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quarta-feira, 25 de abril de 2018

Pantera Negra

Pantera Negra (Black Panther, 2018) é um filme de super-herói, gente. Nada mais do que isso e nada diferente do que a Marvel faz com relação a enredo. Está tudo lá: a ascensão e queda do herói para sua final redenção, a ascensão do vilão até sua derrota, as grandes perseguições e cenas de combate, a tecnologia, o humor... fórmulas que a Marvel já está craque.

No entanto, é preciso entender o fenômeno social que levou esse filme a bater inúmeros recordes (na casa de 1 bilhão de espectadores), a botar um super-herói na capa da revista Times e estar com possibilidades de disputa de Oscar.

Enquanto o filme da Mulher-Maravilha deu força à mulher não só como protagonista, mas em todos os aspectos dentro do filme (direção, figurino, direção de arte e por aí vai) e fora dele (manifestação anti-assédio), o filme do Pantera Negra traz a representatividade étnica com um elenco estrelar, 98% negro, cineasta negro, mostrando não uma África sofrida, mas uma África ACIMA da cultura branca ocidental europocêntrica com diversas críticas pontuais muito bem feitas.

Nós temos empatias por todos os personagens (interpretados por FERAS como Chadwick, Lupita, Forrester e Angela, somados a Daniel - de Corra! -, Letitia - grande Shuri -, Danai - poderosa Okoye, chefe das Dora Milaje -, Winston - o Homem-Gorila - e Michael B. Jordan em redenção cinematográfica, entre muitos outros). São tantas texturas, complexidades, nuances dos personagens traduzidas num visual arrebatador que une à tecnologia às expressões tradicionais africanas. Os vilões novamente não são vilões, mas aqui nesse filme isso é bom. Somente Ulysses Klaue (Andy Serkis) pode ser considerado realmente "do mal".

O filme está conectado diretamente à Guerra Civil e Vingadores 2, seja pela presença do Soldado Invernal, seja pela presença de Martin Freeman após os problemas na ONU. É meio longo, porém, necessário para apresentar todas as referências do Pantera e ainda mantê-lo conectado ao MCU.

Como aqui nessas postagens eu tenho falado sobre a relação cinema/quadrinhos... posso afirmar: a Marvel acertou em cheio! Acho que tudo estava no filme. Até as adaptações foram bem feitas, como o "superuniforme". E pra mim, é por isso, que esse é um grande filme do MCU.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Thor foi pro espaço

Tiraram o cabelo comprido sem razão. Tiraram um olho sem razão. Tiraram Mjolnir sem razão. Tiraram Asgard. Nem precisaria dizer mais...

Eu realmente saí do cinema (em novembro de 2017) bem desapontado com o fim da trilogia do Thor nos cinemas. Thor Ragnarok foi feito para tirar a má impressão de seus filmes anteriores (ditos muito sérios) com um humor totalmente fora de contexto e acabaram desconfigurando-o totalmente.

Primeiro, vamos à contratação de Taika Waititi, um ator/diretor que parece trazer somente o tal humor over, porque as decisões seminais do filme foram realizadas pelos produtores da editora. Ele também faz Korg, um guerreiro de pedra com sotaque havaiano longe do personagem dos quadrinhos, engraçadinho na tela, porém perdido.

Segundo, vamos aos atores... Contratar Cate Blanchet como a primeira grande vilã da Marvel parecia um tiro certeiro. Mas veja a atuação dela... parece que ela não está levando a sério!

Terceiro, vamos ao Hulk... personagem aparentemente querido do público, mas também envolvido em imbróglios contratuais (e medo de mais fracassos individuais) que é colocado no meio de um filme que não lhe pertence, ganha mais falas, mais tempo de tela e nos leva ao quarto ponto...

Quarto, vamos às contínuas adaptações de quadrinhos para as telonas:
  1. Hela como a primogênita de Odin? Conquistadora ao lado do pai? Banida por ambição? A morte de Odin a liberta? Hã? Nem na mitologia nem nas HQs!
  2. Thor usando os poderes de Heimdall? Hã?
  3. A única Valquíria que sobrou não tem nome e é uma alcoólatra espacial? (Não... não há justificativa... e atente que nem me incomodei pelo fato dela ser negra quando as valquírias eram a epítome da brancura/loirice nórdica, já que Heimdall é Idris Elba)
  4. Planeta Hulk é uma das histórias mais bem sucedidas do Hulk nos quadrinhos. Resumindo: com medo da fúria do gigante verde, alguns heróis o exilam no espaço; ele cai num planeta onde se torna um gladiador e, por fim, o salvador. Aqui no filme, lembramos que o Hulk ficou preso em uma nave depois da batalha em Sokovia, em Vingadores 2. Ele é colocado no Torneio dos Campeões do Grão-Mestre (outro clássico quadrinístico para ver herói vs. herói), junto com Korg e Miek (personagens do Planeta Hulk), só pra enfrentar o Thor (um combate interessante que mais vale pela cena que Loki vibra com o que o Hulk faz com Thor). Porém, a saga dos quadrinhos é muito maior, mais importante e impressionante. O filme reduziu tudo a nada.

For isso tudo, ainda temos [spoilers]:
  • A destruição sem sentido do Mjolnir em nome de dar poderes elétricos para Thor. Não... não adianta dizer que o martelo era poderoso demais. Ok, ficou visualmente bacana, mas não, não tem explicação.
  • A morte ridícula de Volstaag e Fandral (dos três guerreiros, Hogun é o que tem uma morte mais digna)
  • Sif ignorada ao ponto de nem aparecer no filme.
  • Um Skurge de quinta que não disse ao que veio.
  • Um teatrinho shakespeariano engraçado porque tem Sam Neill como Odin, Matt Damon como Loki e Luke Hemsworth (irmão de Chris) como Thor, enquanto Anthony Hopkins faz o Odin/Loki.
  • A participação do Dr. Estranho, que liga Thor ao lado místico do MCU, apesar do resto todo do filme direcioná-lo para o lado cósmico a la Guardiões da Galáxia (inclusive a primeira cena pós-crédito é ligação direta com a Guerra Infinita). Aliás, nessa cena (só) vale o Mjolnir como guarda-chuva, lembrando o início do herói nos quadrinhos.
  • Quer saber o que é o Ragnarok mitológico? Clique aqui, pois é beeem diferente do explicado no filme. Até os quadrinhos trabalharam melhor.

Especificamente sobre Sakaar, o planeta do Torneio dos Campeões, vale uma ressalva. Confesso que não entendi a estética daquele "lixão espacial" quando vi pela primeira vez. Porém, vendo os extras do blu-ray, entendi tudo: é uma senhora homenagem a Jack Kirby, um dos grandes construtores visuais do Universo Marvel. Passei a gostar da vibe oitentista.

Precisamos saber também que cronologicamente esse filme se passa AO MESMO TEMPO que Guerra Civil e seria, por essa razão, que Thor e Hulk não participaram do terceiro filme do Capitão. No entanto, pra mim, o objetivo foi literalmente ACABAR com a trilogia individual do Thor e, talvez, eliminá-lo das vindouras fases do MCU. Não duvido que ele morra nos próximos Vingadores...

Apesar dessa minha crítica, o filme foi muito bem recebido. Ou seja, ignorem tudo que eu escrevi e vejam o filme por sua própria conta.

sábado, 7 de abril de 2018

De volta ao lar

E o Homem-Aranha está de volta ao lar, ou seja, ao MCU! Título perfeito (Spiderman: Homecoming, 2017) para uma confusão legal feita há nos atrás pela Marvel. Resumindo: pra colocar seus heróis na telona, a editora vendeu um monte de direitos cinematográficos. Por exemplo, X-Men e Quarteto Fantástico foram para a FOX, enquanto o aracnídeo foi para a Sony.

Antes de falar do novo filme, deixa eu lembrá-los que, em 2002, o primeiro filme do Homem-Aranha foi um sucesso estrondoso e a Sony viu que havia tirado a sorte grande. A sequência em 2004 foi ainda maior, mas o fim da trilogia em 2007 deixou um pouco a desejar.

Quando Homem de Ferro foi lançado em 2008 pela própria Marvel, deu-se o problema: enquanto os fãs exigiam o retorno do teioso para casa, a Sony jamais largaria sua mina de ouro. Então, assim como nos quadrinhos mudam o desenhista e as histórias são recontados com outros pontos de vista, em 2012, mais um filme foi feito... um "reboot" que não era exatamente um reinício.

Só que em 2012, a Marvel detonou tudo com Os Vingadores e já preparou terreno para vários filmes de sua segunda fase. A Sony precisava fazer algo com o universo do Aranha e resolveu lançar o segundo filme do "reboot" em 2014, cheio de pontas para criar um universo particular. Porém... o filme pecou em vários erros semelhantes ao do terceiro filme da primeira trilogia e as pessoas começaram a perder interesse por essa versão do herói. O público exigia que ele voltasse para as mãos da Marvel.

Um ano de intensas negociação (com direito a quase porrada de produtores), finalmente foi negociada uma parceria entre Marvel (agora com toda a força da Disney e das Lucasfilms) e Sony. Assim, o Homem-Aranha estreou em 2016, no terceiro filme do Capitão América, Guerra Civil. Ah... agora sim! Teremos o melhor Homem-Aranha de todos!!!

Longe disso.

O "amigão da vizinhança" virou uma salada:

  • Tom Holland é uma mistura de Tobey Maguire com Andrew Garfield, porém com a idade, ansiedade adolescente e condição atlética certa (o poder de adesão foi muito bem trabalhado).
  • Seus colegas adolescentes tiveram suas características físicas alteradas. Ok, entendo a tal da representatividade... mas colocar o Flash como um indiano não dá. MJ como um nerd é impossível! Liz negra e filha do Abutre... hã??? E Ned... talvez o MELHOR PERSONAGEM DE TODO O FILME... é, na verdade, outro personagem do universo Marvel, o Ganke do Homem-Aranha Ultimate.
  • Tia May garotona também é questionável... pelo menos tiraram o tom "Tonyzete" que deram a ela no filme Guerra Civil.
Jacob Batalon faz o ótimo Ned Leeds.

É visível também que houve uma tentativa de traduzir o sucesso da primeira trilogia quando toda a cena da barca é PRATICAMENTE IGUAL a cena do trem no Homem-Aranha contra o Dr. Octopus. Além disso, prestem atenção no Abutre... ele É O DUENDE VERDE! Suas asas parecem o planador! E ele descobre a identidade do herói em uma cena que jogam uma luz verde do semáforo na cara dele! Mesmo sendo feito por Michael Keaton (eterno Batman e Birdman) com um enredo até bem estruturado (o tráfico de armas alienígenas), isso ficou muuuuuito ruim pra mim. Pelo menos dessa vez eles entenderam que colocar três vilões não funciona e Shocker e o Consertador são personagens bem coadjuvantes.


Tony Stark - que já roubara metade do filme do Capitão - também rouba um pedaço desse filme na construção de uma relação pai e filho. Mesmo que não seja totalmente presencial... é dele a Controle de Danos (empresa que cuida das destruições em combates de super-heróis), é dele a nova tecnologia do uniforme (com destaque para as teias-planadoras, o sinal-aranha e o rastreador, porque o modo "Morte Súbita" e o drone não colaram) e é a mudança dos Vingadores para o Triskelion que dá o norte ao filme. Fora Happy Hogan que é a "babá" do Aranha e (spoiler) a cena do pedido de casamento.

Mesmo não contando mais a origem, foi necessário estabelecer o herói dentro no MCU e isso tornou o filme longo demais. Não é um filme ruim, mas ficou aquém. Parece uma sina manter o nível desse personagem. A Sony anda tentando estender o universo aracnídeo com filmes do Venom, da Gata Negra e da Silver Sable e eu não sei como isso vai mexer com o Homem-Aranha no MCU, que vai entrar na Guerra Infinita com sua tia sabendo de sua identidade. Aguardemos.

segunda-feira, 5 de março de 2018

Força estranha

O segundo filme da terceira fase da Marvel se propôs a introduzir o universo místico da editora na telona: Doutor Estranho (Doctor Strange, 2016) expande o lado cósmico para o lado dimensional. O caminho pra isso já havia – de certa forma – sido pautado pelos filmes do Thor, já que os Asgardianos tornaram-se "alienígenas" (com uma pitada de Loki, algo que fica explícito nos pós-créditos), mas também pelos poderes surreais das Joias do Infinito e pelo microverso do Homem-Formiga. Neste filme, somos apresentados à magia como uma "programação da realidade" e, assim, o MCU tenta não se afastar (muito) do que seria possível.

O filme segue a fórmula Marvel e mantém a origem do personagem bem próxima dos quadrinhos. A arrogância de Stephen Strange é perfeitamente desenvolvida, até o acidente que o leva a uma jornada tanto mística quanto interior. É possível até perceber (para aqueles que acompanham todos os filmes) que Stephen começa como um Tony Stark e termina como um Steve Rogers, pensando em se sacrificar pelo bem maior sem desistir.

Os efeitos especiais desse filme são absolutamente incríveis. Sim... eles se inspiraram (bastante) no filme A Origem (Inception, 2010), mas foram além com o Multiverso dimensional criado. A cena ao avesso é de tirar o fôlego. O visual da magia – que traz mandalas hindus – também é lindo e o Manto da Levitação ganhou uma personalidade até divertida, porém, paradoxal já que parece não funcionar quando deveria (por exemplo, na incrível Dimensão do Espelho).


O elenco do filme é estelar, mostrando o quanto a Marvel continua atraindo os grandes nomes (seja pela quantidade absurda de dinheiro ou pelos desafios cinematográficos). A atuação de Benedict Cumberbatch foi muito elogiada e realmente está muito boa, porém, em vários momentos ele parece a pessoa errada para o papel, meio over. Isso respingou em Chiwetel Ejiofor, o (ainda não Barão) Mordo. Ele parece ser a razão, a consciência sobre o preço que se paga ao usar a magia indevidamente e até concordamos com ele ao longo do filme, entendendo sua motivação errada no final, o que lhe dá uma nuance de "vilão que não é exatamente vilão". Pena que é exatamente nessa transformação que o vemos ficar over.

Isso acaba sendo um contraponto com dois personagens: a Anciã e Kaelicius, protagonizados por Tilda Swinton e Mads Mikklsen. Ambos transmitem uma calma em suas atuações mesmo em suas cenas grandiosas de atuação, o que nos faz pensar que talvez o over de Estranho e Mordo sejam propositais. O caso de Tilda é a parte, já que o personagem nos quadrinhos é o estereótipo do ancião oriental careca de barbicha que domina todo o conhecimento. Ao ser escalada gerou dúvidas, mas ela dá um show, é claro.

Rachel McAdams como Christine Palmer está perfeita em toda cena que aparece, e Benedict Wong, o... Wong (!) também dá conta do recado mesmo sendo um retrato levemente diferente dos quadrinhos.

No fim, temos um bom filme de origem da Marvel que introduz vários novos elementos não só para a terceira fase, mas abre inúmeras possibilidades para o que virá depois da Guerra Infinita.

domingo, 25 de junho de 2017

Maravilhosa!


É muito fácil elogiar o filme da Mulher-Maravilha (Wonder Woman, 2017) porque ele é um filme da DC e está sendo comparado aos filmes recentes da editora ligados ao Superman. O filme merece muitos, mas muitos elogios mesmo. Porém, vamos com calma.

Vamos retornar primeiro à seleção da atriz. Não... ela não foi a escolha perfeita ou preferida. Zilhões de atrizes melhores estavam na frente dela. O que dizer da eterna Xena (Lucy Lawless) que foi sempre a Mulher-Maravilha (e - cá pra nós - merecia uma ponta nesse ou em qualquer filme com amazonas)? Uma miss? Modelo?

Aí ela apareceu no filme Batman vs. Superman... Leia aqui o que escrevi anteriormente sobre essa bomba, mas vou repetir: Gal Gadot aparece e engole o filme. O fato de ser Miss Israel foi na verdade um incremento positivo, porque, além de linda, ela teve treinamento militar (obrigatório para todas as mulheres israelenses). Deu vontade de ver o filme. E não seria qualquer filme porque se tenta fazer um longa-metragem da Mulher-Maravilha há anos, mas a sociedade de capitalismo machista não permitia.

Permitia... passado. Estamos em um novo momento social onde o que mais se fala é empoderamento feminino. Esse filme tem isso em seu cerne, porém, é mais do que somente um filme de/para mulheres. As cenas machistas parecem até ridículas para os dias de hoje, mas foram verdade. A personagem Etta tenta colocar humor nisso, mas Gal Gadot se sobressai. Ela não fala só das mulheres. Ela fala dos inocentes, ela fala das minorias, ela fala de todos nós.

E não é só nisso que o filme se sobressai. É o filme da DC que mais se aproxima dos quadrinhos e possui um enredo mais simples e óbvio que não quer mergulhar no universo sombrio criado com sucesso por Christopher Nolan nos Batmans de Bale e que não se sustentou nos filmes do Superman. Isso faz o filme mais palatável, mesmo com o excesso de cenas de batalha em slow motion (que até achei necessárias). Mas ficou um gostinho de quero mais na parte mitológica: a Ilha das Amazonas tem pouco tempo de filme e trazem a luz que faltava para os filmes da DC. Sorte da editora que a Mulher-Maravilha mantém sua luz na escuridão da Primeira Guerra Mundial que segue como pano de fundo, mesmo com vilões inexpressivos. Sim... Ares, o deus da guerra, é bem inexpressivo.

Dito isso, veja o filme. Vale muito a pena e abre um caminho novo no cinema que nem a Marvel conseguiu e só a Mulher-Maravilha poderia fazê-lo.

Se quiser saber mais sobre a amazona da DC, clique aqui.

sábado, 8 de abril de 2017

O Wolverine que eu sempre quis no cinema (?)

Eu sou colecionador de quadrinhos desde 1990 e possuo uma coleção de 8 mil edições. O número 36 do antigo gibizinho dos X-Men (Ed. Abril) me apresentou Wolverine e foi o cliché do amor à primeira (re)vista. Explicar o porquê disso acho que nem fazendo terapia, mas é fácil entender porque os mutantes se tornaram o que são hoje. Eles representam todas as minorias que possuem o potencial de fazer o mundo melhor, mas são impedidas por medos e preconceitos. Wolverine é aquele que enfrenta isso com uma coragem ímpar, mesmo tendo toneladas de questões próprias a resolver. E ainda faz de forma cínica, com um humor ácido só dele.

Quando disseram que iam levar o universo mutante para os cinemas, eu fiquei num estado de êxtase incomparável. Cheguei a ter queimação no estômago e suor frio ao ver o filme que iniciou a franquia em 2000. Toda essa exaltação se transformou numa expectativa louca que parecia se frustrar por conta de um purismo amadurecido em 10 anos de leitura. Como Wolverine poderia ser interpretado por um ator de 1,90m quando ele é o “nanico” dos quadrinhos? Isso foi se suavizando com o entendimento de que mídias diferentes precisam de adaptação e que Hugh Jackman incorporou o herói de uma forma inexplicável.

E aí... 9 filmes e 17 anos depois... chegamos ao alardeado último filme de Hugh Jackman como o Wolverine. As críticas foram tão positivas que não tinha como a expectativa não se elevar. A frase mais comum de se ouvir era “esse é o filme que você sempre pediu do Wolverine”. Será?

Bom... o filme que eu pedi não é esse. Não funcionou pra mim. Para entender isso, resolvi fazer uma maratona dos filmes X e uma releitura do que já havia escrito sobre eles. Mas, entenda, eu farei uma análise muito mais quadrinística, do personagem em si, do que propriamente sobre cinema, pois sou cinéfilo, mas não expert na telona.

Então, vem comigo:

X-MEN – O FILME
X-Men, 2000 = sigla X1

Esse filme deve ser reverenciado por todo mundo que ama quadrinhos porque ele é O precursor, aquele que abriu caminho para a nova onda cinematográfica dos super-heróis. Eu sei que tivemos inúmeros Supermen e Batmen antes, mas é nesse que o grande público fica conhecendo os mutantes e mostrou o potencial do retorno desse gênero na telona. O filme foi tão grandioso que influenciou os próprios quadrinhos de onde saíram.

Com 10 minutos de filme, somos apresentados a Wolverine numa arena de luta, onde ele é ligado à jovem Vampira e começa a ser o fio condutor da história. Essa ligação se assemelha ao que a Marvel fez com sucesso nos quadrinhos entre o carcaju e a jovem Jubileu (que chega a aparecer de passagem em uma cena desse filme, mas com a fala cortada), mostrando o coração enorme do baixinho e seu potencial como mentor.


Nos minutos seguintes, vemos que Hugh Jackman (mesmo não sendo o nanico que o personagem pedia) veste a jaqueta do herói com maestria até quando enfrenta um Dentes-de-Sabre ridículo e selvagem em uma história que permite um rumo diferente das HQs.


Em flashbacks de sonhos ou telepatia, temos o primeiro vislumbre do passado sombrio de Wolverine com a aplicação de adamantium em seus ossos. Seus colegas de equipe ficam impressionados com as experiências que fizeram nele e com sua falta de memória, além – é claro – de seu incrível fator regenerativo. A relação com Jean se torna o segundo fio condutor, mas não só desse filme, como de toda a primeira trilogia.


Ainda nem sabia o que era blog quando esse filme foi lançado, então, jamais fiz uma resenha. Não é o objetivo aqui, mas aconselho: vejam. É aqui que Hugh Jackman alça o personagem (e o ator) ao estrelato fazendo com que o segundo filme da franquia tenha o seu passado como base.


X-MEN 2
X2, 2003 = sigla X2

O início de X2 nos apresenta o mutante Noturno em uma cena incrível, abrindo passagem para o passado de Wolverine no Lago Alkali e para a ascendência da Fênix. Novamente, Wolverine é colocado com os mais jovens e acaba como um “professor” (o que depois gerou uma série televisiva animada e o herói ganhando esse cargo nos quadrinhos). Sua cena principal inclusive se dá na escola de Xavier, quando precisa proteger os alunos de um confronto militar. Hugh Jackman protagoniza uma cena realmente digna do herói com violência e drama na medida exata.



No primeiro filme, Wolverine tem duas cenas de combate: uma contra Mística e outra contra o Dentes-de-Sabre de araque. Apesar da violência não sanguinolenta, em ambas ele termina cravando suas garras nos vilões (que supostamente não podem morrer). Já nesse segundo filme, Yuriko (a Lady Letal dos quadrinhos) trava uma luta bem agressiva com o herói e o deixa bem mal. O fim da vilã pode ter servido de inspiração para a “morte definitiva” de Wolverine nos quadrinhos.


Com a presença do General William Stryker (em sua primeira aparição cinematográfica) e a locação do Programa Arma X, a memória de Wolverine retorna mais um pouco: vemos o tanque de adamantium e cenas de sua fuga dolorosa e violenta que deixou marcas nas paredes. Numa conversa com o general, Logan fica sabendo que ele se voluntariou para o programa e ainda trabalhou com ele.


Ficou parecendo que os responsáveis pelo filme quiseram entrar no esquema da Marvel de oferecer pouco sobre Wolverine e ainda iniciaram o processo de vulnerabilização do personagem (que até chora com a “morte” de Jean).


X-MEN 3: CONFRONTO FINAL
X-Men: The Last Stand, 2006 = sigla X3

Complicado falar de um filme que deteriorou a franquia mutante no cinema ao fazer as piores escolhas para levar a Saga de Fênix para a telona. Wolverine, por exemplo, continua em seu processo de domesticação (termo que chega a ser usado). Dessa vez não é a posição de professor que o transforma, e sim o amor por Jean. Ele altera de líder pra chorão o tempo inteiro e isso vai descaracterizando-o e desestabilizando-o. Mas esse amor é o que vence no final.


Wolverine tem novamente duas cenas de combate: a da floresta em busca de Jean, onde ele solta seu lado furioso quase como a cena da mansão no filme anterior; e a cena final onde enfrenta tantos mutantes aleatórios que quase não conseguimos ver. Mas são duas outras cenas que chamam atenção porque enxergamos a essência do personagem: logo no início, na Sala de Perigo, onde acontece o arremesso especial com Colossus e, no meio da batalha dos mutantes, quando enfrenta o mutante que regenera os braços mas não um chute certeiro.


Curiosidade: em uma cena deletada, Wolverine abandona os X-Men depois de ter matado Jean e retorna ao bar onde lutava por dinheiro e encontrou Vampira em sua primeira aparição.


X-MEN ORIGENS: WOLVERINE
X-Men Origins: Wolverine, 2009 = sigla W1 = resenha original

Mesmo com a queda dos X-Men no cinema, Hugh Jackman transformou Wolverine num personagem maior. Nos quadrinhos, por exemplo, ele se tornou onipresente participando de mais de uma equipe dos X-Men, tendo uma equipe própria, virando um Vingador, além de sua série solo. Nessa época também foi revelada não só uma parte do passado obscuro de Logan (na saga Origem, utilizada como referência para esse filme) como devolveram suas memórias há tanto perdidas.

O passado secreto de Wolverine é, então, construído: sua infância no século XIX, suas garras de osso, sua ligação fraternal com Victor Creed (Liev Shcreiber como o Dentes-de-Sabre certo, à altura do sádico personagem) ao longo do tempo, os colegas mercenários – com direito a Deadpool (ruim), a segunda aparição do Coronel Stryker no cinema e como perdeu sua memória. A caracterização de Hugh Jackman está beirando a perfeição em um filme recheado de referências que vão desde frases icônicas à jaqueta que remete ao uniforme clássico, mostrando que o objetivo era fazer um filme para fãs.

Temos também a primeira versão completa de como colocaram o adamantium em Logan sem ser em sonhos ou flashbacks cortados. Temos poucas diferenças visuais e conceituais com relação ao mostrado anteriormente, mas a desculpa recai sobre a memória fragmentada de Logan. Sabemos que ele foi voluntário para o Programa Arma X em busca de vingança contra Dentes-de-Sabre e tem uma fuga com menos violência do que esperado. A saída do tanque de adamantium vai ficar marcada – e não só por causa da nudez de Hugh, mas pela ferocidade que se aproxima do ocorrido nas HQs.


As duas disputas entre Wolverine e Dente-de-Sabre são ótimas, mas é a cena da Moto vs. Helicóptero – a primeira que Wolverine utiliza suas garras recém-cobertas de adamantium – que será lembrada nesse filme que tinha tudo pra ser o tal que eu pedi.


Acontece que, mais um vez, escolhas erradas descaracterizaram personagens coadjuvantes que deveriam dar profundidade a Wolverine mas tiraram seu foco, como:
  • Raposa Prateada (Kayla): um personagem obscuro e importante nos quadrinhos que virou uma mutante com poderes de persuasão e irmã de...
  • Emma Frost? Oi? Pra quê?
  • Gambit (Remy LeBeau): mero ladrão irritadinho sem charme algum que é totalmente desnecessário no filme;
  • Ciclope (Scott Summers): ué... ele conhecia o Wolverine? Porque em X1 eles nunca se viram e, mesmo cego, é impossível não saber que havia sido salvo por Wolverine;
  • Deadpool... Ryan Reynolds perfeito no papel, mas que vira uma mistura genética que literalmente estraga o filme (não só o final dele).
Não é por uma questão de purismo. É uma questão de motivo inexistente. Veja: tire Emma, Gambit, Ciclope e Deadpool do filme e coloque Dentes-de-Sabre como o vilão principal com Kayla normal como nos quadrinhos. Pronto.

Curiosidade: na cena de pós-créditos, Logan está no Japão indicando o que vinha a seguir em seus filmes solo... mas... que você vai perceber que não tem lugar na cronologia.


X-MEN: PRIMEIRA CLASSE
X-Men: First Class, 2011 = sigla PC = resenha original

Uma única e divertida cena para Wolverine em um filme que foi feito para acertar (e acertou) a franquia mutante depois do fraco X3:
Xavier e Erik procuram mutantes por todo mundo e chegam até Hugh em um bar. Os dois se apresentam e levam um go fuck yourself na lata.

Essa cena é perfeita para o personagem e marca seu primeiro encontro com Xavier e Magneto, mas também começam as confusões cronológicas:
  • Por que em X1 tanto Xavier quanto Magneto parecem não conhecer Logan se eles tiveram essa cena?
  • Xavier aparece em uma brevíssima cena final do filme de origem de Wolverine: ele salva os mutantes presos ao guiar telepaticamente Ciclope para seu helicóptero. Mas vem cá... Um telepata poderoso como Xavier não teria ajudado Wolverine como ajudou Ciclope? Ou pelo menos pressentido ele? E como assim Xavier já estava careca?
  • Também convém falar aqui da terceira aparição de Stryker. Mais um ator faz o coronel num papel desligado de Wolverine, mas ligado à questão mutante. A idade dos atores não bate: velho na primeira, novo na segunda e ainda mais velho agora?

WOLVERINE IMORTAL
The Wolverine, 2013 = sigla W2 = resenha original

Um Wolverine atormentado pelo passado e pela morte de Jean começa o segundo filme já fazendo a gente se perguntar: mas na cena pós-crédito anterior ele já não estava no Japão? O que ele está fazendo agora no Canadá? Calma que ele chega lá, mas veremos que aquela cena do bar não se encaixa.

É importante saber que o Logan das HQs é realmente/finalmente “domesticado”, por assim dizer, no Japão, pois é onde ele encontra o amor de sua vida, Mariko Yashida, e se entrega a uma vida caseira e de paz. Logan ganha camadas nesse arco histórico e deixa de ser um baixinho furioso para ser alguém com sentimentos. E esse é também o objetivo do filme e – pensando bem – de tudo que foi feito até esse ponto, mas acaba girando em torno da morte ao invés do amor.

Bom, ele nem chega direito no arquipélago e tem seu fator de cura enfraquecido pela vilã Víbora (por que mutante?). Ao enfrentar a Yakuza numa batalha bem sangrenta, começa-se a tirar o “super” do herói. Perceba que essa é a primeira vez que falo em Wolverine como um super-herói, porque ele não é tratado como tal. Ele carrega o heroísmo trágico da mitologia e seu fator de cura lhe confere o “super”, mas suas atitudes estão mais para a de um anti-herói. Portanto, todo o processo de “suavização” parece tornar seus feitos maiores: cada tiro que não cura, o eleva.

Contra Shingen Yashida, Wolverine já recuperou seu fator de cura depois de uma “autocirurgia” e o combate é um dos melhores (se não, o melhor). Também tem um monte de ninja e a luta no trem-bala, que é mais efeito do que outra coisa, mas o Samurai de Prata é decepcionante, assim como o resultado final. A vontade de mostrar Wolverine como um ronin, um samurai sem mestre, perdido num ambiente exótico e hostil acabou foi deixando todo mundo perdido.


A cena pós-crédito vem pra avisar que tentarão consertar tudo: Magneto e Xavier buscam a ajuda de Wolverine porque algo maior está por vir. Claro que fica a pergunta: como o Xavier careca está vivo se a Fênix o explodiu em X3? Sim, nós sabemos que no final Xavier enviou sua mente para um corpo moribundo, mas daí a ter a mesma cara de Patrick Stewart é demais.

Curiosidade: em um final alternativo, Yukio entrega para o Logan o clássico uniforme amarelo e marrom! Deixando um gostinho de esperança...




X-MEN: DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO
X-Men: Days of a Future Past, 2014 = sigla DFE

Já fiz uma boa resenha desse filme, mesmo na flor da pele. Nela eu falo sobre o arco de quadrinhos de onde o filme foi inspirado e deixo claro que Wolverine não seria necessário como protagonista na trama. Mas como deixar Hugh Jackman de fora dessa nova trilogia? Impossível... assim como a oscarizada Jennifer Lawrence – a Mística – também precisava de destaque mesmo que ela seja um enorme paradoxo (afinal, Mística aparece na primeira trilogia sem ter qualquer relação com Xavier, mas nesse filme o velho Xavier se lembra dela).

Como Wolverine é o foco desse texto, então... Ele volta no tempo – num corpo mais novo e mega bombado (desde W2) que não condiz com o corpo de X1 (vide foto abaixo) – pra ser a bússola moral de um Xavier perdido. Magneto parece não conhece-lo, mas Xavier lembra da curta e divertida cena do filme anterior. Porém, o maior problema é: se ele perdeu as garras de adamantium no Japão, como elas reapareceram no futuro? Pois é... sem explicação, assim como o retorno do Xavier careca.


Eu odeio viagem no tempo. Muito! Entendam que a partir do momento que Wolverine volta no tempo, ele abre uma nova linha temporal e isso faz com tenhamos duas realidades: uma da primeira trilogia, com os primeiros solos do Wolverine e o Primeira Classe; e outra que começa aqui e acaba no último filme do Wolverine. Então, quando o novo Xavier entra na mente de Wolverine, ele vê um vislumbre da primeira trilogia, uma outra linha do tempo, onde se encontra com seu possível futuro careca.

Bom... aos poucos, Wolverine deixa de ser personagem principal, pois o trio Xavier/Magneto/Mística é o cerne da nova trilogia. Por exemplo, não há um combate significativo sequer para Logan nesse filme. Em certo momento, Logan tem um refluxo de memória ao olhar para o jovem Stryker e se lembra do Stryker (e do adamantium) de X2... Então... espera... se esse é o Júnior, o do Primeira Classe é o pai; Júnior cresce e vira o do primeiro filme solo do Wolverine; cresce mais um pouco e vira o do X2 que tem um filho mutante. Parece que isso se resolveu. Ou não?

Na cena final de Logan no passado, Magneto cruelmente crava vergalhões em seu corpo e o lança no fundo do mar onde ele se afoga. Quem o retira da água, é Stryker que, na verdade, é a Mística. E isso quer dizer o quê? Não fica claro e não foi resolvido no filme seguinte, deixando um buraco. Em um final alternativo, é somente o Stryker que o tira da água, e faz mais sentido... mas lembre-se: esse seria um final alternativo de uma linha temporal.


Confuso? Veja a cronologia mais abaixo e tenha certeza que será ainda mais confuso.

Curiosidade: em uma cena deletada, o Wolverine do futuro beija Tempestade, acompanhando os quadrinhos da época, onde os dois estavam formando um casal.


X-MEN: APOCALIPSE
X-Men: Apocalypse, 2016 = sigla APO

Lembre-se: agora estamos em uma nova linha temporal, ou seja, os responsáveis pelo filme, podiam fazer o que queriam com o passado do Wolverine. Então, Wolverine tem uma única cena: a fuga sangrenta do Programa Arma X no Lago Alkali (bem mais parecida com o que se sabe nos quadrinhos). Ele recebe a ajuda de uma Jean Grey jovem e sai correndo pelas florestas do Canadá desmemoriado e com mullets.



O que fica claro pela cena final dele em “Dias de um Futuro Esquecido” e por essa cena é que agora Logan não foi voluntário do Programa Arma X, mas uma vítima de Stryker. Não sabemos como ele perdeu a memória, mas não foi uma bala de adamantium como no primeiro filme solo do herói. Isso significa que DFE deve ter apagado os dois filmes dele. É...

A cena pós-crédito desse filme se liga diretamente ao último de Logan: enquanto militares limpam a bagunça feita por Wolverine em sua fuga, uma empresa de genética pega uma amostra de seu sangue. O nome dessa empresa (Essex Corp) remete a um dos grandes vilões da franquia X, o Sr. Sinistro, e nos leva a crer que teremos clone... e não é que é (quase) isso mesmo?

OBS.: Sobre o filme em si, tem altos e baixos – principalmente em termos cronológicos –, mas, no geral, essa segunda trilogia é muito boa!


LOGAN (2017)

E aí chegamos ao alardeado último filme de Hugh Jackman como Wolverine, considerado “o filme que você sempre pediu do Wolverine”.

Longe disso pra mim! As críticas e fãs se apoiaram na violência explícita para dizer que era um filme do Wolverine. Não! E vou além: o filme é comum.

Sim. Estou sendo um herege. Mas venha comigo... Quantos filmes já foram feitos sobre um brutamontes que tem que lidar com uma garotinha? Quantos filmes já foram feitos que os protagonistas precisam viajar de carro pelos EUA e encontram desafios no caminho? Tem até um nome pra isso: Road movie. E isso é só o começo das críticas.

Tudo nesse filme é excessivamente misterioso, deixado de forma superficial:
  • Temos um preview de Xavier como arma mortal tanto em X2 quanto em APO, mas, afinal, o que houve com os X-Men? Só sabemos que Xavier detonou 600 pessoas em Westchester, entre eles, sua equipe. Nem um flashback?
  • O quê levou Wolverine a ficar doente? Tá... tem a história do envenenamento pelo adamantium (que até já foi trabalhado nas HQs), mas o que levou ao enfraquecimento de seu fator de cura? Porque ele só poderia ser envenenado pelo adamantium se seu fator de cura estivesse fraco. Uma frase no filme resolveria isso...
  • E a tal Essex Corp. da cena pós-crédito do APO? Pra onde foi? Por que mudou de nome para Transigen quando Essex é bem mais significativo?

Isso foi feito com a desculpa de focar na humanização de Logan (e por isso o filme não tem Wolverine no título), mas tudo dá destaque pra Laura (Daphne Keen), a X-23, a garotinha que tem sua história bem mais desenvolvida e suas cenas de combate bem mais interessantes, como se fosse uma passagem de bastão. Logan só é interessante quando está com ela. Até Xavier tem mais textura como personagem.

Um corporação sem rosto é o vilão perfeito para um filme que só quer mostrar violência sem razão. Os ciborgues Carrascos são insignificantes, nem precisam ser eles no filme (nas HQs, eles são responsáveis por uma das maiores surras que Logan já levou e marcam o início da relação do herói com a jovem Jubileu). Mas qual seria realmente o melhor vilão para Wolverine se não ele mesmo? Até existe um ciborgue (Albert) nas HQs que talvez se encaixasse melhor na história, considerando os Carrascos, mas era preciso ser um clone com uma raiva desenfreada "construída" (hã?) para duplicar a presença de Wolverine na tela e mostrar o Wolverine humano vs. o Wolverine animal.

Reduzir Wolverine à violência desenfreada é um desconhecimento claro do que foi feito no cinema até agora: a sua domesticação, sua ida da imortalidade para a mortalidade. Isso é poético, interessante, mas não é o Wolverine. Dito isso, vale ressaltar as atuações soberbas.


CRONOLOGIA
Vou tentar, destrinchar a cronologia do herói, onde já será possível encontrar as incongruências:
  • 1845: James Howlet descobre suas garras. (W1)
  • 1945: Logan é prisioneiro em Hiroshima e sobrevive à bomba atômica. (W2)
  • 1962: Logan é procurado por Xavier e Erik. (PC)
  • 1973: Mística mata Trask e é capturada. (informação dada em DFE)
  • 1975: Logan e Victor são recrutados por Stryker para a Equipe X. (W1)
  • 1979: Logan deserta do programa Arma X na África. (W1)
  • 1985: Wolverine ganha seu adamantium, mas termina sem memória. A cena final de salvamento dos mutantes por Xavier ainda é uma inconsistência cronológica. (W1)
  • 2000: Wolverine conhece Vampira e, na sequência, os X-Men.
    Fica a tal pergunta: ué... mas se eles só se conheceram aqui, o que aconteceu em 1962 e 1985 foi esquecido? E Mística? Como se soltou? Como ficou muda? Como não conhece Xavier? (X1)
  • 2001: Wolverine enfrenta Stryker no Lago Alkali. (X2)
  • 2003: O confronto final contra Fênix. (X3)
  • 2013: Logan vai ao Japão pela primeira vez, depois de Hiroshima, provando que a cena no bar não se encaixa. (W2)
  • 2015: No aeroporto, Logan é alertado por Xavier e Magneto sobre os Sentinelas de Trask, mas ninguém sabe como Xavier está vivo em seu corpo original depois do fim em X3. (W2)
  • 2025: Na China, os X-Men enfrentam os novos Sentinelas, enquanto Kitty manda a mente de Logan para 1973. (DFE)

No momento que temos a viagem no tempo, começa uma nova linha temporal, uma segunda cronologia...
  • 1973: Wolverine do futuro entra no Logan do passado para impedir Mística de matar Trask. (DFE)
  • 1974: Wolverine ganha seu adamantium no Programa Arma X (especulação)
  • 1983: Wolverine é libertado do programa por uma jovem Jean e o sangue de Logan é coletado pela Essex Corp. (APO)
  • 2004: Nasce o último mutante. (informação dada em Logan)
  • 2025: Quando retorna, Wolverine, encontra uma mansão futurista com todos os seus amigos vivos, inclusive Jean e Ciclope. (DFE)
  • 2029: Os últimos dias de Logan. (Logan)

É muita confusão! Veja se esse vídeo ajuda:



CONCLUSÃO
Depois dessa maratona cinematográfica e desse textão, posso dizer o seguinte: o verdadeiro Wolverine, o das HQs, está no primeiro filme dos X-Men, construído da maneira correta pelo ator e pelo diretor. Ali temos a essência dele. Porém, em uma entrevista, Hugh Jackman deixou claro que não conhecia direito o personagem ao fazer a audição para ser Wolverine e, por isso, fez o filme se divertindo. Seu amor pelo personagem cresceu com os filmes, mas ele afirma que nunca havia conseguido fazer o que queria nos filmes dos X-Men.

No primeiro filme solo, Hugh começou a tomar conta do personagem. Cresceu fisicamente e pediu um filme onde pudesse trabalhar não só a origem geral de Wolverine, mas também sua personalidade atormentada e furiosa. E olha... quase conseguiu. Se não fossem os péssimos coadjuvantes...

Interessante é que quando resenhei o primeiro filme solo do Wolverine eu disse “não é um filme de super-herói”... e, mesmo que ele esteja mais para um anti-herói, foi o mais super-herói dos três! E mais louco ainda é que depois da resenha do segundo filme, eu pedi SANGUE!

Então, Filipe, você está sendo contraditório! É... em parte. Por isso, a importância dessa maratona e de ter parado de fazer resenhas logo depois de ver os filmes, ainda embalado pela emoção. Revendo Wolverine Imortal, por exemplo, achei melhor do que escrevi na resenha. Gostei um pouco mais de Logan ao revê-lo (vi na versão preto e branca, noir), mas ainda passou longe de ser o filme que pedi.

Com isso, digo que o filme do Logan que todo mundo sempre pediu é o que teria:
  • A atitude do Wolverine em X1.
  • O tanque de adamantium de W1 com a fuga de APO (sem a Jean).
  • O uniforme clássico (que só apareceu numa mala, em uma cena alternativa de W2)
  • Vilões icônicos como o Samurai de Prata (não uma armadura com um velho dentro) ou o Sr. Sinistro (não um doutorzinho qualquer) ou talvez um Ômega Vermelho também caísse bem e se tornasse uma explicação bem mais plausível para o enfraquecimento do fator de cura de Logan.
  • O retorno do Liev Schrieber como o Dentes-de-Sabre.
  • Combates como os contra Shingen Yashida, Dentes-de-Sabre (Liev) e Lady Letal, ou até mesmo os contra os ninjas e a Yakuza (veja quanto vídeo de luta boa que postei aqui).


Queremos um herói cínico. Sim com amor pra dar, mas não chorão. Sim atormentado e complexo, mas que leva tudo nas costas sem reclamar. Com violência sim, mas sem a necessidade de ser explícita, até porque Wolverine foi muito violento desde sua primeira aparição. Essa necessidade de não fazer um filme de super-herói e sim um filme mais “real” (vide Batman de Nolan) nem sempre é bom. Achei alguém que pensa como eu no Papo de Homem.

Agora nos resta aguardar o próximo filme dos X-Men que não deverá ter Hugh Jackman (veja a entrevista dele para o Danilo Gentilli... ele é foda). No entanto, é quase certo que a franquia X precisará trazer um novo ator pra fazer o Wolverine. Quem? Como? Em que linha temporal? Veremos.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Todos contra todos, sem vitoriosos (só nós!)

Não. Não é uma postagem sobre a situação caótica do país (se bem que o nome Guerra Civil está me parecendo mais próximo do que se imagina...). Essa postagem é para falar sobre o terceiro filme do Capitão América, Guerra Civil (Captain America: Civil War, 2016), que também abre a terceira fase do Universo Cinematográfico da Marvel.

Primeiro, é difícil um viciado em quadrinhos como eu não se empolgar com um filme que tem Capitão América, Homem de Ferro, Máquina de Combate, Viúva Negra, Gavião Arqueiro, Pantera Negra, Homem-Aranha, Homem-Formiga, Soldado InvernalFalcão, Visão e Feiticeira Escarlate! Cara... é de quase chorar!!! Por isso, precisei de um tempo para escrever. Queria um certo distanciamento. Fui até buscar o significado de "guerra civil", que – resumindo – é o conflito armado entre grupos organizados dentro de um mesmo Estado. Faz sentido se pensarmos que o filme coloca herois contra herois.

Agora... vamos entender uma coisa: esse deveria ser o terceiro filme do Capitão América, mas acabou se tornando praticamente o terceiro filme dos Vingadores... um filme de vingança! De perseguição e vingança. Dizem por aí que a culpa foi do HORROROSO Batman vs. Superman, que colocou um certo medo na Marvel de lançar um filme solo do Capitão América resgatando Bucky. Que pena... o segundo filme dele foi MUITO bom e não havia necessidade de temer as boçalidades que a Distinta Concorrência anda fazendo. Com isso, a primeira coisa que fizeram foi colocar o Homem de Ferro como co-protagonista, já que Robert Downey Jr. é o cara na Marvel. Como são muitas estrelas com vários contratos milionários, acabaram resolvendo trazer a Guerra Civil dos quadrinhos para a telona.

Nos quadrinhos, um vilão mata centenas de inocentes após uma ação equivocada de jovens herois e isso gera uma comoção nacional em busca de um registro de todos aqueles que se acham no direito de impor justiça. Isso divide a comunidade heroica com Capitão América e Homem de Ferro comandando lados opostos e o bandeiroso levando a pior: "morre" no final e altera toda a estrutura do Universo Marvel (que sorte hein, Chris Evans!).

Esse filme começa quase onde o segundo filme do Capitão acabou: continuam os mistérios em torno do Soldado Invernal e Ossos Cruzados é logo o primeiro vilão (sim, ele sobreviveu). No entanto, as ligações com o segundo filme dos Vingadores também estão lá: o treinamento dos Novos Vingadores coloca a Feiticeira Escarlate fazendo besteira e matando pessoas de Wakanda (!!!). Juntando isso a confusão anterior em Sokovia, forma-se um acordo de controle dos heróis pela ONU que divide o grupo.

Enquanto o Homem de Ferro defende o controle da equipe por um comitê da ONU, Capitão América acha que a parcialidade da ONU pode causar mais danos do que se imagina. Mescla-se ainda toda a história do Soldado Invernal que se liga ao passado do Homem de Ferro e dá mais peso emocional às disputas. No fim, quem se dá mal é (spoilers) o Máquina de Combate, mas também temos uma alteração no status quo do Universo Cinematográfico da Marvel, com o Capitão deixando de ser o Capitão e se escondendo em Wakanda.


Tony e Steve sempre pareceram irmãos que se amam e vivem às turras. Todos os filmes onde eles aparecem juntos é possível ver essa relação. Isso chega ao limite aqui. Percebemos a mudança individual de paradigma entre os dois: os arcos do Homem de Ferro mostram um Tony que faz o que quer e se coloca acima dos governos, mas aos poucos vai pensando no coletivo, no bem maior, e nesse filme ele se coloca a mercê da lei; enquanto os arcos de Steve o colocam como um soldado que sempre obedece ordens, mas vai se dando conta que os líderes estão sempre tomando decisões erradas, o que o estabelece em Guerra Civil como um fora-da-lei.

A loira ao lado do Capitão é a Agente 13, Sharon Carter, filha da Peggy. Ela
aparece aqui no lugar da Feiticeira Escarlate. Homem-Formiga e Homem-Aranha
não aparecem na imagem.

TIME CAPITÃO AMÉRICA
  1. Falcão
  2. Soldado Invernal
  3. Gavião Arqueiro
  4. Feiticeira Escarlate
  5. Homem-Formiga
TIME HOMEM DE FERRO
  1. Máquina de Combate
  2. Viúva Negra
  3. Visão
  4. Pantera Negra
  5. Homem-Aranha
Bom... nessa listagem aí em cima vocês perceberam que o time do Homem de Ferro trouxe novidades. Mas vamos por partes... A Marvel tem contratado roteiristas que conseguem amarrar muito bem as histórias e, no meio disso, ainda conseguem colocar a quantidade de ação e humor suficientes. Isso faz com que (praticamente) todo milésimo de segundo de filme seja importante e não se torne arrastado.

TIME CAPITÃO AMÉRICA
O filme era pra ser dele, mas não é. Ele passa o tempo inteiro tentando ser o "melhor amigo do Bucky" e acaba perdendo espaço para todo mundo. Ele perde espaço até para o Falcão! Assim como o Capitão ficou mais ágil ao longo dos filmes, o uso que o Falcão faz de suas asas como escudo e arma de ataque é incrível! Acrescentou muito ao personagem, mais até do que nos quadrinhos. E ele ainda tem tem um Asa Vermelha drone ao invés de um falcão de verdade (que sempre me pareceu inútil e sem propósito).

Já o Gavião Arqueiro é talvez o personagem que me parece mais perdido e alterado. Dão a ele uma família! Colocam ele de babá/tutor! Não sei... achei um grande erro o que fizeram com um personagem que já era questionado. No fim, me pareceu que queriam encerrar a participação efetiva dele.

A Feiticeira deveria ser um personagem principal. Afinal, ela perdeu o irmão e é responsável pela explosão em Wakanda que gerou o controle da ONU. Logo no início sabemos o quanto ela está ficando poderosa (nos quadrinhos ele chega a ser um grande temor para heróis e vilões), mas, de repente, ela cai num drama romântico com o Visão. Mas deve ter funcionado porque tem gente querendo realmente fazer uma comédia romântico com os dois...

Ao lado do Falcão, o Homem-Formiga é talvez a melhor adição ao time! Ele realmente deixou o quinto escalão do cinema para mostrar o que pode fazer... afinal... (spoiler) ele vira o Gigante!!! Ele voa na flecha do Gavião!!! Que venha seu segundo filme solo com a Vespa!

TIME HOMEM DE FERRO
Já disse que Robert Downey Jr. é o embaixador da Marvel. Então, tinha que ser ele a trazer as novidades da Fase 3: Visão, Pantera Negra e Homem-Aranha. Ok... o Pantera Negra não foi ele bem que trouxe, mas eu chego lá. O grande problema é que o Homem de Ferro escolhe seu lado de forma muito rasa. Tony Stark já havia se estabelecido em três filmes solos, dois dos Vingadores e várias cenas pós-créditos como o personagem mais importante e decidido da Marvel. Ele jamais falaria um sim tão rápido para a proposta da ONU (é isso mesmo: eu sou #TeamCap), mesmo com a morte de um garoto ou problemas conjugais com a Pepper.

A Viúva Negra é a grande amiga do Capitão, mas, desde o primeiro Vingadores, é possível enxergá-la como nós mesmos. É ela que tem as dúvidas e se coloca pequena diante das situações “cósmicas”. Ela também é talvez um dos maiores furos da Marvel no que diz respeito ao MCU. A espiã russa meio que se tornou uma fraca bússola moral e melhor amiga mulherzinha do Capitão. Deixou de ser a badass. Todos pediram um filme solo dela desde que apareceu em Homem de Ferro 2. Porém, a indústria de quadrinhos no cinema sempre teve medo de lançar um filme protagonizado por uma heroína porque os brinquedos e merchandisings com mulheres eram os menos vendidos. Digamos que a gente até entenda esse mundo machista que vivemos... mas aí veio a concorrente DC e resolveu que vai fazer a Mulher-Maravilha! E agora?

Visão é J.A.R.V.I.S. Visão carrega uma Joia do Infinito na testa. Visão se considera filho do Stark, depois da Era de Ultron. Ele parece responder à lógica e à lealdade, mas percebe que sentimentos e intuições podem ser bem mais importantes. É nesse paradoxo que também está sua relação com Wanda. Ela vai sendo construída aos poucos, com ambos tentando se adaptar a suas novas realidades, mesmo que em lados opostos. Afinal, são ciência e “magia”, um dos casais mais poderosos da Marvel.

Wakanda já havia aparecido em Era de Ultron com Ulisses Klaw e roubo de Vibranium. Nesse filme, ficamos conhecendo mais com a presença do Rei T'Chaka e seu filho T'Chala em uma reunião da ONU que acaba na morte do rei após os atos dos Novos Vingadores. O príncipe parte para a vingança como o Pantera Negra em cenas de ação de tirar o fôlego que fazem a gente querer mais e mais. Por considerar que o Soldado Invernal é o responsável pela explosão, T'Chala se "une" ao Homem de Ferro, mas, no fim, também utiliza de furtividade, espionagem e da sua realeza para identificar o responsável.

Esse heroi merece destaque não por sua rápida construção ou por ser simplesmente foda, mas pela sua representação como heroi negro. Mas aí você vai perguntar: "E o Falcão? E o Máquina de Combate?" Sim, ambos são negros e estão excelentes em seus papéis, porém, são personagens sempre secundários. O Pantera Negra é um coadjuvante nesse filme, porém é o rei de uma poderosíssima nação africana e terá um filme solo para contar sua história. Isso é inovador e significativo!

Agora chegamos ao Homem-Aranha... Trazer o teioso para esse filme foi outra "guerra civil". As negociações com a Sony (dono dos direitos cinematográficos do herói) foram beeeeeem complicadas e cada vez mais sabemos dos bastidores difíceis (nem tem peças promocionais!). E aí que foi o problema: a entrada do Homem-Aranha deveria ter sido pontual. (Spoilers) Era pra ele ter aparecido somente na grande batalha heroica, de repente, de surpresa, com suas piadinhas clássicas (o que aliás ficou ótimo! O uso da teia incrível!). Toda cena de recrutamento e conexão com Robert Down... oops... o Homem de Ferro pareceu fora do tom. Sim, é engraçadinha e tal, mas nunca... NUNCA! Peter Parker seria um baba-ovo que entra numa batalha sem pensar! Me lembrou um certo heroi que foi descaracterizado e acabou perdido... E o interessante que essa cena de recrutamento acabou fazendo o Robert Downey Jr. ser contratado para o novo filme do Aranha!!! Sério, Marvel? O Homem-Aranha não se sustenta sozinho? E a Tia May precisa ser uma Tonyzete? Sério, Marvel? O que importa é que ele chegou renovado. O humor de sempre veio com ele e mais uma vez temos um personagem que queremos ver mais porque agora ele voltou pra casa!

TEM VILÃO?
Já disse que os vilões da Marvel nunca foram bem trabalhados. Então, a Marvel preferiu colocar heróis contra heróis mesmo. Mas tem vilão sim: é o Barão Zemo! Um vilão clássico do Capitão América da Segunda Guerra nos quadrinhos que no filme é só um articulador para ativar Bucky (o Soldado Invernal), que está num vai-e-vem mental e se torna o "vilão" a ser salvo pelo Capitão. Apesar dessa redução de importância em relação aos quadrinhos, seu papel foi fundamental para a desestruturação da equipe. Isso mostra o quanto Loki ainda é o grande vilão da Marvel no Cinema (virou até heroi nos quadrinhos!).


CONCLUSÃO
O filme é MUITO BOM, um filme de ação muito bom com a luta do aeroporto entrando para a história do cinema dos super-heróis. Não há o desejo de profundidade ou evolução de personagens. O objetivo é entreter mostrando os personagens já queridos caindo na porrada, enquanto novas maravilhas são introduzidas. E é melhor do que Era de Ultron e – definitivamente – Homem de Ferro 3. Aliás... esse filme também poderia ter sido o terceiro filme do ferroso já que ele é bem dividido com o bandeiroso.

domingo, 27 de março de 2016

Agora nem o Batman me representa...

Antes que você leia o que vou escrever aqui, por favor faça duas coisas: (1) veja o filme porque contarei algumas coisas; e (2) leia o que escrevi quando saiu o filme do Superman porque tudo que vou falar aqui é um sequência do que está lá.

Então... eu comecei na outra postagem falando para vocês esquecerem qualquer filme que viesse na sequência daquele Superman porque a essência dos personagens foi alterada de forma inadequada. E isso se comprovou nesse. Cheguei até a escrever que o Batman também não mata... mas o que acontece nesse filme? Não interessa se ele está amargurado pela morte do Robin. Não interessa se ele é um Batman mais velho e cansado de crimes. Não interessa se os filmes devem ser mais adultos. NÃO. O BATMAN NÃO MATA ASSIM COMO O SUPERMAN!! Detalhe: a Mulher-Maravilha MATA, mas eles dois NÃO!

Mas vamos ao filme em si... ele deveria ser o "Superman 2", mas resolveram que seria a porta de entrada do novo Batman e da Liga da Justiça. Com isso toda a discussão (até bem interessante) ao redor dos poderes do Superman se misturou à origem e problemas do Batman e às rasas motivações de Lex Luthor. Isso fez com que o filme se arrastasse por 1 hora com a necessidade de não só contar essas três histórias como dar espaço para todos os atores que foram contratados: Amy Adams, Laurence Fishburne, Diane Lane, Jeremy Irons, Holy Hunter, Jeffrey Dean Morgan... até o Kevin Costner trouxeram de volta numa cena totalmente desnecessária! Só faltou o Russel Crowe, o Marlon Brando...

Algumas escolhas de edição e direção de Zack Snyder realmente foram péssimas. A cena do Bruce caindo no buraco de cara no chão era pra ter sido fatal, mas ele acaba voando com morcegos. Oi? Tá... era sonho. Um sonho desnecessário. Toda a origem do Batman é mais do que conhecida e deveria ter ficado em rápidos flashbacks (como no momento Martha, no fim do combate entre os heróis).

E o roteiro... bom... vá ver o filme e você perceberá que a luta entre os heróis que dá título é TOTALMENTE INÚTIL. O Superman acabaria com a luta em milésimos de segundo, mesmo enfraquecido: não estou falando de porrada, estou falando de conversa!!! Era só falar porque ele estava ali!!! E digo mais: ele também teria salvo a mãe em milésimos de segundo!!! Mesmo assim fica a pergunta: por que... POR QUE Luthor queria que eles brigassem??? POR QUÊ, GENTE??? Porque o Batman roubou a kryptonita? Foi por birra, então?

E aí... abro um mínimo espaço para o HORRÍVEL Lex Luthor de Jesse Eisenberg, o PIOR DE TODOS! Avisem pra ele que Lex NÃO É O CORINGA!!! É visível que houve uma tentativa de trazer o Heath Ledger à tona: a forma de andar, as risadinhas entre falas... NÃO!!! Lex é sociopata, mas não psicopata louco! Mais um erro crasso!

Como apreciador de quadrinhos, é claro que a chegada da Mulher-Maravilha é realmente de arrepiar. Sua entrada no filme engole os outros dois... até porque o Batman só foge e o Superman só toma porrada do Apocalipse (bem retratado), enquanto ela ataca. Gal Gadot segurou bem essa batata quente, porém, mesmo assim, fiquei com duas pulgas atrás da orelha: (1) fisicamente ela é muito modelo, ou seja, bela e muito magra (ah Lucy "Xena" Lawless...); e (2) será que a personagem aguenta o filme solo que vem em 2017? Ela mais do que merece, mas, do jeito que a DC/Warner anda tratando seus heróis, temo por ela.


Não tenho muito mais a acrescentar sobre o Superman de Henry Cavill do que já falei até aqui. Do Ben Affleck como Batman/Bruce Wayne... posso dizer que a retratação está muito boa visualmente e eles consertaram a péssima voz criada por Christian Bale da melhor forma possível. Mas não gostei da transformação atormentada. O personagem é considerado o grande detetive dos quadrinhos e, de repente, passa a agir sem pensar, a bater antes de perguntar... ruim.

Ainda temos um rápido vislumbre do Flash (nem vou comentar o cabelinho), do Aquaman (o ator é fraco, mas pode dar liga! piadinha infame...) e do Cyborg (que cubo é aquele? A caixa-materna?). Robin aparece num sonho dentro de um sonho... que também mostra um grande ômega que representa a chegada de Darkseid na Terra, o vilão do vindouro filme da Liga da Justiça.

Filme raso. Mal editado. Muito escuro. Péssimo em 3D... sério... realmente não sei o que acontece com a DC/Warner, que tem nas mãos os super-heróis mais conhecidos do mundo e não conseguem fazer algo decente com eles para o cinema.