Nos últimos dias consegui ver três exposições: Pornogramas (de Eduardo Kac), O Número (de José Patrício) e Rubem Ludolf - Obra reunida. São três exposições rápidas de se apreciar e gratuitas, que fica ainda melhor.
PORNOGRAMAS
Nunca tinha ido a Galeria Laura Marsiaj, em Ipanema. Por alguma razão fantasiosa/utópica minha, achava que era um lugar enorme, meio galpão, meio loft. Me enganei por completo. É mínimo! Confesso que isso foi meio decepcionante. E talvez isso tenha aumentado a minha frustração ao ver o trabalho de Kac sem uma legenda ou texto de apresentação. Eu acho que hoje em dia é muito complicado o público - principalmente o nosso - conseguir alcançar algumas sofisticações que os artistas propõem.
Por ter lido alguma coisa antes, eu sabia sobre o teor erótico e provocador de Kac nesse trabalho. Sabia que representava uma dramática ruptura com a pintura neoexpressionista italiana e alemã da época. Sabia que os Pornogramas foram criadas na primeira oportunidade criada com a decadência da ditadura. Mas queria mais informação. Talvez a proposta fosse até essa mesmo... só provocar. Mas acho que faltou um algo mais. A pequena vitrine talvez seja a mais esclarecedora quando se vê que as fotos possuem um algo mais.
E quero destacar uma coisa: adorei a frase para curar amor platônico, só uma trepada homérica! Sensacional! (risos)
O NÚMERO
O artista pernambucano José Patrício trata da quantidade, de uma forma que me lembrou a pixelização, o binário, a tecnologia, mas utilizando procedimentos bem analógicos. Mais de 6 mil botões são capazes de criar um grafismo incrível. Pregos dispostos em uma sequência com pequenas variações formam uma imagem sutil. Dominós adesivados e dados geram formas a partir de seus pontos. Questiona-se o espaço, a geometria, o abstrato, o tempo. Interessante proposta e belos resultados.
Assim como Kac vem usando as ciências biológicas como matéria-prima, parece que José Patrício encontra na matemática um suporte para sua arte.
RUBEM LUDOLF - OBRA REUNIDA
Sabe quando você olha para uma obra exposta em uma galeria ou museu e passa pela sua cabeça a seguinte frase: "isso eu também sei fazer"? Pois é... é isso que parece a obra de Rubem Ludolf. Mas essa crítica não é para as 90 obras expostas desse importantíssimo artista alagoano com 60 anos de carreira. Essa crítica é pra mim. Como disse sobre os Pornogramas de Kac, acho que eu me incluo na categoria de pessoas que não tem a sofisticação para entender a arte concreta que Ludolf faz. Então, faço coro com o curador Luiz Eduardo Meira de Vasconcellos quando diz que precismos "suspender temporariamente preconceitos que, muitas vezes, não nos deixam ver o mesmo com outros olhos".
E eu realmente me encanto pelo abstracionismo geométrico. Não é à toa que fiquei de queixo caído ao ver a exposição da Vanguarda Russa. Repito, portanto, quem precisa melhorar sou eu. Ainda encaro a obra de Ludolf com os meus preconceitos de faculdade, olhando suas obras como se fosse interessantes resultados de um mero exercício gráfico. Sei que é mais do que isso, mas preciso de ajuda para entender. Será que essa exposição - assim como a de Kac - não carece de mais informações? Ou será que eu deveria ter lido mais antes? Será que o público maior entende?
Vamos estudar mais.
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