segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Seu arquiinimigo pode ser você mesmo


Ontem vi o tão falado e aplaudido Cisne Negro (Black Swan, 2010). Eu mesmo já estava empolgado em novembro do ano passado quando vi os belíssimos cartazes que fizeram para o filme. Mas, como sempre, as altas expectativas atrapalharam um pouco. Saí do filme sem saber o que achei, tentando digerir tudo. Balé é um coisa bela que nos oferece imagens bonitas, mas o filme é tenso, forte, visceral, até com momentos de terror. Eu acho que agora estou começando a receber a verdadeira mensagem por trás de tudo. É o um filme bem interessante. Prato cheio pra psicólogos, psiquiatras, analistas, terapeutas... etc.

Bom... não dá pra falar do filme sem entregar alguma coisa. Mas, na verdade, se você conhece a premissa básica do clássico balé O Lago dos Cisnes, você sabe mais ou menos o que vai acontecer. Aliás, o proprio filme cita umas três vezes a releitura que está sendo feita do balé pra avisar a você exatamente o que está por vir. Então, não espere um final surpreendente. Mas o filme tem sido classificado como um thriller psicológico e é aí que está o tchan do filme.

Em busca da perfeição, uma insegura e frágil Natalie Portman (a bailarina Nina) encontra a perdição e nós somos os espectadores dessa estrada fatal. Após a aposentadoria forçada da bailiarina principal (Wynona Ryder), ela é escolhida pela primeira vez a ser a protagonista da companhia na releitura d'O Lago dos Cisnes. A pressão pela perfeição é reforçada por sua mãe (Barbara Hershey), mas colocada em cheque pelo sedutor diretor da companhia (Vicent Cassel) e por sua espontânea rival (Mila Kunis). E isso gera um universo paralelo na cabeça da bailarina que se vê no meio de uma transformação em um cisne real (a la A Mosca). Esse universo paralelo objetiva nos deixar em dúvida durante o filme: o que é real? O que é imaginação? Ela está louca? Ela está com a razão? Mas no fundo, no fundo, é possível distinguir esses momentos. O vilão aqui é o subconsciente.


As atuações, pra mim, estão muito boas. Não sei se dignas de Oscar porque não vi os outros concorrentes, mas Natalie Portman realmente está fora da escala. Sua mãe e sua rival estão no tom perfeito para compor e empurrar Portman a perfeição/perdição (e ao prêmio?). A cena do Cisne Negro é realmente o ápice do balé, da direção, da fotografia e da personagem. Belíssima.


Mas, como eu já disse, saí tenso do filme. Achei várias mensagens péssimas: pra você ser alguém na vida, você precisa se ferir (essa eu ainda não engoli)??? Para a mulher ser alguém, ela precisa de um orgasmo (de preferência lésbico)??? Mas depois de uma pizza, algumas horas de sono e outras de exercícios, dei uma boa reavaliada.

Acho que a verdadeira mensagem do filme é que nós somos nossos próprios obstáculos. Talvez muitos de nós não consigamos atingir nossos verdadeiros potenciais porque nós mesmos não deixamos. Travados por inúmeras razões, devemos avaliar até onde poderíamos ser mais, muito mais. Seu arquiinimigo pode ser você mesmo.

Pense nisso (mas, POR FAVOR, sem se ferir fisicamente no processo).

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