Vou reproduzir aqui trechos da coluna escrita pela apresentadora Maria Paula na Revista de domingo do jornal O Globo (16/03). Salvas as devidas proporções e excluídas as claras generalizações, vale a pena ler e refletir:
"O que você considera prioridade? No Brasil, de forma geral, a família está acima de tudo. Mas por quê/ Seria por nossa herança cristã? Ou talvez por nosso jeitinho afetuoso, ou por nosso estilo de vida paternalista? O fato é que a família é a maior instituição do país e por isso achamos muito normal que os filhos vivam na casa dos pais até uma idade avançada, sendo, inclusive, sustentados por eles sem nenhum problema. Consideramos mais do que o normal os pais darem o primeiro carro para os filhos quando esses completam 18 anos, por exemplo. Assim como achamos natural que arquem com todas as despesas da formação intelectual de sua prole, e por aí vai..."
"Talvez por isso também as mulheres grávidas, as crianças e os idosos tenham reservados para si um tratamento tão diferenciado, que inclui desde direitos legalmente estabelecidos, como o de não ter que enfrentar filas, até uma deferência especial da sociedade, como ser atendido com mais respeito, simpatia etc. Quanto mais inserido no contexto familiar, mais mordomias lhes são reservadas."
"Já nos Estados Unidos, os dólares servem como referência na hora de estabelecer prioridades. Lá (...) os que têm muito dinheiro são sempre os primeiros. Os que têm mais ou menos vêm depois e, por último, literalmente no fim da fila, ficam os menos abastados. Não importa, por exemplo, que uma mulher grávida esteja com uma outra criança no colo no aeroporto, diante de um portão de embarque lotado, e nem que, ao lado dela esteja uma senhora numa cadeira de rodas. Em situações assim, grávidas e idosos com dificuldade de locomoção não são considerados prioridade nos países do chamado primeiro mundo. (...) Lá a prioridade é a grana."
"Enquanto isso, no nosso querido país tropical de terceiro mundo, uma mulher barriguda é alvo de todo tipo de gentilezas, olhares carinhosos no meio da rua, comentários amáveis. (...) Todo mundo quer proteger, cuidar, ajudar uma grávida. Fico feliz por ser brasileira nessas horas. É muito mais civilizado tentar preservar uma mulher grávida do que uma perua milionária. (...)"
Eu sempre digo que o Brasil não tem furacões, vulcões, maremotos, terremotos e outros grandes desastres naturais, no entanto, tem um povo de dar dó. Mas lendo esse texto, penso que realmente a esperança deve ser a última que morre.
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