Trinta e três anos depois da estréia na Broadway, os onipresentes e onipotentes Charles Möeller (direção) e Claudio Botelho (versão) fizeram a montagem nacional de Hair, mantendo a qualidade técnica de sempre e a força das mensagens de liberdade, paz e esperança que marcaram as décadas de 60 e 70. Fui ver e me impressionei com a atualidade de tudo! Hair traz um elenco de 30 atores afinadíssimos que nos supreendem - seja em coro, seja em solos - nas 35 músicas que são apresentadas em dois atos cheios de interação com o público.
A história traz cenas curtas sobre uma comunidade de hippies de Nova York, como a montagem original. Tabus raciais, sexuais, de drogas, familiares e políticos fazem parte dos conflitos daquela época que ainda são assunto mais do que em pauta hoje em dia - vide os recentes manifestos de criminalização do usuário de drogas após a confusão no Complexo do Alemão no Rio e atos covardes de violência homofóbica em São Paulo.
Ainda vivemos em guerra e os conflitos são muito parecidos e tão assustadores e sem sentido como o do Vietnã. Da mesma forma que ainda somos cheios de tabus e vivemos na intolerância. O grito de Hair continua ecoando. (Charles Möeller)
Acompanhamos, então, John Berger (Igor Rickli), que lidera o grupo de hippies, e Claude (Hugo Bonemer), que vive o dilema entre as realidades tradicional e hippie quando os EUA o convocam para a Guerra no Vietnã. E a tribo é formada por: Carolina Puntel (Sheila do triângulo amoroso), Karin Hills (Dionne e seu vozeiraço de Aquarius), Leticia Colin (Jeanie, a doidona grávida e divertidíssima), Marcel Octavio (o afetado e católico Woof), Reynaldo Machado (o negão Hud da foto acima. O melhor! Momentos impagáveis! Música perfeita! Vozeirão!), Tatih Köhler (Crissy), Fernando Rocha (fiquei esperando seu momento "aham, senta lá Claudia" do seu Hubert), Danilo Timm (a excelente turista Margareth), Renan Mattos (acho que ele é o engraçadíssimo diretor nazista da escola de Berger), Janaina Lince, Aline Wirley, Bruna Guerin, Kotoe Karasawa (canta muito), Esdras de Lucia, Luciana Bollina, Cesar Mello, Cassia Rachel (que voz!), Conrado Helt, Ditto Leite (bailarinaço), Emerson Spinola, Felipe Maga, Jana Amorim, Julia Gorman, Luana Zenun, Marcelo Pires, Mariana Gallindo, Pedro Caetano e Sergio Dalcin.
Parabenizo também Marcela Altberg (que casting é esse, mulher?), Marcelo Castro (arranjos e direção musical), Alonso Barros (coregrafias excelentes!), Rogério Falcão (cenários simples e na medida), Marcelo Pies (figurino) e Paulo Cesar Medeiros (iluminação importantíssima!). Importante lembrar que Hair virou filme (de Milos Forman, 1979) e já havia sido montado aqui no Brasil em 1969 com Helena Ignez, Armando Bogus, Aracy Balabanian, Ariclê Perez, Francarlos Reis, Sônia Braga, Ney Latorraca, Buza Ferraz, José Luiz Pena e Carlos Alberto Riccelli, entre outros.
Livrem-se dos preconceitos e dos tabus por 2h10 minutos! Paguem o quanto for o ingresso e corram para ver (mas a censura é 14 anos, viu... porque rola nu generalizado!). Fica no Oi Casa Grande até 19 de dezembro!