quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Parque de subversões

O artista gráfico britânico Banksy é conhecido mundialmente por sua arte de rua (grafite, estêncil e sticker) com forte teor crítico. Mês passado ele foi um dos principais assuntos da mídia por conta de sua nova e megalomaníaca obra: a Dismaland, uma versão bizarra de parques temáticos com intervenções artísticas subversivas idealizadas pelo próprio e também por nomes da arte contemporânea atual, como Damien Hirst, Wasted Rita e Jenny Holzer.


Localizada em Somerset, região no litoral da Inglaterra e claramente inspirada na Disneylânia, há reproduções de atrações famosas da casa do Mickey, como um decadente Castelo da Cinderela com a carruagem da princesa após um acidente cheia de paparazzi, uma estátua 3D da Pequena Sereia com glitch (tilt), uma orca saltando da privada, entre outras coisinhas.


Pena que só vai ate o dia 27 de setembro. Merecia continuar aberto sofrendo novas intervenções e aquisições.

sábado, 19 de setembro de 2015

Arte ao Lado: Beatriz Dreux


“Por que eu faço? Olha… eu vou ser bem sincera e admitir que, às vezes, eu não sei porque eu faço. Eu sei mais porque eu NÃO deixaria de fazer, que é simplesmente porque eu não consigo não fazer. Meu corpo sente falta, minha cabeça sente falta. Nem agora, que teoricamente eu estaria de férias, consigo ficar parada. Acho que tudo isso significa que eu amo muito o que eu faço. Às vezes, cansa, dói, é difícil… mas a realização de subir no palco e mostrar pras pessoas o quanto eu amo o que faço é incrível. E mais incrível ainda é chegar no final de um show e ver todo mundo te aplaudindo. É aí que você percebe que todo aquele cansaço e aquela dor não foram à toa e tudo valeu a pena”.
Beatriz Dreux já não dança mais somente com o corpo, pois sua alma se expressa em cada movimento que faz. Sua resposta acima é a epítome do que move um artista: saber que a arte está intrínseca a ela mesma, que é sua raison d’etre. Ela também nos revela que seu dia-a-dia não é fácil, pois, em muitos momentos, a arte a leva além dos seus próprios limites físicos e mentais. Mas a perseverança de Beatriz já podia ser vista em seus rompantes de teimosia na sala de aula. Durante o ano e meio em que fui seu professor, tivemos vários embates. Eu, com pouca experiência, queria dobrar a “rebeldia adolescente”, mas, na verdade, não estava totalmente ciente do foco e da direção que ela estava tomando.

(Fotos: Lucas Campêlo)

(Foto: Lucas Campêlo)
Nas aulas de Projeto Final - quando Beatriz pode me mostrar uma pequena parte do seu amor pela dança ao fazer um livro sobre o Centro de Artes Nós da Dança (CAND) -, comecei a vislumbrar sua relação com a arte. Acompanhei até hematomas e uma internação! Agora ela me conta que, em 2013, teve aulas e competiu no Seminário Internacional de Dança de Brasília, onde também fez audição para Lamondance, um programa de treinamento pré-profissional para bailarinos em Vancouver, no Canadá.

Passou, é claro.

Coreografia de Davi Rodrigues (Fotos: Yvonne Chew)

Professores da companhia e também alguns convidados dão 16 horas de aulas/ensaios por semana entre dança moderna/contemporânea, ballet, improviso e condicionamento físico. De setembro a junho, são realizadas pequenas apresentações pela cidade e, no fim da temporada, acontecem dois dias de show da companhia. Alguém duvida do quanto ela está gostando de tudo isso?

Coreografia de Monica Proença, medalha de ouro no Surrey Festival of Dance and Dancepower.
Trailer de River of january, coreografia de Monica Proença para a Lamondance.

Fica bem óbvio que fazer o que ama é uma das receitas para a felicidade plena.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

A nova da Zelândia

Há mais ou menos um ano falei aqui sobre a possibilidade de mudança da bandeira do Reino Unido a partir da saída da Escócia. Fiquei intrigado com essa questão da mudança de um símbolo nacional e agora surgiu uma outra situação parecida.


O primeiro ministro da Nova Zelândia decidiu criar um concurso para mudança da bandeira do país, uma vez que a atual ainda possui referência ao Reino Unido e é muito semelhante a da Austrália. Lançou até um vídeo sobre design de bandeiras para orientar os concorrentes:


Um comitê independente analisou as 10.292 sugestões enviadas, revelando no mês passado uma seleção de 40 bandeiras. Vejam:

Repetição de alguns motivos como o koru (a espiral com vários significados), a constelação do Cruzeiro do Sul com outras estrelas, formas geométricas que representam símbolos maori e a folha de samambaia prateada. (Clique para ampliar)

Dessas quarenta, o comitê vai fechar em quatro opções que irão para um referendo popular ainda este ano para decidir a melhor de todas. E, em março do ano que vem, um novo referendo irá decidir se a população quer ou não trocar o símbolo nacional. Pesquisas preliminares ainda estão indefinidas, pois, enquanto alguns querem se livrar do passado de colônia, outros acham que o gasto elevado (mais de 17 milhões de dolares) é desnecessário e desrespeita o legado.

E você acha o quê? Não tenho opinião totalmente formada, mas já escolhi minha bandeira dentre as 40 opções.

sábado, 12 de setembro de 2015

Arte ao Lado: Mari Leal

“O que é arte?” é uma pergunta que nem passa na minha cabeça querer responder. Suas tênues linhas com o artesanato tornam ainda mais complexa a questão. No entanto, não é nada de difícil olhar o trabalho de Mariana Leal e chamar de arte.

Não me pergunte como ela fez esse bolo de cabeça pra baixo. S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L!

Como você percebeu, Mariana faz bolos modelados em pasta americana, personalizando-os de acordo com o tema encomendado (quase impossível escolher as fotos!). Ela me contou que leva em torno de dois dias: no primeiro, realiza a parte de confeitaria (assar, preparar recheios, rechear, prensar, preparar o bolo para receber a pasta americana… e você sabia que tinha isso tudo? Pois é… nem eu!) e, em seguida, começa a parte artística (cobrir o bolo com pasta americana, desenvolver as modelagens e finalizar). Mas essa é a - literal - mão na massa! O trabalho começa no minuto que chega um pedido.


Ela diz que muitos clientes chegam com ideias fechadas e imagens para cópia, acompanhadas da frase “quero igual”. Porém, Mariana não imita trabalhos dos outros (nem mesmo o próprio!) e deixa claro que vai se inspirar no que foi apresentado para criar um bolo original. Até agora: satisfação garantida. E, quando ela ouve “faz do jeito que você quiser”, aí a criatividade se esbalda em diversão. Ah… esqueci de falar o primordial: os sabores e as texturas são ótimos! Nada de bolo seco sem graça! Gente… o cupcake de churros é de fazer vergonha e enfiar tudo na boca!


Mariana era (e ainda é!) a menina bonita da escola. Eu estudava de manhã e ela à tarde e, mesmo assim, sua beleza era lendária! E não pensem que era só isso, porque a bela virou advogada. Os bolos eram hobby, mas a excelente qualidade do resultado transformou a brincadeira em trabalho (“vivo deles e para eles”) e a carreira no Direito ficou pra escanteio. Ela diz que, apesar de ter sido uma difícil decisão, hoje ela tem a qualidade de vida que queria para cuidar da família que construiu com meu melhor amigo de infância!

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Festa no céu

A morte é um fato inexorável. Mas somos tão apegados que a ausência e a perda nos tira do eixo. As diversas culturas deste mundo tentam dar explicações que possam amenizar esses sentimentos duros, a maioria falando de um além-vida maniqueísta, onde ou você foi bom em vida e vai para um tipo de paraíso ou você foi mal e irá sofrer pela eternidade. E ainda tem aquelas que falam numa reencarnação punitiva.

Mas o México tem um outro jeito de lidar com isso. A animação Festa no Céu (The book of life, 2014) nos conta que os mexicanos separam o outro lado nos Lembrados e os Esquecidos. Por mais previsível que seja o enredo da animação - triângulo amoroso que todo mundo sabe como vai terminar -, a mensagem é interessante: faça de tudo para ser lembrado em vida positivamente e você viverá em festa! É preciso rever o passado, mas não segui-lo à risca, pois cada um tem sua própria a história a escrever.


Quero conhecer mais sobre o Dia de los Muertos: o dia que não se lamenta as perdas, mas se celebram às vidas! Muitas cores vibrantes transformam o ícone sinistro da caveira num estilo visual único. Aliás, a animação tem um estilo de bonecos de madeira que o torna ainda mais incrível. Um frescor no meio de tantas animações relativamente iguais, que vale a pena ser visto.