Se você reler minhas postagens, verão inúmeros questionamentos que fiz e todos eles continuam na minha cabeça. Parece que só de 4 em 4 anos as pessoas prestam atenção nisso e, mesmo assim, muita gente só está vendo agora porque é na nossa casa. A hipocrisia parece ter se tornado uma condição intrínseca ao brasileiro. Mas saindo disso, acredito que os verdadeiros valores olímpicos só aparecem agora nas Paraolimpíadas (sim, vou manter o O). Vamos entender um pouco isso...
Os Jogos Olímpicos tem sua origem associada às competições atléticas na Antiguidade realizadas para celebrar os deuses. Eram considerados uma obrigação moral, uma vez que beleza e força eram exercitadas pela ginástica e pelas artes, desenvolvendo o corpo e a alma juntos. Em 1894, o barão francês Pierre de Coubertin propôs o retorno dos Jogos para que os povos desenvolvessem uma série de princípios universais que poderiam ser aplicados não somente ao esporte, mas à educação e à sociedade. São três os valores associados aos Jogos Olímpicos:
AMIZADE = O amigo procura entender o próximo apesar das diferenças e estende a mão; tem em relação ao outro atitudes e sentimentos positivos como empatia, compreensão, honestidade, compaixão, confiança, solidariedade e reciprocidade positiva. A chama olímpica representa à amizade e, por isso, a tocha viaja pelo mundo, passando de mão em mão, levando o espírito dos Jogos.
EXCELÊNCIA = É dar o melhor de si, tanto no esporte quanto na vida. Não é vencer, mas sobretudo participar, fazendo progressos face a objetivos pessoais, esforçando-nos por sermos cada vez melhores nas nossas vidas. O lema olímpico – Citius, Altius, Fortius (mais rápido, mais alto, mais forte) – representa a excelência.
RESPEITO = É o sentimento de consideração por outra pessoa, de outro país, cor, gênero ou crença. Inclui o fair play (jogo limpo), a honestidade, respeito a si mesmo (não ao dopping) e ao meio ambiente. Os anéis entrelaçados são a marca dos Jogos e também o símbolo do respeito, pois representa a união dos cinco continentes de forma universal, sem discriminações.
Em 1948, Sir Ludwig Guttman, neurocirurgião alemão, desenvolveu um novo tratamento para reabilitação de soldados ingleses feridos na Segunda Guerra Mundial: uma competição esportiva anual que começou no mesmo dia dos Jogos de Londres daquele ano. Em 1960, o evento foi para Roma junto com os Jogos Olímpicos e se tornou a primeira versão oficial dos Jogos Paraolímpicos, acompanhando seu calendário. Tendo como lema a frase “Espírito em Movimento” e acreditando que a superação dos atletas portadores de alguma deficiência são o exemplo claro da excelência olímpica, foram determinados quatro valores Paralímpicos:
DETERMINAÇÃO = Dá foco, direção e confiança. Faz com que acreditemos em nós mesmos e continuemos a fazer o que é melhor até o nosso limite, mesmo em situações adversas. Como disse Albert Eistein: “Há uma força motriz mais poderosa que o vapor, a eletricidade e a energia atômica: a vontade”.Então, vejam... os quatro valores paraolímpicos são bem óbvios e claros ao se assistir as competições. Agora releia os três valores olímpicos e perceba que eles acontecem muito mais nas Paraolimpíadas onde não há adversários, mas seres humanos desafiando a si mesmos que conhecem a dor do outro.
CORAGEM = É a firmeza de espírito para enfrentar difíceis situações físicas, emocionais e morais. Ela nos ajuda a enfrentar a dor, o sofrimento, o medo, o perigo, a incerteza e a intimidação. Também nos dá força para agir corretamente contra a vergonha, a desonra e o desânimo, permitindo que sejamos nós mesmos independente das diferenças.
IGUALDADE = É ser o mesmo em quantidade, medida, valor ou status, assegurando imparcialidade, oportunidades e tratamentos iguais para todos sem olhar para religião, etnia, raça, sexo e idade. Como valor paralímpico, também quebra as barreiras de discriminação com as pessoas portadoras de necessidades especiais.
INSPIRAÇÃO = É ser o exemplo, inspirar os outros de forma positiva, tornar-se uma fonte de ideias para completar uma tarefa ou fazer algo especial. Como valor paralímpico, a superação de cada atleta é uma constante inspiração para todos nós.
É realmente preciso rever muita coisa. Não só dentro de nós mesmos - quando tornamos enorme um problema pequeno -, mas também no universo coletivo - quando temos dificuldade de enxergar o outro e o julgamos sem sabermos suas particularidades. Talvez o maior sentimento que brota nesses jogos é o da ESPERANÇA, pois vemos que o impossível é só uma palavra com um prefixo chato.