sábado, 5 de outubro de 2013

Cruzes!

A Jornada Mundial da Juventude acabou há mais de dois meses, mas o Rio de Janeiro manteve duas interessantes exposições com a temática: Cruz, Crucis, Crucifixus - O universo simbólico da cruz no Centro Cultural Banco do Brasil, e A Herança do Sagrado, no Museu Nacional de Belas Artes.

A mostra do CCBB apresentava cerca de 150 cruzes, santos, relicários e oratórios dos séculos XVIII e XIX, oriundos do acervo do Museu de Arte Sacra de São Paulo, do Museu Afro Brasileiro e de coleções particulares. É possível ver que a imagem da cruz é, na verdade, uma forma elementar que habita o consciente coletivo da humanidade e ultrapassa o universo religioso, seguindo um visão historiográfica.


A exposição do MNBA tem mais de 100 obras (inéditas no Brasil) dos séculos XVII a XVIII vindas do Museu do Vaticano e de outros museus importantes da Itália, com direito a uma cópia da Pietá, de Michelangelo. Está dividida em quatro módulos: Jesus Cristo, Virgem Maria, Os Apóstolos e Os Santos, com telas de Ticiano e e Caravaggio. Vai até o dia 13 de outubro.

A arte é o meio universal mais qualificado para promover o diálogo entre as diferentes culturas – Giovanni Morello, curador da exposição no MNBA
Como exposição em si, ambas foram bem montadas, com legendas em idiomas diferentes, destaques para as obras principais e espaço de visualização. A das cruzes pecava um pouco na distribuição/ordenação das legendas com as referentes obras, porém, tinha uma sala interessantíssima para conhecermos os diversos significados do símbolo cruciforme.

Em ambas as exposições duas coisas me chamaram muito a atenção: (1) uma religião com milhões de fiéis adorando uma imagem sanguinolenta, agressiva, mórbida somente para gerar culpa (por que não usar uma imagem minimalista ou da ressurreição?); e (2) a arte como um todo deve à religião sua existência (sendo que a arte ocidental deve muito à Igreja). Não vou me estender nessas minhas questões, mas acho que valem reflexões profundas.

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