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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Você sabe sua raça? Tem certeza?

Pois é... sabe? Te garanto que não. E a Folha de São Paulo resolveu provar isso – em matéria do ano passado, perto do vestibular, quando se discutia as polêmicas cotas raciais – fazendo o mapa genético de alguns candidatos.

Os resultados são impressionantes:


Confesso ter ficado surpreso com os resultados de Júnior, Célia e - principalmente - a "muito branca" Milene. Também jamais diria que Karine tem algo da raça negra nela. Comparando, então, com a fala deles fica certo de que nós mesmos não sabemos a nossa raça. Dois se dizem "morenos de sol", mas são geneticamente bem mais brancos do que imaginam. E coitado de Marcelo que se acha amarelo...

Quando fui me alistar no exército, me rotularam de pardo e assim eu sou para o Exército Brasileiro. Pra mim, pardo é papel. Até me acho "puxado na cor", mas pelo jeito um mapa genético me revelaria que tenho uns ameríndios perdidos no meu DNA. Me lembrei da escala de cor de pele feita por um designer francês e daquele texto chamando o homem branco de pessoa de cor.

Alguns tacharam a pesquisa de inútil, porque ninguém vai pedir o mapa genético na hora de fazer o vestibular. Acho que Milene, por exemplo, poderia entrar na justiça como cotista... Mas creio que o objetivo não é esse. É mostrar aos preconceituosos que eles possuem todas as raças dentro deles. É mostrar que devemos olhar para o futuro em busca de melhores condições sociais ao invés de ficarmos presos à ideologias raciais do passado.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Deus escreve certo por Histórias Cruzadas

Tive um carnaval cinematográfico, tentando ver os filmes concorrentes ao Oscar para ter um preferido antes dos resultados de ontem. Nada me animava - nem mesmo o vencedor e o grande favorito -, mas eu de alguma forma sabia que Histórias Cruzadas (The Help, 2011) ia mudar essa sensação. E não deu outra. Saí do filme com a certeza que tinha visto um novo A Cor Púrpura (The Color Purple, 1985). Resolvi até rever o filme para poder compará-los melhor.

O filme da magistral Whoopi Goldberg é mais visceral tanto para a violência quanto para os sentimentos mais doces. É quase impossível não ter um nó na garganta ou lágrimas escorrendo em liberdade nas cenas finais. Tudo é sentido com muita força. Também... dirigido por Steven Spielberg, produzido por Quincy Jones, com Danny Glover e Oprah no elenco... podia se esperar menos? Fora isso, A Cor Púrpura é um filme negro que fala da violência entre eles mesmos a partir da imposição social/racial da época.

Então, me lembrei de outro filme, Uma história americana (The long walk home, 1990) - também com Whoopi -, que fala da violência do preconceito racial na década de 1950 e do boicote aos transportes públicos pela comunidade negra. Neste filme, empregada e patroa se unem como forma de resistência.

É aí que vem as Históras Cruzadas. Skeeter (Emma Stone) é uma garota branca da elite de Jackson, Mississipi (em 1962), que retorna determinada a se tornar escritora. Por questões pessoais, ela decide entrevistar as mulheres negras da cidade, que deixaram suas vidas para trabalhar na criação dos filhos das jovens madames. Aibileen Clark (Viola Davis), a emprega da melhor amiga de Skeeter, é a primeira a conceder uma entrevista, o que desagrada a sociedade como um todo. Apesar das críticas, Skeeter e Aibileen continuam trabalhando juntas e, aos poucos, conseguem novas adesões, como a da indomável Minny (Octavia Spencer), empregada cheia de atitude de Hilly Holbrook (Bryce Dallas Howard), a megera manda-chuva.


Este novo filme não é tão duro quanto os outros que mostram cenas de violência explícita. A violência aqui está implícita nas tramas preconceituosas, nas atitudes verbais. É mais intimista ao apresentar a luta racial por causa do uso do banheiro. É o ciclo paradoxal construído na permissão dada aos negros para criar os filhos brancos que crescem e passam a desrespeitá-los (ressalva: nem sempre existe o desrespeito). Mas isso não diminui em nada a força de seus questionamentos. Pelo contrário...é exatamente onde encontra sua grandeza.

Com belíssimas atuações (destaque total e absoluto para as coadjuvantes: a oscarizada Octavia Spencer e a indicada Jessica Chastain), o filme também aborda o sexismo da época: mulheres eram doutrinadas ao casamento e à família, independente de seus sonhos de ser alguém na vida.


É previsível e estereotipado? Até é. Falar de racismo no século XXI pode parecer antiquado quando o presidente dos EUA é negro. Mas, para mim, o objetivo do filme é mostrar a sutileza do racismo, que ele ainda está entranhado na sociedade sem precisar de estouros de violência. Que ele está nas palavras, nos gestos. O filme veio para nos fazer refletir sobre um passado que teima em não ficar distante. Alíás, a cena final de Viola Davis andando pela rua é uma bela metáfora para o longo caminho (long walk) que ainda temos que percorrer.

PS.: Em inglês, o filme se chama The Help. No filme, o livro escrito também se chama assim, mas é traduzido como A Resposta - o que seria um bom título para a película. Mas durante o filme ficamos sabendo que o significado de The Help é literal, ou seja, A Ajuda, que são os ajudantes, as empregadas domésticas.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Uma lição a cada minuto

Invictus (2009) não é só um filme. É uma aula de vida. A sinopse diz o seguinte:
Recentemente eleito presidente, Nelson Mandela (Morgan Freeman) tinha consciência que a África do Sul continuava sendo um país racista e economicamente dividido, em decorrência do Apartheid. A proximidade da Copa do Mundo de Rugby, pela primeira vez realizada no país, fez com que Mandela resolvesse usar o esporte para unir a população. Para tanto chama para uma reunião François Pienaar (Matt Damon), capitão da péssima equipe sul-africana, e o incentiva para que a selação nacional seja campeã.

Legenda em português de Portugal

Agora esqueça toda a informação de que é um filme sobre rugby. O jogo é só pano de fundo para mostrar o imperfeito herói de uma nação. Um herói da humanidade. Capaz de perdoar seus agressores após quase três décadas de prisão. Capaz de ver a alma e não a cor. Acho que qualquer outra coisa que eu escreva aqui sobre Nelson Mandela ficaria cliché. Só sei que me sinto um felizardo por viver na mesma época que Madiba.

Sequências de cenas – como da relação entre as equipes de segurança, da empregada na casa de Pienaar, do time fazendo caridade na parte negra da cidade e do garotinho que inicialmente recusa a camisa do time, mas no fim de arrisca a ouvir a final da Copa do Mundo de Rugby com os policiais – são de uma grandeza ímpar. Tiro o chapéu para a direção de Clint Eastwood. De Morgan Freeman, não esperava menos: ele desaparece no personagem.


"Invictus" significa invencível em latim e é também o título de um poema de William Henley que pode ser traduzido da seguinte forma:
Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

Não sei porque levei três anos para ver esse filme. Mas tenho certeza que verei outras vezes. Recomendo e OBRIGO que seja visto.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

De cor

O texto que reproduzo a seguir foi assinado por uma criança africana. Se foi mesmo, eu não sei, mas é genial:

"Quando eu nasci, era preto. Quando cresci, era preto. Quando pego sol, fico preto. Quando sinto frio, continuo preto. Quando estou assustado, também fico preto. Quando estou doente... preto. E quando eu morrer, continuarei preto! E você, cara branco: quando nasce, você é rosa. Quando cresce, você é branco. Quando você pega sol, fica vermelho. Quando sente frio, você fica roxo. Quando você se assusta, fica amarelo. Quando está doente, fica verde. Quando você morrer, você ficará cinzento. E vocês vêm me chamar de homem de cor??!!"
::
OF COLOR
It's said that this text was written by an african child. I don't know if this is true, but it's amazing:
"When I was born, I was black. When I grew up, I was black. When I get tanned, I got black. When I'm cold, I'm still black. When I am scared, I'm also black. Whem I'm sick... black. And when I die, I will be black! And you, white man: when you were born, you're pink. When you grow up, you're white. When get tanned, red. In the cold, purple. When you are scared, yellow. When you're sick, green. When you die, you will get gray. And then do you call ME the color man?"