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terça-feira, 20 de setembro de 2016

Doces memórias


No início do ano falei de um gatilho olfativo de alfazema que me lembrou minha avó. Agora o gatilho foi outro: infelizmente foi pela passagem de uma tia-avó muito especial que tive na minha vida. Ela foi a pessoa mais doce, carinhosa e inocente que já conheci e - creio - não conhecerei igual. Acho até que ela era um erê, um espírito criança, que veio ao mundo para aflorar o que há de mais doce na gente. E é dessa doçura que me veio a memória.

A rabanada que ela fazia no Natal era insuperável (eu comia umas quatro antes da ceia!). Sua panquequinha de banana eu nunca mais vi igual e não sobrava nos pratos aos domingos. Seu jeito simples e risada gostosa adocicava tudo mais.

Impossível lembrar dela sem contar que ela escondia jujubas, bombons e biscoitos no armário. As crianças eram as únicas que podiam comer seus doces, os quais ela gostava de dar em segredo como se criasse um elo de ligação ainda mais forte, ainda mais doce. Nem preciso dizer que nós (em cinco primos) somos apaixonados por doces, chocólatras mesmo. Não por culpa dela, mas sim graças a ela.

Ela também me ensinou a gostar de Clara Nunes e é por isso que fecho aqui com uma de suas músicas.


Com licença que vou ali comer uma jujuba.

sexta-feira, 25 de março de 2016

Arte ao Lado 2 - A missão

De agosto a outubro do ano passado, postei semanalmente um texto que criei a partir de três perguntas (o quê? como? por quê?) feitas para amigos, familiares e conhecidos envolvidos de alguma forma com a Arte. Fiquei louco e maravilhado com as respostas que recebi, mas percebi que não era fácil de conseguir. Eu estava, na verdade, pedindo que os artistas penetrassem em si mesmos e encontrassem a essência de suas artes. E essa dificuldade acabou por encerrar o projeto antes do tempo que eu tinha planejado.

Só que de repente... um texto que pedi em julho de 2015 aparece para mim em fevereiro deste ano. Imediatamente toda a energia e empolgação voltaram! Comecei a disparar as perguntas, buscando os novos artistas da segunda fase do projeto Arte ao Lado, e... novamente os obstáculos apareceram.

Então, vou fazer uma mudança: ao invés de semanal, farei mensal. Acho que vou ter que encher alguns sacos, mas tentarei colocar um artista novo todo dia 1º; Essa é a missão: apresentar um processo criativo e uma visão artística de alguém próximo a mim pra estimulá-los a procurar ao lado de vocês.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Memória olfativa


Eu sou super alérgico. Na verdade, sou muito alérgico mesmo. Mas utilizei a hipérbole do super, porque sou tão fã de super-heróis que, por um tempo, me senti um mutante, um X-Man, com olfato tão aguçado que ficou hipersensível. Achava que eu tinha genes de cachorro porque eu sentia cheiros que as pessoas não sentiam, reconhecia pessoas pelo perfume e lembrava de lugares pelo aroma.

O ser humano é capaz de perceber mais de 10 mil diferentes odores, cada qual definido por uma estrutura química diferente. Isso é tão forte que é capaz de alterar nosso paladar. A neurociência diz que os aromas são percebidos por várias áreas do cérebro, fazendo com que seus processamentos envolvam tanto cognição quanto emoção.

Toda essa introdução é pra contar um gatilho olfativo que aconteceu comigo. Há pouco mais de um mês, passei por uma senhora na rua que cheirava à alfazema. Se fosse um filme, era hora de dar um fade e mudar a colorização para um flashback porque, na mesma hora, me lembrei da minha vó.

Alfazema é, pra mim, cheiro de limpeza, de pós-banho, de uma infância despreocupada, carinhosa e feliz. O banho tomado na casa dela era sempre divertido (com xampu Palmolive de jojoba). Ou minha vó ou uma das duas tias-avós que moravam com ela estavam sempre do lado de fora da cortina mandando a gente lavar tudo, principalmente atrás da orelha. No fim, já secos, vinha a alfazema e a certeza que tudo estava certo, limpo, bem cuidado.

Claro que depois de passar pela senhora na rua, entrei numa farmácia e comprei um vidro de alfazema. E me desculpem os perfumes franceses... alfazema é amor.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Arte ao lado

Quando pensei em escrever sobre amigos, conhecidos e familiares que são artistas, não imaginava que ia me dar tanto prazer. Não só pelo fato de estar me (re)conectando com algumas pessoas, mas também pelo retorno incrível que estou tendo.

Abordei os participantes, pedindo que respondessem três perguntas que todo jornalista precisa fazer para escrever um texto: o que você faz? Como você faz? Por que você faz? Depois dessas respostas começaria o processo cíclico de escrever, revisar, aprovar até que ficasse bom para ambas as partes. Quando comecei a receber as primeiras respostas, percebi que estava pedindo que os artistas se distanciassem de suas produções e refletissem sobre seus processos de criação. Confesso: não pensei nisso quando tive a ideia. Porém, criou um diálogo tão mais rico que estou fascinado.

O selo que está aqui nessa postagem abre caminho neste blog para este projeto que chamei de Arte ao Lado, uma vez que estou identificando, buscando e espalhando a Arte que vejo ao meu redor. No entanto, como disse anteriormente, não tenho agendamento para as postagens. Quero que seja um processo fluido como tem sido, para um resultado que condiga com as minhas expectativas.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Amor líquido

Nesse intervalo de Copa do Mundo, consegui acabar um dos livros que mais demorei a chegar ao fim: Amor Líquido, de Zygmunt Bauman (Jorge Zahar, 2004).

Conta minha tia que foi a uma feira de livros para procurar este livro que estava sendo lançado. Chegando no stand, procurou a prateleira de Sociologia, Filosofia e Antropologia, mas não foi capaz de encontrar. Chamou um dos monitores e indagou sobre o livro de Bauman. O rapaz perguntou o nome do livro e ao ouvir respondeu: "Ah... a senhora errou. Esse livro está em Auto-Ajuda"... Na boa... Auto-ajuda? Esse livro deve ser de "auto-bagunça"! É o famoso "não julgue o livro pela capa", porque de amor mesmo só se fala no início e comparado à morte!
Quando se trata de amor, Posse, Poder, Fusão e Desencanto são os Quatro Cavaleiros do Apocalipse!

É impossível sair impune às palavras cruéis que constatam a realidade das relações humanas contemporâneas. Família, amizade, trabalho, paternidade/maternidade, nacionalidade, solidariedade... a Humanidade é colocada em cheque. Bauman escreve que as relações tornaram-se excessivamente flexíveis, gerando enormes e crescentes níveis de insegurança. A prioridade dada a relacionamentos virtuais que podem ser tecidos e/ou desmanchados com igual facilidade - às vezes sem qualquer contato real -, faz com que não saibamos mais manter laços presenciais a longo prazo.

Cada vez que eu lia uma ou duas páginas, levava dias para digerir aquelas informações. De início, eu ia contra. Não queria acreditar no mundo em que vivemos e tinha certeza que eu era diferente. Cheguei até a ir contra todo o ideal de "líquido" do sociólogo, pensando que até mesmo ser somente líquido é um sinal de estar estático. Viajei. Mas o tempo vai passando e aquelas páginas ficam te remoendo. Você fica querendo saber mais, querendo que ele dê uma resposta, que ele melhore. Mas não... são 180 páginas de alertas pessimistas. Porém, verdadeiras... o que deixa tudo ainda pior.

Em alguns raríssimos momentos, encontramos apontamentos de soluções. Soluções essas que ele sempre coloca como quase impossível por conta das tramas relacionais globais:
Amar o próximo como amamos a nós mesmos significaria então respeitar a singularidade de cada um - o valor de nossas diferenças, que enriquecem o mundo que habitamos em conjunto e assim o tornam um lugar mais fascinante e agradável

Acho que é preciso estar bem preparado emocionalmente para a leitura desse livro. É um livro duro, com muitas metáforas para facilitar seu triste entendimento. Ao sobreviver a sua leitura, é fundamental refletir sobre nós mesmos e todas as nossas relações.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Você é ciumento(a)?

Frase pra todo mundo pensar do excelente poeta Fabrício Carpinejar (rimou!):
Ciúme é um bicho curioso. Nunca se contenta com a primeira informação. Muito menos com a última.
E você? É ciumento(a)? Ou diz que não é, faz um discurso contra isso, mas no fundo se rói (como eu!)? E – prestem atenção! – não estou falando somente daquele ciúme de amor. Pensem bem e vejam como isso acontece em família, no trabalho, com amigos.

Dizem que existe o ciúme bom... aquela quantidade perfeita do sentimento que faz alguém se sentir amado e desejado. Será? É o ciúme responsável pelo amor e o desejo? Sei não...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

99 balões



É em inglês, mas acho válido o esforço de tentar entender. Vi no programa da Oprah e resgatei para o meu blog.

O vídeo é um tributo a Elliot, um bebê que nasceu com a doença chamada trissomia 18. Pelo que eu entendi, é uma doença genética que atinge o cromossomo 18 e causa má formação do bebê. Normalmente, os bebês não nascem ou nascem mortos. Mas Elliot viveu. Viveu 99 dias para ser mais preciso. Seus pais, Matt e Ginny resolveram aproveitar cada dia que Elliot viveu, celebrando aniversários. Fizeram um videoblog para ele e documentaram tudo com fotografia.

É comovente. É uma lição para pensarmos em como devemos enfrentar os obstáculos de nossas vidas. Mesmo com os dias contados e um diagnóstico fatal, o casal decidiu aproveitar e agradecer. Confesso que não sei se teria a estrutura emocional que eles tiveram, mas os admiro como a todos os pais que possuem forças para ter filhos hoje. Como admiro minha eterna amiga e cumadre Fernanda e seu ex-marido que enfrentaram uma barra pesadíssima quando sua filha mais nova (e minha afilhada linda que já tem quatro anos) passou por maus bocados aos nove meses.

Como admiro meus pais.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Filipe de Drummond

João Batista Viana Drummond foi um empresário abolicionista e progressista brasileiro do fim do século XIX. Ele é o primeiro e único Barão de Drummond... e meu parente! Em conversa com minhas tias-avós descobri que faço parte da linhagem de um amigo do imperador Dom Pedro II!

Em 1873, contratou um engenheiro para urbanizar a antiga Fazenda do Macaco da Princesa Isabel como um bairro francês, após se encantar por Paris e sua arquitetura em uma viagem. Levou o bonde para o bairro já na época da fundação. O boulevard ganhou o nome de "Vila Isabel" em homenagem à princesa, que libertaria os escravos 15 anos depois. E, no começo, os nomes das ruas, avenidas e praças do bairro eram todos de pessoas e datas ligadas ao movimento abolicionista. Existe uma praça no bairro com seu nome.

O Barão é mais conhecido por ser o criador do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro e do jogo do bicho. Colocava em uma gaiola coberta por um pano, um animal (bichos de porte pequeno) e pendurava no alto do portão do jardim zoológico, e eram feitas apostas para descobrir qual o animal. Parte do dinheiro arrecadado era revertido para a compra de mais animais para o zoológico e a outra para o apostador. Com a Proclamação da República, o Zoo perdeu a ajuda financeira e o Barão de Drummond transformou sua brincadeira numa loteria com ajuda de um amigo mexicano, Dom Manuel Ismael Zevada. No fim do século, o jogo se tornou ilegal, mas não impediu sua continuação por meios ilícitos (até hoje!)

Quer a maior coincidência: ele ganhou o título de barão em exatos 90 anos antes do meu nascimento, após alforriar todos os seus escravos antes da abolição da escravatura!!! Será que eu sou a reencarnação desse homem? Podia ter me deixado algumas fazendas...

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FILIPE OF DRUMMOND
João Batista Viana Drummond was an abolitionist and progressive Brazilian businessman of the end of 19th century. He is the first and only Baron of Drummond... and he is family! In conversation with my grandparents, I discovered that I am part of the lineage of a friend of Emperor Dom Pedro II! In 1873, he hired an engineer to urbanize Princess Isabel's former Monkey's Farm as a French quarter, after a trip to Paris. He took the streetcar to the neighborhood at the time of the foundation. The boulevard has earned the name "Vila Isabel" in tribute to the princess, which would release the slaves 15 years later. In the beginning, the names of streets, avenues and squares of the neighborhood were all of people and dates related to the abolitionist movement. There is a square in the neighborhood with his name. The Baron is best known for being the creator of the Rio de Janeiro's Zoo and the "animal's game". He put a cage with a animal (tiny in size), covered with a cloth and hang it on top of the zoo's gate, and bets were made to find out which the animal was there. Part of the money raised was reversed for the purchase of more animals to the zoo and the other for the bettor. With the Republic's proclamation, the Zoo lost financial aid and Baron of Drummond turned his game into a lottery with the help of a Mexican friend, Dom Manuel Ismael Zevada. At the end of the century, the game became illegal, but did not prevent its continuation by illegal means (so far!).The biggest coincidence: he earned the title of baron in exact 90 years before my birth, after release all their slaves before the abolition of slavery! Will I am the reincarnation of this man? He could have left me some farms...

domingo, 16 de março de 2008

"Prioridades de primeiro mundo"

Vou reproduzir aqui trechos da coluna escrita pela apresentadora Maria Paula na Revista de domingo do jornal O Globo (16/03). Salvas as devidas proporções e excluídas as claras generalizações, vale a pena ler e refletir:

"O que você considera prioridade? No Brasil, de forma geral, a família está acima de tudo. Mas por quê/ Seria por nossa herança cristã? Ou talvez por nosso jeitinho afetuoso, ou por nosso estilo de vida paternalista? O fato é que a família é a maior instituição do país e por isso achamos muito normal que os filhos vivam na casa dos pais até uma idade avançada, sendo, inclusive, sustentados por eles sem nenhum problema. Consideramos mais do que o normal os pais darem o primeiro carro para os filhos quando esses completam 18 anos, por exemplo. Assim como achamos natural que arquem com todas as despesas da formação intelectual de sua prole, e por aí vai..."

"Talvez por isso também as mulheres grávidas, as crianças e os idosos tenham reservados para si um tratamento tão diferenciado, que inclui desde direitos legalmente estabelecidos, como o de não ter que enfrentar filas, até uma deferência especial da sociedade, como ser atendido com mais respeito, simpatia etc. Quanto mais inserido no contexto familiar, mais mordomias lhes são reservadas."

"Já nos Estados Unidos, os dólares servem como referência na hora de estabelecer prioridades. Lá (...) os que têm muito dinheiro são sempre os primeiros. Os que têm mais ou menos vêm depois e, por último, literalmente no fim da fila, ficam os menos abastados. Não importa, por exemplo, que uma mulher grávida esteja com uma outra criança no colo no aeroporto, diante de um portão de embarque lotado, e nem que, ao lado dela esteja uma senhora numa cadeira de rodas. Em situações assim, grávidas e idosos com dificuldade de locomoção não são considerados prioridade nos países do chamado primeiro mundo. (...) Lá a prioridade é a grana."

"Enquanto isso, no nosso querido país tropical de terceiro mundo, uma mulher barriguda é alvo de todo tipo de gentilezas, olhares carinhosos no meio da rua, comentários amáveis. (...) Todo mundo quer proteger, cuidar, ajudar uma grávida. Fico feliz por ser brasileira nessas horas. É muito mais civilizado tentar preservar uma mulher grávida do que uma perua milionária. (...)"

Eu sempre digo que o Brasil não tem furacões, vulcões, maremotos, terremotos e outros grandes desastres naturais, no entanto, tem um povo de dar dó. Mas lendo esse texto, penso que realmente a esperança deve ser a última que morre.