sexta-feira, 5 de março de 2010

"Depoimento de um usuário", por Fabio Lopez

(...)
Eu comecei a usar ainda na faculdade, por que todo mundo tava usando e era legal. No início era só um degradê de leve, uma sombrinha... mas aí eu descobri os tutoriais de volume e os efeitos de distorção. Nossa! Na época eu fiquei encantado. Me achava o máximo e sonhava que um dia seria o próprio Hans Donner. Ter o plugin que quisesse no meu PC, essas coisas... mas aí com o passar do tempo, algo estranho aconteceu. Vi meus amigos mudando pro Illustrator, um por um... eles passaram a se vestir de maneira diferente e falavam de um jeito engraçado também: place, pdf, layer... Eu fiquei curioso e cheguei a tentar esse programa, algumas vezes. Mas não conseguia mais viver sem os efeitos de perspectiva - e não achava isso fácil por lá, sabe? percebia que o Corel estava afetando meu trabalho, que estava me fazendo mal... mas não conseguia parar. :( E aí cometi um erro: senti que precisava de novidades mais pesadas, pois os templates já não faziam mais efeito na minha retina. Comecei a misturar distorções com transparência, esticava letras e fazia sombras com formas de pincelada. Isso me fez muito bem por um tempo: sentia que podia fazer um abadá de olhos fechados! mas não durou muito... Logo em seguida, quando passei a aplicar o texto em curva, meus amigos começaram a se afastar de mim. Até os professores me discriminavam na faculdade, por que eu não usava Adobe. Fodam-se, invejosos recalcados! Procurei novos amigos, mas eles também só se aproximavam para converter arquivos. Sabia que por trás todos riam de mim... entrei em depressão. Fiquei mal e parei até mesmo de comprar versões atualizadas do programa. Meus arquivos começaram a não abrir e bateu o desespero. Perdi os meus cliparts favoritos e conheci o fundo do poço. Nessa época meus pais tentaram me ajudar, e me internaram numa pós-graduação em design... Escutei um monte de histórias da Bauhaus e do modernismo - mas porra! Esses viados só usavam cores chapadas e texto alinhado! O professor falava de grid, gestalt, tipografia... mas eu fugi. Renegado pela sociedade, perambulei na sarjeta do design por meses. Trocava logomarca por dinheiro e me humilhava por uma filipeta qualquer. Arrumei alguns empregos, mas não ficava por muito tempo. Senti que precisava de ajuda, ou acabaria numa gráfica rápida. Um dia, enquanto colava algum trabalho no poste, vi um anúncio da Coréu Anônimos... era bonito, com letras em 3 dimensões. Anotei o endereço e fui no mesmo dia. Que lugar incrível! Havia mensagens positivas por toda parede, como se eu estivesse dentro de um arquivo de Power Point. Eles usavam letras que eram felizes que nem eu, e cores, cores e mais cores - toda a magia do arco-íris. Eu me senti em casa... Um sujeito gordinho de jeans e camiseta preta se aproximou - Marlon, era seu nome. Fui apresentado ao grupo e ouvi histórias de gente como eu: usuários de Corel Draw em recuperação. Aos poucos estou me reintegrando a sociedade do design, e um dia terei um computador branco - eu sei. Por enquanto estou aprendendo a me virar sem os efeitos. Estou limpo há 25 dias, 8 horas e 45 minutos.

Muito obrigado.
Fabio Lopez

Bom, né? Original AQUI.

Mas lamento informar que, apesar de não sofrer esse vício intenso, sou daqueles que acreditam que a droga do Corel tem "utilidades medicinais"! Meu nome é Filipe Chagas, e eu uso Corel há 18 anos! HAHAHAHA

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