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sexta-feira, 18 de julho de 2014

Benévola


Só essa imagem aí em cima já diz tudo: Angelina Jolie É Malévola, a bruxa do conto da Bela Adormecida, a responsável por fazer a princesa dormir pra sempre só porque não foi convidada para festa, aquela que vira dragão e criar muros de espinhos. E ela realmente está a cara e o jeito da vilã da Disney (aí do lado).

Mas prestem atenção: se vocês esperam um filme de princesa, esqueçam. Esse é um filme da bruxa! Essa não é uma versão com humanos do desenho da Disney... portanto, não fiquem rabugentos, puristas! E não é um filme mulherzinha, porque também tem um daqueles combates que viraram obrigação em filmes de fantasia entre homens e criaturas.

Estamos no século XXI e todas as menininhas perdem suas inocências bem antes do esperado/desejado. Rapidamente elas ficam sabendo que todo mundo é capaz de ser bom e mal, principalmente, se for por amor (a eterna razão pra tudo...). Não é à toa que uma novela como Avenida Brasil ou uma série como Revenge fazem sucesso. Então, Malévola não poderia ter feito tudo que fez somente por não ter sido convidada. A Disney precisava dar motivos para suas ações.

Peraí... a Disney querendo justificar maldades? Claro que não, né! Ela a transformou numa fada/bruxa que tem seu coração partido e fica amarga, raivosa e terrível. Com grandes diferenças do desenho, acabamos nos apiedando de Malévola e ficando do lado dela ao invés das fadinhas Fauna, Flora e Primavera, que acabaram com seus péssimos nomes originais e um jeito demasiado trapalhão. O rei é o ambicioso vilão, o verdadeiro Malévolo. Nem quando a princesa bocó entra em cena, mudamos de lado: a fada/bruxa fica com a nossa torcida.

Na minha sessão, o final (mais fantasia, menos humano) arrancou aplausos. Não acho que tenha sido pra tanto, mas acho muito bom quando os estereótipos femininos de final feliz são reconstruídos. Principalmente pela Disney, a grande construtora desse estereótipo princesinha. Ao lançar Valente (Brave, 2012), a Casa do Mickey criou uma forte figura feminina que não quer casar de forma arranjada e quer viver sua vida com seus desarrumados cachos vermelhos. Mas uma boneca da valente Princesa Merida de cabelos alisados colocou em dúvida o que a Disney estava fazendo.


O ilustrador inglês David Trumble resolveu até recriar mulheres famosas em princesas para questionar esses estereótipos. Além da humilde e corajosa Rosa Parks (que você vê aí embaixo), ele recriou outras que você pode ver aqui.


Concluo dizendo que Malévola (Maleficent, 2014) é um filme da época em que vivemos, cheia de "jogos vorazes" e "mulheres divergentes"que não aceitam seu destino e tentam reescrever sua história.

PS.: Eu vi esse filme antes da Copa, mas não dava pra parar tudo por causa de uma princesa... oops... bruxa, né?

domingo, 22 de maio de 2011

As histórias sem fim!


Acabo de rever A História sem Fim (Neverending Story, 1984) e não acredito que nunca falei desse incrível filme por aqui - que talvez faça um enorme sentido nos dias de hoje. É um filme inesquecível da minha infância.



O filme começa com um garotinho, Bastian, que perdeu sua mãe recentemente e sofre bullying de seus colegas da escola (assunto atual ou comum?). Numa das perseguições diárias, ele acaba se escondendo em uma livraria bem antiga. Lá ele "pega emprestado" um livro proibido: A História sem Fim, que possui o auryn na capa (esse ouroboros - duas cobras que mordem o próprio rabo num ciclo infinito - da foto). Fugindo novamente dos problemas escolares, Bastian se esconde no depósito da escola para ler o tal livro. Acompanhamos, então, sua leitura da história de Atreyu, o guerreiro menino que precisa salvar o mundo de Fantasia e a Imperatriz-Criança das poderosas garras do Nada. Em sua saga, ele conhece o velho Morla, é ajudado pelo dragão da sorte Falkor, passa pelo Oráculo e a ainda enfrenta o lobo Gmort. Sem conseguir entender os sinais dados, Atreyu se dá por derrotado em salvar Fantasia, quando ele chega até a Imperatriz e tudo se revela numa das melhores metalingüísticas cinematográficas já criadas.


Num mundo real, não há espaço para fantasia, para imaginação. O objetivo do livro é fazer com que o leitor entre num mundo imaginário, crie personagens, faça aquele reino descrito existir nem que seja por um instante. Mas o filme vai além, pois para salvar tudo do Nada (a não-imaginação), é preciso que o leitor dê um nome para a Imperatriz. É claro que Bastian, já totalmente envolvido pela história, escolhe o nome de sua mãe recém-falecida para ela e dá uma chance à F(f)antasia. E no fim (perdão pela revelação), Bastian ainda faz o que todo mundo queria fazer ao longo do filme: voa no dorso de Falkor!

TODA CRIANÇA TEM QUE VER ESSE FILME! Mesmo que a tecnologia não chegue aos pés dos blockbusters atuais, a mensagem é perfeita. Além de fortalecer o mundo da imaginação, esse filme é uma ode à literatura, aos livros que fazem a gente pensar, fazem a gente criar. Acredito que os livros jamais serão derrotados pela tecnologia, mas é um bom momento também para nos perguntarmos se esse mundo extremamente visual no qual vivemos não está atrapalhando um pouco a nossa capacidade de criar, de imaginar.

Será que eu quero um livro no iPad que me mostra a cara dos personagens, ou quero folhear minha mente para construir um mundo só meu? Acho que já falei isso, mas quando li o primeiro livro do Harry Potter, eu tinha um Harry na minha cabeça. Depois dos filmes, eu lia os livros pensando no Daniel Radcliff... Bom... ouça aqui a trilha sonora principal:



Leia! Imagine!