quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Bioarte

Ontem fui ao Oi Futuro ver a exposição Eduardo Kac: lagoglifos, biotopos e obras transgênicas, que comemora os 30 anos de carreira do artista. Kac trabalha com a biologia para criar arte, para rever seus conceitos e para atualizar suas linguagens. Pra quem não sabe quem é, ele é o responsável pela famosa coelhinha verde Alba, ou, GFP Bunny de 2000 (esse é o nome da obra). Criada com um gene verde fluorescente encontrado na água-viva (que, quando exposta à luz azul, emite uma luz verde), Alba teve enorme repercussão mundial e gerou, nos últimos dez anos, uma série de trabalhos aos quais Kac deu o nome de Rabbit Remix.

O primeiro andar é dos lagoglifos. Lagoglifo é uma palavra criada por Kac para designar representações gráficas da coelha em verde e preto. Tem a animação em mutação constante (sem loop) e os discos enviados pela Nasa. Também tem doze lagoglifos expostos sob luz ultravioleta que expõem as duas camadas da obra, uma vez que a tinta verde é a tinta da água-viva. Prova de que uma boa iluminação em uma exposição pode ser fundamental!

Em seguida temos, os transgênicos, com o Cypher e a Edúnia. Infelizmente, o Cypher é um "poema transgênico" escritos com DNA em placas de Petri, que - óbvio - não pode ser tocado (apesar de dito que poderia...). Acabamos perdendo os detalhes da obra e fica parecendo apenas um kit bioquímico.
Já a Edúnia tem uma proposta interessante: ela é uma plantimal, um híbrido do DNA dele mesmo com uma petúnia (Eduardo + Petúnia = Edúnia)! Se olharmos as veias avermelhadas nas pétalas róseas, pensamos imediatamente que seriam as veias cheias de sangue do artista, até porque é o gene de Kac que produz uma proteína na rede venosa da flor! Poderia servir perfeitamente como um manifesto de proteção à natureza, afinal, não somos parte dela? Uma pena que o vaso onde (provavelmente) ela está plantada ainda não possui absolutamente nada... ou seja... a gente fica imaginando como um vaso cheio de terra consegue virar arte. Mas a exposição mostra fotos da flor, serigrafias das raízes e um interessante projeto de embalagem em formato de borboletas para a venda de suas sementes.
Pra finalizar, os biotopos, que são matéria viva que reage ao ambiente e gera formas gráficas. Que matéria-prima, hein? Mas tem alguns outros artistas fazendo uso do mesmo partido...

Espero ver a segunda exposição de Kac, Pornogramas, em breve.

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