tem muito mais!
Infelizmente, às vezes, me encaminho para a seguinte conclusão:Esse é o primeiro passo. O segundo é ainda mais complicado: saber o que fazer a partir de suas conclusões. É um processo difícil e doloroso, mas é importante que seja feito não importa quando.
* Quem é Iturrusgarai? É um dos mais importantes cartunistas brasleiras, criador de "Aline", do casal "Rocky & Hudson" e do "Ilusionista", entre muitos outros. Nasceu em 1965, na cidade de Cachoeira do Sul, Rio Grande do Sul. No Brasil, publica seus quadrinhos na Folha de São Paulo, jornal O Liberal e revista Sexy. Publica também na revista Internazionale (Itália) e revista Fierro (Argentina). Suas tiras utilizam um homur escrachado, debochado, "sujo". Em seu blog tem muito mais!
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Apareceu o design brasileiro!
Está rolando no MAM-SP a exposição Design Brasileiro Hoje: Fronteiras, que vai até o dia 28 de junho. O programa Starte da GloboNews fez uma edição sobre o assunto e ficou bem interessante para todos entenderem como andam as coisas por aqui. Vejam o vídeo (é meio longo) e depois (é claro) farei comentários.
Bom... pra começar estou achando toda essa iniciativa absolutamente incrível. Mostrar design em todas as mídias é importantíssimo para a produção de uma cultura direcionada. E o programa mostra dois discursos bem diferenciados porém intrínsecos: o design mercado e o design arte.
A famosa Ana Couto carrega bem o discurso que puxa o design e o branding para o marketing. Não é o muito desejado. O discurso é beeeeem enfeitado, mas ela toca em pontos importantíssimos para o entendimento da sociedade hoje. As escolhas, as relações com as marcas, as experiências. E coloca muito bem o design a serviço da sociedade.
Adélia Borges, curadora da exposição, apresenta o que o país produz. É maravilhoso quando ela coloca uma vassoura na abertura da exposição provando que o design faz parte do cotidiano de todos. Eu até vou deixar de reclamar por ter pago R$8 na minha vassoura! Afinal... ela está na parede do MAM! E depois que a entrevistadora pergunta sobre as famigeradas cadeiras (ou você não percebeu que no Brasil design e cadeira são sinônimos?), Adélia responde e em seguida puxa a sardinha do design gráfico! Milagre! Maravilha!
Destaco ainda as folhas-convite de Fred Gelli (não as conhecia e achei genial) e os sapatos customizados que Adélia apresenta logo no início. Os sapatos são uma das conclusões da minha dissertação, mostrando a tendência interativa (customizada) do design.
Bom... pra começar estou achando toda essa iniciativa absolutamente incrível. Mostrar design em todas as mídias é importantíssimo para a produção de uma cultura direcionada. E o programa mostra dois discursos bem diferenciados porém intrínsecos: o design mercado e o design arte.
A famosa Ana Couto carrega bem o discurso que puxa o design e o branding para o marketing. Não é o muito desejado. O discurso é beeeeem enfeitado, mas ela toca em pontos importantíssimos para o entendimento da sociedade hoje. As escolhas, as relações com as marcas, as experiências. E coloca muito bem o design a serviço da sociedade.
Adélia Borges, curadora da exposição, apresenta o que o país produz. É maravilhoso quando ela coloca uma vassoura na abertura da exposição provando que o design faz parte do cotidiano de todos. Eu até vou deixar de reclamar por ter pago R$8 na minha vassoura! Afinal... ela está na parede do MAM! E depois que a entrevistadora pergunta sobre as famigeradas cadeiras (ou você não percebeu que no Brasil design e cadeira são sinônimos?), Adélia responde e em seguida puxa a sardinha do design gráfico! Milagre! Maravilha!
Destaco ainda as folhas-convite de Fred Gelli (não as conhecia e achei genial) e os sapatos customizados que Adélia apresenta logo no início. Os sapatos são uma das conclusões da minha dissertação, mostrando a tendência interativa (customizada) do design.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
O lado negro do design (com uma luz no fim do túnel)
Seguindo um pouco do que eu falei ontem, vou traduzir aqui um post do blog Desgn Sojourn chamado "The Dark Side of Design". Já tinha lido, mas hoje uma aluna de design mandou para toda sua faculdade o link, dizendo que o que estava escrito não era ensinado.
::
Tem algo de poder na indústria do design. Algo que alguns sabem mas nunca realmente dizem. Em nossa sociedade competitiva, sempre celebramos os vencedores e desprezamos os perdedores. Costumamos falar sobre aqueles que alcançaram o topo sem deixar espaço para segundos lugares. Assim como nosso mundo do Design é sobre designs campeões, os projetos de grande orçamento que os clientes e consumidores amam. No entanto, nunca falamos dos nossos refugos, dos projetos que odiamos, dos que falharam nos testes, dos que desapareceram. Nós não gostamos de falar do que chamo de "lado negro do Design".
Gostaria de dividir com vocês alguns cenários da vida real que mostram como o mundo do design pode ser um simples buraco do inferno. Quero falar sobre como o dinheiro suplanta a moral e a sensibilidade. Encarar o "lado negro do Design" de frente não é fácil nem divertido.
Estranhamente essa virada acontece entre 5 e 7 anos de trabalho, dependendo da quantidade de projetos. De alguma forma, depois disso, as coisas entram nos eixos. Pode ser como aconteceu comigo: você acorda e percebe o clique como se você tivesse alcançado o ponto certo. Você já sabe como lidar com aquele cliente abusivo, seus modelos 3D funcionam com os engenheiros e – o melhor – seus projetos começam a ficar fodões e ganham prêmios. Confie em mim. Já vi isso acontecer várias vezes. Não só comigo, mas com outros designers também. O ano 5 parece ser um número mágico, aquele que mostra que seu tempo nas trincheiras acabou.
Termino este post com outra nota edificante: não consigo entender porque as pessoas não falam sobre seus fracassos. Eles geram histórias incríveis e interessantes, especialmente quando você consegue articular o que você aprendeu e como você cresceu com isso. Na minha humilde opinião, isso é bem mais importante do que vender suas vitórias. Pense nisso quando atualizar seu portfolio.
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Então... bom, né? Realmente edificante. Só sei que eu já estou no ano 9 e nada dessa luz no fim do túnel. Acho que me tornei um Darth Phil... Me preparando para ter aprendizes do lado negro do Design! Tan... tan... tan... tan taran... tan taran...
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Tem algo de poder na indústria do design. Algo que alguns sabem mas nunca realmente dizem. Em nossa sociedade competitiva, sempre celebramos os vencedores e desprezamos os perdedores. Costumamos falar sobre aqueles que alcançaram o topo sem deixar espaço para segundos lugares. Assim como nosso mundo do Design é sobre designs campeões, os projetos de grande orçamento que os clientes e consumidores amam. No entanto, nunca falamos dos nossos refugos, dos projetos que odiamos, dos que falharam nos testes, dos que desapareceram. Nós não gostamos de falar do que chamo de "lado negro do Design".
Gostaria de dividir com vocês alguns cenários da vida real que mostram como o mundo do design pode ser um simples buraco do inferno. Quero falar sobre como o dinheiro suplanta a moral e a sensibilidade. Encarar o "lado negro do Design" de frente não é fácil nem divertido.
- Você irá projetar algo que odeia. Projetar algo que você odeia é algo que você nunca considera quando sai da faculdade. Não é concebível. Você ama design e ama seu trabalho, então, não é possível que você possa ter que projetar algo que você odeia. Mas vai acontecer. Então, prepare-se e regojize-se na frustração.
- Você irá trabalhar para alguém que você odeia. Você vai ser chamado para trabalhar com aquele designer metido que projeta para loucos, mas que sabe puxar um saco como ningúem. Quando acontecer, você vai se dar conta do porquê seu chefe não está pagando o salário dele pra você. Pior... ele pode ser seu gerente. Não só isso, mas você pode ter que trabalhar com um cliente ou associado que te trata como o cocô do cavalo do bandido. Essa pessoa será insensata, vai te menosprezar e odiar tudo que você fizer. Infelizmente, a única coisa a fazer é engolir seu orgulho e dar a cara a tapa.
- Você irá escolher entre o que os consumidores querem e o que eles precisam. A maioria dos projetos de design, infelizmente, é para alimentar o consumismo. A realidade é que seus projetos não costumam ser necessários para ninguém. Na faculdade, é ensinado que você repcisa se preocupar com seus consumidor, identificar suas necessidades e projetar para eles. No entanto, você acha que as pessoas realmente precisam de outra cadeira, laptop ou celular? Tenho certeza de que você fará um excelente trabalho, mas será o correto? E a sustentabilidade? Quando deve acontecer ou realmente acontece? Você vai se dar conta de repente que há forças em jogo além do seu controle e você terá que decidir se esse é o caminho correto para sua carreira.
- Você não conseguirá distinguir dias de noites. Você irá trabalhar muito. Claro, você pensou que trabalhou duro na faculdade para se graduar entre os melhores da turma, mas você nunca vai trabalhar tanto na sua vida quando você se tornar um designer de trincheira. Tanto, mas tanto que você não saberá dizer a diferença entre a noite e o dia. Você fará isso porque tem que fazer. Você fará isso porque você se importa. Nada mais o que falar: você vai odiar.
- Você nunca terá um brief claro. No mundo real, todos sabem o que um brief é, mas ninguém REALMENTE sabe o que é. Você tem que encarar o fato de que não existe um brief claro. Muito menos o franco e direto processo de design aprendido na faculdade. Você vai zigue-zaguear pelas modificações tantas vezes que você vai se achar uma barata tonta. E o pior: os prazos não vão mudar por causa de um erro no briefing de alguém.
- Você será responsável pelas falhas no projeto. É simples. O produto não vende? Culpa do designer. O produto não pode ser industrializado? Culpa do designer. De repente, você estará na mira de todos e será culpado por tudo. Mas lembre-se que designers dão sugestões. As pessoas que pagam pelos projetos são as donos deles e, portanto, responsáveis pelo resultado. O que nos leva ao próximo ponto...
- Você nunca mais será o dono de seus projetos. Os grandes esforços individuais na faculdade, tornam-se nossos filhos. Você irá derramar seu coração e doar sua alma para um projeto que será tirado de você e passado para outros. Sua idéia será perdida, modificada, "estuprada" e até mesmo morta. Não só isso, mas existirão projetos feitos por tantas pessoas que ninguém será dono deles ou irão querer ser.
- Você irá odiar design. Numa bela manhã, você irá arrastar seu corpo cansado de virar noites para apresentar um trabalho a um cliente odioso e vai proferir algumas palavras para você mesmo: "eu odeio design".
Estranhamente essa virada acontece entre 5 e 7 anos de trabalho, dependendo da quantidade de projetos. De alguma forma, depois disso, as coisas entram nos eixos. Pode ser como aconteceu comigo: você acorda e percebe o clique como se você tivesse alcançado o ponto certo. Você já sabe como lidar com aquele cliente abusivo, seus modelos 3D funcionam com os engenheiros e – o melhor – seus projetos começam a ficar fodões e ganham prêmios. Confie em mim. Já vi isso acontecer várias vezes. Não só comigo, mas com outros designers também. O ano 5 parece ser um número mágico, aquele que mostra que seu tempo nas trincheiras acabou.
Termino este post com outra nota edificante: não consigo entender porque as pessoas não falam sobre seus fracassos. Eles geram histórias incríveis e interessantes, especialmente quando você consegue articular o que você aprendeu e como você cresceu com isso. Na minha humilde opinião, isso é bem mais importante do que vender suas vitórias. Pense nisso quando atualizar seu portfolio.
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Então... bom, né? Realmente edificante. Só sei que eu já estou no ano 9 e nada dessa luz no fim do túnel. Acho que me tornei um Darth Phil... Me preparando para ter aprendizes do lado negro do Design! Tan... tan... tan... tan taran... tan taran...
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Quero ser Rodin quando crescer: fazer E/OU pensar design?
As formações de design hoje são exclusivamente práticas, ou seja, te preparam para o mercado de trabalho. Possuem uma grade curricular voltada para esse fim com inúmeras disciplinas que buscam transformar os estudantes em máquinas de fazer trocentos trabalhos ao mesmo tempo dignos de notas altas. Falo por experiência própria, mas não garanto o resultado. Mesmo assim, o estudante recém-formado cai no córrego de oportunidades na área sedento. Sede essa que é aplacada em instantes... não pela água da satisfação, mas pelo chá amargo e desestimulante que nos é oferecido pelo mercado ignorante e escravizante. Palavras duras, porém conscientes.
Como sair disso? Não dá. Precisamos disso pra sobrevivermos. Tem saída? Deve ter. Uma delas é o lado acadêmco da questão. Mas quando se pesquisa sobre assunto percebe-se que o caminho oferecido é considerado o oposto total do aprendido na graduação. É como uma grande bifurcação que anda em paralelo, ou seja, os caminhos estão lado a lado mas nunca mais se encontrarão. E tudo indica que é assim mesmo. Os horários de aulas, as demandas, o tempo previsto, o pensar.
Pois é... o pensar. É explicitamente proibido fazer um projeto de mestrado que gere um produto / projeto gráfico. É estritamente necessário que seja um projeto com fundamentação teóricoa que gere conhecimento. Aí eu me questiono: ninguém preparou pra isso! A gradução não faz isso. Mas ao mesmo tempo eu questiono: isso significa que não se pensa na graduação? Olha... até se pensa, mas em argumentos para se defender um projeto. Argumentos esses que deveriam estar embasados na conceituação filosófica do projeto e não em fracos desenvolvimentos práticos quebráveis por uma simples autoridade/ego.
Estou sendo generalista a partir da minha vivência. Tenho visto mudanças, mas meus olhos só foram abertos depois que optei por conhecer o "outro caminho". Dei me conta que agora penso muito mais no design que faço. E penso muito mais no design que penso. Gerar conhecimento e passá-lo adiante é algo incrível. Valorizo cada vez mais os professores e pesquisadores que sabem fazê-lo (não é qualquer um).
Quero fazer parte deste universo. Quero fazer parte de uma força capaz de mudar o mercado ignorante e escravizante. Para isso devo atuar em duas frontes: no pensar e no fazer. Sempre com atitude, com postura de designer pensante E atuante. Sou contra o OU. Será difícil, mas quando não é? Quero ser um Rodin e transformar pedra em escultura, matéria bruta em matéria eterna.
Como sair disso? Não dá. Precisamos disso pra sobrevivermos. Tem saída? Deve ter. Uma delas é o lado acadêmco da questão. Mas quando se pesquisa sobre assunto percebe-se que o caminho oferecido é considerado o oposto total do aprendido na graduação. É como uma grande bifurcação que anda em paralelo, ou seja, os caminhos estão lado a lado mas nunca mais se encontrarão. E tudo indica que é assim mesmo. Os horários de aulas, as demandas, o tempo previsto, o pensar.
Pois é... o pensar. É explicitamente proibido fazer um projeto de mestrado que gere um produto / projeto gráfico. É estritamente necessário que seja um projeto com fundamentação teóricoa que gere conhecimento. Aí eu me questiono: ninguém preparou pra isso! A gradução não faz isso. Mas ao mesmo tempo eu questiono: isso significa que não se pensa na graduação? Olha... até se pensa, mas em argumentos para se defender um projeto. Argumentos esses que deveriam estar embasados na conceituação filosófica do projeto e não em fracos desenvolvimentos práticos quebráveis por uma simples autoridade/ego.
Estou sendo generalista a partir da minha vivência. Tenho visto mudanças, mas meus olhos só foram abertos depois que optei por conhecer o "outro caminho". Dei me conta que agora penso muito mais no design que faço. E penso muito mais no design que penso. Gerar conhecimento e passá-lo adiante é algo incrível. Valorizo cada vez mais os professores e pesquisadores que sabem fazê-lo (não é qualquer um).
Quero fazer parte deste universo. Quero fazer parte de uma força capaz de mudar o mercado ignorante e escravizante. Para isso devo atuar em duas frontes: no pensar e no fazer. Sempre com atitude, com postura de designer pensante E atuante. Sou contra o OU. Será difícil, mas quando não é? Quero ser um Rodin e transformar pedra em escultura, matéria bruta em matéria eterna.
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