sábado, 31 de maio de 2014

Rei.

Há 5 anos, o Rei do Pop ia dessa para uma melhor. Michael Jackson deixou as paradas de sucesso meio orfãs e as gravadoras sismaram em mexer em gavetas fechadas para tirar rascunhos de música e fazer um CD póstumo fraco. Só que alguns excelentes produtores de música resolveram que MJ merecia mais e fizeram um novo CD (Xscape) – mais contemporâneo – que ganhou algum destaque com a música Love never felt so good. Nela a voz de Michael se mistura àquele que talvez tenha conseguido se aproximar de seu posto real: Justin Timberlake. E ficou bom. Muito bom. As homenagens no clipe ficaram ainda melhores!


Ficou uma sensação nostálgica que nos faz pensar que ele ainda está por aí.

sábado, 24 de maio de 2014

Dias de um futuro melhor


Eu tenho tanto pra falar do filme X-Men: Dias de um futuro esquecido (X-Men: Days of a future past, 2014) que vou dividir em tópicos pra poder me organizar. Mesmo assim vai ficar meio desorganizado e CHEIO DE SPOILERS. Portanto, só leia se já tiver visto o(s) filme(s).

PRIMEIRA TRILOGIA
Em 2000, os X-Men ganharam sua primeira versão cinematográfica e abriram as portas da Marvel na telona. Foi sucesso imediato que conseguiu até mesmo influenciar os quadrinhos. Alçou Hugh Jackman ao estrelato e Wolverine tornou-se o novo anti-herói queridinho das multidões. Os embates entre o Magneto de Ian McKellen e o Xavier de Patrick Stewart ficaram mundialmente conhecidos. O segundo (2003) foi ainda melhor, pois não era mais necessário apresentar os heróis para o público. A ação foi direta e com foco em Wolverine. Aí a Fox tentou adaptar a Saga da Fênix Negra de forma mais "urbana" no terceiro filme (2006) e perdeu a mão com inúmeros personagens e mau aproveitamento de grandes atores. Ainda fizeram loucuras no primeiro filme do solo do Wolverine, deixando o segundo quase à margem.

REBOOT?
Já falei aqui sobre o reinício dos mutantes na telona e continuo com a ideia de que é o melhor filme desses personagens que já foi feito em relação a essência deles. Tá tudo lá. Porém, dava a impressão que era realmente um reinício, pois eram inúmeras as incongruências entre o passado mostrado e os filmes anteriores. A presença do Wolverine de Hugh Jackman e de uma Mística com a mesma pele azul, deixava tudo mais confuso. E aí... tiveram a ideia de juntar tudo pra consertar todos os problemas...

HISTÓRIA ORIGINAL E ADAPTAÇÃO
O filme se baseia no arco Dias de um futuro esquecido, escrito por Chris Claremont e desenhado por John Byrne em 1981, e segue bem próximo da HQ. Nela os mutantes foram dizimados pelos robôs Sentinelas de Bolivar Trask e os sobreviventes decidiram mandar a mente de Kitty Pryde para seu corpo no passado para evitar o futuro tenebroso. Quem realiza a transferência mental é a mutante telepata Rachel Summers, filha de Scott (Ciclope) e Jean. Já o filme precisa da força cinematográfica do Wolverine e de seus poderes regenerativos pra voltar no tempo... ok... mesmo sabendo que é uma adaptação (e que o Wolverine dá dinheiro), não entendi porque não colocaram Xavier pra fazer a transferência. Acabou que para dar tempo de tela pra Ellen Page forçaram um poder fásico de transferência metal na Kitty.

VIAGEM NO TEMPO
Pra começo de conversa: EU ODEIO VIAGEM NO TEMPO! Detesto as filosofias, as implicações, as regras e as confusões que acabam sendo feitas por causa disso. Mas entendo que esse virou um artifício excelente para o atual cinema cheio de reboots. Vejam o caso dos novos filmes do Star Trek (2009). Por causa do primeiro novo filme com viagem temporal, criou-se uma realidade alternativa que não extingue tudo que já se sabia da série e dos filmes e ainda cria novas possibilidades. Essa também é a ideia desse filme: unir a primeira trilogia com a nova, consertando erros (ou pelo menos tentando) e abrindo alternativas daqui pra frente.

AMBIENTAÇÃO CRONOLÓGICA
O primeiro era na década de 60 e colocou os X-Men envolvidos com a crise dos mísseis de Cuba. Agora a década de 70 traz a morte de JFK (forçaram essa dele ser mutante, hein?) e a Guerra do Vietnã. Cabelinhos, roupinhas e trilha sonora nota 10, mas a ambientação não é mais tão importante quanto foi antes. É possível atemporalizar esse filme, mesmo com um ator parecendo o presidente Nixon. By the way: confesso que retornar aos corredores estéreis do Cérbero foi emocionante.

Do futuro pouco se vê. Mesmo assim, confesso que me interessei bem mais pela tensão do futuro do que todo o desenrolar da trama no passado. Aliás... acho que a edição pecou um pouco nisso. Será que não dava pro filme ter uns 10 minutinhos a mais, todo ambientado no futuro, sem dar barriga e desenvolvendo melhor aquela história?

ELENCO MONUMENTAL COM PEQUENOS GRANDES DESTAQUES
Praticamente todos... eu disse TODOS os atores dos filmes anteriores voltam! Claro que a maioria subaproveitada como sempre e fiquei com a impressão que às vezes é bem mais interessante aparecer de relance do que ter mais tempo de tela porém ser inútil.

Hugh Jackman volta com seu Wolverine que é melhor em grupo do que nos filmes solo. É o elo de ligação entre o futuro e o passado. Agora serei sincero: apesar de fã do personagem, ele era desnecessário à trama. Como escrevi antes, Ellen Page poderia ter ganho presença no filme. Como ela tem cara de menininha faria fácil o futuro e o passado.
Michael Fassbender e Ian McKellen são os Magnetos. Fassbender é finalmente o vilão que todos esperavam (aquele que perde a razão por utilizar força desproporcional). Cá pra nós: ninguém consegue fazer do Gandalf um vilão...
James McAvoy e Patrick Stewart são os Professores Xavier. Acho que ficou bem clara a superioridade que a experiência traz com tempo, porque transformaram o Xavier de McAvoy num pentelho, cheio de mi-mi-mi existencial. Adorei o esporro que ele levou do Magneto de Fassbender no avião. Gostava mais dele no primeiro filme.
Da primeira trilogia, trouxeram Halle Berry (Tempestade), Ellen Page (Lince Negra/Kitty), Daniel Cudmore (Colossus) e Shawn Ashmore (Homem de Gelo). Enquanto a Tempestade continuou péssima e subutilizada, Kitty ganhou mais presença (como já falei, mas deveria ter tido mais como já falei também). Colossus tem duas mortes horrorosas no filme, mas tem uma cena ótima ao lado de Blink. E Bobby finalmente aparece deslizando no gelo em sua forma congelada.
Do "reboot" temos o ótimo Fera de Nicholas Hoult (que agora controla sua transformação e não é tão leonino como antes) e o Destrutor de Lucas Til em pequenina aparição.
Para o futuro, entraram os seguinte mutantes: Bishop (do irreconhecível Omar Sy de Intocáveis), Blink (de Bingbing Fan) com os poderes de teleporte mas legais de se trabalhar em equipe (a tal melhor cena do Colossus), o "brasileiro" Mancha Solar (de Adam Canto) e o bobo Apache (de Booboo Stewart).
No passado, além do Groxo de Evan Jonigkeit, tivemos a surpresa do Mercúrio de Evan Peters. Quem viu os filmes da primeira trilogia sabe que a cena do Noturno invadindo a Casa Branca se tornou famosa e icônica. Mercúrio protagoniza uma "Cena na Cozinha" (já está sendo chamada assim) que tenta rivalizar com a do Noturno (mas não consegue porque ficou cômica demais) e garantiu o retorno do personagem no próximo filme da franquia. Outros dois mutantes aparecem com Groxo e Destrutor, mas não os identifiquei (um deles me parece ser o Tatuado).

Alguns que morreram aparecem em fotos, como o Azazel, Maré Selvagem, Banshee e a Angel, mas não sabemos o que aconteceu com Emma Frost. Já no futuro "consertado", temos o retorno de Kelsey Grammer como o Fera mais velho, Anna Paquin como Vampira (parece que andaram cortando várias cenas dela) e surpreenda-se: James Marsden como Ciclope e Famke Janssen como a Fênix! Aliás, esse futuro consertado teria caído melhor como uma cena pós-crédito.

Deixei pra falar separadamente de dois personagens:


Acho que o grande destaque vai novamente para Jennifer Lawrence (algo que já fiz quando escrevi sobre O lado bom da vida e Trapaça). Claro que os produtores não perderiam a chance de aumentar o papel da atriz no filme – uma vez que ela é a queridinha da academia hollywoodiana – e a transformaram no princípio/meio/fim da trama. Se você prestar bem atenção, mesmo que Wolverine seja o elo de ligação cronológico, Mística é o personagem principal (ao lado do Xavier pentelho). Fora o fato de aparecer "seminua" (era uma roupa) em lutas acrobáticas excelentes, Jennifer possui uma força expressiva no olhar que domina a tela.


Outro pequeno (porém enorme) destaque pra mim é de Peter Dinklage, o Bolivar Trask. Quem vê a série Game of Thrones sabe que esse ator rouba todas as cenas. Mas, nesse filme, ele é tão bom que cheguei a esquecer o básico e politicamente incorreto: Dinklage é anão!!! E o mais interessante é o fato de um anão ser, no fundo, um mutante! Pensando assim, seu interesse pela espécie fica ainda mais profundo.


VILÕES NAS ATITUDES
Considerando as novelas brasileiras e a minissérie americana de sucesso Revenge, fica difícil saber quem são os vilões do filme. Magneto e Mística que querem proteger os mutantes ou Trask e seus Sentinelas que querem proteger os humanos? De que lado você fica? Como sou contra uma maioria dominar uma minoria, tendo a ficar do lado dos mutantes, mas jamais aceitaria a violência perpetrada por Magneto e Mística.


Então vamos jogar a vilania para os Sentinelas. Achei os do passado meio bundões, até porque estavam controlados por Magneto (de um forma impossível porque uma coisa é colocar metal dos trilhos pra controlar os movimentos, outra coisa é conseguir controlar a programação). Pelo menos a cor roxa lembra os quadrinhos. Se você ignorar a mimetização robótica inviável, os Sentinelas do futuro são realmente brabos. Matam geral sem dó. Não há personagem queridinho ou ator famoso que se salve.

CONSERTOS ERRADOS OU ERROS CONSERTADOS?
Uma das coisas que todo mundo está perguntando e ficou realmente sem resposta: como Patrick Stewart voltou à vida se a Fênix o desintegrou no terceiro filme? Ok... na cena pós-crédito desse filme, ficamos sabendo que Xavier transferiu a mente dele para o corpo de um paciente em coma, mas daí a gerar um corpo novinho e igualzinho a ele ficou complicado, né? Pois fiquem "tranquilos", porque a produtora de todos os filmes dos X-Men disse que é pra desconsiderar da cronologia o terceiro filme da primeira trilogia e o primeiro filme do Wolverine (que realmente mais atrapalharam do que favoreceram), ou seja Xavier não morreu, Fênix não morreu, Ciclope não morreu, Gambit não exisitiu, Deadpool não existiu... e por aí vai!!! Mas peraí... Como assim??? Quer dizer que o Wolverine não matou a Jean? Então é melhor esquecer o Wolverine Imortal (The Wolverine, 2013) também, porque todo o sofrimento dele vem a partir disso!

Outra questão é: mesmo que Peter Dinklage seja um puta ator, por que ele foi escolhido se nos quadrinhos ele não é anão e antes ele havia sido interpretado por ator negro (que também estaria errado porque Trask não é negro nos quadrinhos)? Aproveitamento do sucesso?

E o afogamento final de Wolverine? A Marvel acabou de dizer que a única forma de matar em definitivo o herói é afogando-o. Ele inclusive matou seu filho assim. Então, como ele sobrevive com barras de ferro atravessadas debaixo d'água? Há quem diga que essa história serviu para apagar o primeiro filme solo dele e suas memórias da Arma X (estar dentro de uma esquife com metal) viriam daí. Mas e como fica o adamantium, então? Também há quem diga que teremos isso no próximo filme com Apocalipse: ou você não sabia que nas HQs o herói já foi um dos Cavaleiros do Apocalipse? Aguardemos.

CONCLUSÃO
É um ótimo excelente com bastante ação, suspense e até mesmo discussões éticas. Repito que a ideia de utilizar essa saga para juntar tudo e tirar o melhor foi muito acertada. Só que agora temos um precedente: claro que queremos ver a próxima década dos X-Men de James McAvoy enfrentando o todo-poderoso En Sabah Nur (veja cena pós-crédito), mas duvido que as pessoas não tenham saído da sala loucos pra ver mais um filme com o elenco original!

domingo, 11 de maio de 2014

Zuzu, anjo e designer

Se você não sabe quem é Zuzu Angel, vá para o Google (caso você não tenha visto o filme). Se você é designer, provavelmente sabe que ela foi uma estilista brasileira que perdeu seu filho para a ditadura e se tornou um símbolo político. Mas o que você não sabe é que Zuzu criou uma marca incrível de roupas, empregando não só um estilo brasileiro como uma identidade visual forte de teor crítico.

O Itaú Cultural de São Paulo fez uma homenagem excelente com a exposição Ocupação Zuzu, que traz 400 itens, dentre vestidos, bordados, acessórios e documentos que apresentam a trajetória da estilista em uma bela ambientação e curadoria da filha, Hildegard.

Lounge / Linha do tempo
Abertura da exposição com Zuzu em neon como era seu ateliê (minha foto não ajudou).
Seus vestidos.
Seus layouts.
Suas estampas.
A sala do luto com documentos da época.
A ótima identidade visual a partir do nome.
O anjo que se tornou seu mascote, sua marca e seu símbolo de protesto (ele é a representação
de Stuart Angel, seu filho que foi preso, torturado e morto durante a ditadura).
Camisas variadas com a estampa do anjo aplicada.
Painel para os visitantes deixarem notinhas em pedaços de tecido.
E eu deixei o meu!

Sabia da parte da moda e da parte política, mas confesso que fiquei bem impressionado com seu lado designer. Não conhecia a bela marca com os Zs angelicais ou aquele anjinho (que em uma primeira olhada é tão mal feitinho...) ganhou uma força política e o meu respeito em construções variadas de estampas e aplicações de acessórios. Que essa exposição seja uma oportunidade para aumentar o escopo sobre essa incrível mulher.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Aranha Dois

Dois anos depois saiu a sequência do novo herói aracnídeo: O Espetacular Homem-Aranha 2 - A ameaça de Electro (The amazing Spiderman: The rise of Electro, 2014).


Antes de falar qualquer coisa, é preciso que você entenda o seguinte:

  • A Marvel é detentora dos seguintes heróis: Homem-Aranha, X-Men, Vingadores e Quarteto Fantástico, entre muitos outros (como Demolidor, Elektra, Blade e Motoqueiro Fantasma).
  • Para colocar seus personagens na telona, a Marvel vendou os direitos deles para diversas empresas.  Só que acabou vendo algumas tragédias cinematográficas (as do parágrafo acima).
  • Depois que fez dinheiro com isso, decidiu criar sua própria produtora para tomar controle dos filmes.
  • X-Men e Quarteto Fantástico estão com a Fox. O primeiro filme da trilogia mutante é bom, o segundo razoável e o terceiro é fraco. A nova trilogia começou bem demais e tem um novo chegando aí. Os solos do Wolverine são bons e só. Os do Quarteto são péssimos e tem o reboot com jeito de tragédia vindo aí.
  • Homem-Aranha está com a Sony. Acertou em Tobey Maguire, mas errou em todo o resto. O ator carrega sozinho os filmes, sendo que o segundo é o que realmente vale a pena.
  • Os Vingadores estão com a própria Marvel e aí tivemos o arrasa-quarteirões Vingadores e todos os filmes solo do Capitão América, Thor e Homem de Ferro. Teremos ainda Guardiões das Galáxias 
  • Isso quer dizer que poderemos ver na tela um encontro dos X-Men com o Quarteto Fantástico, mas nunca teremos o Homem-Aranha nos Vingadores ou encontro deles com Wolverine.
Dito isso... vamos ao filme.


O reboot do Aranha pegou um novo viés (já expliquei no post do filme) que segue o Universo Ultimate da Marvel (algo como um reboot nos quadrinhos) com a trama dos pais de Peter Parker. Aliás nessa postagem anterior eu acertei uma coisa: a boa evolução dos personagens Peter e Gwen Stacy (Andrew Garfield e Emma Stone). Aliás, o filme só é bom quando tem essa dinâmica, mesmo nos problemas. E o destaque fica todo com Emma, porque ela engole o filme. Uma pena o previsível final (previsível porque quem lê quadrinhos esperava isso), mas abre a brecha para um nova e melhor (pelo-amor-de-deus!) Mary Jane.

Esse é o segundo filme com um casal protagonista bombando... 2 + 2 = 3 vilões? ERRADO! Quem mandou botar três vilões? Será que já não aprenderam com o terceiro filme da primeira trilogia (aquele que tem o Homem-Areia, o Venom e o filho do Duende Verde) que isso não funciona? O novo Duende Verde de Dane DeHaan é bem mais interessante do que o canastra James Franco dos anteriores. Jamie Foxx está péssimo e tem uma origem horrível (Fato: nos quadrinhos, Electro é um banana. Nunca foi tão poderoso quanto essa versão cinematográfica. Somente a versão Ultimate chegou perto de algo tão forte). E Paul Giamatti como o Rhino... por onde começar? O desperdício desse ator em um papel pequeno de um vilão medíocre está nos dizendo duas coisas: que ele está levando muito dinheiro e que ele estará em outros filmes (já se sabe disso).

O excesso de tramas (espionagem, genética, política, amor adolescente, culpa, formatura etc etc etc) cria algumas barrigas e quebra algumas narrativas. Mas o filme se aproxima bem mais do que realmente é do personagem nos quadrinhos. Ele não é maduro e sério, então não é um filme do Capitão América (ou do Batman). O herói precisa ser o Peter sofrido (bem mais do que o Batman) e o Homem-Aranha amigão da vizinhança porque sua identidade é secreta. Ele não é Tony Stark / Homem de Ferro. Sua essência passa pelos problemas adolescentes e isso está (até demais) no filme. A relação dele com a culpa pelo Capitão Stacy e - principalmente - pelo Tio Ben é fundamental para a construção do personagem. Sally Field aterra o filme com sua Tia May real.

Vá ao cinema e veja em 3D. Vale a pena toda a diversão.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Jesus Cristo Super-humano

Não era nascido quando Andrew Lloyd Weber e Tim Rice criaram a opera rock Jesus Cristo Superstar (1970) que causou polêmica com sua versão dos últimos dias desse personagem religioso, comparando-o a uma celebridade com gírias de gangues e intensas disputas de poder. Sua relação complicada com Judas é o que norteia essa história, que ainda conta com a presença de Maria Madalena bem próxima a Jesus e com a ausência de Maria e José.

Imagino a confusão que não deve ter sido... E não parou por aí: em 1973, saiu uma versão cinematográfica (Jesus Christ Superstar) que colocou ainda mais lenha na fogueira. Considerando que era década de 1970 cheia de paz e amor, esperava-se mais liberdade e compreensão, mas, quando se mexe com religião e seus cânones, nada é seguro.

Aqui no Brasil tivemos uma versão em 1972 com tradução de - ninguém menos - que Vinícius de Moraes! E agora, em 2014, saiu a nova versão da peça (mais rock menos hippie) causando tanta polêmica quanto antes... afinal... estamos em tempos de conservadorismos hipócritas ligados à interpretações superficiais dos Evangelhos. Falaram até em excesso de sexualidade na interpretação de Jesus só porque botaram um bonitão sarado Global no papel (também culpa da imagem de divulgação aí embaixo).


Acontece que Igor Rickli SABE CANTAR! E muito! Já o tinha visto em Hair e ele realmente dá um show (como cantor, porque sua atuação é meio over)! Todos sabemos o enredo e aonde vai parar, mas como eles vão chegar lá e com que intensidade é o que interessa. Não há sexualidade, mas um jogo de poder forte que não se costuma abordar. Mostra-se um messias bem mais mortal, mais humano. Ele tem dúvidas, sofre, briga.

O Judas de Alírio Neto é o outro personagem principal e chega a parecer mais importante que Jesus com seus contrastes (menos a peruca horrorosa). Ele carrega o rock na voz e o emprega ao espetáculo. A cantora Negra Li traz suavidade e afinação à sua Maria Madalena. Os cenários são minimalistas e as atuações fora do tom. Por ser um musical espera-se grandes músicas, mas isso não acontece. Tirando um grande momento vocal de Rickli (em Getsêmani), uma ótima surpresa de Herodes (Wellington Nogueira) e os surpreendentes graves de Caifás (Gustavo Muller), nada se destaca. Só a história em si.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Deutscher Werkbund


Fundado em 1907, o Deutscher Werkbund - uma associação de arquitetos, artistas e empresários - tinha por objetivo melhorar a qualidade dos produtos industriais e teria sido o primeiro a pensar no desenho industrial e em uma identidade corporativa. "Não existia antes a profissão de designer industrial e o Werkbund tinha a preocupação de formar esses profissionais. Além disso, foram inovadores ao propor unidade e harmonia no design corporativo, criando uma identidade, presente da logo aos produtos", explica Martin Gegner, responsável por trazer a exposição 100 anos de Arquitetura e Design na Alemanha ao Brasil, que também é professor visitante da FAU-USP e diretor do escritório do DAAD-SP.

Apesar de muito influente no design e arquitetura internacionais, nem sempre a Deutscher Werkbund é reconhecido por seu trabalho. O objetivo da exposição é tornar toda essa influência mais visível. No Brasil, a associação é famosa apenas em círculos especializados: eu, por exemplo, que estudei na (ainda?) considerada melhor faculdade de design do país, nunca havia ouvido falar. E olha que Peter Behrens, presente na minha dissertação de mestrado na mesma instituição, era fundador! Sabe quem mais fazia parte do seleto grupo? Walter Gropius, Marcel Breuer, Mies van der Rohe e Max Bill (que ajudou na fundação de tal escola!)! bom... por ser uma associação, o Werkbund estava constantemente discutindo seus direcionamentos formais e políticos, diferente da Bauhaus, cujos conceitos eram bem definidos pelos mestres (hmmm... será que está aí a explicação da doutrina que me ensinaram e continuam ensinando?).

A ótima exposição traz produtos, cartazes, móveis e maquetes... me deixou com um ar de enganado e de ignorante, porém, furiosamente instigado a saber mais e melhor. Ela ainda é gratuita e fica até 18 de maio no excelente Centro Cultural São Paulo.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Centro Cultural São Paulo


Conheci o Centro Cultural São Paulo e fiquei impressionado. Inaugurado em 1982, a partir da necessidade de uma extensão da Biblioteca Mário de Andrade, transformou-se em um dos primeiros espaços públicos culturais multidisciplinares do país. Além dos inúmeros espaços de convívio - onde encontramos jogos de xadrez, ensaios de peças de teatro e de dança, grupos musicais e muita gente estudando ou relaxando -, o espaço oferece uma biblioteca, uma gibiteca (!!!), uma discoteca (!!!) e uma hemeroteca (coleção de jornais e revistas periódicas!!!), um teatro de arena, cinema, diversas áreas expositivas e jardins!

Não tem nada parecido no Rio de Janeiro. Nem mesmo o clima artístico que o lugar exala. Começo a entender porque sempre ouço que as opções culturais de São Paulo estão muito acima das do Rio. Culpa da praia? Ou do carioca?