Recentemente, tive a oportunidade de finalmente terminar a trilogia de Michael Moore que detona os EUA: Tiros em Columbine (Bowling for Columbine, 2002), Fahrenheit 11 de setembro (Fahrenheit 9/11, 2004) e S.O.S. Saúde (Sicko, 2007).
Em Tiros em Columbine, Moore faz uma análise sobre a obssessão americana às armas de fogo, após os tiroteios em Columbine. Pra quem não se lembra, a idéia do documentário partiu após o episódio onde dois garotos entraram armados a la Matrix na escola e metralharam seus coleguinhas. Moore questiona todas as mortes por armas de fogo no país e se pergunta se a culpa é realmente da TV e dos games, ou se a cultura americana não está com problemas profundos. Investiga a origem dessa cultura bélica e busca respostas nas pequenas cidades dos EUA, onde a maioria das casa possui uma arma. Detalhe para a entrevista com Charlton Heston que pega pesado por ser presidente da Associação Americana do Rifle. Ganhou Oscar e outros prêmios!
Fahrenheit é uma pancada no governo Bush, após a tragédia de 11 de setembro. Moore passou três anos encontrando provas de que a família Bush tinha (e ainda deve ter) ligações intrínsecas e diretas com Osama Bin Laden, o líder do Al-Qaeda e dado como responsável pelos ataques terroristas. Para vocês terem uma idéia: ele apresenta provas de que os EUA patrocinaram o Al-Qaeda. Muito boa a decisão de Moore de pedir aos membros do Senado americano que mandem seus filhos para o Iraque. A cara deles é incrível. E Moore ainda mostra a atmosfera de medo instalada pelo governo para poder financiar ainda mais suas decisões equivocadas. Ganhou Palma de Ouro em Cannes! Parece que Moore vai continuar nesse tema e lançar mais um filme. Confesso que não sei como esse homem ainda está vivo e não foi levado por uma dessas companhias de segurança secretas americanas...
O sistema de saúde americano é literalmente esculhambado em S.O.S Saúde. Moore derruba todos os argumentos do governo, que acredita que a medicina socializada, ou seja, gratuita, é péssima para a população e "coisa de comunista". As visitas ao Canadá, França, Inglaterra e Cuba detonam os EUA. E ainda tem uma tentativa de usar os equipamentos da Baía de Guantánamo (a sinistra prisão americana em território cubano) que foi incrível: Moore prova que os "piores inimigos da cultura americana" recebem tratamento melhor do que o povo americano! Apesar de extremamente sensacionalista, utilizando o sofrimento (e a morte) de cidadãos comuns para apresentar seus argumentos, Moore é novamente implacável. Ele consegue até o depoimento de ex-funcionários de empresas de seguros que abrem o jogo sobre como se faz para ganhar dinheiro em detrimento da vida das pessoas. Esse documentário faz a gente pensar no nosso país.
Não sou fã de documentários, mas virei fã da ironia de Michael Moore. Não sei se falta esse tipo de olhar no Brasil ou se aqui é tão esculhambado que a ironia já virou uma rotina desagradável.
Um comentário:
O Moore ainda está vivo exatamente porque se morresse ou desaparecesse subitamente todo mundo logo desconfiaria do aparelho de segurança do governo.
Também acho que ele é bastante sensacionalista mas sua ironia foi o meio que encontrou para denunciar os furos do chamado american way of life.
Quanto ao documentário sobre o sistema de saúde infelizmente o que ele mostrou do Canadá não é tão verdadeiro assim basta que você assista ao filme "Invasão dos Bárbaros".
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