No último domingo, o pastor Silas Malafaia (líder da igreja Assembléia de Deus - Vitória em Cristo) foi o entrevistado de Marília Gabriela no
SBT. Para entender o que vou escrever a partir deste momento, sugiro que você veja a entrevista completa que está em 4 partes no site do programa (
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4). Em seguida, se tiver tempo, veja a resposta do geneticista Eli Vieira, rebatendo todos os argumentos e pesquisas "científicas" (com aspas mesmo) que o pastor citou.
Bom... não sabia se deveria continuar a dar Ibope para esse indivíduo, mas acho que o número de boçalidades proferidas com uma oratória agressiva (porém impressionante) é capaz de destruir a humanidade na base do ódio. Enxerguei um sucessor de Hitler...
Vestido de bicheiro, o pastor berra suas teorias a partir das suas próprias interpretações da Bíblia e se esquiva de perguntas contundentes. Grita em nome de Deus para colocar gays e assassinos no mesmo patamar (
Eu amo os homossexuais como eu amo os bandidos) e urra sobre a possibilidade real de reorientação sexual por meio da religião. Acha horroroso o radicalismo islâmico, mas quer destruir os "safados" da revista
Forbes nos EUA (
Não tem dados que declarem que eu tenho R$ 300 milhões de reais. Meu patrimônio é de R$ 4 milhões, R$2 milhões são da minha editora).
Sobre a revista Forbes, até acho que Malafaia consegue uma boa defesa quando fala sobre sigilo fiscal. Mas é sabido que a revista faz uma estimativa das fortunas a partir de bens. No caso das igrejas, é possível que tenha sido feita uma estimativa do tão falado dízimo obrigatório. Mas fica feio quando ele usa as dificuldades familiares para justificar o dízimo. Quando é perguntado das recompensas que os fiéis tem, ele não diz quais são, mas nos deixa a pulga atrás da orelha: "quem fica pagando por 30, 40 anos por algo que não dá retorno? Deus trabalha com uma lei de recompensa.". Tá... verdade... mas e o discurso que se não pagar não vai ser feliz, não vai subir aos céus, a família vai acabar, etc etc etc. É na base da ameaça?
Então, quando entrou no assunto da homossexualidade, ele fica possuído. Diria até que ele deveria ir para um sessão de descarrego pra tirar o demônio do corpo. Cita pesquisas sem autoria, ignora a História da humanidade (mas crê no Dilúvio e na destruíção de Sodoma e Gomorra), impõe sua questionável autoridade de psicólogo e teólogo e acaba agindo como um fundamentalista (não um idealista, como ele tenta deixar claro). Ele consegue se esquivar, mas ainda deixa no ar uma preferência por um criança largada na rua do que a adoção por pais/mães homossexuais. Marília Gabriela tenta dizer que ele deveria ter cuidado com suas palavras porque ele é capaz de gerar um discurso de ódio, mas ele se apóia em um amor de Deus e numa Bíblia interpretada por ele.
Nesse ponto, sugiro que você veja o vídeo do deputado federal
Jean Wyllis combatendo o discurso do pastor. O vídeo é bem anterior aos últimos eventos, mas é importante, pois o deputado termina seu discurso questionando a interpretação da Bíblia para benefício próprio.
Você viu que o deputado também fala sobre a evolução da sociedade (em casos como escravidão e atuação feminina), mas o pastor não crê na evolução humana. Para ele, "o que muda é a tecnologia, o homem é a mesma coisa". Ele diz que a evolução das espécies é só uma teoria porque não pode ser observada... Se você viu o vídeo do geneticista ou estudou biologia em qulquer escola, sabe que não há nada mais a falar sobre as teorias criacionistas. Mas o que me impressiona é um homem que se diz tão estudado, psicólogo, pioneiro em teologia e o escabau a quatro ser capaz de citar inúmeras pesquisas ditas científicas e não acreditar na ciência da evolução. Assim como escolhe o que usar na Bíblia, ele escolhe o que ler sobre ciência.
No meio de seu discurso, Jean Willys diz que a favor da liberdade de crença religiosa e, portanto, acredita que todos tem o direito de acreditar (ou não acreditar) no que quiserem. Por essa razão, temos que respeitar a crença desse pastor e de seus
fiéis acerebrados que desrespeitam a própria cultura. No entanto, eu não vou respeitar um discurso de ódio embasado em religião. Religão é uma coisa do homem e não de Deus. A Bíblia é um livro escrito por homens e não por Deus. Se a religião prega o ódio é um problema do homem e não de Deus. Não há Deus, seja qual for a crença, que pregue o ódio.
Ainda bem que, no fim, Marília fechou com chave de ouro. Depois que o pastor desejou que "esse Deus que eu creio se revele cada vez mais a você", a jornalista não pestanejou e retrucou: "que o meu Deus, que eu não sei se é o mesmo que o seu, te perdoe".
Eu não o perdôo. E, se eu acreditasse no Deus dele, tenho certeza de que ele iria para o inferno.