sábado, 9 de agosto de 2008

Tochas olímpicas

Em época de Olimpíadas, vou tentar escrever algo sobre o assunto. Pra começar, a evolução das tochas olímpicas – dos jogos de verão e inverno –, tradição que começou nas Olimpíadas de Berlim, em 1936 (do site Vida Ordinária).Interessante perceber que no início, a "forma de tocha" era mais semelhante com o que se tem de referência do objeto. Em alguns, vemos um guarda-mão. Em 64, aparece o primeiro "modelo-palito", que influenciou os que vieram a seguir, até chegar nos objetos fálicos da modernidade.

A chama olímpica tem um significado mitológico. Segundo as lendas, o titã Prometeu teria criado os homens e roubado o fogo do Monte Olimpo para dar a eles. Esse fogo teria dado uma superioridade dos homens sobre os outros animais. Zeus, enfurecido pela audácia do titã, mandou acorrentá-lo por sua eternidade. A lenda segue em sua tragédia, mas o importante é o significado sagrado da chama, que era acendida durante os jogos olímpicos da antiguidade e tiveram sua tradição renovada.

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OLYMPIC TORCHES
In Olympic times, olympic stuff! I will start with the evolution of the olympic torches (summer and winter games). The tradition began in 1936 at Berlin. It's interesting to see the "torch shape" in the beginning and the "stick shape" after 1964 til today. The olympic flame has a mythological meaning. The Prometeu's legend says that the titan stole the fire from gods to give humans the power over the animals.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Simples e genial

Como funciona um alfinete de fralda? Por que não pensar no mesmo sistema para o hashi (os pauzinhos de comida japonesa que dão um trabalho danado para os iniciantes)? Solução simples e absolutamente genial. Pra mim, isso é design.

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SIMPLE AND GENIUS
How does a diaper pin work? Does its system work for
hashi (the japanese food sticks)? Easy and genius solution. That's design for me.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Diário portenho

Estive ausente por um tempinho. Andei pela Argentina em um encontro de design e aproveitei para conhecer o novo point brasileiro de férias. Essas são as minhas impressões:

SOBRE A CIDADE: Buenos Aires parece o centro da cidade do Rio de Janeiro com um ar europeu. E isso não significa que é melhor... significa que é frio (entre 8º e 15º, fora o maldito vento). A Avenida 9 de Julio parece a Av. Presidente Vargas, e a Calle Florida parece o Saara arrumadinho. Lá também tem ambulantes, entregadores de papelzinho, mendigos, jogadores de bolinha no sinal, performistas de rua. Além disso, tem uma infestação (praga mesmo) de brasileiros consumistas carregados de sacolas. E quem disse que a cidade é barata? Aparentemente é metade do preço por causa do câmbio... mas não é bem assim. Uma camisa que custe 70 pesos, equivale a 35 reais, ou seja, o nosso preço. Então vale tanto a pena? Vale se você for para comprar calçados (eu trouxe uma sapataria) ou em lojas de grife que são muito caras por aqui. E também tem a lenda que a carne argentina é maravilhosa... tá... é boa... e só. Mas realmente é muito barato comer por lá. Andar de taxi é quase de graça. Como fui para o encontro e não para fazer turismo, não visitei alguns pontos turísticos fundamentais de Buenos Aires... mas o que vi, achei sem graça. Casa Rosada, Congresso, Puerto Madero... nada de mais. O show de tango no Piazzola foi muito bom. Mas nada que um final de semana não resolva. Aliás, só volto se for assim: em outro encontro de design ou em um final de semana para ver o que não vi e assumir a brasilidade consumista.
SOBRE O ENCONTRO: Norberto Chaves foi o ponto principal do III Encuentro Latinoamericano de Diseño na Universidad de Palermo. Consegui ir a duas das três palestras dele. E valeu muito a pena. O cara é genial. Fui bem seletivo, de acordo com a minha dissertação de mestrado. Então, assisti palestras de vários cantos do mundo, do Perú a Portugal, da Colômbia ao México. Muito interessante. Abre horizontes, gera possibilidades e faz a gente pensar a realidade de outras culturas.
SOBRE A MINHA PALESTRA: O que dizer? Sei lá... foi interessante... Comecei 10 minutos mais cedo porque a turma estava pequena, mas, de repente, teve um "estouro de boiada" e a sala lotou! A galera deve ter acordado mais tarde. Tenho uns vídeos que me fizeram perceber que eu falo muito rápido e gesticulando sem parar. Preciso descobrir se tenho genes italianos... Mas o importante foi que fiquei tranquilo. Achei que fosse tremer nas bases, mas correu tudo bem. Me senti no domínio do assunto e da aula. Agora sei que posso repetir o ato e até mesmo ver isso como profissão (iiiihhhhhh...)

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Bíblia, a louca

Na revista Veja dessa semana, saiu uma matéria sobre a influência da religião na política americana. Vou reproduzir aqui em partes, porque é MUITO interessante:

— A massa da torta é feita de banha de porco?
— Acho que não, mas vou checar - responde o garçom.
— Obrigado. É que não posso comer banha de porco.
— Alergia?
— Não, Levítico.

A conversa está relatada num livro do jornalista A. J. Jacobs, no qual ele conta com minúcias hilariantes como é viver um ano em Manhattan seguindo o mais literalmente possível as regras da Bíblia. Ele leu a Bíblia e anotou cada regra. No fim, tinha 72 páginas com mais de 100 orientações. Cumpriu-as durante 387 dias. Foram oito meses seguindo o Velho Testamento e quatro seguindo o Novo Testamento. Entre as regras, estão as mais conhecidas, como amar ao próximo, pagar o dízimo, não cobiçar a mulher alheia. Mas também estão normas absurdas, como apedrejar os blasfemos, bater nas crianças com vara ou arrancar um olho do pecador. Para não acabar na cadeia, Jacobs também dispensou as caudalosas sugestões de pena de morte, aplicadas dos adúlteros aos que conferem o horóscopo. Quantas são as sugestões de pena de morte? Ele, que contabilizou tudo, responde: "Pense na Arábia Saudita, multiplique pelo Texas e triplique o resultado – é isso".

A graça do livro, e de sua denúncia bem-humorada de que o literalismo bíblico pode levar à mais honrada idiotia, está no cumprimento rigorosa das normas mais exóticas. São coisas como evitar roupas com fibras misturadas, especialmente lã e linho. Ou passar azeite de oliva na cabeça, tocar harpa de dez cordas, assoprar uma corneta (um chifre de carneiro resolve) no início de cada mês, andar com dinheiro amarrado à mão e deixar a barba crescer. A Bíblia também proíbe tocar nas mulheres menstruadas (o autor pensou em pedir uma planilha com ciclo menstrual de suas colegas de trabalho) e manda nunca pronunciar o nome de outros deuses. Como a palavra quinta-feira em inglês (thursday) vem do deus nórdico Thor, Jacobs sentia-se na obrigação de dizer: "Vamos almoçar no quarto dia útil da semana?".

"Fiquei surpreso. Parece que cada passagem da Bíblia, tem alguém capaz de segui-la literalmente", disse o autor. Ele achou um rabino ortodoxo que, microscópio em punho, vai à casa dos fiéis examinar as fibras das roupas para evitar misturas. Descobriu que há 50.000 judeus, em Israel e na Califórnia, que desligam o aquecimento de casa no sábado, dia sagrado de descanso, mesmo durante o inverno. Porque no sábado não se pode trabalhar, e manter o aquecimento ligado é negociar com a companhia de energia elétrica. Há gente que compra chifre de carneiro e há uma loja em Indiana que já vendeu mais de 1000 harpas de dez cordas a dezesseis países. Em Israel e em três estados americanos, fundamentalistas tentam produzir uma vaca vermelha. A Bíblia diz que a purificação verdadeira está em matar uma vaca vermelha, queimá-la em madeira de cedro e aspergir as cinzas, misturadas em água, sobre a própria cabeça.

Agora me digam: não é pra repensar a religião? Acreditar e seguir um livro escrito há vários anos atrás pode ser meio doido. Criar uma religião baseada nesse livro é ainda mais doido. Mas não questionar esses ensinamentos, pra mim, é idiotice. Tenham fé, mas tenham um mínimo de bom senso.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Na Revista de Domingo do jornal O Globo, a colunista convidada Mônica Montone fala coisas muito interessantes que deveriam ser pensadas. Por favor, leiam. Vou reproduzir aqui, em parte e com destaques pessoais:

Filho é pra quem pode! Eu, não posso! Apesar de ser biologicamente saudável. Não posso porque desconheço o poço sem fundo das minhas vontades, porque às vezes sou meio dona da verdade e porque não acredito que um filho há de me resgatar daquilo que não entendo ou aceito em mim. Acredito que a convivência é um exercício que nos eleva e nos torna melhores, mas esperar que um filho reflita a imagem que sonhamos ter é no mínimo crueldade. (...) Filhos não são pílulas contra a monotonia, pílulas de salvação de uma vida vazia e sem sentido, pílula "trago seu marido de volta em nove meses".

Penso que antes de cogitar a hipótese de engravidar, toda mulher deveria se perguntar: eu sou capaz de aceitar que, apesar de dar a luz a um ser, ele não será um pedaço de mim e, portanto, não deverá ser igual a mim? Eu sou capaz de me fazer feliz sem que alguém esteja ao meu lado? Eu sou capaz de abrir mão de determinadas coisas em minha vida sem depois cobrar? Eu sou capaz de dizer "não"? Eu quero, mesmo, ter um filho, ou simplesmente aprendi que é pra isso que nascemos: para constituir uma família? (...)

As mães podem ser um céu de brigadeiro ou um inferno de sal. Elas podem adoçar a vida dos filhos ou transformar essas vidas numa batalha diária cheia de lágrimas, culpas e opressões. Eu, por exemplo, não consigo ser um céu de brigadeiro nem para mim mesma, quiçá para uma pessoinha que vai me tirar o juízo madrugadas adentro e, honestamente, acho injusto colocar uma criança no mundo já com essa missão no lombo: fazer a mamãe crescer.


A esse texto, adiciono o fim da música Pais e Filhos do legião Urbana, onde Renato Russo canta: "Você culpa seus pais por tudo / Isso é absurdo / São crianças como você / Que você vai ser quando você crescer".

Eu valorizo quem enfrenta a maternidade. Valorizo ainda mais a paternidade que não tem hormônios ou mudanças no corpo pra tentar ajudar a entender o que vem por aí. Chega o filho e pronto: virou pai. E é por isso tudo que as pessoas com o mínimo de instrução tem condição de pensar se é realmente válido colocar uma criança no mundo. É lindo, é. Mas é muito mais do que isso. Hoje em dia, dizer que as mulheres ainda são criadas para casar e ter filhos é hipocrisia. Segurar casamento é ainda mais ridículo.

Por isso, meçam suas vontades com um pouco de razão.