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sábado, 15 de abril de 2017

Arte ao Lado: Eliude A. Santos

Livros do autor.
Tem casos que a criação artística é um processo tão intenso que sai pelos poros. É essa a impressão que tive ao conversar com o escritor Eliude A. Santos. Aliás, chamá-lo de escritor talvez seja reduzi-lo a uma única direção, quando, na verdade, é apenas uma de suas válvulas de escape:
"Eu me expresso com as extremidades: com a língua e com a ponta dos dedos, donde tiro letras e traços que sussurram valores ao espírito do observador cuidadoso. Eu me expresso com empatia e com respeito. Eu me expresso com a luz e as trevas que existem em mim e que transformo em contos, romances, desenhos, pinturas, fotografias, performance, atuação, canto, música, drama, religião (e por religião eu falo de uma religação com o outro e com o que há de mais sagrado em mim)."
Porém, foi na leitura que ele encontrou um objetivo:
"Quando eu era criança, eu amava ir à biblioteca e ficava imaginando chegar numa biblioteca e ver um livro escrito por mim. Mas eu cresci e o desejo do livro físico foi ficando menos importante que o desejo de penetrar na mente do leitor e fazer um rebuliço."
Hoje nem se preocupa tanto que seus textos estejam nas mãos de editoras, mas quer ser lido/ouvido (e por isso utiliza a internet). Quer que as pessoas vejam as cores diferentes que tenta mostrar em uma visão particular e coerente do mundo que compartilha. Suas técnicas podem variar, mas a essência por trás da técnica é a mesma:
"Faço com desejo, faço com intensidade, faço com delicadeza e com força, faço com que o outro reveja o que pensa; faço com que o outro reflita. Faço com que eu mesmo me perca pra que me ache de um modo mais elevado. Faço porque eu me sentiria um covarde se não ousasse, faço porque sinto prazer em fazer; faço porque me preocupo com a visão limitada do outro; faço porque sou um libertador. Quase como um proselitismo literário, um proselitismo libertário."
Suas respostas mostram um ímpeto quase incontrolável do processo criativo. Uma necessidade de questionar o padrão e estabelecer uma reflexão, um desejo que está na base da Arte considerada Moderna desde o século XIX, quando o Romantismo deslocou o observador da obra para as intenções do artista.

Foi na internet que conheci Eliude e suas observações bem particulares sobre religião. Como sou amante de mitologia, acabei lendo um de seus livros e resolvi fazer perguntas direto pra ele através das redes sociais. E ele respondeu! Daí surgiu um contato bacana, uma conexão cheia de coincidências e similaridades que vem crescendo através da Arte.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Captcha!? Sinta-se útil com ele!

Você visita um site porque quer um serviço simples, uma informação qualquer, até mesmo comentar um post em um blog (como esse) e te jogam um CAPTCHA (Completely Automated Public Turing Test to tell Computers and Humans Apart ou Teste Público de Turing Completamente Automatizado para Diferenciação de Computadores e Humanos)...


Sabe o que é esse palavrão? É aquela imagem contendo palavras graficamente distorcidas que o sistema pede para você confirmar o que está escrito em um campo apropriado. Ela serve para que o administrador do site/blog tenha certeza de que você é um humano e não um software tentando se fazer passar por um spam. E eu concordo com a designer Ligia Fascioni (que me inspirou a escrever esse post) que esse sistema é uma afronta ao usuário.

Uma pessoa gasta, em média, 10 segundos para responder um CAPTCHA e todo dia são mais de 200 milhões dessas coisas digitadas na rede. Então, faça as contas: 200.000.000 x 10 segundos = aproximadamente 64 anos de trabalho humano inteligente (que um computador não faz) perdidos! Pense: você está lá no site e é obrigado a perder esse tempo (e sua visão) para se identificar como ser humano? Por que a empresa não gasta dinheiro com um bom anti-spam? Resposta óbvia, né... Não temos nada a ver com isso e devemos receber um bom serviço, sendo poupados dessas chaturas, mas o administrador nos empurra um problema que é exclusivamente dele.

Mas - graças a Santa Placa Mãe! - o guatemalteco Luis von Ahn, um dos pais desse sistema-monstro, resolveu rever seu conceito inicial e nos trouxe uma ideia genial! Aproveitando o movimento mundial para a digitalização de livros (Amazon, Google e outras grandes instituições estão digitalizando todo o seu acervo para que mais gente possa ter acesso), o reCAPTCHA é agora utilizado para decifrar palavras que sofrem na legibilidade da digitalização. Isso acontece com frequência em livros mais antigos: cerca de 30% das palavras digitalizadas. Luis deve ter pensado: "os computadores não conseguem ler, mas as pessoas sim! Então vamos usar todo aquele tempo!"

Agora é assim: o sistema tem duas palavras, sendo que uma delas já foi decifrada pelos digitalizadores. Se 10 pessoas interpretarem a palavra distorcida da mesma maneira, eles dão a palavra como decifrada! Com isso, eu, você e todo o mundo está ajudando a traduzir mais ou menos 100 milhões de palavras por dia, ou seja 2,5 milhões de livros por ano! Não é o máximo?

Finalmente posso dizer que minhas infinitas horas na internet são realmente úteis! Continuo concordando com a designer sobre o fato de que ninguém pode te empurrar um trabalho que não é seu ou j obstáculo a mais na sua vida, mas dessa vez o princípio é nobre. Então, como o fim não justifica os meios, acho que essa história do reCAPTCHA deveria ser de conhecimento público. Faço aqui a minha parte.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Um mundo complexo para o design

Aproveitei o final de semana - ampliado por um feriado - para terminar de ler o livro Design para um mundo complexo, de Rafael Cardoso (Cosac Naify, 2012).

Como diz a sinopse, "a obra discute o papel do design em nossa época, caracterizada ao mesmo tempo pelo excesso de informação e imaterialidade. Para que o design seja efetivo no mundo atual, deve-se considerar sua complexidade, utilizando a internet como maior exemplo disso". Por ter feito uma dissertação de mestrado sobre a fluidez do design, meus pensamentos são bem parecidos com os do autor.

Rafael tem um texto fácil, para designers e leigos - mesmo que as discussões sejam dentro da área. Ele revê conceitos básicos com forma, função e significado, fazendo uso de exemplos que clarificam suas ideias e facilitam o entendimento da tal complexidade. Por essa razão, sugiro que este livro seja referência em instituições de ensino de design; não só para alunos, mas também para os professores. O engessamento da profissão e - principalmente - do ensino frente o turbilhão de mudanças tecnológicas e sociais que afetam o design é péssimo. A pulverização de cursos técnicos e a nova regulamentação da área também precisam de mais reflexão.

E esse livro é um excelente começo.

sábado, 19 de março de 2011

O designer humilde

Esse é o título do livro de Charles Bezerra, designer pernambucano com phD no IIT, de texto fácil e bem curto, que deveria ser uma introdução em TODOS os cursos de design, comunicação e engenharia. Na verdade, deveria ser lido por todo mundo, já que ele faz questão de afirmar que todos somos designers (e me convenceu disso).

Charles quer nos acordar para a necessidade urgente de uma visão ética e lógica no que fazemos hoje. Com isso, ele faz um discurso presente e atual; não uma precognição futurista que parece nos afastar das conseqüências. Ele explica suscintamente nossa função e nos responsabiliza a mudar. Não só o mundo, mas a nós mesmos.

Ele apresenta algumas idéias do filósofo Karl Popper (que preciso conhecer melhor) e percebi algumas convergências com a ecosofia de Félix Guattari, que estudei no meu mestrado. Ambos parecem querer que nós alcancemos uma consciência maior de nossa existência no planeta e na sociedade para nos tornarmos indivíduos mais humildes.

Acho que não sou um designer humilde. Ainda.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O império do efêmero

Esse é o título do livro do filósofo francês Gilles Lipovetsky que levei 7 meses pra finalizar! Ele não é a razão da minha ausência por aqui, não... estou atarefado mesmo. Mas é um livro muito difícil de ler. Vou explicar o porquê...

Parágrafos que se arrastam por duas ou três páginas. Frases que são um parágrafo inteiro. Orações sem verbo. Somando isso tudo a uma prolixia de palavras redundantes e tiradas do fundo dicionário sem a menor necessidade, o livro se torna um parto doloroso de se ler. O que faz continuar é realmente o assunto (e subtítulo): a Moda e seu destino nas sociedades contemporâneas. Revisitando a história do frívolo e do efêmero através da moda, Lipovetsky faz reflexões que ultrapassam a lógica do diferenciamento social e confere à moda um caráter quase libertário, fazendo dela um prenúncio das sociedades democráticas. E essa "empolgação" com a moda é defendida com unhas e dentes!

É interessante dizer que, apesar do livro ter sido escrito em 1987, muitas de suas reflexões ultrapassam mais de 20 anos e se mantém vivas, quase premonitórias. Descobri que ele gerou muita polêmica com o livro, sendo duramente criticado por um lado e transformado em guia da década por outros. Eu concordo com o segundo grupo... ele deveria ter sido leitura obrigatória na época, não só para situar as pessoas, mas também para prepará-las para o que poderia vir... e acabou vindo! Sugiro a leitura da curta entrevista que ele deu para a revista Moda Brasil em 2002, reposicionado e revisitando alguns pontos.

A efemeridade me interessa, então, para mim, o livro é muito bom. Mas fico imaginando que se ele tivesse sido melhor escrito (ou traduzido), O Império do Efêmero teria um alcance bem maior. Portanto, Companhia das Letras, sugiro uma segunda edição revisada e melhorada (nada de reimpressão ou edição de bolso), porque essa edição já passou do ponto e está se tornando um paradoxo: ela precisa da efemeridade!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Amor líquido

Nesse intervalo de Copa do Mundo, consegui acabar um dos livros que mais demorei a chegar ao fim: Amor Líquido, de Zygmunt Bauman (Jorge Zahar, 2004).

Conta minha tia que foi a uma feira de livros para procurar este livro que estava sendo lançado. Chegando no stand, procurou a prateleira de Sociologia, Filosofia e Antropologia, mas não foi capaz de encontrar. Chamou um dos monitores e indagou sobre o livro de Bauman. O rapaz perguntou o nome do livro e ao ouvir respondeu: "Ah... a senhora errou. Esse livro está em Auto-Ajuda"... Na boa... Auto-ajuda? Esse livro deve ser de "auto-bagunça"! É o famoso "não julgue o livro pela capa", porque de amor mesmo só se fala no início e comparado à morte!
Quando se trata de amor, Posse, Poder, Fusão e Desencanto são os Quatro Cavaleiros do Apocalipse!

É impossível sair impune às palavras cruéis que constatam a realidade das relações humanas contemporâneas. Família, amizade, trabalho, paternidade/maternidade, nacionalidade, solidariedade... a Humanidade é colocada em cheque. Bauman escreve que as relações tornaram-se excessivamente flexíveis, gerando enormes e crescentes níveis de insegurança. A prioridade dada a relacionamentos virtuais que podem ser tecidos e/ou desmanchados com igual facilidade - às vezes sem qualquer contato real -, faz com que não saibamos mais manter laços presenciais a longo prazo.

Cada vez que eu lia uma ou duas páginas, levava dias para digerir aquelas informações. De início, eu ia contra. Não queria acreditar no mundo em que vivemos e tinha certeza que eu era diferente. Cheguei até a ir contra todo o ideal de "líquido" do sociólogo, pensando que até mesmo ser somente líquido é um sinal de estar estático. Viajei. Mas o tempo vai passando e aquelas páginas ficam te remoendo. Você fica querendo saber mais, querendo que ele dê uma resposta, que ele melhore. Mas não... são 180 páginas de alertas pessimistas. Porém, verdadeiras... o que deixa tudo ainda pior.

Em alguns raríssimos momentos, encontramos apontamentos de soluções. Soluções essas que ele sempre coloca como quase impossível por conta das tramas relacionais globais:
Amar o próximo como amamos a nós mesmos significaria então respeitar a singularidade de cada um - o valor de nossas diferenças, que enriquecem o mundo que habitamos em conjunto e assim o tornam um lugar mais fascinante e agradável

Acho que é preciso estar bem preparado emocionalmente para a leitura desse livro. É um livro duro, com muitas metáforas para facilitar seu triste entendimento. Ao sobreviver a sua leitura, é fundamental refletir sobre nós mesmos e todas as nossas relações.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Capa + Marcador = União genial!

O designer moldavo Igor Udushlivy resolveu fazer algo legal juntando as jaquetas que cobrem as capas dos livros e os marcadores.
Legal, não? Editoras... mexam-se!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O mínimo de Harry

Recentemente postei cartazes de séries de TV com um estilo bem minimalista. É realmente incrível quando poucos traços simplificam, traduzem uma idéia e criam uma identidade bem interessante. Vejam, por exemplo, essa reformulação das capas dos livros do Harry Potter, feita pela artista plástica Michela Monterosso:
Ela achou que os livros precisavam ficar mais contemporâneos e menos infantis, uma vez que seus leitores mudaram muito. Seu projeto pretendia deixar as capas mais misteriosas e mágicas.

Eu achei bem legal. As lombadas ficaram ótimas também.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

De onde vêm os bebês?

Quando eu era menor, li o livro "De onde vem os bebês", de Steven Schepp e Andrew Andry. O livro explica bem direitinho como se dão os "procedimentos" entre homens, cachorros, galinhas e por aí vai. O livro já está em sua 31ª edição! Eu recomendo. E muito!

Mas o mundo muda, né? A gente sabe disso. Uma das "culpadas" é a tecnologia. Tô falando isso porque a Pixar Animation Studio extrapolou! Essa empresa de animações é responsável por (segura essa): Toy Story 1 e 2, Vida de Inseto, Monstros S. A., Procurando Nemo, Os Incríveis, Carros, Ratatouille e Wall-E... quer mais? Este ano eles estão lançando Up, a história de um velhinho que viaja com balões. Nada referente ao tal padre que sumiu...

E o que isso tem a ver com bebês? Pois então... a Pixar costuma fazer curtas animados que acompanham suas produções cinematográficas e acabam sendo responsáveis por outras inúmeras pérolas. Dessa vez eles mandaram muito bem. Junto com Up, virá Partly Cloudy (algo como "Parcialmente Nublado"), uma animação que foge do convencional para dar uma aula de amizade. A idéia é a seguinte: todo mundo sabe que cegonhas entregam bebês (ahã...). Mas de onde vê os bebês afinal? A resposta está nas nuvens... e no vídeo abaixo. Espera carregar porque vale muito a pena.
Continuo recomendando o livro, mas vai dizer que essa não é a melhor maneira de explicar para o seus filhos pequenos de onde vêm os bebês? Inclusive aqueles meio perigosos... Sensacional! E eu agora já sei como pombos se multiplicam!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Ainda sobre o mesmo tema...

Continuando as últimas reflexões em torno do filme Anjos e Demônios, vai uma frase excelente do livro O Vendedor de Sonhos (best-seller de Augusto Cury) que tende a ser meu novo mote:
Eu começava a desconfiar que não era um ateu convicto como imaginava. No fundo, eu tinha asco da religiosidade atroz.

Anjos e Demônios, Religião e Ciência, Livro e Cinema

Outro dia coloquei aqui um belo discurso do livro Anjos e Demônios de Dan Brown. Ao terminar o livro, percebi que o texto não foi dito pelo personagem certo e, muito menos, com a intenção certa. Mas foi bem reflexivo. Então, tirei o domingo para ver o filme.

Como leitor de quadrinhos há anos, sempre fui defensor das adaptações cinematográficas, mas sei que tem limite. Algumas pequenas mudanças são feitas para que a passagem seja "verossímel", mas grandes mudanças podem mudar tanto que o filme passa a ser outro (vide o primeiro Hulk e Elektra).

Acho que Anjos e Demônios fica no meio termo. O filme segue toda a linha de raciocínio do livro, mas tem muitas diferenças. Algumas questionáveis, pois tiram a essência de alguns personagens fundamentais. Outros personagens importantes nem aparecem. Pra mim, ficou parecendo que Tom Hanks é "o cara", então, só ele importa. Ewan MacGregor e Stellan Skarsgârd são excelentes atores e personagens-chave no livro/filme, mas nem aparecem nos cartazes e são coadjuvantes nos trailers. A longa-porém-intrigante-explicativa-e-necessária seqüência inicial do livro, transforma-se em corridos-míseros 5/10 minutos que chegam a atordoar e superficializar informações preciosas.

Comparando com o filme anterior (O Código DaVinci), esse tem mais ação. Ainda mantém aquele clima de gincana que precisa decifrar enigmas passo a passo para chegar ao prêmio final, mas dessa vez é para salvar vidas. Meu amigo Otávio diz em seu blog Hollywoodiano que é isso mesmo: cinema não deve ser uma aula de história, e sim entretenimento. Por isso que dá vontade de viajar pela Itália e pelo Vaticano e beber cultura e arte em litros, assim como a viagem francesa do Código. Tanto que o turismo francês faz caravanas para visitar a linha real e o Louvre, além dos inúmeros documentários "desvendando" o tema. Com certeza já estão preparando o mesmo na Itália com os Illuminati.

Sobre o tema do filme, volto a dizer que vale a reflexão. Quando no fim ouvi a frase "a religião é falha, porque o homem é falho", entendi o porquê da censura do Vaticano. No início achei que fosse por abrir ao mundo os rituais e locais mais sagrados da Igreja Católica. Mas me dei conta que é muito mais... em sua força, a Igreja encontra sua vulnerabilidade. A Igreja e as religiões foram feitas pelos homens e, portanto, são falhas também. O mais difícil é admitir os erros e aIgreja costuma demorar séculos para fazer isso.

Por tudo isso (e um pouco mais), eu acho que todos devem ler o livro, antes ou depois de ver o filme. A reviravolta no final é muito boa no filme, mas é MUITO MELHOR NO LIVRO! E preparem-se: o terceiro livro de Dan Brown, The Lost Symbol ("O símbolo perdido"), lançado em abril deste ano, já foi comprado por Hollywood!

PS.: Um pequeno spoiler de um designer indignado... umas das coisas mais legais do livro é a solução tipográfica dos ambigramas góticos dos Illuminati. Pô... tirando o primeiro ambigrama "Illuminati", os outros cinco passam quase despercebidos no filme! Tá... eles aparecem "bem marcados", mas não dá tempo de ver a arte do ambigrama. E ainda mudaram o Diamante Illuminati dos quatro elementos pelas chaves do brasão papal! Achei um gafe... uma gafe bem amarrada no filme... mas uma gafe! Por isso, coloco aqui os ambigramas!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Fé: uma reflexão religiosa e/ou científica

Neste fim de semana estréia o filme Anjos e Demônios, apatado do livro homônimo de Dan Brown, o mesmo autor de Código Da Vinci. O cara gosta de questionar a igreja e isso me interessa muito. Tenho inúmeras ressalvas a fazer ao empreendimento humano chamado religião e seus consequentes dogmas e edificações.

O mesmo homem que criou a religião em seus primórdios para tentar entender o mundo, agora tem a ciência para explicar seus fenômenos. Neste livro, ele retoma o eterno embate entre ciência e religião. E em 2/3 de seu discurso, a ciência parece vitoriosa nas explicações. Mas não nos meios. Leiam esse longo trecho que a Igreja enfrenta diretamente a Ciência e dá até uma pitadinha de Bauman:
A ciência é o novo Deus. Medicina, comunicações eletrônicas, viagens espaciais, amnipulação genética, estes são os milagres sobre os quais agora falamos às nossas crianças. Estes são os milagres que alardeamos como prova de que a ciência nos trará as respostas. As histórias antigas de concepções imaculadas e mares que se abrem não são mais relevantes. Deus ficou obsoleto. A ciência venceu a batalha. Nós nos rendemos. Mas a história da ciência nos custou caro. Custou muito caro para cada um de nós.

A ciência pode ter aliviado os sofrimentos das doenças e dos trabalhos enfadonhos e fatigantes, pode ter proporcionado uma série de aparelhos engenhosos para nossa conveniência e distração, mas deixou-nos em um mundo sem deslumbramento. Nossos crepúsculos foram reduzidos a comprientos de ondas e freqüências. As complexidades do universo foram desmembradas em equações matemáticas. Até o nosso amor-próprio de seres humanos foi destruído. A cieência proclama que o planeta Terra e seus habitantes são um cisco insignificante no grande plano. Um acidente cósmico. Até a tecnologia que promete nos unir, ao contrário, nos divide. Cada um de nós está hoje eletronicamente conectado ao globo inteiro e, entretanto, todos nos sentimos sós. Somos bombardeados pela violência, pela desintegração e pela traição. O ceticismo passou a ser uma virtude. O cinismo e a exigência de provas para tudo converteram-se em pensamento esclarecido. Alguém ainda se admira que as pessoas hoje se sintam mais deprimidas e derrotadas do que em qualquer outra ocasião da história do homem? Será que existe alguma coisa que a ciência considere sagrada? (...) Despedaça o mundo de Deus em parcelas cada vez menores em busca de significados e só encontra mais perguntas.

A velha guerra entre a ciência e a religião está encerrada. Vocês venceram. Mas não venceram honestamente. Não venceram fornecendo respostas. Venceram redirecionando nossa sociedade de modo tão radical que as verdades que outrora víamos como diretrizes agora parecem inaplicáveis. A religião não tem capacidade de acompanhar isso. O crescimento científico é exponencial. Alimenta-se de si mesmo como um vírus. (...) Atualmente calculamos por semana o progresso científico. Estamos girando fora de controle. O abismo entre nós se aprofunda sem parar e, à medida que a religião vai ficando para trás, as pessoas se vêem em um vazio espiritual. Imploramos pelo sentido das coisas. (...) Frequentamos médiuns, buscamos contato com os espíritos, experiências extracorpóreas, uso do poder mental (...) São o grito desesperado da alma moderna, solitária e atormentada, deformada por seu próprio esclarecimento e incapacidade de aceitar que haja sentido em qualquer coisa que seja estranha à tecnologia.

(...) Desde o tempo de Galileu, a Igreja vem tentando diminuir o ritmo da marcha implacável da ciência, às vezes por meios equivocados, mas sempre com intenções benéficas. (...) As promessas da ciência não foram mantidas. As promessas de eficiência e simplicidade resultaram somente em poluição e caos. Somos uma espécie despedaçada e frenética, seguindo um caminho que nos leva à destruição.

Quem é esse deus-ciência? Quem é esse deus que oferece poder a seu povo, mas nenhuma estrutura moral para lhe dizer como usar este poder? Que tipo de deus dá fogo a uma criança, mas não a avisa sobre seus perigos? A linguagem da ciência não vem com diretrizes sobre o bem e o mal. Os livros científicos explicam-nos como criar uma reação nuclear, mas não tem nenhum capítulo discutindo se a idéia é boa ou má.

(...) Estamos exaustos de tanto ser uma diretir para o mundo. Nossos recursos estão esgotados por sermos a voz do equilíbrio enquanto vocês se atiram de cabeça em sua busca or chips menores e lucros maiores. (...) Seu mundo anda tão depressa que, se pararem por um instante que seja para refletir sobre as implicações de seus atos, alguém mais eficiente pode ultrapassá-los em um piscar de olhos. Por isso voces vão em frente. Promovem o aumento das armas de destruição em massa, mas é o Papa quem tem que viajar pelo mundo suplicando aos líderes que tenham prudência. Clonam criaturas vivas, mas é a Igreja que tem de lembrar a necessidade de considerarmos as implicações morais de nossos atos. Incentivam as pessoas a interagir através do telefone, telas de vídeo e computadores, mas é a Igreja que abre suas portas e nos lembra de comungar aqui, no mundo real, que é como se deve fazer. (...)

(...) Mostrem-nos uma prova de existência de Deus, dizem vocês. E eu respondo, usem seus telescópios para olhar o céu e me digam como é possível não haver um Deus. (...) Será que é mesmo tão mais fácil acreditar que escolhemos a carta certa em um baralho em que há bilhões delas? Será que estamos tão falidos espiritualmente que preferimos acreditar numa impossibilidade matemática e não em um poder maior do que nós?

Se vocês acreditam em Deus ou não, tem de acreditar nisto: quando nós, como espécie, abandonamos a confiança em um poder maior do que nós, abandonamos também nossa obrigatoriedade de prestar contas. A fé, todas as formas de fé, são advertências de que existe algo que não podemos compreender, algo a que temos de responder. Com fé, prestamos contas uns aos outros, a nós mesmos e a uma verdade maior. A religião é falha, mas só porque o homem é falho. (...)

O Vaticano já está mandando boicotar o filme assim como fez com o anterior... aliás... assim como fez com os livros. Mas será que o livro foi lido? Será que é outro equívoco na tentativa de frear a ciência?

Eu me considero, de certa forma, um cético. Continuo sendo mais "cientista", porém tenho a minha fé. Esse texto vale uma longa reflexão. Talvez não pela religião ou pela ciência, mas pelos rumos que estamos indo.

(BROWN, Dan. Anjos e Demônios. Trad. Maria Luiza Newlands da Silveira. Rio de Janeiro: Sextante, 2004, p. 314-8.)

sábado, 25 de outubro de 2008

Inclua-se no hoje

Em junho deste ano, eu falei sobre o livro "Identidade líquida" do sociólogo Zygmunt Bauman. Nele você se descobre parte do mundo. Mas que mundo é esse é a pergunta que tem resposta no livro "Modernidade Líquida" do mesmo autor.

Nele, Bauman tenta descrever o hoje, o presente, o mundo em que vivemos. Com isso, é possivel se incluir na sociedade. Saber que você realmente faz parte dessa loucura é importante. Mas é preciso entendê-la, saber como se dão as novas relações. E desenvolve o termo "líquido" e talvez seja legal que ele seja o primeiro a ser lido, uma vez que o termo é central a todas as suas publicações. Para ele, "os fluidos não fixam o espaço ou prendem o tempo".

Eu recomendo muito esse livro. Volto a dizer que ele parece meio pessimista, mas não é. Ele é verdadeiro.

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BE INCLUDED IN TODAY
In June, I talked about sociologist Zygmunt Bauman's book "Liquid Identity". In it you will find yourself in the world. But which world is the question that has a an answer in the book "Liquid Modernity" by the same author. Bauman describes the today, the present, the world in which we live, and then, you can be included in society. It's important to know that you are part of this madness, understand it and know how the new relationships occur. He develops the term "liquid" in this book, so is the first to be read, because the term is central to all its publications. For him, "the fluid does not fix the space or do the time." I highly recommend this book. I will say again that he seems pessimistic, but he is not. He is real.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Identidade líquida

Divulgo aqui o livro "Identidade" do sociólogo polonês Zygmunt Bauman (Jorge Zahar Ed., 2005), baseado em entrevistas feitas por Benedetto Vecchi.

Bauman é questionado sobre a formação da identidade e como ela se dá nos dias atuais. Ele desenvolveu ao longo de seus trabalhos o conceito de "líquido" para a humanidade atual, ou seja, as coisas estão num estado fluido de constante mudança e movimento.

Lembro-me daquele provérbio que dizia que um rio nunca é o mesmo. O mesmo vale para nós. A cada momento somos pessoas diferentes que desejam coisas diferentes em um mundo que oferece oportunidades de diferenças.

Em vários momentos, Bauman parece pessimista, mas, na verdade, ele está constatando a realidade em que vivemos hoje. Uma realidade onde não sabemos quem somos porque temos muitas "possibilidades de ser".

Acho válido todo mundo ler para entender o Hoje. É muito bom para que nós vejamos como se dão as relações do homem consigo mesmo, do homem com o outro e do homem com o mundo.

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LIQUID IDENTITY
Everybody should read the book "Identity", by Zygmunt Bauman. It's a good book to understand how we relate with ourselves, with the others and with the world nowadays. Our identites are changing as the reality.