Neste último fim de semana, mergulhei em filmes de espionagem na telona:
Ponte dos Espiões (
Bridge of Spies, 2015) e
007 contra Spectre (
007 Spectre, 2015). Vou começar pelo segundo já que o título da postagem é homônimo ao primeiro.
O novo filme do espião mais famoso do mundo é um retorno às histórias clássicas, com direito à organização criminosa e capanga super forte. Mas entenda: Daniel Craig não é o clássico James Bond. Ele não tem o charme que se supõe ao personagem. Mesmo em cenas quentes, ele não convence. Seu biquinho não convence. Seu jeito brucutu faz com que esperemos um filme de ação e não é exatamente o caso desse filme. Claro que temos ação, mas nada significativo. Como eu disse, esse filme traz de volta a espionagem, a busca pelas informações. Aliás... falando em informação, em 1997, Pierce Brosnan (um Bond beeeeem mais charmoso) enfrentou um império midiático (em
O amanhã nunca morre /
Tomorrow never dies), já nos alertando que essa Era da Informação que vivemos tem um lado bem perigoso.
O filme é até bacana no geral, mas previsível. Tem poucas reviravoltas na tentativa de amarrar todos os filmes de Craig, mas desde o início suspeitamos de tudo que realmente irá acontecer depois, mesmo as incoerências que sempre estiveram presentes em filmes do espião. As atuações também não ajudam em nada: Waltz fraco e repetitivo; Monica Belucci deve estar se perguntando porque quis ser uma Bond girl; Dave Bautista nem fala; e Léa Sedoux tenta ser Eva Green, mas também não tem o charme para tal. O séquito de Bond também nada diz, nem Fiennes nem Naomi Harris. Salve Sam Smith com uma música que pode ganhar mais um Oscar para o espião.
E o que esperar de um filme de espião com Tom Hanks sendo dirigido por Steven Spielberg? Tudo, né? Então... mas não espere tanta espionagem assim. É um filme de advogados, leis e negociações diplomáticas na época inicial da Guerra Fria. Tom usa todo seu carisma e fama de bom moço para se tornar um herói honesto, justo que luta pela Constituição americana e os verdadeiros direitos humanos. Você quer que ele se dê bem (e é óbvio e previsível que isso acontece).
E como Tom é o único ator realmente significativo em uma história de raso entendimento, o destaque vai - infelizmente - para a realidade contextual do filme. As cenas do Muro de Berlim são as mais pesadas, de sua construção às filas e assassinatos. Saber que fomos capazes disso tira a surpresa dos últimos atos terroristas. Nós somos maus. Tão maus que a bondade de Tom Hanks chega a incomodar por ser quase ingênua. Mas não é um filme maniqueísta, com bem versus mal. O que mais vemos são inúmeros cinzas, inclusive na coloração do próprio filme.
Comparando... são dois filmes longos demais, previsíveis demais. Um com mais ação e o outro com mais tensão. Ainda estou esperando um filme de espião não previsível com agentes duplos, reviravoltas e final aberto sem vitórias.