segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Batman ressurge

Outro dia cometi a (talvez) heresia de falar que não gosto de Woody Allen. Nem de Paris. Agora cometerei um ato de blasfêmia: eu não gosto do Batman.

Sei que corro o risco de sofrer ataques virtuais (e reais) por causa disso, mas eu gosto de super-heróis lúdicos, que tem poderes inverossímeis e me tiram da (às vezes) desagradável realidade. Um homem que usa os punhos e o cérebro pra lutar não pode vencer um super-homem. E isso é chato. Fica forçado quando acontece e histórias de superação são melhores quando são olímpicas. Dito isso... tento me redimir dizendo que coleciono todas as revistas do Batman e vi todos os filmes dele no cinema... inclusive o psicodélico Batman & Robin (1997) com George Clooney numa roupa com mamilos.

Então, não posso negar a importância desta nova trilogia do super-herói mais real e urbano possível criado pelo genial Christopher Nolan. Realmente passou a existir um "antes e depois" de seus filmes, principalmente com a atuação pertubadora e inigualável (desculpe-me, Jack Nicholson) do falecido e oscarizado Heath Ledger como o Coringa. O diretor construiu uma saga relevante para o cinema mundial, carente de bons filmes em todos os gêneros. O primeiro filme é uma excelente reintrodução do herói, preparando o terreno para o que poderia vir. O segundo filme é o ápice com o já citado Coringa e os embates psicológicos travados ao longo da película.

No entanto... (que venham as pedradas)...


Batman: O Cavaleiro das Trevas ressurge (The Dark Knight rises, 2012), o terceiro filme, é ARRASTADO! Sei que as críticas são todas maravilhosas e tal... mas são 2h30 de subtramas e amarração de pontas, criando outras novas subtramas e só 15 minutos de um final interessante. Olhei no relógio umas quatro vezes!

Na história, Batman é obrigado a voltar à ativa após 8 anos de paz em Gotham City, esta alcançada graças a uma grande mentira que amarra a obra: Harvey Dent, o Duas-Caras. Ele descobre uma enorme conspiração - orquestrada por Bane e a Liga das Sombras (do primeiro filme) - que já está acontecendo há tanto tempo que é quase impossível impedir. Eu disse: quase.

Não estou discutindo a grandiosidade do filme, com explosões, exércitos e armas em altos números que dispensam (amén!) o 3D. Estou falando:
  • Do motivo fraco do filme acontecer (uma cidade precisa ser destruída para TODA a civilização ocidental prosperar? Tipo... hã?).
  • Da identidade do Batman ser tão óbvia pra alguns e tão impossível para outros.
  • Do vilão Bane tentar ter a voz do Darth Vader, sem um pingo do carisma.
  • Dos novos personagens em sua maioria rasos (alguém entendeu o Matthew Modine?).
  • De colunas que quebram e consertam num piscar de olhos.
  • De um Espantalho imortal.

Tirando as presenças indiscutíveis de Morgan Freeman e Michael Caine (que dá um show e pode até fazer alguns incautos verterem lágrimas), temos somente uma Anne Hathaway que segura a peteca com sua Selina Kyle que não é uma Mulher-Gato, um Hans Zimmer sempre excelente em suas trilhas e uma batmoto ainda melhor. O resto fica nas mãos do diretor. Ele sabe trabalhar bem as questões que permeiam o heroismo e vilanismo neste filme. As relações entre pais e filhos também são investigadas a fundo, assim como, a forma que você leva sua vida: por ações verdadeiras ou discursos infundados. E apesar do tempo demasiado que ele leva pra contar a história, ele SABE como contá-la.


Você precisa ver os filmes anteriores, mas sairá do cinema tendo certeza de que não precisava deste. Eu daria uma nota 6,5, que daria pra passar direto porque a média dos outros filmes foi muito boa.

Apesar das minhas críticas, o personagem ressurgiu cinematograficamente e melhorou o que vemos por aí. Aguardemos o reboot... porque se o Homem-Aranha pode...

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Adivinhem quem está de volta?


The Wolverine (nome do segundo filme solo do herói mutante) começou a ser filmado na Austrália na última terça-feira. Vídeos e imagens do set estão surgindo diariamente.

Foto do set de filmagem

O longa terá como base a série Eu, Wolverine, saga japonesa criada por Chris Claremont e Frank Miller. Wolverine (Hugh Jackman) viaja ao Oriente em busca de seu amor, a bela Mariko Yashida (Tao Okamoto) que estava prometida para o corrupto ministro Noboru Mori (Brian Tee), e é humilhado em combate pelo Samurai de Prata (Will Yun Lee). Logan, então, descarrega sua ira na organização criminosa Tentáculo, controlada pelo pai de sua amada, Shingen Yashida (Hal Yamanouchi), iniciando também um poderoso embate psicológico entre sua fera interior e o homem que ele deseja ser. Pelo caminho, Wolverine encontrará sua aliada Yukio (Rila Fukushima) e - talvez - o vilão Holocausto e a espiã Víbora.

O filme estreia em julho de 2013!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Inspiração maia

Antes de falar sobre minha viagem ao México para conhecer as incríveis ruínas de Chichen Itzá, vou mostrar aqui as pirâmides que alguns de meus alunos do 6º ano do Ensino Fundamental fizeram, inspirando-se na arquitetura da cultura maia. Clique para aumentar!

Maria Clara Peixoto da Silva — Ingrid Preza Nunes
Luiza Paiva Morães — Renato Welsing Baptista
Pedro Filgueiras Haschelevici — Juliana Barros de Sousa
Clara Gruber Telles — Diogo Conde Soler Teixeira dos Santos
Liora da Costa Epelbomi — Clara Miranda da Silva
Teve até sítio arqueológico!

Muita criatividade, isopor e canetinha! Legal, né?

Muito mais que descortês

Faço questão de reproduzir aqui na íntegra a coluna de Miriam Leitão que saiu na última terça-feira no blog que a jornalista mantém n'O Globo, inclusive com o mesmo título para essa postagem:
As declarações do ministro Aldo Rebelo sobre o fato de a ex-ministra Marina Silva ter carregado a bandeira olímpica poderiam ser apenas mais uma exibição dos maus modos do ministro, ou de suas esquisitices. Mas foi pior do que isso. Sua fala pública e a de outros nos bastidores mostram que eles confundem país com governo, o que é comum apenas em regimes autoritários.

O mal estar gerado por algo que deveria ser visto como um motivo de orgulho foi mais significativo do que pode parecer. É autoritarismo o que está implícito na ideia de que só governistas podem representar o país, suas causas, suas lutas. Era comum no regime militar essa mistura entre o permanente e o transitório, essa apropriação do simbolismo da pátria pelos governantes. É também falta de compreensão do que é o espírito olímpico: a boa vontade que prevalece sobre as diferenças. Foi por isso que os escolhidos representavam o combate à pobreza, a luta por justiça, os pacificadores, o esforço de convivência entre povos, a preservação da Terra.

Quem o ministro gostaria que fosse o símbolo da proteção da floresta? Ele e seu projeto de Código Florestal que permitia mais desmatamento? Marina dedicou a vida a essa causa, desde o início de sua militância com Chico Mendes. Esse é um fato da vida.

“A Marina sempre teve boas relações com a aristocracia europeia. Não podemos determinar quem a Casa Real vai convidar, fazer o quê?”, disse o ministro dos Esportes. Nisso revelou que desconhecia os fatos, as regras de etiqueta, a lógica da festa, o simbolismo da bandeira olímpica, o que o governo inglês pretendia com a abertura e até quem é responsável por organizar a festa. Obviamente, não é a Casa Real.

Isso é mais espantoso, porque o Brasil é o próximo país a receber uma Olimpíada e a preparação já está em andamento. Se essa pequenez exibida na declaração do ministro tiver seguidores, o Brasil fará uma festa governamental. Outro integrante do governo comparou a escolha de Marina ao desfile de um trabalhista na frente de um governo conservador. A espantosa confusão não é exclusividade do ministro, é feita por outros graduados funcionários. Outros concordaram com essa canhestra interpretação. A demonstração de desagrado do governo brasileiro foi tão evidente que o representante inglês se sentiu obrigado a lembrar aos jornalistas o óbvio: a escolha não foi política, porque este não é o momento.

O governo poderia interpretar os fatos como os fatos são. O Brasil é detentor da maior fatia da floresta com maior biodiversidade do planeta. É o segundo país em cobertura florestal do mundo. O primeiro é a Rússia, que não tem a mesma riqueza de espécies. Nem de longe. A escolha de uma brasileira demonstra esse reconhecimento de que, numa causa estratégica para o século XXI, o Brasil tem destaque.

Marina mostrou que tinha entendido exatamente o que tudo aquilo representou. Fez declarações delicadas e com noção da grandeza do momento. O incidente não é apenas uma descortesia à Marina, mas uma demonstração de falta de capacidade de compreensão do espírito olímpico por parte dos governantes do país que organizará a próxima Olimpíada.

Autoridades que falaram aos jornalistas, com o compromisso de não divulgação de seus nomes, explicaram por que estavam amuadas: não foram avisadas. Como a ex-ministra disse, os organizadores pediram que não divulgasse a informação. Ela fez isso. Até a presidente Dilma deu uma nota fora do tom ao dizer que “o Brasil fará melhor" na festa de abertura. “Vai levar uma escola de samba e abafar”. A hora era de elogiar a festa de Londres e entender a complexidade da preparação da abertura de uma Olimpíada. Não basta chamar uma escola de samba.

Pra quem não sabe, Marina Silva é reconhecida mundialmente por seu trabalho de defesa do meio-ambiente. Ela entrou carregando a bandeira com os anéis olímpicos juntamente com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o maestro argentino Daniel Barenboim, o ex-boxeador Muhammad Ali, o fundista etíope Haile Gebreselassie e alguns prêmios Nobel. O convite partiu do Comitê Olímpico Internacional, sem o conhecimento do governo brasileiro, e foi mantido em sigilo a pedidos. Acabou dando mais ibope que a presidenta...

E tem muito mais... o presidente da Câmara, Marco Maia, disse que ficou surpreso e que o COI deveria ter feito um melhor trabalho de comunicação com o governo brasileiro "para a escolha das pessoas". Outro membro da delegação (que pediu para não ser identificado) acredita que o COI fez o equivalente a convidar um membro da oposição britânica para um evento no Brasil que tenha o governo de Londres como convidado especial.

E a educada e delicada Marina explicou que recebeu o convite poucos dias antes e, para não criar polêmica com a presidenta, insistiu em dizer que "sentia orgulho" em ver a primeira presidente mulher do país na arquibancada do estádio olímpico. Para ela, a emoção olímpica se equiparou à sua alfabetização tardia.

Gente... esse ano é de eleição. Vamos começar a mudar essa governância. Não reconhecer os ideais olímpicos é digno de repulsa. Começo a temer o que vem por aí em 2014 e 2016.

domingo, 29 de julho de 2012

É nosso!