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domingo, 7 de outubro de 2018

Compreensão do tempo e do espaço

Artigo sobre o texto Futuro do Passado, de Nelson Brissac e Maria Celeste Olalquiaga, produzido em 7 de outubro de 1996 para a disciplina Análise à Informação, do Prof. Jorge Lúcio de Campos, enquanto eu estudava no primeiro ano da ESDI.

Tempo e espaço sempre foram duas barreiras que o homem nunca conseguiu ultrapassar. A necessidade de ganhar mais espaço e de impedir a ação do tempo levou o homem a elevar o grau de ficção dentro da realidade, para poder formular hipóteses, muitas vezes, esdrúxulas.

Uma sociedade industrializada tem, como consequências naturais, uma explosão demográfica e uma gigantesca urbanização. O aumento das relações comerciais e das cidades começou a exigir um espaçamento exacerbado não esperado.

Mas aos poucos, foi-se adaptando toda a sociedade para minimizar o uso de diversas coisas, escondendo a real grandeza do problema Espaço. Isso foi favorecido, é claro, como toda a vida prática de nossa sociedade, pelos avanços tecnológicos. A informação, por exemplo, foi transformada em bits. Uma quantidade enorme de informação pode ser armazenada em apenas um disquete de computador. Horas de imagens podem ser gravadas em uma fita de videocassete.

Quando o homem pisou na Lua, todo o mundo festejou a conquista de mais um local para poder expandir suas capacidades. Talvez a Lua fosse a resposta para o problema Espaço. Todos aqueles sonhos de colônias espaciais caíram por Terra, quando se descobriu as dificuldades de explorar o terreno lunar. Tudo, então, entrou num processo de compactação na tentativa de impedir a compressão do espaço, pois a cortina criada para encobri-la já estava há muito transparente.

A ação do tempo é um fator que o homem sabe que não pode controlar, como fez com tudo em que pôs a mão.

O novo e o velho são conceitos muito usados dentro de uma sociedade industrializada. Tudo em nome de uma produção encomendada por um mercado consumista exigente. Isso leva à procura de materiais de maior resistência que dêem maior durabilidade aos produtos. Nossa sociedade industrializada viu a necessidade desse tipo de produto para baratear sua ação no futuro.

As ambições do próprio homem em querer viver mais para poder conhecer o futuro almejado e, até mesmo, criado com sua ajuda influenciam filosofias temporais, que levam a viagens ao passado, e tentativas de criogenia (processo de congelamento do corpo humano para impedir a ação tempo e permitir que haja um despertar tardio). Tudo para também esconder o problema Tempo, estimulado pela vaidade das mulheres, que pedem cosméticos e cirurgias plásticas para impedir que seus corpos envelheçam. O desejo de voltar no tempo para consertar os erros do presente e impedir falhas maiores no futuro começa a se repetir compulsivamente.

Motivada, então, por um avanço acelerado da tecnologia, pela produção de bens de maior durabilidade e pelas ambições temporais e pessoais, a sociedade começa a realizar saltos na sua cronologia natural, às vezes, perdendo estágios importantes, mas diminuindo o curso temporal que deveria seguir.

Conclui-se então que a sociedade passou a minimizar distâncias e intervalos de tempo através de simulações esquematizadas e diagramações eletrônicas, alcançando tempos e lugares, que eram apenas imaginação ou devaneio, em deslocamentos instantâneos. O ideal de futuro deixa de ser algo distante que precisa de anos para acontecer, e se torna um objetivo próximo e breve.

FUTURO DO PASSADO, EM TERMOS DE UMA ANÁLISE DO PANORAMA SÓCIO-CULTURAL CONTEMPORÂNEO
A expressão Futuro do Passado, título do texto de Nelson Brissac Peixoto e Maria Celeste Olalquiaga, nos remete a pensamentos espaço-temporais. Pensamos em passado, presente e futuro. Seria fácil dizer que o futuro do passado é o presente. Mas estaria errado.

Se estudarmos a conjuntura social do passado, teremos desejos e anseios bem diferentes dos nossos, porque as realidades são diferentes e nos permitem outras possibilidades.

Na década de 50, o futuro era a década de 90. Tudo aquilo que se esperava do futuro teria que ser exatamente o que é hoje se pensássemos que o futuro do passado é o presente. Nessa época, o mundo acabava de passar por uma grande guerra e enfrentava as agruras de uma bipolarização. A Guerra Fria levou o mundo a uma corrida armamentista que acabou investindo maciçamente em tecnologia, seja ela bélica ou não. Essa tecnologia pós-guerra levou a um deslumbramento, expressado pelo consumo de massa que eclodiu. Gigantescas estruturas vazadas ou envidraçadas se alastraram pelos subúrbios distantes, formando novos centros urbanizados, ligados por imensas auto-estradas. Os ideais de "quebra de fronteiras" e "imensidão infinita" rodeavam a imaginação dessa sociedade. Mas as possibilidades abertas para o futuro não eram só de progresso. O temor atômico, gerado pela mesma corrida armamentista e pelo exemplo de Hiroshima, também trouxe ideais apocalípticos. Foi criada uma iconografia futurística, capaz de criar futuros prováveis, dentro das possibilidades de um contexto social e internacional.

Nosso presente é caracterizado por uma perda da identidade do futuro. Ao estudar um passado que idealizou um futuro que não ocorreu, a contemporaneidade entra, então, num paradoxo. O hoje se tornou mais importante, por causa do enorme avanço tecnológico. A automação que se esperava na década de 50, ocorrera, e a ideia de tempo e espaço se tornaram conceitos filosóficos. Essa ausência de perspectiva gerou o fenômeno "retrô". O ideal de futuro passou a ser adaptações avançadas dos antigos. Viagens interplanetárias, invasões extraterrestres e criaturas mutacionadas geneticamente ou por acidentes radioativos. Toda e qualquer sensação de futuro é retirada do passado. Mas o avanço tecnológico trouxe também um exagero da artificialidade, que impossibilita qualquer mistura entre ficção e realidade.

O panorama sócio-cultural contemporâneo fica marcado por uma sociedade pós-industrial, que dificulta quaisquer projeções futuras. Constitui seu futuro de imagens do passado. Assim, o significado de Futuro do Passado se esclarece como uma possessão literal, ou seja, nossa sociedade contemporânea toma o passado como esperança e/ou exemplo para o futuro.

O CINEMA PODE SE REVELAR UMA VALIOSA VIA DE DISCUSSÃO DA QUESTÃO PÓS-MODERNA
Apesar de ser uma ficção, ou seja, apenas histórias inventadas, o cinema é capaz de problematizar situações e solucioná-las de diversos meios. Muitas vezes essas situações se assemelham a acontecimentos reais.

Para que um filme fique o mais realista possível, é preciso estudar uma época e retratá-la com mínimos detalhes, seja no cenário ou no método de pensar e agir das personagens. Assim, o cinema se torna um reflexo da sociedade da época e de seus ideais.

No texto Futuro do Passado, os filmes de ficção científica foram utilizados para a realização de uma análise sobre as crenças no futuro da nossa sociedade nas décadas de 50, 60 e 80. Fica claro que a conjuntura internacional e a tecnologia influem no modo de pensar e imaginar como será o futuro.

Na década de 50, uma sociedade pós-guerra, que idealizava um paradoxo entre progresso e degradação, realizava filmes que mostravam uma tecnologia hipotética avançada, invasões extraterrestres e viagens espaciais, expressando o encantamento com a tecnologia real, que avançava junto com a industrialização. A artificialidade dos ambientes cinematográficos conduziu a uma estilização do real, que gerava diversas possibilidades de futuro.

Já na década de 60, essa estilização deixou de ser ficção para se tornar realidade. Inicia-se um processo de desaparecimento do ideais de futuro. Toda aquela automação e mobilidade da década passada se tornaram imagens trazidas do passado, para compor um futuro iconográfico. Os filmes ganharam formas aerodinâmicas e uma eletrônica ampla e simbolizada.

Os anos 80 também foram retratados no cinema. A cultura pós-apocalíptica e nostálgica da época se transformou num retrocesso hiperartificial. A já degradada sociedade e a desumanização fazem parte do cotidiano e são conduzidas às projeções imaginárias de um futuro próximo.

Assim, se o cinema é capaz de retratar a sociedade contemporânea, mostrando personagens, momentos e valores, é capaz de se revelar uma valiosa via de discussão da questão pós-moderna. Uma análise profunda pode dar temas para diversas discussões.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Intolerância do Tempo

ser "Advogado do Diabo" nos ensina a pensar fora da caixa e questionar as "fórmulas", até mesmo aquelas criadas pela gente mesmo. no entanto, é um processo difícil que atrai animosidades em uma época onde uma nova intolerância se encorpa: a INTOLERÂNCIA DO TEMPO, aquela q cerra os ouvidos e encerra conversas, q não permite a fermentação e a mudança, q cria novas caixas e novas fórmulas cada vez mais indecifráveis, q aumenta distanciamentos e seleciona somente a exclusão.

mudar de opinião e admitir o erro é agora tratado com descaso, agressividade e mais exclusão ao invés de um possível sinal de amadurecimento, de crescimento, de inteligência emocional.

fico feliz de saber q a Arte e o cotidiano como professor me colocam à prova, tornando-me alguém capaz de, pelo menos, ouvir o outro e entender a força do tempo.

amigos, o mundo q gira é o mesmo em q um homem não entra no mesmo rio duas vezes.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Ao Oscar com: INTERESTELAR

Após ver a Terra quase sem reservas naturais e a humanidade morrendo de fome e de uma praga respiratória, um grupo de astronautas recebe a missão de verificar possíveis planetas para receberem a população mundial, possibilitando a continuação da espécie. Cooper (Matthew McConaughey) é chamado para liderar o grupo e aceita a longeva missão sabendo que provavelmente nunca mais verá sua filha Murph (Mackenzie Foy e Jessica Chastain). Ao lado de Brand (Anne Hathaway), Jenkins (Marlon Sanders) e Doyle (Wes Bentley), ele seguirá em busca de uma nova casa. Com o passar dos anos, sua filha investirá numa própria jornada para também tentar salvar a população do planeta.

Essa é a premissa de Interestelar (Interstellar, 2014), filme de Christopher Nolan, diretor considerado visionário depois de A Origem e da reformulação do Batman. Somos arrebatados por interessantíssimas questões sobre a ação da gravidade sobre o tempo. Temos buracos negros, novos planetas e muito a se pensar sobre o universo e nosso lugar aqui. Mas fica algo no ar... como se não soubéssemos aonde o filme quer chegar. Mas Nolan nos dá um fim. Um final tão interessante e questionador que muito compararam o filme a obra-prima de Kubrick, 2001: Um odisseia no espaço (2001: A space odyssey, 1968).

Só que Nolan que responder as perguntas. Ele não conseguir deixar pontas soltas para que nós meros mortais pensássemos. E aí... sua explicação é ruim. Muito ruim. Usar o tempo como desculpa para uma humanidade evoluída que consegue viver em outras dimensões fez sentido no filme, mas não na realidade. Concorre a vários Oscars técnicos (Direção de Arte, Trilha Sonora, Edição de Som, Mixagem de Som e Efeitos Visuais) e deve levar alguns, mas tirou da gente a liberdade de pensar, filosofar e imaginar, nos dando uma resposta tosca e fraca. Pena. Ficou atrás até de Gravidade, inclusive no design de cartazes.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Ao Oscar com: A TEORIA DE TUDO

Eu sou fã da Física que tenta explicar nosso universo, então, achei A teoria de tudo (The theory of everything, 2014) um filme bem interessante. Na verdade, o lado genial do físico (ainda vivo) Stephen Hawking é quase deixado de lado (um documentário funcionaria melhor nesse caso): o filme é baseado no livro escrito por Jane Wilde Hawking (Travelling to Infinity: My Life with Stephen), ex-esposa de Stephen, interpretada muito bem (mas não para um indicação) por Felicity Jones. Ficamos em torno de como a doença (esclerose lateral amiotrófica) o afetou e - principalmente - afetou a todos a sua volta. É emocionante demais! Doloroso, difícil, forte. Força essa que vemos não só no cérebro tanto genial quanto falho de Hawking, mas no amor sacrificante de Jane. Não tem como você não questionar a sua própria vida o tempo (que tanto persegue o gênio) inteiro.

Quando um filme conta uma história real, normalmente procuramos duas coisas: particularidades interessantes que não vieram a público (aqui é "tudo o que você queria saber sobre sexo mas tinha medo de perguntar") e atores que se aproximam dos personagens reais e dão veracidade aos fatos na telona. Meryl Streep fez isso na Dama de Ferro. E Eddie Remayne encarnou fisicamente o gênio. Para quem conhece o físico, são vários os momentos que o espectador se perde: Remayne se torna Hawking. A disputa do Oscar de Melhor Ator fica forte.


Também disputa Filme, Atriz, Roteiro Adaptado e Trilha Sonora no Oscar. Tenho a impressão que vai sair de mãos abanando, o que não invalida sua intensa qualidade. Quero até encarar a leitura do livro de Hawking!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Relógios e mais relógios!

Você sabia que além deste blog autoral, eu tenho um blog para falar de relógios? Isso mesmo: relógios! É o H+Min+Sec.


Pra quem não entendeu o nome complicado, é nada mais nada menos do que hora (H), minuto (Min) e segundo (Sec) com o símbolo de adição entre eles. E este blog, na verdade, começou aqui no Philos+Hippos, com minhas descobertas de incríveis medidores de tempo cheio de bossa e design. Foram tantos que, em abril de 2010, comecei o H+Min+Sec.

E o blog também tem uma página no Facebook que, além de apresentar as postagens mais recentes, compartilha as últimas novidades da relojoaria mundial através de marcas como Rolex, Ulysse Nardin, Piaget, Timex, Swatch, Bulova e muitas e muitas outras. Curta lá!

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Um céu de passados para redimensionar o futuro

O pequeno texto a seguir foi tirado do livro Criação Imperfeita, de Marcelo Gleiser, que estou lendo (devorando e me perdendo em um universo de conhecimentos!):
A primeira observação que podemos fazer sobre o Universo é, também a mais óbvia: o Universo é muito grande. Quão grande? Temos que tomar muito cuidado com essa questão. Podemos apensa falar da parte do Universo que nos é visível, isto é, aquela que podemos observar através de nossos telescópios e antenas. Lembre-se de que a velocidade da luz estabelece um limite na velocidade com que a informação pode ser trocada: como nada pode viajar mais rápido do que a luz, podemos apenas receber informação de regiões que se encontram no nosso passado casual. (...) Por exemplo, o Sol encontra-se a oito minutos-luz de distância da Terra; se explodisse agora, só saberíamos dentro de oito minutos, os nossos últimos. A estrela mais próxima, Alfa Centauro, está a aproximadamente 4,37 anos-luz de distância: quando a vemos no céu noturno, estamos, na realidade, vendo-a como era há 4,37 anos e não no presente, pois este é o tempo que a luz demora para viajar de lá até aqui. Saindo da Via Láctea, encontramos Andrômeda, a nossa galáxia vizinha, a aproximadamente 2,5 milhões de anos-luz. A luz que vemos hoje partiu de Andrômeda quando nossos ancestrais estavam se espalhando pela savana africana. Olhar para as profundezas do espaço é olhar para o passado remoto.

Na boa... não sei vocês... mas isso aí em cima deveria mudar a vida de qualquer um. Ter a noção do tempo e do tamanho do Universo... ter a noção que todo dia vemos um céu de passados... que por mais belo que ele seja, ele já não é o presente... sei lá.

Reflitamos muito.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Procure o visível invisível

Vi esse post do designer João Faraco, no blog Caligraffiti, em 29 de agosto, e achei fundamental colocar aqui:

Estação de metrô de Washington (EUA) em uma manhã fria de janeiro de 2007. Um homem tocou violino por cerca de uma hora. Durante esse tempo, cerca de 2 mil pessoas passaram pela estação, a maioria deles no seu caminho para o trabalho.

Após três minutos, um homem de meia idade percebeu que havia um músico tocando. Ele diminuiu o passo e parou por alguns segundos e, em seguida correu para cumprir sua agenda... Quatro minutos depois, o violinista recebeu seu primeiro dólar: uma mulher jogou o dinheiro no chapéu e continuou caminhando. Pouco depois. um jovem encostou na parede para ouvi-lo, mas logo olhou para o relógio e começou a andar novamente. Dez minutos depois de ter começado a tocar, o violonista foi apreciado por um menino de 3 anos, mas sua mãe puxou-o junto às pressas. O garoto parou para olhar para o violinista novamente, mas a mãe pressionou a criança que continuou a caminhada, virando a cabeça o tempo todo. Essa ação foi repetida por vários outros filhos. Todos os pais, sem exceção, forçaram seus filhos a passar rapidamente.

O músico tocou continuamentem por uma hora. Apenas seis pessoas pararam e escutaram por algum tempo. Cerca de 20 deram dinheiro, mas continuaram andando. O homem reuniu um total de US$32. Ao terminar de tocar, o silêncio tomou conta. Ninguém notou. Ninguém aplaudiu, nem houve qualquer reconhecimento.

O violinista era Joshua Bell, um dos maiores músicos do mundo. Ele tocou uma das peças mais complexas de Bach, com um violino de US$3,5 milhões. Dois dias antes, Joshua esgotou os assentos de um teatro em Boston, com convites a partir de US$100. Esse evento foi organizado pelo Washington Post como parte de um experimento social sobre a percepção, o gosto e as prioridades das pessoas, levantando questões como: em um ambiente comum em uma hora imprópria, percebemos a beleza? Paramos para apreciá-la? Reconhecemos o talento em um contexto inesperado? Uma das conclusões foi que provavelmente estamos perdendo muito em nosso cotidiano por não termos mais tempo de apreciação.

João ainda termina o post com uma excelente frase que ele ouviu do designer americano Joshua Davis: É difícil enxergar o seu ambiente quando você está no seu ambiente. Procure o visível invisível.

Reflitamos bastante sobre isso. Mesmo.

Ps.: Valeu por compartilhar esse post, Michel!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Pintando o ano que começa

Dizem que o Carnaval acabou, mas a gente sabe que ainda tem muito bloco no Rio de Janeiro que vai sair neste final de semana. E a gente também sabe que os estados do Nordeste mantém o clima de Carnaval por quase 10 meses do ano!

Bom... mas é fato que o "ano útil" só começa depois da quarta-feira de cinzas. Então, que tal acompanhar os dias desse ano de uma maneira bem especial? O designer espanhol Oscar Diaz desenvolveu o Ink Calendar, um calendário A2 que usa o tempo em que um frasquinho de tinta demora a ser absorvido pelo papel pra mostrar o passar dos dias!
A cada mês um frasquinho de tinta colorida é absorvido pelo papel, colorindo e imprimindo lentamente os dias. A idéia é que o calendário realmente mostre o tempo passando e não somente sinalizá-lo. As cores variam de acordo com um espectro baseado numa escala de temperatura. Cada mês possui uma cor referente a percepção climática, indo do azul escuro em dezembro a tons de verde na primavera ou tons de vermelho no verão.

Esse calendário foi exposto ano passado em Madri na mostra Sueños de un Grifo – Diseño con Alma de Agua. Será que funciona mesmo? Achei o máximo!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O preço do efêmero

Tenho pensado muito na efemeridade. Papo existencialista, não? Pois é... A semente já estava plantada, mas depois de participar da exposição do centenário de Roberto Burle Marx, – obviamente – essa semente germinou. Não vou me estender muito por aqui porque pretendo escrever um pouco mais sobre isso.

Depois de ler o livro conseqüente da exposição percebi que Burle Marx sempre trabalhou com a efemeridade dos fenômenos naturais que incidem sobre sues jardins. Ele planejava em função disso. E me dei conta de quão designer ele era. E dos bons. Burle Marx sabia dos ciclos, contava com as mudanças climáticas, se preparava para o sol e para a chuva. Seu trabalho ia do belo ao sublime.

Um dos questionamentos dessa exposição é exatamente a capacidade de Burle Marx eternizar em seu trabalho o que é efêmero. Foi nesse ponto que me dei conta que esse é o grande objetivo do design contemporâneo: ser eterno em sua efemeridade. Cartazes, folders, filipetas, sites, produtos, carros, celulares... o mundo de hoje incentiva e intensifica o consumo do novo sem se preocupar com o registro do velho. E olha que isso vem desde a década de 50 com o baby boom e a obsolescência planejada do pós-Segunda Guerra (leiam mais sobre isso na minha dissertação! hehehe).

Conseguimos traçar estilos por décadas, mas será que conseguiríamos pensar em um estilo deste novo milênio? É difícil. Voltando os olhos para o design, percebi que não se formam mais grandes nomes da área como Wollner, Burton, Aloísio, João Leite, como um dia estiveram juntos Orcar Niemeyer, Lúcio Costa e Burle Marx, entre muitos outros gênios como Portinari e Afonso Reidy. Dessa forma, pergunto: como se faz um grande designer hoje que será a referência do amanhã?

Quanto maior a urgência de um projeto de design, menor será o tempo para criação e muito menor ainda será o tempo de vida do projeto. Pensem, por exemplo, em design de publicações periódicas, como jornais e revistas mensais. Imaginem todo o mês (ou todo dia) ter que criar algo com resultado satisfatório em um tempo inexistente para trabalhar junto com revisores, fotógrafos, editores e muitos outros profissionais que sugam os últimos minutos de tempo para entregar o trabalho na hora, deixando uma nesga de medíocres segundos para o design. Mas e daí? Eles já fizeram a parte deles, não foi? Agora é o deisgner que se vire, certo? Sorte a nossa que ainda podemos culpar a gráfica... que claramente culpa o designer... E todo esse stress se perpetuará por todo o mês (ou todo dia) exatamente da mesma forma por algo que será descartado em poucos instantes. Esse vício da profissão é ainda pior quando os próprios designers se permitem ficar nessa situação por questões financeiras compreensíveis, porém descarregam em seus colegas de profissão. Parece que vou voltar ao meu discurso de "coloque-se no lugar do outro"... vale a pena pagar esse preço?

Estudar, pensar, registrar, escrever pode ser uma luz no fim do túnel. O design enquanto área de conhecimento precisa disso. Mesmo que o mercado não seja favorável. Para o mercado, restam as premiações como lembranças do que é bom e que pode dar mais dinheiro ou tentar entrar no mundo acadêmico com sua cultura da "quantidade sobre a qualidade" – que, ao invés de enriquecer, empobrece e emburrece.

Aos designers que passam por aqui: reflitam. Burle Marx lida com essa efemeridade com uma naturalidade ímpar, sendo capaz até de usá-la em benefício próprio. Essa virtude, pode ser a verdadeira resposta para o futuro.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Tempo valoriza?

Por que será que a gente só dá valor às coisas quando elas acabam? Ou quando se perdem? Ou quando passam? Não é só a nostalgia que nos leva a uma infância querida e inocente, onde os antigos deveres são diminuídos frente às novas responsabilidade do amadurecimento. Parece que fica mais fácil olhar pra trás e enxergar o que tinha de bom naquilo que te fez mal.

Ao enxergar todos fatores que causaram determinada situação e todas as suas consequências que nos trazem aqui hoje, ficam mais claros os porquês, as razões, os significados. Parece que tudo realmente tem a sua hora. E essa hora realmente chega.

É possível, então, ver o tempo como um aliado que minimiza os medos do desconhecido, as dúvidas do acaso. Pena que um aliado que consola e nos prepara, mas não previne.

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TIME GIVES VALUE?
Why do we only give value to things when they end up? Or when we loose them? Or when they pass? It is not just a nostalgia that leads us to a dear and innocent childhood, where the former duties are reduced forward to the new responsibility of growth. It seems that it's easier to look back and get see the good in what was bad with us. To see all factors that caused particular situation and all its consequences that bring us here clarifies the reasons, the meanings. It seems that everything really has its time. And that time actually arrives. So, we can then see the time as an ally that minimizes the fears of the unknown, the doubts of risks. It's a shame that it is an ally that console and prepare, but not prevent.