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quarta-feira, 1 de junho de 2016

Arte ao Lado: Clementino Jr.

O Cinema é a Sétima Arte desde 1912, quando o teórico italiano Ricciotto Canudo escreveu o Manifesto das Sete Artes e estabeleceu uma lista de seis artes que estavam combinadas em qualquer produção cinematográfica. Mas, desde o fim do século XIX, o Cinema nos encanta. No caso de Clementino Jr., esse encantamento é de berço, uma vez que aprendeu a escrever e desenhar nas folhas de roteiros de novelas que seus pais trabalharam (ele é filho dos incríveis Clementino Kelé e Chica Xavier).

Sua primeira paixão foram os quadrinhos (a Nona Arte), já que sempre gostou de criar histórias, mas o Cinema e a TV rodeavam sua vida. Mesmo formado em Programação Visual na Escola de Belas Artes da UFRJ, não conseguiu se distanciar do audiovisual. Inspirado no “Cinema de Cavação”, começou a fazer seus filmes. Como ele mesmo diz:
“A realização do sonho de fazer o melhor filme a cada obra, o melhor filme possível dentro de cada tema, é o que me move”.

Clementino encontrou no universo educacional o espaço do ensino-aprendizagem que não só o leva a uma atualização constante como lhe oferece o retorno financeiro para se equipar. Com ajuda e permuta de grandes profissionais aos quais se aliou nos últimos anos dá vazão às suas ideias e histórias mais urgentes. Atualmente comanda o Cineclube Atlântico Negro, cujo programa foca o cinema da diáspora africana e foi presidente regional da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas e vice-presidente da ABD Nacional.


Conheci Clementino no Instituto de Tecnologia ORT, ambos professores do Curso Técnico em Comunicação Social. Em sua resposta à pergunta “o que você faz”, ele escreveu que “faz E ajuda a fazer filmes”. É essa generosidade que se percebe em sua fala doce e no brilho dos olhos quando o cinema está em discussão.

domingo, 29 de novembro de 2009

Terráqueos

Nunca consegui ver o premiado documentário Earthlings (2005), narrado pelo ator Joaquim Phoenix, que está no YouTube dividido em 10 partes. É muito pesado.

Criticado como "feito por vegetarianos", o documentário mostra o sofrimento dos animais ao se tornarem comida, vestimenta, pesquisa médica ou entretenimento humano. Começa questionando a palavra "terráqueo": se ser terráqueo é viver no Planeta Terra, então, toda a vida deve ser considerada terráquea independente de espécie, sexo ou raça. A partir daí desenvolve sua idéia mostrando a humanidade como tirana, controladora, escravizadora e má com os terráqueos de outras espécies, sexos ou raças. E também com os do mesmo sexo, mesma raça e mesma espécie!

Fica fácil de imaginar que, se um alienígena chegasse a Terra, ele se chocaria conosco. E de forma negativa. Talvez, por isso, os filmes de invasão extraterrestre são sempre violentos e de guerra. Deve ser a nossa consciência manifestando o que fazemos. O primeiro filme da trilogia Matrix possui um diálogo que chama o homem de vírus por sua capacidade de reprodução e destruição do ambiente em que vive. E não será verdade?

Então... você acha que aguenta? Se sim, clique AQUI para começar. Os vídeos seqüenciais estão no menu lateral. Se conseguir ver até o décimo vídeo, me conte. Só o primeiro dá pra ver com um pouco mais de tranquilidade. O segundo mostra o nosso relacionamento com animais de estimação... e aí... o bicho pega (literalmente!)! A crueldade é vil, gratuita e desnecessária.

Conselho: não se incomode de chorar e prepare-se para passar muito mal. Sua visão da "humanidade" vai mudar.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Se a vida te dá limões, faça uma limonada!

Essa frase é ótima para aqueles que acham que a vida não é boa com eles, que só exsitem obstáculos e nada para ajudá-los. Na verdade, quem deve fazer alguma coisa somos nós mesmos. Não podemos esperar que venha tudo de mão beijada.

Mas e quando as coisas são tiradas repentinamente de nós?

A crise americana fez com que mais de 70 mil agências de publicidade e design demitissem e reduzissem as áreas de criação. Com um monte de criativos soltos na praça, limonadas tinham que aparecer... Um deles (Erik Proulx, autor do blog Please feed the Animals, inciado após sua demissão da Arnold Boston em 2008) tornou-se documentarista e resolveu mostrar como a vida de 15 "desafortunados" se transformou e de como eles passaram a usar a criatividade deles para seguir novos rumos e cuidar da vida. Desde já, vale a reflexão: temos capacidade de mudar? Sabemos fazer uma limonada?


A direção é de Mark Colucci, da Park Pictures, mas ainda não tem data de lançamento. AQUI tem uma entrevista com Erik.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Trilogia da desconstrução do império americano

Recentemente, tive a oportunidade de finalmente terminar a trilogia de Michael Moore que detona os EUA: Tiros em Columbine (Bowling for Columbine, 2002), Fahrenheit 11 de setembro (Fahrenheit 9/11, 2004) e S.O.S. Saúde (Sicko, 2007).

Em Tiros em Columbine, Moore faz uma análise sobre a obssessão americana às armas de fogo, após os tiroteios em Columbine. Pra quem não se lembra, a idéia do documentário partiu após o episódio onde dois garotos entraram armados a la Matrix na escola e metralharam seus coleguinhas. Moore questiona todas as mortes por armas de fogo no país e se pergunta se a culpa é realmente da TV e dos games, ou se a cultura americana não está com problemas profundos. Investiga a origem dessa cultura bélica e busca respostas nas pequenas cidades dos EUA, onde a maioria das casa possui uma arma. Detalhe para a entrevista com Charlton Heston que pega pesado por ser presidente da Associação Americana do Rifle. Ganhou Oscar e outros prêmios!

Fahrenheit é uma pancada no governo Bush, após a tragédia de 11 de setembro. Moore passou três anos encontrando provas de que a família Bush tinha (e ainda deve ter) ligações intrínsecas e diretas com Osama Bin Laden, o líder do Al-Qaeda e dado como responsável pelos ataques terroristas. Para vocês terem uma idéia: ele apresenta provas de que os EUA patrocinaram o Al-Qaeda. Muito boa a decisão de Moore de pedir aos membros do Senado americano que mandem seus filhos para o Iraque. A cara deles é incrível. E Moore ainda mostra a atmosfera de medo instalada pelo governo para poder financiar ainda mais suas decisões equivocadas. Ganhou Palma de Ouro em Cannes! Parece que Moore vai continuar nesse tema e lançar mais um filme. Confesso que não sei como esse homem ainda está vivo e não foi levado por uma dessas companhias de segurança secretas americanas...

O sistema de saúde americano é literalmente esculhambado em S.O.S Saúde. Moore derruba todos os argumentos do governo, que acredita que a medicina socializada, ou seja, gratuita, é péssima para a população e "coisa de comunista". As visitas ao Canadá, França, Inglaterra e Cuba detonam os EUA. E ainda tem uma tentativa de usar os equipamentos da Baía de Guantánamo (a sinistra prisão americana em território cubano) que foi incrível: Moore prova que os "piores inimigos da cultura americana" recebem tratamento melhor do que o povo americano! Apesar de extremamente sensacionalista, utilizando o sofrimento (e a morte) de cidadãos comuns para apresentar seus argumentos, Moore é novamente implacável. Ele consegue até o depoimento de ex-funcionários de empresas de seguros que abrem o jogo sobre como se faz para ganhar dinheiro em detrimento da vida das pessoas. Esse documentário faz a gente pensar no nosso país.

Não sou fã de documentários, mas virei fã da ironia de Michael Moore. Não sei se falta esse tipo de olhar no Brasil ou se aqui é tão esculhambado que a ironia já virou uma rotina desagradável.