segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Ao Oscar com: BIRDMAN

Quase metalinguístico. Quase biográfico. Foram as duas coisas que pensei ao sair de Birdman (ou a Inesperada Virtude da Ignorância) [Birdman (or the Unexpected Virtue of Ignorance, 2014). O diretor Alejandro Gonzáles Iñarritu realiza um exercício cinematográfico de tomada única, ou seja, a câmera não pára, fica o tempo inteiro presente como se fosse um personagem do filme, como se fosse o espectador. O cenário é a coxia de um teatro da Broadway e seu entorno somente. Ficamos confinados nesse espaço e imersos nas relações.

O filme conta a história de Riggan Thompson, um ator que no passado foi famoso por interpretar um super-herói (o Birdman) tentando retomar seu prestígio e sua carreira ao escrever, dirigir e estrelar uma peça na Broadway em meio ao novo mundo das subcelebridades e redes sociais. Não à toa, o ator chamado para estrelar esse filme foi Michael Keaton, o eterno Batman. E é por essa razão que vários momentos parece um filme feito para ele. Até as frases são perfeitas para o filme e - talvez - para a carreira de Keaton! Acho que ele se reposicionou como ator e nós o redescobrimos. Pode vir um Oscar.


Edward Norton surpreende com um papel irritante e diferente do que estou acostumado a vê-lo (mesmo sabendo que ele fez algo bem parecido com ele mesmo na vida real), enquanto Naomi Harris está chatíssima e apagada. Já Emma Stone se fixa como uma atriz MUITO talentosa. Até Zach Galifianakis, que dificilmente seria pensado como um ator “sério” dá um show interpretando o agente de Riggan.

Apesar de ter encantado a Academia por seu lado metalinguístico, ser indicado para nove prêmios (Filme, Direção, Ator, Ator Coadjuvante, Atriz Coadjuvante, Roteiro Original, Edição de Som, Mixagem de Som e Fotografia) e ter vencido os SAG Awards de Melhor Elenco e Melhor Filme, só deve concorrer com força em dois ou três Oscars, mas perderá para Boyhood, o favorito absoluto.

É um filme diferente do usual que pode não agradar a todos. Questiona o mundo do teatro/cinema/celebridade e te leva por dentro dos personagens de uma forma sofisticada. [SPOILER] Confesso que não sei se precisava do super-herói em si. A voz e a simulação dos poderes já sustentava. Claro que ver Keaton vestido de Birdman aumenta o lado biográfico, mas o voar, as explosões... fiquei na dúvida da necessidade, mesmo com o final metafórico.

2 comentários:

fichagas disse...

levou Direção, Roteiro Original e Fotografia, já superando o "favorito" Boyhood, mas Michale Keaton ficou de mãos vazias.

fichagas disse...

parece q me enganei com relação a Boyhood... Birdman levou o melhor Filme! a Academia realmente gostou dessa experiência cinematográfica. parabéns!