Duas exposições que passaram pelo Brasil mostraram um número impressionante de importantes obras do século XX em diferentes movimentos e estilos artísticos.
A exposição Visões na Coleção Ludwig apresentou 70 trabalhos provenientes da coleção do empresário alemão, sediada no Museu Estatal Russo de São Petersburgo. Contou com Pablo Picasso, Andy Warhol, Robert Rauschenberg, Roy Lichtenstein, Jeff Koons, Jean-Michel Basquiat, Joseph Beuys, Gerhardt Richter, Anselm Kiefer e George Baselitz, entre outras obras da arte pop, do neoexpressionismo alemão, do fotorrealismo e de outros movimentos internacionais de arte, dos anos 1960 aos dias de hoje.
Basquiat e Warhol
Keith Haring
A mostra A Inusitada Coleção de Sylvio Perlstein é a primeira feita no Brasil a partir do acervo do brasileiro de origem belga. Cerca de 150 obras foram selecionadas pelos curadores para a mostra que se resume nas palavras do próprio:
“Eu não sei o que é arte. Eu não sei o que é ‘bom’ ou não. Eu passeio. Eu flano. Eu não quero nada em particular. Eu não sei exatamente o que eu fiz. Eu não sei exatamente como tudo começou. Há coisas que me intrigam e me perturbam. Para que algo se ative, é preciso que seja enigmático. E difícil, também. Senão não é interessante. Não é excitante”
Roy |Lichtenstein
Pensada de forma a oferecer um passeio livre do olhar pela produção do século XX, a exposição é dividida nas seções: Dada / Surrealismo; Fotografia Vintage; Novo Realismo / Pop Art; American Painting; Minimal Art; Arte Conceitual / Land Art / Arte Povera. Sim... tem Dalí, Man Ray, Roy Lichtenstein, Magritte, Tunga, Rauschenberg, Jasper Johns, Kandinsky, Bresson, Vik Muniz e muitos outros.
O interessante em ambas é ver como a arte mudou drasticamente no século passado em busca de novos padrões estéticos que determinaram a arte contemporânea. É o momento onde se fica perguntando "tá... mas isso é arte?" e a resposta se torna complexa e tão inusitada quanto as coleções. A primeira já terminou, mas a segunda ainda fica no MASP até amanhã.
Antes de qualquer coisa, dê play aí embaixo para tocar uma música que precisar ser ouvida enquanto você lê o que escrevi. É pra entrar no clima, mas sinta-se à vontade para pausá-la.
Agora vamos lá. O novo filme da Marvel foi uma aposta e tanto, afinal quem já ouviu falar nos Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy, 2014)? A trama do filme é a seguinte:
Peter Quill foi abduzido da Terra quando ainda era criança. Adulto, fez carreira espacial como saqueador e ganhou o nome de Senhor das Estrelas. Quando rouba uma esfera, na qual o poderoso vilão Ronan, da raça kree, está interessado, passa a ser procurado por vários caçadores de recompensas. Quill acaba unindo forças com quatro foras-da-lei: a árvore humanóide Groot, a sombria e perigosa Gamora, o guaxinim rabugento Rocket Racoon e o vingativo Drax. Juntos eles descobrem que a esfera roubada possui um poder capaz de mudar os rumos do universo. Será que serão capazes de proteger o objeto e salvar o futuro da galáxia?
Peraí... Senhor das Estrelas? Gamora? Drax? Rocket Racoon? Groot? Ronan? Já ouviu falar? Duvido. Sendo mais um filme da Marvel e esses heróis descritos como "Os Vingadores do Espaço" com direito a grande possibilidades de um cruzamento cinematográfico entre as equipes (atenção ao vilão roxo), quem não iria ver? E digo que o tiro foi certeiro por duas razões: um guaxinim falante rouba TODAS as cenas e a trilha musical é absolutamente fantástica e fundamental à trama.
Talvez, ao dizer que a trilha é fantástica, eu tenha entregado minha idade. Não... não sou tão velho (apesar de saber que na imagem ao lado tem uma fita K7 em seu tocador), mas quem não gosta de Jackson Five, Marvin Gaye e David Bowie, entre outros? Nesse filme a música não é só um pano de fundo. Ela é uma escada para os atores. Veja que até a identidade visual da trilha não é o convencional cartaz reduzido e sim um dos acessórios mais importantes da galáxia Marvel! Show!
Mas vamos ao tal guaxinim...
Rocket Racoon é um experimento científico que parece um guaxinim, mas não é (hã? Dane-se!). Ele não é vendido como o personagem principal e, quando aparece na tela, muitos devem pensar "isso aí não vai me convencer". Só que aí entra um texto excelente e um trabalho de computação gráfica incrível. Chego a dizer que a voz de Bradley Cooper não acrescenta muito: qualquer um com esse texto e esse visual conseguiria o mesmo resultado. Não há uma cena sequer de Rocket que não te divirta. Quando ele se junta, então, com seu parceiro Groot (voz de Vin Diesel), não há pra ninguém. Nem para o carismático Chris Pratt (Senhor das Estrelas) ou para sexy poderosa Avatar-agora-verde / trekker Uhura, Zoe Saldana (Gamora).
Sobre a assassina, vale dizer que fico na torcida para ver a luta entra Gamora e a Viúva Negra, caso os Guardiões encontrem os Vingadores. E imaginem o choque das personalidades de Rocket Racoon e Tony Stark! Tem que acontecer!O filme ainda tem Glenn Close (Nova Prime) e Benício del Toro (Colecionador), mostrando que todo mundo quer uma pontinha em qualquer filme da Marvel. É certeza de dinheiro (até agora) — indo na direção contrária de sua concorrente (DC), que está tendo dificuldades de transformar os super-heróis com poderes em versões excessivamente realísticas.
UAU! (limpa as lágrimas de alegria...) UFA! Bom... Existem várias questões quadrinísticas/cinematográficas a se considerar:
A Tropa Nova é beeem diferente, mas ficou melhor assim do que inserir mais um tipo super-heróico na história.
Youndu (Michael Rooker) foi totalmente descaracterízado (a flecha foi mantida)! Ele é o oposto do que foi feito! Será que não teria outro personagem?
Drax é um misto de sua versão "bombado imbecil" com sua versão "bombado com um propósito", porém, num nível de força bem baixo, se considerarmos que ele é o destruidor de Thanos! Dave Bautista dá conta e -até- surpreende positivamente.
O cão Cosmo merecia um melhor destaque. Mas ficou bacana.
Luganenhum e a história das jóias do infinito ficaram 10!
Algumas motivações ficaram superficiais e participações ficaram mínimas.
A vilã Nebula prestou pra quê? e Korath?
Finalmente um primeiro filme de uma franquia que não foca na origem dos personagens, mas também não deixa de dar explicações sobre eles. (by the way... a cena de descrição do grupo na prisão é bem legal).
A primeira cena pós-crédito é engraçadinha e divertida. A segunda... sinceramente... não acrescentou nada. É uma piadinha para os fãs.
No entanto, junta isso tudo, bota num canto do cérebro e vá se divertir pacas no que deve ser o blockbuster do momento e de durante algum tempo!
PS.: Se você acompanha a série Agents of S.H.I.E.L.D da Marvel sabe que ela anda estreitando laços com os filmes. SPOILER: Por um acaso você se deu conta que o alien azul que é fundamental para o retorno do Agente Phil Coulson é um kree, raça de Ronan?
O CCBB do Rio está comemorando seus 25 anos com a mais significativa retrospectiva de Salvador Dalí do país, com cerca de 150 obras do artista, entre pinturas, gravuras, documentos, fotografias e ilustrações. A mostra abrange as diversas fases criativas do pintor (temos um autorretrato cubista logo no início, por exemplo), com ênfase no período surrealista, que o consagrou e no qual refletiu seu imaginário singular. No entanto, não são as obras mais conhecidas (como os relógios d'A persistência da memória). São obras menos óbvias que fazem não só a gente ter uma ideia do escopo do trabalho do artista como também da sua importância.
Mesmo com significativos trabalhos envolvendo o mundo ilusório de Dom Quixote, destaco duas séries impressionantes: suas ilustrações para "Alice no País das Maravilhas" e suas impressões botânicas em flores e frutas surreais. Na primeira, Dalí e Alice parecem ter sido feitos um para o outro. Talvez o pintor tenha vindo do País das Maravilhas! São imagens incríveis! Quem viu a animação que Dalí e Disney quase fizeram, vai reconhecer a personagem de Alice nas pinturas abaixo.
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As flores e frutas demonstram a criatividade frenética de Dalí. Talvez algumas delas façam você realmente acreditar que o bigodinho do pintor seria um traço de loucura. Engano: é genialidade.
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Genialidade essa que fica muito clara nas obras, mas não na exposição. Falta bastante informação sobre o pintor e sobre o período vivenciado. Documentos e revistas com grande importância artística são dispostos apenas como ilustrações sem qualquer relevância editorial. Uma sala com capas de revista e até anúncios de TV que Dalí participou, mostram um lado comercial importante do pintor que fica só como um registro que ele era excêntrico. Mas ele era mais do que isso. Sua postura artística tinha um significado até político.
Mesmo assim, ver Dalí é mais do que importante. É ver sonhos, metáforas e novos mundos se realizarem numa tela. Fica até setembro.
Vocês sabiam que todo ano os japoneses inventam alguma novidade em relação à guarda-chuvas? A última é o guarda-chuva iluminado!
Afasta perigos de noites escuras de temporal com duas pequenas lâmpadas que podem ser avistadas a 30 metros de distância! Só vende no Japão em seis modelos diferentes, mas não consegui descobrir nem o preço nem como funcionam ou onde ficam as lâmpadas. Acredito que deva ser algo no cabo.
Só essa imagem aí em cima já diz tudo: Angelina Jolie É Malévola, a bruxa do conto da Bela Adormecida, a responsável por fazer a princesa dormir pra sempre só porque não foi convidada para festa, aquela que vira dragão e criar muros de espinhos. E ela realmente está a cara e o jeito da vilã da Disney (aí do lado).
Mas prestem atenção: se vocês esperam um filme de princesa, esqueçam. Esse é um filme da bruxa! Essa não é uma versão com humanos do desenho da Disney... portanto, não fiquem rabugentos, puristas! E não é um filme mulherzinha, porque também tem um daqueles combates que
viraram obrigação em filmes de fantasia entre homens e criaturas.
Estamos no século XXI e todas as menininhas perdem suas inocências bem
antes do esperado/desejado. Rapidamente elas ficam sabendo que todo
mundo é capaz de ser bom e mal, principalmente, se for por amor (a eterna razão pra tudo...). Não é à
toa que uma novela como Avenida Brasil ou uma série como Revenge fazem sucesso. Então, Malévola não poderia ter feito tudo que fez somente por não ter sido convidada. A Disney precisava dar motivos para suas ações.
Peraí... a Disney querendo justificar maldades? Claro que não, né! Ela a transformou numa fada/bruxa que tem seu coração partido e fica amarga, raivosa e terrível. Com grandes diferenças do desenho, acabamos nos apiedando de Malévola e ficando do lado dela ao invés das fadinhas Fauna, Flora e Primavera, que acabaram com seus péssimos nomes originais e um jeito demasiado trapalhão. O rei é o ambicioso vilão, o verdadeiro Malévolo. Nem quando a princesa bocó entra em cena, mudamos de lado: a fada/bruxa fica com a nossa torcida.
Na minha sessão, o final (mais fantasia, menos humano) arrancou aplausos. Não acho que tenha sido pra tanto, mas acho muito bom quando os estereótipos femininos de final feliz são reconstruídos. Principalmente pela Disney, a grande construtora desse estereótipo princesinha. Ao lançar Valente (Brave, 2012), a Casa do Mickey criou uma forte figura feminina que não quer casar de forma arranjada e quer viver sua vida com seus desarrumados cachos vermelhos. Mas uma boneca da valente Princesa Merida de cabelos alisados colocou em dúvida o que a Disney estava fazendo.
O ilustrador inglês David Trumble resolveu até recriar mulheres famosas em princesas para questionar esses estereótipos. Além da humilde e corajosa Rosa Parks (que você vê aí embaixo), ele recriou outras que você pode ver aqui.
Concluo dizendo que Malévola (Maleficent, 2014) é um filme da época em que vivemos, cheia de "jogos vorazes" e "mulheres divergentes"que não aceitam seu destino e tentam reescrever sua história.
PS.: Eu vi esse filme antes da Copa, mas não dava pra parar tudo por causa de uma princesa... oops... bruxa, né?