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sábado, 24 de janeiro de 2015

Mitologias de todo o mundo!

A mitologia faz parte da minha vida desde a minha infância graças aos meus pais que sempre me levaram a esses mundos de histórias fantásticas e alimentaram minha curiosidade e minha cultura através de livros e viagens. A paixão pelo assunto só cresceu com um tempo, ao ponto de minha monografia de graduação em design ser sobre o assunto (um dia coloco aqui).

Das fases da lua às origens do ser humano, da formação dos cânions ao brilho das estrelas, os mitos da criação do mundo contam como o universo surgiu e porque tomou essa forma. E são essas e muitas outras histórias que apresento no meu outro blog: o Mito+Graphos.


Tem deuses gregos? Tem. Africanos? Tem. Eslavos? Tem também. Até me arrisco na mitologia vietnamita e transporto as religiões para esse universo. Sempre - é claro - com muito respeito e tolerância por todas as vertentes e formas de enxergar o mundo.

Assim como meu blog de relógios, que falei outro dia, o Mito+Graphos também está no Facebook compartilhando postagens sobre o assunto tanto do blog quanto de outros lugares. Curta lá!

terça-feira, 6 de maio de 2014

Jesus Cristo Super-humano

Não era nascido quando Andrew Lloyd Weber e Tim Rice criaram a opera rock Jesus Cristo Superstar (1970) que causou polêmica com sua versão dos últimos dias desse personagem religioso, comparando-o a uma celebridade com gírias de gangues e intensas disputas de poder. Sua relação complicada com Judas é o que norteia essa história, que ainda conta com a presença de Maria Madalena bem próxima a Jesus e com a ausência de Maria e José.

Imagino a confusão que não deve ter sido... E não parou por aí: em 1973, saiu uma versão cinematográfica (Jesus Christ Superstar) que colocou ainda mais lenha na fogueira. Considerando que era década de 1970 cheia de paz e amor, esperava-se mais liberdade e compreensão, mas, quando se mexe com religião e seus cânones, nada é seguro.

Aqui no Brasil tivemos uma versão em 1972 com tradução de - ninguém menos - que Vinícius de Moraes! E agora, em 2014, saiu a nova versão da peça (mais rock menos hippie) causando tanta polêmica quanto antes... afinal... estamos em tempos de conservadorismos hipócritas ligados à interpretações superficiais dos Evangelhos. Falaram até em excesso de sexualidade na interpretação de Jesus só porque botaram um bonitão sarado Global no papel (também culpa da imagem de divulgação aí embaixo).


Acontece que Igor Rickli SABE CANTAR! E muito! Já o tinha visto em Hair e ele realmente dá um show (como cantor, porque sua atuação é meio over)! Todos sabemos o enredo e aonde vai parar, mas como eles vão chegar lá e com que intensidade é o que interessa. Não há sexualidade, mas um jogo de poder forte que não se costuma abordar. Mostra-se um messias bem mais mortal, mais humano. Ele tem dúvidas, sofre, briga.

O Judas de Alírio Neto é o outro personagem principal e chega a parecer mais importante que Jesus com seus contrastes (menos a peruca horrorosa). Ele carrega o rock na voz e o emprega ao espetáculo. A cantora Negra Li traz suavidade e afinação à sua Maria Madalena. Os cenários são minimalistas e as atuações fora do tom. Por ser um musical espera-se grandes músicas, mas isso não acontece. Tirando um grande momento vocal de Rickli (em Getsêmani), uma ótima surpresa de Herodes (Wellington Nogueira) e os surpreendentes graves de Caifás (Gustavo Muller), nada se destaca. Só a história em si.

domingo, 20 de abril de 2014

Não é Noé, né?

Aproveito o feriado bíblico para fazer minha crítica (pesada) a Noé (Noah, 2014). Bom... já aviso que se você acha que vai ver bichinhos lindos sendo salvos pelo santo Noé, está enganado. Você verá um sociopata com uma fé cega que recebe ajuda de monstros aracnóides de pedra. Impossível não odiá-lo do meio para o final do filme.

Parece que os roteiristas seguiram uma versão que está no Livro de Enoque e, com isso, trouxeram novos elementos à história que todos sabem o fim, mas não sabem como ocorreu exatamente. Um desses novos elementos são os guardiões angelicais que decidiram seguir Adão e Eva após sua expulsão do Paraíso e acabaram se tornando os tais monstros. E que tal as pedrinhas brilhantes?

É importante dizer que o filme fala sobre a dualidade do homem (bom e mau). A fé divina do bondoso Noé (Russell Crowe) confronta a necessidade humana de poder do maligno Tubalcaim (Ray Winstone), e esse confronto se espalha entre os filhos de Noé. Percy Jackson e Hermione Granger... oops... Cam e Ila podiam ser atores desconhecidos como foi Shem (Douglas Booth), porque estão fracos e clichés. E Anthony Hopkins já está ficando Matusalém mesmo!

Sorte deles (e nossa!) que existe o talento e a beleza (magra demais) de Jennifer Connelly. Ela interpreta magistralmente a esposa de Noé e transforma um personagem bíblico sem nome e sem importância* na figura que nos representa. Ela é a personificação do amor humano e, no fundo, é ela que vence tanto a fé cega quanto o poder insano, e não o livre arbítrio de Noé. É ela que perdoa, mesmo quando nós não somos capazes de fazê-lo.

Sobre os animais do filme... eles estão lá, são parte importante e até trazem questões contemporâneas sobre o desgaste do planeta, mas não são o foco. Achei bem interessante a forma como os animais ficaram na Arca: dormindo, é claro! Ou você nunca teve dúvidas de como um leão e uma ovelha ficaram juntinhos? Ou de como se limpava a sujeira dos pássaros? Ou de como alguém ficaria lá dentro com mosquitos e aranhas? Interessante também mostrar que os animais que morrem no filme eram criaturas que não existem hoje, tentando provar que só se salvaram as espécies na Arca. Fiquei só com um questionamento: matar para comer é natural, e não um pecado. Predadores carnívoros fazem isso (sorry vegans...). A crueldade e as más intenções é que devem ser vilanizadas.

No geral, achei o filme chato, mas fiquei pensando: como eu gostaria que fosse esse filme? Mais religioso ou espiritual, nem pensar! Até porque Aventuras de Pi foi bem mais relevante nesse sentido pra mim. Mais épico? Impossível, senão teríamos discursos gladiadores de Crowe novamente. Refleti muito e não sei o que faria pra mudá-lo, mas acho que ele poderia ter sido um filme pra TV ou curta-metragem...

* A esposa de Noé raramente aparece em textos bíblicos. Segundo a tradição judaica, ela seria uma mulher cananita chamada de Noéma ou Naamá (Na'amah, cheia de beleza). Há quem a identifique como proveniente da descendência de Caim, sendo irmã de Tubalcaim que era filho de Lameque. Se isso tivesse sido colocado no filme ia dar um nó genealógico! Por ter sido considerada de menor importância, o seu nome não vem mencionado no Pentateuco ou no Torá. No livro dos Jubileus, o seu nome é conhecido por Enzara e seria sobrinha do Patriarca. Detalhe: o diretor, Darren Aronofsky é judeu.

sábado, 5 de outubro de 2013

Cruzes!

A Jornada Mundial da Juventude acabou há mais de dois meses, mas o Rio de Janeiro manteve duas interessantes exposições com a temática: Cruz, Crucis, Crucifixus - O universo simbólico da cruz no Centro Cultural Banco do Brasil, e A Herança do Sagrado, no Museu Nacional de Belas Artes.

A mostra do CCBB apresentava cerca de 150 cruzes, santos, relicários e oratórios dos séculos XVIII e XIX, oriundos do acervo do Museu de Arte Sacra de São Paulo, do Museu Afro Brasileiro e de coleções particulares. É possível ver que a imagem da cruz é, na verdade, uma forma elementar que habita o consciente coletivo da humanidade e ultrapassa o universo religioso, seguindo um visão historiográfica.


A exposição do MNBA tem mais de 100 obras (inéditas no Brasil) dos séculos XVII a XVIII vindas do Museu do Vaticano e de outros museus importantes da Itália, com direito a uma cópia da Pietá, de Michelangelo. Está dividida em quatro módulos: Jesus Cristo, Virgem Maria, Os Apóstolos e Os Santos, com telas de Ticiano e e Caravaggio. Vai até o dia 13 de outubro.

A arte é o meio universal mais qualificado para promover o diálogo entre as diferentes culturas – Giovanni Morello, curador da exposição no MNBA
Como exposição em si, ambas foram bem montadas, com legendas em idiomas diferentes, destaques para as obras principais e espaço de visualização. A das cruzes pecava um pouco na distribuição/ordenação das legendas com as referentes obras, porém, tinha uma sala interessantíssima para conhecermos os diversos significados do símbolo cruciforme.

Em ambas as exposições duas coisas me chamaram muito a atenção: (1) uma religião com milhões de fiéis adorando uma imagem sanguinolenta, agressiva, mórbida somente para gerar culpa (por que não usar uma imagem minimalista ou da ressurreição?); e (2) a arte como um todo deve à religião sua existência (sendo que a arte ocidental deve muito à Igreja). Não vou me estender nessas minhas questões, mas acho que valem reflexões profundas.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Sem perdão, Malafaia!

No último domingo, o pastor Silas Malafaia (líder da igreja Assembléia de Deus - Vitória em Cristo) foi o entrevistado de Marília Gabriela no SBT. Para entender o que vou escrever a partir deste momento, sugiro que você veja a entrevista completa que está em 4 partes no site do programa (1 - 2 - 3 - 4). Em seguida, se tiver tempo, veja a resposta do geneticista Eli Vieira, rebatendo todos os argumentos e pesquisas "científicas" (com aspas mesmo) que o pastor citou.



Bom... não sabia se deveria continuar a dar Ibope para esse indivíduo, mas acho que o número de boçalidades proferidas com uma oratória agressiva (porém impressionante) é capaz de destruir a humanidade na base do ódio. Enxerguei um sucessor de Hitler...

Vestido de bicheiro, o pastor berra suas teorias a partir das suas próprias interpretações da Bíblia e se esquiva de perguntas contundentes. Grita em nome de Deus para colocar gays e assassinos no mesmo patamar (Eu amo os homossexuais como eu amo os bandidos) e urra sobre a possibilidade real de reorientação sexual por meio da religião. Acha horroroso o radicalismo islâmico, mas quer destruir os "safados" da revista Forbes nos EUA (Não tem dados que declarem que eu tenho R$ 300 milhões de reais. Meu patrimônio é de R$ 4 milhões, R$2 milhões são da minha editora).

Sobre a revista Forbes, até acho que Malafaia consegue uma boa defesa quando fala sobre sigilo fiscal. Mas é sabido que a revista faz uma estimativa das fortunas a partir de bens. No caso das igrejas, é possível que tenha sido feita uma estimativa do tão falado dízimo obrigatório. Mas fica feio quando ele usa as dificuldades familiares para justificar o dízimo. Quando é perguntado das recompensas que os fiéis tem, ele não diz quais são, mas nos deixa a pulga atrás da orelha: "quem fica pagando por 30, 40 anos por algo que não dá retorno? Deus trabalha com uma lei de recompensa.". Tá... verdade... mas e o discurso que se não pagar não vai ser feliz, não vai subir aos céus, a família vai acabar, etc etc etc. É na base da ameaça?

Então, quando entrou no assunto da homossexualidade, ele fica possuído. Diria até que ele deveria ir para um sessão de descarrego pra tirar o demônio do corpo. Cita pesquisas sem autoria, ignora a História da humanidade (mas crê no Dilúvio e na destruíção de Sodoma e Gomorra), impõe sua questionável autoridade de psicólogo e teólogo e acaba agindo como um fundamentalista (não um idealista, como ele tenta deixar claro). Ele consegue se esquivar, mas ainda deixa no ar uma preferência por um criança largada na rua do que a adoção por pais/mães homossexuais. Marília Gabriela tenta dizer que ele deveria ter cuidado com suas palavras porque ele é capaz de gerar um discurso de ódio, mas ele se apóia em um amor de Deus e numa Bíblia interpretada por ele.

Nesse ponto, sugiro que você veja o vídeo do deputado federal Jean Wyllis combatendo o discurso do pastor. O vídeo é bem anterior aos últimos eventos, mas é importante, pois o deputado termina seu discurso questionando a interpretação da Bíblia para benefício próprio.



Você viu que o deputado também fala sobre a evolução da sociedade (em casos como escravidão e atuação feminina), mas o pastor não crê na evolução humana. Para ele, "o que muda é a tecnologia, o homem é a mesma coisa". Ele diz que a evolução das espécies é só uma teoria porque não pode ser observada... Se você viu o vídeo do geneticista ou estudou biologia em qulquer escola, sabe que não há nada mais a falar sobre as teorias criacionistas. Mas o que me impressiona é um homem que se diz tão estudado, psicólogo, pioneiro em teologia e o escabau a quatro ser capaz de citar inúmeras pesquisas ditas científicas e não acreditar na ciência da evolução. Assim como escolhe o que usar na Bíblia, ele escolhe o que ler sobre ciência.

No meio de seu discurso, Jean Willys diz que a favor da liberdade de crença religiosa e, portanto, acredita que todos tem o direito de acreditar (ou não acreditar) no que quiserem. Por essa razão, temos que respeitar a crença desse pastor e de seus fiéis acerebrados que desrespeitam a própria cultura. No entanto, eu não vou respeitar um discurso de ódio embasado em religião. Religão é uma coisa do homem e não de Deus. A Bíblia é um livro escrito por homens e não por Deus. Se a religião prega o ódio é um problema do homem e não de Deus. Não há Deus, seja qual for a crença, que pregue o ódio.

Ainda bem que, no fim, Marília fechou com chave de ouro. Depois que o pastor desejou que "esse Deus que eu creio se revele cada vez mais a você", a jornalista não pestanejou e retrucou: "que o meu Deus, que eu não sei se é o mesmo que o seu, te perdoe".

Eu não o perdôo. E, se eu acreditasse no Deus dele, tenho certeza de que ele iria para o inferno.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Uma jornada de fé


As aventuras de Pi (The life of Pi, 2012) possui questionamentos densos sobre religião, fé, ciência e razão em imagens de rara beleza que só a natureza (e os efeitos especiais 3D) poderiam nos proporcionar. Preferi colocar meus comentários sobre o filme no meu blog de mitologia, o Mito+Graphos, mas sugiro que você veja o filme antes de ler porque revelei algumas pequeninas - porém importantes - partes.

Com certeza, um dos melhores filmes do ano (talvez, O melhor... e olha que foi ano do excelente Intocáveis, do arrasador Vingadores, do fim da trilogia do Batman e do reinício do Homem-Aranha!). Garanto que você vai falar - e refletir - sobre o filme por horas depois de vê-lo.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Lição de sangue

Batismo de Sangue (2006/2007) não é um filme fácil. Até porque falar sobre a ditadura no Brasil nunca é agradável... ainda mais quando o foco fica na tortura. Mas não quero fazer uma crítica ao filme em si. Quero fazer uma constatação pessoal.

A Igreja me incomoda. Seus rituais, suas necessidades, suas exigências, suas manipulações. Estudar a História do mundo nos coloca frente a frente com uma instituição politicamente incorreta e economicamente desleal (o que falar da Inquisição? E as indulgências abusivas?) Bom... mas também não vou discursar sobre os malefícios dessa igreja.

O filme de Helvécio Ratton baseado no livro homônimo de Frei Betto nos revela a ação dos frades dominicanos durante a ditadura brasileira. Confesso aqui minha surpresa. Não tinha a mínima ideia dessa presença ativa e fundamental em favor da democracia no país.

No meio do filme, aparece um cardeal que reprova as ações do frades, representando a posição que eu imaginava da Igreja. Mas uma missa dentro do presídio do DOPS, realizada pelos quatro frades com Tang sabor uva como vinho e biscoito Maria como hóstia quebrou esse meu paradigma. Na verdade, meu antigo ponto de vista é abalado desde o início quando acompanhei os frades envolvidos em reuniões estudantis e fuga de líderes do movimento libertário.

A missa.

Caio Blat como Frei Tito
As torturas servem para impactar - é claro -, mas fazem muito mais: eles humanizam a Igreja. Fortalecem a minha opinião de que a Igreja é uma criação humana... feito por homens para os homens. E, por isso, em nenhum momento fiquei incomodado com as ditas traições dos frades que revelaram informações vitais aos militares. Eles o fizeram sob tortura física e psicológica. Homens sentem dor. Sentem medo.




Sendo assim, creio que esse filme não deve ser apenas um registro do passado: precisa ser ensinado. Em aulas de História, de Política e, principalmente, de Religião.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A regra de ouro

Parece que meu discurso de "Coloque-se no lugar do outro" não é nada original. Mesmo que seja comum encontrá-lo em religiões pacifistas, foi com um estudo básico da filosofia que descobri a Regra de Ouro, também chamada de Ética da Reciprocidade. Diferente da Lei de Talião (o famoso "olho por olho, dente por dente"), essa regra nada mais é do que "não faça aos outros o que você não quer que façam com você". Bem simples. E se você pensar bem, é capaz de reger toda a moralidade humana. Immanuel Kant diria que nem precisaríamos de leis, pois essa regra é inata à natureza humana.

Bom... não sou Jesus, Gandhi, Confúcio ou Zoroastro, mas sou adepto. É inato à minha natureza.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Ainda sobre o mesmo tema...

Continuando as últimas reflexões em torno do filme Anjos e Demônios, vai uma frase excelente do livro O Vendedor de Sonhos (best-seller de Augusto Cury) que tende a ser meu novo mote:
Eu começava a desconfiar que não era um ateu convicto como imaginava. No fundo, eu tinha asco da religiosidade atroz.

Anjos e Demônios, Religião e Ciência, Livro e Cinema

Outro dia coloquei aqui um belo discurso do livro Anjos e Demônios de Dan Brown. Ao terminar o livro, percebi que o texto não foi dito pelo personagem certo e, muito menos, com a intenção certa. Mas foi bem reflexivo. Então, tirei o domingo para ver o filme.

Como leitor de quadrinhos há anos, sempre fui defensor das adaptações cinematográficas, mas sei que tem limite. Algumas pequenas mudanças são feitas para que a passagem seja "verossímel", mas grandes mudanças podem mudar tanto que o filme passa a ser outro (vide o primeiro Hulk e Elektra).

Acho que Anjos e Demônios fica no meio termo. O filme segue toda a linha de raciocínio do livro, mas tem muitas diferenças. Algumas questionáveis, pois tiram a essência de alguns personagens fundamentais. Outros personagens importantes nem aparecem. Pra mim, ficou parecendo que Tom Hanks é "o cara", então, só ele importa. Ewan MacGregor e Stellan Skarsgârd são excelentes atores e personagens-chave no livro/filme, mas nem aparecem nos cartazes e são coadjuvantes nos trailers. A longa-porém-intrigante-explicativa-e-necessária seqüência inicial do livro, transforma-se em corridos-míseros 5/10 minutos que chegam a atordoar e superficializar informações preciosas.

Comparando com o filme anterior (O Código DaVinci), esse tem mais ação. Ainda mantém aquele clima de gincana que precisa decifrar enigmas passo a passo para chegar ao prêmio final, mas dessa vez é para salvar vidas. Meu amigo Otávio diz em seu blog Hollywoodiano que é isso mesmo: cinema não deve ser uma aula de história, e sim entretenimento. Por isso que dá vontade de viajar pela Itália e pelo Vaticano e beber cultura e arte em litros, assim como a viagem francesa do Código. Tanto que o turismo francês faz caravanas para visitar a linha real e o Louvre, além dos inúmeros documentários "desvendando" o tema. Com certeza já estão preparando o mesmo na Itália com os Illuminati.

Sobre o tema do filme, volto a dizer que vale a reflexão. Quando no fim ouvi a frase "a religião é falha, porque o homem é falho", entendi o porquê da censura do Vaticano. No início achei que fosse por abrir ao mundo os rituais e locais mais sagrados da Igreja Católica. Mas me dei conta que é muito mais... em sua força, a Igreja encontra sua vulnerabilidade. A Igreja e as religiões foram feitas pelos homens e, portanto, são falhas também. O mais difícil é admitir os erros e aIgreja costuma demorar séculos para fazer isso.

Por tudo isso (e um pouco mais), eu acho que todos devem ler o livro, antes ou depois de ver o filme. A reviravolta no final é muito boa no filme, mas é MUITO MELHOR NO LIVRO! E preparem-se: o terceiro livro de Dan Brown, The Lost Symbol ("O símbolo perdido"), lançado em abril deste ano, já foi comprado por Hollywood!

PS.: Um pequeno spoiler de um designer indignado... umas das coisas mais legais do livro é a solução tipográfica dos ambigramas góticos dos Illuminati. Pô... tirando o primeiro ambigrama "Illuminati", os outros cinco passam quase despercebidos no filme! Tá... eles aparecem "bem marcados", mas não dá tempo de ver a arte do ambigrama. E ainda mudaram o Diamante Illuminati dos quatro elementos pelas chaves do brasão papal! Achei um gafe... uma gafe bem amarrada no filme... mas uma gafe! Por isso, coloco aqui os ambigramas!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Fé: uma reflexão religiosa e/ou científica

Neste fim de semana estréia o filme Anjos e Demônios, apatado do livro homônimo de Dan Brown, o mesmo autor de Código Da Vinci. O cara gosta de questionar a igreja e isso me interessa muito. Tenho inúmeras ressalvas a fazer ao empreendimento humano chamado religião e seus consequentes dogmas e edificações.

O mesmo homem que criou a religião em seus primórdios para tentar entender o mundo, agora tem a ciência para explicar seus fenômenos. Neste livro, ele retoma o eterno embate entre ciência e religião. E em 2/3 de seu discurso, a ciência parece vitoriosa nas explicações. Mas não nos meios. Leiam esse longo trecho que a Igreja enfrenta diretamente a Ciência e dá até uma pitadinha de Bauman:
A ciência é o novo Deus. Medicina, comunicações eletrônicas, viagens espaciais, amnipulação genética, estes são os milagres sobre os quais agora falamos às nossas crianças. Estes são os milagres que alardeamos como prova de que a ciência nos trará as respostas. As histórias antigas de concepções imaculadas e mares que se abrem não são mais relevantes. Deus ficou obsoleto. A ciência venceu a batalha. Nós nos rendemos. Mas a história da ciência nos custou caro. Custou muito caro para cada um de nós.

A ciência pode ter aliviado os sofrimentos das doenças e dos trabalhos enfadonhos e fatigantes, pode ter proporcionado uma série de aparelhos engenhosos para nossa conveniência e distração, mas deixou-nos em um mundo sem deslumbramento. Nossos crepúsculos foram reduzidos a comprientos de ondas e freqüências. As complexidades do universo foram desmembradas em equações matemáticas. Até o nosso amor-próprio de seres humanos foi destruído. A cieência proclama que o planeta Terra e seus habitantes são um cisco insignificante no grande plano. Um acidente cósmico. Até a tecnologia que promete nos unir, ao contrário, nos divide. Cada um de nós está hoje eletronicamente conectado ao globo inteiro e, entretanto, todos nos sentimos sós. Somos bombardeados pela violência, pela desintegração e pela traição. O ceticismo passou a ser uma virtude. O cinismo e a exigência de provas para tudo converteram-se em pensamento esclarecido. Alguém ainda se admira que as pessoas hoje se sintam mais deprimidas e derrotadas do que em qualquer outra ocasião da história do homem? Será que existe alguma coisa que a ciência considere sagrada? (...) Despedaça o mundo de Deus em parcelas cada vez menores em busca de significados e só encontra mais perguntas.

A velha guerra entre a ciência e a religião está encerrada. Vocês venceram. Mas não venceram honestamente. Não venceram fornecendo respostas. Venceram redirecionando nossa sociedade de modo tão radical que as verdades que outrora víamos como diretrizes agora parecem inaplicáveis. A religião não tem capacidade de acompanhar isso. O crescimento científico é exponencial. Alimenta-se de si mesmo como um vírus. (...) Atualmente calculamos por semana o progresso científico. Estamos girando fora de controle. O abismo entre nós se aprofunda sem parar e, à medida que a religião vai ficando para trás, as pessoas se vêem em um vazio espiritual. Imploramos pelo sentido das coisas. (...) Frequentamos médiuns, buscamos contato com os espíritos, experiências extracorpóreas, uso do poder mental (...) São o grito desesperado da alma moderna, solitária e atormentada, deformada por seu próprio esclarecimento e incapacidade de aceitar que haja sentido em qualquer coisa que seja estranha à tecnologia.

(...) Desde o tempo de Galileu, a Igreja vem tentando diminuir o ritmo da marcha implacável da ciência, às vezes por meios equivocados, mas sempre com intenções benéficas. (...) As promessas da ciência não foram mantidas. As promessas de eficiência e simplicidade resultaram somente em poluição e caos. Somos uma espécie despedaçada e frenética, seguindo um caminho que nos leva à destruição.

Quem é esse deus-ciência? Quem é esse deus que oferece poder a seu povo, mas nenhuma estrutura moral para lhe dizer como usar este poder? Que tipo de deus dá fogo a uma criança, mas não a avisa sobre seus perigos? A linguagem da ciência não vem com diretrizes sobre o bem e o mal. Os livros científicos explicam-nos como criar uma reação nuclear, mas não tem nenhum capítulo discutindo se a idéia é boa ou má.

(...) Estamos exaustos de tanto ser uma diretir para o mundo. Nossos recursos estão esgotados por sermos a voz do equilíbrio enquanto vocês se atiram de cabeça em sua busca or chips menores e lucros maiores. (...) Seu mundo anda tão depressa que, se pararem por um instante que seja para refletir sobre as implicações de seus atos, alguém mais eficiente pode ultrapassá-los em um piscar de olhos. Por isso voces vão em frente. Promovem o aumento das armas de destruição em massa, mas é o Papa quem tem que viajar pelo mundo suplicando aos líderes que tenham prudência. Clonam criaturas vivas, mas é a Igreja que tem de lembrar a necessidade de considerarmos as implicações morais de nossos atos. Incentivam as pessoas a interagir através do telefone, telas de vídeo e computadores, mas é a Igreja que abre suas portas e nos lembra de comungar aqui, no mundo real, que é como se deve fazer. (...)

(...) Mostrem-nos uma prova de existência de Deus, dizem vocês. E eu respondo, usem seus telescópios para olhar o céu e me digam como é possível não haver um Deus. (...) Será que é mesmo tão mais fácil acreditar que escolhemos a carta certa em um baralho em que há bilhões delas? Será que estamos tão falidos espiritualmente que preferimos acreditar numa impossibilidade matemática e não em um poder maior do que nós?

Se vocês acreditam em Deus ou não, tem de acreditar nisto: quando nós, como espécie, abandonamos a confiança em um poder maior do que nós, abandonamos também nossa obrigatoriedade de prestar contas. A fé, todas as formas de fé, são advertências de que existe algo que não podemos compreender, algo a que temos de responder. Com fé, prestamos contas uns aos outros, a nós mesmos e a uma verdade maior. A religião é falha, mas só porque o homem é falho. (...)

O Vaticano já está mandando boicotar o filme assim como fez com o anterior... aliás... assim como fez com os livros. Mas será que o livro foi lido? Será que é outro equívoco na tentativa de frear a ciência?

Eu me considero, de certa forma, um cético. Continuo sendo mais "cientista", porém tenho a minha fé. Esse texto vale uma longa reflexão. Talvez não pela religião ou pela ciência, mas pelos rumos que estamos indo.

(BROWN, Dan. Anjos e Demônios. Trad. Maria Luiza Newlands da Silveira. Rio de Janeiro: Sextante, 2004, p. 314-8.)

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Bíblia, a louca

Na revista Veja dessa semana, saiu uma matéria sobre a influência da religião na política americana. Vou reproduzir aqui em partes, porque é MUITO interessante:

— A massa da torta é feita de banha de porco?
— Acho que não, mas vou checar - responde o garçom.
— Obrigado. É que não posso comer banha de porco.
— Alergia?
— Não, Levítico.

A conversa está relatada num livro do jornalista A. J. Jacobs, no qual ele conta com minúcias hilariantes como é viver um ano em Manhattan seguindo o mais literalmente possível as regras da Bíblia. Ele leu a Bíblia e anotou cada regra. No fim, tinha 72 páginas com mais de 100 orientações. Cumpriu-as durante 387 dias. Foram oito meses seguindo o Velho Testamento e quatro seguindo o Novo Testamento. Entre as regras, estão as mais conhecidas, como amar ao próximo, pagar o dízimo, não cobiçar a mulher alheia. Mas também estão normas absurdas, como apedrejar os blasfemos, bater nas crianças com vara ou arrancar um olho do pecador. Para não acabar na cadeia, Jacobs também dispensou as caudalosas sugestões de pena de morte, aplicadas dos adúlteros aos que conferem o horóscopo. Quantas são as sugestões de pena de morte? Ele, que contabilizou tudo, responde: "Pense na Arábia Saudita, multiplique pelo Texas e triplique o resultado – é isso".

A graça do livro, e de sua denúncia bem-humorada de que o literalismo bíblico pode levar à mais honrada idiotia, está no cumprimento rigorosa das normas mais exóticas. São coisas como evitar roupas com fibras misturadas, especialmente lã e linho. Ou passar azeite de oliva na cabeça, tocar harpa de dez cordas, assoprar uma corneta (um chifre de carneiro resolve) no início de cada mês, andar com dinheiro amarrado à mão e deixar a barba crescer. A Bíblia também proíbe tocar nas mulheres menstruadas (o autor pensou em pedir uma planilha com ciclo menstrual de suas colegas de trabalho) e manda nunca pronunciar o nome de outros deuses. Como a palavra quinta-feira em inglês (thursday) vem do deus nórdico Thor, Jacobs sentia-se na obrigação de dizer: "Vamos almoçar no quarto dia útil da semana?".

"Fiquei surpreso. Parece que cada passagem da Bíblia, tem alguém capaz de segui-la literalmente", disse o autor. Ele achou um rabino ortodoxo que, microscópio em punho, vai à casa dos fiéis examinar as fibras das roupas para evitar misturas. Descobriu que há 50.000 judeus, em Israel e na Califórnia, que desligam o aquecimento de casa no sábado, dia sagrado de descanso, mesmo durante o inverno. Porque no sábado não se pode trabalhar, e manter o aquecimento ligado é negociar com a companhia de energia elétrica. Há gente que compra chifre de carneiro e há uma loja em Indiana que já vendeu mais de 1000 harpas de dez cordas a dezesseis países. Em Israel e em três estados americanos, fundamentalistas tentam produzir uma vaca vermelha. A Bíblia diz que a purificação verdadeira está em matar uma vaca vermelha, queimá-la em madeira de cedro e aspergir as cinzas, misturadas em água, sobre a própria cabeça.

Agora me digam: não é pra repensar a religião? Acreditar e seguir um livro escrito há vários anos atrás pode ser meio doido. Criar uma religião baseada nesse livro é ainda mais doido. Mas não questionar esses ensinamentos, pra mim, é idiotice. Tenham fé, mas tenham um mínimo de bom senso.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Ateus possuem QI elevado?

Em reportagem que saiu no G1 no dia 25 de junho, pesquisadores comprovam que o QI médio é mais alto nos países onde há menor crença em Deus.

O professor de psicologia irlandês Richard Lynn assina o texto (que será publicado em revista científica) que defende a tese de que pessoas com QI (Quociente de Inteligência) mais alto são menos propensas a ter crenças religiosas. Lynn é polêmico e sua credibilidade é questionável... afinal... ele sugeriu que os homens são mais inteligentes do que as mulheres.

O estudo é baseado em pesquisas anteriores. Em uma delas, faz-se a comparação média de QI com religiosidade entre 137 países. A conclusão: 23 dos 137 países possuem mais de 20% da população atéia e são esses países que possuem maior indíce de QI. Excessões seriam Cuba e Vietnã, mas a explicação dada para isso foi o comunismo. Os EUA são considerados uma exceção sem explicação. Para tentar explicar a correlação entre QI e religiosidade, Lynn usa a teoria de que pessoas mais inteligentes são mais propensas a questionar dogmas religiosos, mas afirma que isso muda com a cultura e com a época.

Será? Faz sentido...

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ATHEISTS HAVE HIGH IQ?
Researchers are proving that the average IQ is higher in countries where there is less belief in God. The Irish professor of psychology Richard Lynn sign the text (which will be published in a scientific journal) that supports the theory that people with higher IQ (intelligence quocient) has less religious beliefs. Lynn is controversial and its credibility is questionable... after all... he suggested that men are more intelligent than women.The study is based on previous researches. One of them makes a comparison of average IQ with religiosity among 137 countries. The conclusion: 23 of 137 countries have more than 20% of the population is atheistic and those countries that have higher index of IQ. Exceptions would be Cuba and Vietnam, but the explanation given for this was the communism. The U.S. is considered an exception without explanation. To try to explain the correlation between IQ and religiosity, Lynn uses the theory that most intelligent people are more prone to question religious dogma, but says that this change with the culture and with the season. Could be? Makes sense...

segunda-feira, 24 de março de 2008

Religião não traz paz

O novo papa está criando confusão com o mundo islâmico. Pacíficos monges tibetanos são protagonistas de violentas manifestações contra a China. Está claro que a religião não é uma saída para paz. E, se olharmos a história, perceberemos que nunca foi. Nunca foi porque sempre esteve pervertida por intenções corruptas.

Cada um tem sua crença. Qual a dificuldade de respeitar isso? Por que impor a religião de um povo sobre outro? Vou além: por que impor suas vontades sobre o outro utilizando a religião? Jesuítas e índios? Pizarro e os incas? Inquisição? E o que dizer do sincretismo feito pelos negros escravizados que não podiam rezar para seus deuses?

Pra polemizar: quem escreveu os livros religiosos que legislam a sociedade? Jesus? Maomé? Apóstolos? Ou homens que precisavam ordenar o mundo? E o que dizer das traduções desses livros? Será que as traduções foram feitas ao pé da letra ou foram feitas modificações para ficar de acordo com o desejado?

Quer mais polêmica? E o machismo? Alguma mulher escreveu nesses livros religiosos? Se escreveu, alguém escondeu ou não considerou, certo? E Maria Madalena e a linhagem do Senhor... alguém prova se isso é verdade ou não? Se viemos dos macacos, porque foi Eva que comeu a maçã? Burca e andar atrás e de cabeça baixa? Quem fez isso? Os tais homens que precisavam mudar o mundo...

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RELIGION DOES NOT BRING PEACE
The new pope is messing with the Islamic world. Pacific Tibetan monks are protagonists of violent demonstrations against China. It is clear that religion is not a solution to peace. And if we look through history, we will see that never was, because has been always perverted by corrupt intentions. Everyone have a belief. What is the difficulty to respect this? Why impose a religion of a people over another? In addition: why impose their wills on the other using religion? Jesuits and Indians? Pizarro and the Incas? Inquisition? And what about the syncretism made by slaves that couldn't pray to their gods? Being polemic: who wrote the books that legislate the religious society? Jesus? Muhammad? Apostles? Or men who needed to order the world? And what about the translations of these books? Does the translations were made with the right words or modifications were made to be in accordance with the desired? Want more controversy? And the machism? Did any women wrote these religious books? If they did, someone hid them, right? And Mary Magdalene and the lineage of the Lord... will anyone proof this? If we came from monkeys, why has Eva eaten the apple? Burca, walk behind and head low? Who did this? The men who needed to order the world...