As formações de design hoje são exclusivamente práticas, ou seja, te preparam para o mercado de trabalho. Possuem uma grade curricular voltada para esse fim com inúmeras disciplinas que buscam transformar os estudantes em máquinas de fazer trocentos trabalhos ao mesmo tempo dignos de notas altas. Falo por experiência própria, mas não garanto o resultado. Mesmo assim, o estudante recém-formado cai no córrego de oportunidades na área sedento. Sede essa que é aplacada em instantes... não pela água da satisfação, mas pelo chá amargo e desestimulante que nos é oferecido pelo mercado ignorante e escravizante. Palavras duras, porém conscientes.
Como sair disso? Não dá. Precisamos disso pra sobrevivermos. Tem saída? Deve ter. Uma delas é o lado acadêmco da questão. Mas quando se pesquisa sobre assunto percebe-se que o caminho oferecido é considerado o oposto total do aprendido na graduação. É como uma grande bifurcação que anda em paralelo, ou seja, os caminhos estão lado a lado mas nunca mais se encontrarão. E tudo indica que é assim mesmo. Os horários de aulas, as demandas, o tempo previsto, o pensar.
Pois é... o pensar. É explicitamente proibido fazer um projeto de mestrado que gere um produto / projeto gráfico. É estritamente necessário que seja um projeto com fundamentação teóricoa que gere conhecimento. Aí eu me questiono: ninguém preparou pra isso! A gradução não faz isso. Mas ao mesmo tempo eu questiono: isso significa que não se pensa na graduação? Olha... até se pensa, mas em argumentos para se defender um projeto. Argumentos esses que deveriam estar embasados na conceituação filosófica do projeto e não em fracos desenvolvimentos práticos quebráveis por uma simples autoridade/ego.
Estou sendo generalista a partir da minha vivência. Tenho visto mudanças, mas meus olhos só foram abertos depois que optei por conhecer o "outro caminho". Dei me conta que agora penso muito mais no design que faço. E penso muito mais no design que penso. Gerar conhecimento e passá-lo adiante é algo incrível. Valorizo cada vez mais os professores e pesquisadores que sabem fazê-lo (não é qualquer um).
Quero fazer parte deste universo. Quero fazer parte de uma força capaz de mudar o mercado ignorante e escravizante. Para isso devo atuar em duas frontes: no pensar e no fazer. Sempre com atitude, com postura de designer pensante E atuante. Sou contra o OU. Será difícil, mas quando não é? Quero ser um Rodin e transformar pedra em escultura, matéria bruta em matéria eterna.
Um comentário:
É com muito orgulho que digo: Bem vindo ao meu mundo!
Ser professor, ajudar na construção do pensamento, ver o aluno crescendo na sua frete é de uma beleza ímpar.
Há 40 anos essa tem sido a minha meta, o meu rumo e nunca me arrenpendi um só instante do caminho que escolhi apesar de todas as vicissitudes dessa profissão tão exaltada mas tão pouco valorizada (não é parecido com o que acontece com o design?)
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