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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

O ziriguidum ao lado

O Carnaval está chegando e a revista do Arte ao Lado está voltando! Então, mexa-se! Tem dança, tem teatro e – é claro – arte na Sapucaí!



"Ô abre-alas que eu quero passar..."

domingo, 1 de maio de 2016

Arte ao Lado: Ricardo Ferreira

Ricardo Ferreira foi o estopim do retorno deste projeto. Foi ele que mandou o texto muitos meses depois do prazo e acabou reativando a chama. Mas logo no início ele explica a razão da demora:
“Entrei em crise [risos]. Não sei porque faço. Eu não escolhi. Fui escolhido. A arte faz parte da minha vida, do meu ser, do meu dia-a-dia. não consigo encontrar um dia em que eu não tenha exercitado. E como ator, eu posso ser o que quiser ou o que precisar que eu seja. Vivo vidas diferentes, histórias interessantes. Tenho acesso a pessoas, seres, situações que eu não teria em outra profissão.”
Seu ídolo Charles Chaplin o guiou para o caminho do riso. Há 5 anos formou o Impromédia, um grupo que trabalha técnicas de humor/comédia com jogos de improviso. Temas, ideias e sugestões surgem da plateia, que se tornam co-autores da alegria, da diversão nas cenas que os conectam. A possibilidade do “tudo novo, de novo” o faz leve, livre, apaixonado.


A jornada de Ricardo já tem mais de 20 anos. Começou a cursar teatro ainda na escola e foi montando peças, viajando, participando de festivais. Graduou-se em Cinema, fez mais teatro, comerciais, novelas (Dona Xepa e Vitória, na Record), filmes e se preparou para ser professor, sabendo que viver da sua arte no Brasil é uma luta constante. E foi aí que cruzamos nossos caminhos.

Ricardo foi Galeto em Dona Xepa e Virgulino em Vitória

Despojado e sempre em busca da alegria, era impossível não ser atraído pela personalidade do Barrão numa sala de aula. Num instante virei Tupã! [piada interna]. Mas sua humildade é tão magnética quanto seu riso. Ricardo agradece sempre que pode às pessoas que cruzaram sua estrada, pois são elas que o ensinam e o levam a continuar: “Eu vivo de histórias. Vivo de pessoas. Para elas e por elas. Se não tenho alguém, eu sou ninguém. Preciso de alguém para me ouvir ou para ser ouvido. Se existe uma pessoa falando e outra ouvindo, já temos teatro. E se tenho alguém rindo para mim, por mim, de mim ou comigo, minha missão foi cumprida.”

Eu é que agradeço, Ricardo. E fecho esse texto com sua citação preferida:
That’s the time you must keep on trying
Smile, what’s the use of crying?
You’ll find that life is still worthwhile
If you’ll just smile.
Charles Spencer Chaplin

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Ao Oscar com: BIRDMAN

Quase metalinguístico. Quase biográfico. Foram as duas coisas que pensei ao sair de Birdman (ou a Inesperada Virtude da Ignorância) [Birdman (or the Unexpected Virtue of Ignorance, 2014). O diretor Alejandro Gonzáles Iñarritu realiza um exercício cinematográfico de tomada única, ou seja, a câmera não pára, fica o tempo inteiro presente como se fosse um personagem do filme, como se fosse o espectador. O cenário é a coxia de um teatro da Broadway e seu entorno somente. Ficamos confinados nesse espaço e imersos nas relações.

O filme conta a história de Riggan Thompson, um ator que no passado foi famoso por interpretar um super-herói (o Birdman) tentando retomar seu prestígio e sua carreira ao escrever, dirigir e estrelar uma peça na Broadway em meio ao novo mundo das subcelebridades e redes sociais. Não à toa, o ator chamado para estrelar esse filme foi Michael Keaton, o eterno Batman. E é por essa razão que vários momentos parece um filme feito para ele. Até as frases são perfeitas para o filme e - talvez - para a carreira de Keaton! Acho que ele se reposicionou como ator e nós o redescobrimos. Pode vir um Oscar.


Edward Norton surpreende com um papel irritante e diferente do que estou acostumado a vê-lo (mesmo sabendo que ele fez algo bem parecido com ele mesmo na vida real), enquanto Naomi Harris está chatíssima e apagada. Já Emma Stone se fixa como uma atriz MUITO talentosa. Até Zach Galifianakis, que dificilmente seria pensado como um ator “sério” dá um show interpretando o agente de Riggan.

Apesar de ter encantado a Academia por seu lado metalinguístico, ser indicado para nove prêmios (Filme, Direção, Ator, Ator Coadjuvante, Atriz Coadjuvante, Roteiro Original, Edição de Som, Mixagem de Som e Fotografia) e ter vencido os SAG Awards de Melhor Elenco e Melhor Filme, só deve concorrer com força em dois ou três Oscars, mas perderá para Boyhood, o favorito absoluto.

É um filme diferente do usual que pode não agradar a todos. Questiona o mundo do teatro/cinema/celebridade e te leva por dentro dos personagens de uma forma sofisticada. [SPOILER] Confesso que não sei se precisava do super-herói em si. A voz e a simulação dos poderes já sustentava. Claro que ver Keaton vestido de Birdman aumenta o lado biográfico, mas o voar, as explosões... fiquei na dúvida da necessidade, mesmo com o final metafórico.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Um conselho de classe

Capa do livro com os texto original da peça.
Seja por exemplo de família, oportunidade ou convicção, a vida me transformou em professor. São tantas as dificuldades que está mais para vocação do que para profissão. E isso está muito bem retratado na peça Conselho de Classe (ate 19 de outubro, no Teatro Fashion Mall).

A sinopse diz que uma reunião de professoras é desestabilizada pela chegada de um novo diretor após o afastamento da anterior que se envolveu numa confusão com alunos. O encontro faz eclodir dilemas éticos e pessoais que muitos ACHAM que conhecem, mas viver o dia-a-dia de uma sala de aula é bem diferente.

O espetáculo escrito por Jô Bilac tem direção de Bel Garcia e Susana Ribeiro e coloca a Cia dos Atores fazendo o papel das professoras. Isso mesmo: homens no papel de mulheres. No início, os personagens vão se construindo e o humor se apresenta. No entanto, quando a realidade da educação e do atual ambiente escolar, os dramas se intensificam e o humor serve como alívio.


É uma porrada. Às guerreiras Palomas, Célias e Mabels, meu mais sincero obrigado. Sei que sou capaz de encarar essa barra porque vocês abriram meu caminho e mostraram que é possível.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Jesus Cristo Super-humano

Não era nascido quando Andrew Lloyd Weber e Tim Rice criaram a opera rock Jesus Cristo Superstar (1970) que causou polêmica com sua versão dos últimos dias desse personagem religioso, comparando-o a uma celebridade com gírias de gangues e intensas disputas de poder. Sua relação complicada com Judas é o que norteia essa história, que ainda conta com a presença de Maria Madalena bem próxima a Jesus e com a ausência de Maria e José.

Imagino a confusão que não deve ter sido... E não parou por aí: em 1973, saiu uma versão cinematográfica (Jesus Christ Superstar) que colocou ainda mais lenha na fogueira. Considerando que era década de 1970 cheia de paz e amor, esperava-se mais liberdade e compreensão, mas, quando se mexe com religião e seus cânones, nada é seguro.

Aqui no Brasil tivemos uma versão em 1972 com tradução de - ninguém menos - que Vinícius de Moraes! E agora, em 2014, saiu a nova versão da peça (mais rock menos hippie) causando tanta polêmica quanto antes... afinal... estamos em tempos de conservadorismos hipócritas ligados à interpretações superficiais dos Evangelhos. Falaram até em excesso de sexualidade na interpretação de Jesus só porque botaram um bonitão sarado Global no papel (também culpa da imagem de divulgação aí embaixo).


Acontece que Igor Rickli SABE CANTAR! E muito! Já o tinha visto em Hair e ele realmente dá um show (como cantor, porque sua atuação é meio over)! Todos sabemos o enredo e aonde vai parar, mas como eles vão chegar lá e com que intensidade é o que interessa. Não há sexualidade, mas um jogo de poder forte que não se costuma abordar. Mostra-se um messias bem mais mortal, mais humano. Ele tem dúvidas, sofre, briga.

O Judas de Alírio Neto é o outro personagem principal e chega a parecer mais importante que Jesus com seus contrastes (menos a peruca horrorosa). Ele carrega o rock na voz e o emprega ao espetáculo. A cantora Negra Li traz suavidade e afinação à sua Maria Madalena. Os cenários são minimalistas e as atuações fora do tom. Por ser um musical espera-se grandes músicas, mas isso não acontece. Tirando um grande momento vocal de Rickli (em Getsêmani), uma ótima surpresa de Herodes (Wellington Nogueira) e os surpreendentes graves de Caifás (Gustavo Muller), nada se destaca. Só a história em si.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Ao Oscar com: OS MISERÁVEIS

Hoje falo da adaptação da obra de Victor Hugo, Os Miseráveis (Les miserábles, 2012). O escritor contou a seguinte história:
Próximo a Revolução Francesa do século XIX, Jean Valjean (Hugh Jackman) rouba um pão para alimentar a irmã mais nova e acaba sendo preso por isso. Solto tempos depois, ele recebe uma segunda chance de se redimir e se reinventar para fugir da perseguição do inspetor Javert (Russell Crowe). Seu caminho se cruza com o da desesperada Fantine (Anne Hathaway) e toda sua vida muda quando ele promete cuidar de sua filha, Cosette.

Tive a sorte (e o enorme prazer) de conhecer esta obra-prima através da montagem na Broadway. Dessa forma, tudo era familiar... mesmo assim... a emoção fluiu em cada música, cada momento, cada lembrança. Fico muito feliz de saber que ainda me arrepio com música e que ainda sou tocado pela arte. Isso me sublima.

Dito isto vamos às considerações. As reclamações ao filme são inúmeras, porque ele é totalmente musical, ou seja, sem quaisquer diálogos. Talvez os incautos não tenham entendido que o filme é uma adaptação do que foi feito na Broadway, e não ao livro, e por isso tenham saído injuriados.

Alguns que viram a magnânima peça também reclamaram da linguagem. Ora... são duas mídias diferentes! Claro que tinha que ser diferente! No teatro, temos acesso visual a tudo com destaque para a iluminação, ou seja, quando alguém canta você vê o ator inteiro e a parte do cenário que está iluminada. Quando temos dois ou mais cantores em cena, podemos ver tudo ou escolher o que ver e ouvir. No cinema, não: nós vemos o que o diretor quer. A saída de Tom Hooper foi dar um close nos atores em seus momentos musicais, como se fosse a iluminação do teatro que faz todo o foco ficar em cima deles. Em caso de cenas de ação, duetos ou mais cantores ficamos a mercê das decisões da direção (e às vezes ficamos sem saber quem está cantando. Mas não é assim no teatro?).

Isso é ruim, então? Acho que não. Isso dá aos atores um potencial dramático único. Hugh Jackman (que já ganhou prêmios como cantor da Broadway) consegue ficar irreconhecível e se distancia de seus papéis de galã de ação. Anne Hathaway só precisou de uma música (e que música! Que cena!) pra ser indicada a todos os prêmios do cinema americano e (se não me engano) levá-los pra casa. Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen (isso mesmo... o Borat!) dão o alívio cômico sem se perder na força dramática da história.

Não sei se o filme irá levar muito mais do que o prêmio de Anne Hathaway - e alguns prêmios técnicos -, porque esse filme é, na verdade, a música. Impossível não querer entrar para a resistência francesa com todos aqueles incríveis hinos (e com o esperto Gavroche) ou se apiedar da on-my-own Eponine. Até o fraco Russell Crowe (aliás... era ele mesmo cantando?) e a acima-do-tom Amanda Seyfried são salvos pela música.

Repetirei quantas vezes for necessário: a música é sublime e a arte é capaz de nos salvar de nós mesmo.

sábado, 8 de setembro de 2012

6 aulas de dança em 6 semanas


Nada como ir a um lugar não esperando nada e ser surpreendido. Foi o que aconteceu comigo na peça 6 aulas de dança em seis semanas, com Suely Franco e Tuca Andrada.

Sucesso no mundo inteiro, essa comédia da Broadway - de autoria do escritor, roteirista e produtor americano Richard Alfieri - já foi traduzida para mais de 12 idiomas e é uma das mais montadas dos últimos 50 anos. Nesse divertido e emocionante espetáculo, Dona Lily (Suely) é uma senhora vaidosa e elegante e Michel (Tuca) é um professor de dança atrevido e irreverente. A paixão pela dança parece ser tudo o que eles têm em comum, mas juntos descobrem que a vida é mais complexa do que jamais imaginaram. Carlinhos de Jesus assina as coreografias e Claudio Tovar os figurinos, em deliciosa 1h30 de espetáculo.

Suely Franco é o show. Quase deixa Tuca Andrada de escada. As histórias de tolerância, solidão, amizade, família, casamento e busca do amor e da felicidade são narradas com um humor intenso, dramático e muitas vezes negro. É de fácil identificação com o público (bem) mais velho que costuma lotar os teatro cariocas, mas a teatro da melhor qualidade para todas as idades.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Família Adams (da Silva)


A Família Adams é realmente um musical para a família, com atores globais, dança e humor no ponto. A história não é a dos filmes de Raul Julia, Angelica Houston e Christopher Loyd. É a das tiras de Charles Adams que se transformaram em série de TV:
Wandinha Addams, a última princesa das trevas, tem um namorado "normal", e para os pais, Gomez e Mortícia, esse é um acontecimento que irá virar de cabeça para baixo a casa dos Addams quando eles são forçados a organizar um jantar para o jovem e seus pais.
A produção é ótima. Claudio Botelho fez uma versão impecável do espetáculo da Broadway, ficando bem atual - com direito a "Eu quero tchu, eu quero tcha"! Marisa Orth é uma excelente atriz e não decepciona no canto e na dança. Daniel Boaventura está sensacional. Aliás, a força musical da peça está nele, que é um excelente cantor/ator. Fester Adams é um espetáculo à parte feito por Claudio Galvan com seu humor vivaz, sua loucura e seus "efeitos especiais".

Marisa e Daniel como Morticia e Gomez Adams.

Wandinha, Lucas e sua família normal não se destacam tanto. Feioso Adams tem seus momentos, assim como a Vovó Adams, mas é no trio principal que o musical tem sua força. Atores-fantasmas ajudam a compor o espetáculo e ainda temos um excelente mordomo Tropeço feito por Rogério Guedes (com uma surpresa no final). Ah... e ainda vemos o primo It (aquele cabeludo que parece uma cruza de Capitão Caverna com uma vassoura) e ums relances da Mãozinha.

O elenco principal.

Com um jogo de cenários e cortinas impressionante, vale o ingresso pra toda a família!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Cabelo, cabeleira, cabeludo, descabelados!


Trinta e três anos depois da estréia na Broadway, os onipresentes e onipotentes Charles Möeller (direção) e Claudio Botelho (versão) fizeram a montagem nacional de Hair, mantendo a qualidade técnica de sempre e a força das mensagens de liberdade, paz e esperança que marcaram as décadas de 60 e 70. Fui ver e me impressionei com a atualidade de tudo! Hair traz um elenco de 30 atores afinadíssimos que nos supreendem - seja em coro, seja em solos - nas 35 músicas que são apresentadas em dois atos cheios de interação com o público.

A história traz cenas curtas sobre uma comunidade de hippies de Nova York, como a montagem original. Tabus raciais, sexuais, de drogas, familiares e políticos fazem parte dos conflitos daquela época que ainda são assunto mais do que em pauta hoje em dia - vide os recentes manifestos de criminalização do usuário de drogas após a confusão no Complexo do Alemão no Rio e atos covardes de violência homofóbica em São Paulo.
Ainda vivemos em guerra e os conflitos são muito parecidos e tão assustadores e sem sentido como o do Vietnã. Da mesma forma que ainda somos cheios de tabus e vivemos na intolerância. O grito de Hair continua ecoando. (Charles Möeller)

Acompanhamos, então, John Berger (Igor Rickli), que lidera o grupo de hippies, e Claude (Hugo Bonemer), que vive o dilema entre as realidades tradicional e hippie quando os EUA o convocam para a Guerra no Vietnã. E a tribo é formada por: Carolina Puntel (Sheila do triângulo amoroso), Karin Hills (Dionne e seu vozeiraço de Aquarius), Leticia Colin (Jeanie, a doidona grávida e divertidíssima), Marcel Octavio (o afetado e católico Woof), Reynaldo Machado (o negão Hud da foto acima. O melhor! Momentos impagáveis! Música perfeita! Vozeirão!), Tatih Köhler (Crissy), Fernando Rocha (fiquei esperando seu momento "aham, senta lá Claudia" do seu Hubert), Danilo Timm (a excelente turista Margareth), Renan Mattos (acho que ele é o engraçadíssimo diretor nazista da escola de Berger), Janaina Lince, Aline Wirley, Bruna Guerin, Kotoe Karasawa (canta muito), Esdras de Lucia, Luciana Bollina, Cesar Mello, Cassia Rachel (que voz!), Conrado Helt, Ditto Leite (bailarinaço), Emerson Spinola, Felipe Maga, Jana Amorim, Julia Gorman, Luana Zenun, Marcelo Pires, Mariana Gallindo, Pedro Caetano e Sergio Dalcin.



Parabenizo também Marcela Altberg (que casting é esse, mulher?), Marcelo Castro (arranjos e direção musical), Alonso Barros (coregrafias excelentes!), Rogério Falcão (cenários simples e na medida), Marcelo Pies (figurino) e Paulo Cesar Medeiros (iluminação importantíssima!). Importante lembrar que Hair virou filme (de Milos Forman, 1979) e já havia sido montado aqui no Brasil em 1969 com Helena Ignez, Armando Bogus, Aracy Balabanian, Ariclê Perez, Francarlos Reis, Sônia Braga, Ney Latorraca, Buza Ferraz, José Luiz Pena e Carlos Alberto Riccelli, entre outros.

Livrem-se dos preconceitos e dos tabus por 2h10 minutos! Paguem o quanto for o ingresso e corram para ver (mas a censura é 14 anos, viu... porque rola nu generalizado!). Fica no Oi Casa Grande até 19 de dezembro!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Gypsy

Mesmo no clima total de Copa do Mundo, parei pra ver o musical Gypsy. A peça fala sobre a atribulada trajetória da stripper Gypsy Rose Lee (1911-1969), uma estrela do teatro burlesco norte-americano, e de sua mãe Mamma Rose, cuja vida girava em torno de suas filhas June e Louise (Gypsy). A base do texto vem do livro de memórias da personagem-título escrito por Arthur Laurents, mas a figura central desta peça é sua controversa mãe.

Mamma Rose é interpretada esplendidamente por Totia Meireles, que atua como nunca e surpreende no canto. Sua personagem é uma mãe que sonha a vida dos filhos, mas abdica de sua própria vida, buscando o estrelato e sempre aguardando o retorno. No fim, sacrifica até mesmo seus valores - e sua filha - pelo sucesso. Mesmo ocorrendo entre 1930 e 40, achei BEM atual... quantos pais não sonham a vida dos filhos chegam até mesmo a interferir diretamente, fazendo com que eles não sigam os próprios sonhos? Vejam os concursos de beleza para crianças ou as correrias para fazer uma audição em comercias de TV para bebês.

Adriana Garambone é Gypsy que mostra um vozeirão e um corpão sensacional, e, na hora que se exige dramaticidade, ela encara na boa! Eduardo Galvão é Herbie, um agente apaixonado que acompanha os devaneios e a sede de sucesso de Mamma Rose, mas também acaba sacrificado. Papel simples com poucos momentos de canto (ainda bem pra ele). Destaco as três strippers do início da carreira de Gypsy: divertidíssimas!

Como sempre bem produzido e adaptado por Charles Möeller e Claudio Botelho, esse clássico da Broadway conta com outros 35 atores e 17 músicos, além de ter 18 trocas de cenário e 140 figurinos. Aplausos para o teatro musical brasileiro (ah... e achei bem barato pela proporção).

quarta-feira, 14 de abril de 2010


Já tem tempo algumas semanas que vi o musical Por uma noite, mas quero citá-lo aqui.

O espetáculo musical é uma adaptação do livro homônimo escrito por Luiz Fernando Filgueiras, estrelado por sete jovens atores e por oito bailarinos. A peça conta a saga de um grupo de jovens músicos que, atuando na orquestra do Fantasma da Ópera, no ano de 2005, em Nova York, se envolve na missão de produzir e protagonizar um musical. O espetáculo faz um passeio por 12 gloriosas montagens das últimas décadas, como: O Mágico de Oz (Somewhere over the rainbow), Rent (Seasons of love), A Chorus Line (One), Fantasma da Ópera (The Phantom of the Opera is dead), Mamma Mia! (Dancing queen), Dreamgirls (Dreamgirls e And I'm telling you I'm not going), Chicago (All that jazz), Hairspray (Good morning, Baltimore e The nicest kids in town), Jersey Boys (Can't take my eyes off of you), Grease (Summer nights), Hair (Aquarius) e a Pequena Sereia (Under the Sea). São, portanto, 13 canções consagradas, encenadas na língua original, mas renovadas por Renato Tribuzy e Jules Vandystadt (um dos atores - o rapaz do meio - e prêmio Shell de melhor arranjo vocal). Os espectadores acompanham, então, os dramas, os sonhos, os humores e os exageros dessa aventura.


Críticas? VÁRIAS! Mas vou dizer que o programa vale a pena. Mesmo quando são assassinadas, as músicas levam o espetáculo. São clássicos! E tem um casal poderoso no meio: Roberta Spindel (a segunda na foto) - com um solo de aplaudir de pé! - e Leandro Camacho (o primeiro na foto). São bons atores com vozes que saem do estereótipo teatral caricato. E repito: as música são incríveis! Por isso fico feliz em saber que o Brail resolveu investir nesse filão teatral e inúmeros musicais - adaptações ou originais - estão sendo montados por aqui. Aplausos a isso!

PS.: A maior crítica está em uma das protagonistas que é - até - uma boa atriz, mas é péssima cantora e detona tudo que participa. Mas prefiro que vocês vejam os créditos completos da peça para entender o porquê da sua presença.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Besourinhos cantantes


Na semana passada, fui assistir ao musical Beatles num céu de diamantes, no novo teatro do Rio Sul. Sem diálogos ou recurso cênico, o objetivo é você realmente curtir as músicas incríveis que esse quarteto londrino fez na década de 60 através das vozes de 11 atores/cantores.


Algumas vozes são ótimas! Destaco o dueto entre Sabrina Korgut (a mesma do incrível Avenida Q) e Pedro Sol que misturam Let it be e Yesterday. Ah... e destaco também o ator-cantor-percussionista-dançarino-bombril Jonas Hammar... o cara faz de um tudo (pana que na foto lá em cima ele ficou atrás de todo mundo...)!


Falou em musical, falou em? Isso mesmo... é de Charles Möeller e Claudio Botelho. Existe um fio condutor bem tênue com Alice no País das Maravilhas, mas só fica visível quando se lê no cartaz de entrada que existe isso. E - pra falar a verdade - as músicas são o que valem, ou seja, dá pra comprar uma boa coletânea dos Beatles e curtir em casa até furar o CD. No geral, sem cenário, sem figurino, sem texto... só podia ficar um show mais ou menos (porque não dá pra ser um teatro, né?).

sábado, 18 de julho de 2009

Avenida Q!

Caraca... não vou cansar de repetir que vale a pena gastar um pouco mais com cultura.

Fui ver o musical Avenida Q cheio de receios por causa dos bonecos, mas (pela primeira vez) acreditei na crítica e no sucesso de público e não me arrependi. É MUITO BOM! O politicamente incorreto que toda mídia fala pega desprevenido até aqueles que já sabem os títulos de algumas canções após ler sobre a peça. E os bonecos são INCRÍVEIS! Na verdade... os atores são incríveis!
No fundo: Ursinha do Mal, Renata Ricci, Ursinho do Mal, Maurício Xavier e Gustavo Klein.
No meio: Rod, André Dias, Dona Coisa Ruim (Marisa Letícia!), Princeton, Kate Monstra, Sabrina Korgut, Nicholas, Lucy de Vassa, Fred Silveira e Trekkie Monstro.
Na frente: Claudia Netto e Renato Rabelo.

André dá um show como Princeton e Rod. Sabrina canta MUITO como Kate e Lucy. O Trekkie de Fred é IMPAGÁVEL! Disparado o melhor (pra mim)! A Japaneusa de Claudia é demais também. E não tem aqueles momentos mais ou menos, meio parados... Toda a peça é boa! Os ursinhos, o "neeem" da Lucy, a cena de sexo, a música pornô (a melhor!), o Gary da embalagem de chocolate, as piadas atualizadas, o vestido de casamento, o "botoqui" da Dona Coisa Ruim, a bebedeira da Kate, a música do preconceito, o dilema de Rod, a vaquinha pra escola e tudo mais! Mais uma obra-prima de Charles Möeller e Cláudio Botelho.

O musical começou na Brodway em 2003 e ganhou o Tony Awards (Oscar do teatro) em 2004. O texto de Jeff Witty gira em torno de Princeton que chega na Avenida Q, em Nova York, para procurar um rumo em sua vida. Lá humanos e mosntros, todos com um quê de fracassados, sobrevivem às mazelas da vida. Já foi chamado de Vila Sésamo ou Muppet para adultos.

Eu só sei que são 2 horas com um pequeno intervalo e, infelizmente, só vai até o dia 26. Tem gosto de quero mais. Taí... o Q deve ser de Avenida Quero mais!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Cultura é caro, mas vale a pena

Esse post é para incentivá-los a gastarem seus dinheirinhos com cultura. Roupa é importante, mas ir a um cinema ou a um teatro é Mastercard... não tem preço. Quer dizer... tem sim... é BEM caro. Mas vale muito a pena. Então vou dar duas dicas:

TROVÃO TROPICAL (Tropic Thunder)
Acho que esse filme já saiu de cartaz, mas se não saiu corram. Se saiu, esperem o DVD e aluguem (ou comprem). Eu não sou fã de filmes de comédia idiotas e, por essa razão, não vou muito com a cara de atores como Ben Stiler e Adam Sandler, por exemplo. Mas dessa vez, o Ben Stiler me derrubou. Na verdade, quem me derrubou foram o Robert Downey Jr. fazendo o papel de um negro e o Tom Cruise irreconhecível na pele de um careca-peludo-gorducho-mau-caráter-produtor-de-filmes. Gente... é sério... é impagável! Sejam os quase $20 do ingresso, mais estacionamento e lanchinho, é pouco. E saber que o Ben Stiler é responsável por essa pérola fez com que ele ganhasse alguns pontos comigo. Uma sinopse rápida: quatro atores em decadência são chamados para fazer um filme de guerra que irá alavancar a carreira deles. Mas para o filme ficar real, eles são colocados numa guerra real. Ainda tem Jack Black, Nick Nolte e Matthew McConaughey.

A NOVIÇA REBELDE
Não estou falando do maravilhoso filme estrelado por Julie Andrews e Christopher Plummer. Mas poderia. É uma obra prima. Vale qualquer dinheiro conhecer as incríveis músicas que levam o filme. Estou falando da versão brasileira para o musical no teatro. É simplesmente um trabalho primoroso. É caríssimo, mas ver a família Von Trapp cantar letras bem musicadas em cenários incríveis cheios de emoção é realmente um programa necessário. Obrigado aos diretores e produtores que me fizeram voltar à infância e cantar "De-Re-Mi" e "Edelweiss", entre muitas outras.

Juntem os dinheiros de vocês e consumam cultura.