É longo, mas vale a pena pensar nesse tipo de transformação – da referência ao ostracismo – que o tempo histórico nos oferece.
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segunda-feira, 30 de outubro de 2017
Pra onde foi a Arte grega?
Em 2014, fiz o curso "Introdução à Arte Moderna: do Néoclássico ao Impressionismo", na PUC-RJ. Como conclusão, escrevi um trabalho sobre a arte grega chamado Os anos perdidos da Arte grega: A transformação dos cânones ocidentais clássicos em uma produção anticlássica, onde investigo os rumos que tomaram os preceitos considerados clássicos ao longo dos séculos.
É longo, mas vale a pena pensar nesse tipo de transformação – da referência ao ostracismo – que o tempo histórico nos oferece.
É longo, mas vale a pena pensar nesse tipo de transformação – da referência ao ostracismo – que o tempo histórico nos oferece.
sábado, 1 de outubro de 2016
Arte ao Lado: Bianca Behrends
Goste você ou não, o Carnaval brasileiro é uma expressão cultural nacional reconhecida mundialmente. O Sambódromo apresenta todo ano um trabalho artístico incrível realizado por um gigantesco número de pessoas. Uma dessas pessoas é Bianca Behrends, cientista social especializada em cultura popular brasileira, que se tornou carnavalesca e membro da Comissão de Carnaval do G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis. Ela é responsável pela documentação artística dos enredos, atuando no processo de concepção, desenvolvimento e execução dos temas propostos… ou seja, dá vida ao enredo, transforma história em arte. É ela que confecciona com todo comprometimento e devoção o material descritivo do enredo para todos nós podermos entender o trabalho artístico que está sendo apresentado na Avenida.
Até então, Bianca adorava seu trabalho, mas confessa que não acreditava que ficaria no Carnaval. Em 2007, teve que assistir pela TV a Beija-Flor vencer o Carnaval. Foi aí que se deu conta que já tinha virado azul e branco e que não conseguiria ficar sem o canto da comunidade que se eleva na Marquês da Sapucaí. Em suas palavras: “tinha sido embriagada por essa cachaça que é o Carnaval.”
Ao longo desses treze anos, Bianca não só é hexacampeã com a Beija-Flor, como também é tricampeã pelo Canto da Alvorada (Belo Horizonte / MG) e tricampeã do prêmio Plumas e Paetês / Melhor Pesquisadora, entre outros. Apesar de tanta renúncia pessoal, grana curta e horários imprevisíveis, é feliz no que faz.
Na verdade, feliz sou eu de ter alguém como Bianca próximo a mim. Chega a ser difícil de explicar... difícil não em palavras, mas em todo sentido emocional. Estudamos juntos na mesma escola desde sempre, por isso, nos conhecemos há mais de 30 anos. Esse tempo forjou uma amizade que não se apega ao cotidiano, mas aos laços fortes que a história (alvo de suas pesquisas!) acaba trazendo. Aliás, feliz são todos que a tem por perto. Seu humor impagável, seu coração gigante e sua capacidade de falar em hipertexto são características daqueles sambas que levantam a avenida e fazem a gente esperar ansiosos o próximo carnaval (ou o próximo encontro).
Até então, Bianca adorava seu trabalho, mas confessa que não acreditava que ficaria no Carnaval. Em 2007, teve que assistir pela TV a Beija-Flor vencer o Carnaval. Foi aí que se deu conta que já tinha virado azul e branco e que não conseguiria ficar sem o canto da comunidade que se eleva na Marquês da Sapucaí. Em suas palavras: “tinha sido embriagada por essa cachaça que é o Carnaval.”
Carro do campeonato de 2005 sobre as missões jesuíticas no Brasil. |
Carro do campeonato de 2015 com enredo sobre a Guiné Equatorial. |
Ao longo desses treze anos, Bianca não só é hexacampeã com a Beija-Flor, como também é tricampeã pelo Canto da Alvorada (Belo Horizonte / MG) e tricampeã do prêmio Plumas e Paetês / Melhor Pesquisadora, entre outros. Apesar de tanta renúncia pessoal, grana curta e horários imprevisíveis, é feliz no que faz.
Na verdade, feliz sou eu de ter alguém como Bianca próximo a mim. Chega a ser difícil de explicar... difícil não em palavras, mas em todo sentido emocional. Estudamos juntos na mesma escola desde sempre, por isso, nos conhecemos há mais de 30 anos. Esse tempo forjou uma amizade que não se apega ao cotidiano, mas aos laços fortes que a história (alvo de suas pesquisas!) acaba trazendo. Aliás, feliz são todos que a tem por perto. Seu humor impagável, seu coração gigante e sua capacidade de falar em hipertexto são características daqueles sambas que levantam a avenida e fazem a gente esperar ansiosos o próximo carnaval (ou o próximo encontro).
sexta-feira, 2 de maio de 2014
Deutscher Werkbund
Fundado em 1907, o Deutscher Werkbund - uma associação de arquitetos, artistas e empresários - tinha por objetivo melhorar a qualidade dos produtos industriais e teria sido o primeiro a pensar no desenho industrial e em uma identidade corporativa. "Não existia antes a profissão de designer industrial e o Werkbund tinha a preocupação de formar esses profissionais. Além disso, foram inovadores ao propor unidade e harmonia no design corporativo, criando uma identidade, presente da logo aos produtos", explica Martin Gegner, responsável por trazer a exposição 100 anos de Arquitetura e Design na Alemanha ao Brasil, que também é professor visitante da FAU-USP e diretor do escritório do DAAD-SP.
Apesar de muito influente no design e arquitetura internacionais, nem sempre a Deutscher Werkbund é reconhecido por seu trabalho. O objetivo da exposição é tornar toda essa influência mais visível. No Brasil, a associação é famosa apenas em círculos especializados: eu, por exemplo, que estudei na (ainda?) considerada melhor faculdade de design do país, nunca havia ouvido falar. E olha que Peter Behrens, presente na minha dissertação de mestrado na mesma instituição, era fundador! Sabe quem mais fazia parte do seleto grupo? Walter Gropius, Marcel Breuer, Mies van der Rohe e Max Bill (que ajudou na fundação de tal escola!)! bom... por ser uma associação, o Werkbund estava constantemente discutindo seus direcionamentos formais e políticos, diferente da Bauhaus, cujos conceitos eram bem definidos pelos mestres (hmmm... será que está aí a explicação da doutrina que me ensinaram e continuam ensinando?).
A ótima exposição traz produtos, cartazes, móveis e maquetes... me deixou com um ar de enganado e de ignorante, porém, furiosamente instigado a saber mais e melhor. Ela ainda é gratuita e fica até 18 de maio no excelente Centro Cultural São Paulo.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Lição de sangue
Batismo de Sangue (2006/2007) não é um filme fácil. Até porque falar sobre a ditadura no Brasil nunca é agradável... ainda mais quando o foco fica na tortura. Mas não quero fazer uma crítica ao filme em si. Quero fazer uma constatação pessoal.
A Igreja me incomoda. Seus rituais, suas necessidades, suas exigências, suas manipulações. Estudar a História do mundo nos coloca frente a frente com uma instituição politicamente incorreta e economicamente desleal (o que falar da Inquisição? E as indulgências abusivas?) Bom... mas também não vou discursar sobre os malefícios dessa igreja.
O filme de Helvécio Ratton baseado no livro homônimo de Frei Betto nos revela a ação dos frades dominicanos durante a ditadura brasileira. Confesso aqui minha surpresa. Não tinha a mínima ideia dessa presença ativa e fundamental em favor da democracia no país.
No meio do filme, aparece um cardeal que reprova as ações do frades, representando a posição que eu imaginava da Igreja. Mas uma missa dentro do presídio do DOPS, realizada pelos quatro frades com Tang sabor uva como vinho e biscoito Maria como hóstia quebrou esse meu paradigma. Na verdade, meu antigo ponto de vista é abalado desde o início quando acompanhei os frades envolvidos em reuniões estudantis e fuga de líderes do movimento libertário.
As torturas servem para impactar - é claro -, mas fazem muito mais: eles humanizam a Igreja. Fortalecem a minha opinião de que a Igreja é uma criação humana... feito por homens para os homens. E, por isso, em nenhum momento fiquei incomodado com as ditas traições dos frades que revelaram informações vitais aos militares. Eles o fizeram sob tortura física e psicológica. Homens sentem dor. Sentem medo.
Sendo assim, creio que esse filme não deve ser apenas um registro do passado: precisa ser ensinado. Em aulas de História, de Política e, principalmente, de Religião.
A Igreja me incomoda. Seus rituais, suas necessidades, suas exigências, suas manipulações. Estudar a História do mundo nos coloca frente a frente com uma instituição politicamente incorreta e economicamente desleal (o que falar da Inquisição? E as indulgências abusivas?) Bom... mas também não vou discursar sobre os malefícios dessa igreja.
O filme de Helvécio Ratton baseado no livro homônimo de Frei Betto nos revela a ação dos frades dominicanos durante a ditadura brasileira. Confesso aqui minha surpresa. Não tinha a mínima ideia dessa presença ativa e fundamental em favor da democracia no país.
No meio do filme, aparece um cardeal que reprova as ações do frades, representando a posição que eu imaginava da Igreja. Mas uma missa dentro do presídio do DOPS, realizada pelos quatro frades com Tang sabor uva como vinho e biscoito Maria como hóstia quebrou esse meu paradigma. Na verdade, meu antigo ponto de vista é abalado desde o início quando acompanhei os frades envolvidos em reuniões estudantis e fuga de líderes do movimento libertário.
A missa. |
Caio Blat como Frei Tito |
Sendo assim, creio que esse filme não deve ser apenas um registro do passado: precisa ser ensinado. Em aulas de História, de Política e, principalmente, de Religião.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Adotado, mas feliz!
Hoje é o Dia do Designer Gráfico! Mas, ao invés de celebrar a profissão e falar maravilhas (e críticas), prefiro dividir um sentimento recente.
Sabe quando um filho sempre achou que fosse diferente demais de seus familiares e um belo dia descobre que foi adotado? Mas ele não sofre, pois tudo passa a fazer sentido? Esse é o sentimento que quero celebrar!
Explico: sou filho da ESDI. Fiz tanto graduação quanto mestrado na considerada melhor instituição de design do país, com direito a ser um marco importante na história da profissão. Mesmo tendo orgulho disso, sempre fui muito critíco (as usual...) e achava que alguma coisa estava errada em toda aquela lavagem cerebral que era feita. Meu crescimento profissional sempre "tateou no escuro", como se sempre estivesse procurando algo que me parecia errado na minha relação com o design. Aí, então...
Comecei neste mês de abril um mini-curso com um professor que também me deu aulas na ESDI. Na segunda aula, ele iria falar basicamente sobre a história do design no Brasil. Eu já esperava a tal lavagem cerebral, mas, como sempre respeitei a sabedoria infinita deste professor, acreditei que poderia vir alguma coisa nova. PUTZ!
Não vou conseguir reproduzir aqui o que foi falado com a mesma maestria, mas, em duas horas, ele contextualizou o design brasileiro com o cenário mundial através da ARTE, da política e da economia. PUTZ (de novo!)! Foi como se uma ficha tivesse finalmente caído! Comecei a entender as minhas diferenças, as minhas questões (por exemplo, porque gosto tanto de Construtivismo Russo)... finalmente me senti designer! Me lembrei até do sentimento que tive ao ler o livro Modernidade Líquida, de Zygmunt Bauman...
Incrível! E isso tudo está acontecendo no ano em que completo 10 anos de formado. Excelente! Aguardo as próximas aulas com ansiedade adolescente!
PS.: João de Souza Leite é o nome deste verdadeiro mestre! Costumo me perguntar como ele consegue absorver tanta informação para depois expressá-las com coesão.
Sabe quando um filho sempre achou que fosse diferente demais de seus familiares e um belo dia descobre que foi adotado? Mas ele não sofre, pois tudo passa a fazer sentido? Esse é o sentimento que quero celebrar!
Explico: sou filho da ESDI. Fiz tanto graduação quanto mestrado na considerada melhor instituição de design do país, com direito a ser um marco importante na história da profissão. Mesmo tendo orgulho disso, sempre fui muito critíco (as usual...) e achava que alguma coisa estava errada em toda aquela lavagem cerebral que era feita. Meu crescimento profissional sempre "tateou no escuro", como se sempre estivesse procurando algo que me parecia errado na minha relação com o design. Aí, então...
Comecei neste mês de abril um mini-curso com um professor que também me deu aulas na ESDI. Na segunda aula, ele iria falar basicamente sobre a história do design no Brasil. Eu já esperava a tal lavagem cerebral, mas, como sempre respeitei a sabedoria infinita deste professor, acreditei que poderia vir alguma coisa nova. PUTZ!
Não vou conseguir reproduzir aqui o que foi falado com a mesma maestria, mas, em duas horas, ele contextualizou o design brasileiro com o cenário mundial através da ARTE, da política e da economia. PUTZ (de novo!)! Foi como se uma ficha tivesse finalmente caído! Comecei a entender as minhas diferenças, as minhas questões (por exemplo, porque gosto tanto de Construtivismo Russo)... finalmente me senti designer! Me lembrei até do sentimento que tive ao ler o livro Modernidade Líquida, de Zygmunt Bauman...
Incrível! E isso tudo está acontecendo no ano em que completo 10 anos de formado. Excelente! Aguardo as próximas aulas com ansiedade adolescente!
PS.: João de Souza Leite é o nome deste verdadeiro mestre! Costumo me perguntar como ele consegue absorver tanta informação para depois expressá-las com coesão.
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quarta-feira, 30 de março de 2011
Uma década de design...
Hoje completo exatos 10 anos de formado na Escola Superior de Desenho Industrial: a ESDI. Fiz parte da excelente 33ª turma, que, em um inspirador boulevard cinza, se formou no dia 30 de março de 2001 com:
- Angelo Allevato Bottino
- Daniel Assunção Andrade
- Eduardo de Souza Pacheco
- Emílio Rangel Carneiro
- Erick Grigorovski
- Evandro Coriolano Durand Jr.
- Fábio Pinto Lopes de Lima
- Fernanda Garcia de Araújo
- Giovana Casaccia Vaz
- Guilherme Rangel Capilé de Souza
- Guilherme Ribeiro Tardin Costa
- Henrique Tikara Miyazaki
- João Marcelo Guimarães Brasil
- Julia Gostkorzewicz
- Laura Klemz Guerrero
- Leonardo Alves Conrado de Souza
- Luciana de Souza Moreira
- Luciana Gobbo Fernandes
- Pedro Conforti
- Raphael Frota de Abreu
- Ricardo Luiz Leal Barrocas
- Rita de Cássia da Costa Alcântara
- Ursula Schum
- Wagner Bandeira da Silva
- e eu, é claro!
Trote: Todos fantasiados como super-heróis para pedir dinheiro. Um dos grandes momentos da turma que nos uniu logo de cara.
Eu me coloquei por último na lista porque fui realmente o "E" no vestibular. Explicando: em 1995, só entravam 35 alunos na ESDI. Eu fiquei em 49º e imaginei que seria impossível 14 pessoas largarem a "melhor faculdade de design do país". Cheguei a me inscrever em desenho industrial na UFRJ, quando saiu a primeira reclassificação e entraram outros 11. Aí eu tive certeza que 3 desses 11 jamais perderiam essa oportunidade. Adivinha o que aconteceu na segunda reclassificação? Exatos 3 saíram!!! Entrou Fulano, Siclano... E eu!!! Nem lembro quem eram os outros dois de tão feliz que estava! Cancelei minha matrícula na UFRJ (para dar oportunidades a outros, assim como eu ganhei) e fui viver a minha história de amor e ódio na Rua Evaristo da Veiga 95, Lapa.
Também fazem parte desta história: Roberto Eppinghaus, Amador Pérez, João Leite, João Lutz, Frank Barral, Wandyr Hagge, Jorge Lúcio, Noni Geiger, Elianne Jobim, Arísio Rabin, Guilherme Cunha Lima, Gabriel Patrocínio, Rodolfo Capeto, Freddy Van Camp, Silvia Steinberg, Geraldo (de artes), Valéria (de matemática), Arruda (de física), Claudia Mourthé, Rafael Cardoso, Portugal, Mestre Guto, Mestre Ivo, Silvana, Riper, João Bezerra, Roberto Verschleisser, Gil, Átila e muitos outros professores que nos viciaram, traumatizaram e marcaram à ferro e fogo o design nas nossas vidas.
Tenho orgulho de ter estudado na ESDI. Tanto orgulho que fiz o meu Mestrado em Design lá. Faço críticas sempre, mas there's no place like home...
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Brasil esquecido
Pois é... deixei passar o dia de propósito. Meu primo Kiko me alertou que temos feriados nos dias 21 (Tiradentes) e 23 (São Jorge) de abril, mas não temos feriado em um dia muito mais importante... o dia do meio... o 22 de abril... DIA DO DESCOBRIMENTO DO BRASIL!
Já que o povo brasileiro gosta tanto de um feriado, como podemos esquecer de comemorar um momento histórico tão importante quanto esse? Afinal, só estamos aqui do jeito que estamos hoje (bem ou mal) porque Cabral resolveu se perder e chegar aqui! Por que não fazemos feriado? POR QUÊ???
Eu voto em feriado nacional! E Salve Jorge!
Já que o povo brasileiro gosta tanto de um feriado, como podemos esquecer de comemorar um momento histórico tão importante quanto esse? Afinal, só estamos aqui do jeito que estamos hoje (bem ou mal) porque Cabral resolveu se perder e chegar aqui! Por que não fazemos feriado? POR QUÊ???
Eu voto em feriado nacional! E Salve Jorge!
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