quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Ao Oscar com: O JOGO DA IMITAÇÃO

E quando você é um herói mas ninguém pode saber? Pra mim, essa é a verdadeira premissa d'O Jogo da Imitação (The imitation game, 2014), filme que conta a história do gênio matemático Alan Turing.

E quem é ele afinal? Poderíamos reduzi-lo ao epíteto de "Pai da Computação Moderna" e adicionar a isso o fato dele ter se suicidado por ser gay. No entanto, precisamos colocar acima disso que Turing foi um dos responsáveis pelo fim da Segunda Guerra Mundial ao conseguir quebrar o código das mensagens nazistas. É claro que uma biografia cinematográfica precisaria abordar a questão sexual, até porque segredos são parte da trama. Mas será que o fato de ter salvado milhões de vidas não deveria ser mais importante do que o que ele fazia na cama? Quantos gays não foram impedidos de viver suas vidas e até mesmo de salvarem outras vidas ou realizarem grandes feitos para toda a humanidade porque alguns são incapazes de aceitar um amor e um desejo diferentes do considerado normal? Guardadas as devidas proporções, qual a diferença da castração química que Turing sofreu no fim da vida com as atrocidades feitas pelos nazistas contra os homossexuais nos campos de concentração?

Um herói.
No fim do filme, sabemos que Turing se suicidou por não aguentar o tratamento hormonal, mas é possível que toda sua condição psíquica tenha contribuído pra isso. Ficamos sabendo também que a Inglaterra continuou incriminando gays por muito tempo e que a Rainha Elizabeth concedeu o perdão real a Turing... sério... perdoar o quê? Ele ter ajudado a vencer a guerra? A rainha deveria ter pedido perdão! Isso sim! (Em pesquisa, fiquei sabendo que, em 2009, o primeiro-ministro inglês pediu perdão formal pelo tratamento dado a Turing. Preferi não apagar o texto que escrevi porque acho que isso deveria ter sido dito no filme e ficou parecendo que ele deveria ser perdoado)

Bom... sobre o filme em si... não gostei da edição do filme. Temos três tramas cronológicas que fazem um vai e vem desnecessário. A história deveria ter seu curso da guerra em diante. Sua infância deveria ter sido um flashback curto, no início da construção de sua máquina para explicar o nome que ele deu. Sua homossexualidade seria sim falada durante o filme, mas só abordada melhor na sequência final para que as questões que levantei no parágrafo anterior ficassem mais claras. Portanto, não entendi sua indicação ao Oscar de Melhor Edição.

Também está na disputa de Melhor Filme, Diretor, Ator, Atriz Coadjuvante, Roteiro Adaptado, Trilha Sonora e Direção de Arte. Para os que veem a série The Big Bang Theory, é impossível não ver o Sheldon no início (ainda mais sabendo que Jim Parsons é gay) da atuação de Benedict Cumberbatch. A fragilidade e o lado antissocial do personagem lhe renderam a indicação, mas seus concorrentes... O resto do elenco está bem, só não gosto mesmo da Keira Knightley... nem indicada. Então acho que só a direção de arte pode disputar algo.


Acho que o filme deveria ser utilizado em escolas para abrir uma série de debates. Digo isso não pela sua qualidade, mas por sua importância histórica e social.

Um comentário:

fichagas disse...

errei a direção de arte e ainda levou o roteiro adaptado! fico muito feliz. e com um discurso a favor da diferença! aplausos!