quarta-feira, 13 de maio de 2009

Fé: uma reflexão religiosa e/ou científica

Neste fim de semana estréia o filme Anjos e Demônios, apatado do livro homônimo de Dan Brown, o mesmo autor de Código Da Vinci. O cara gosta de questionar a igreja e isso me interessa muito. Tenho inúmeras ressalvas a fazer ao empreendimento humano chamado religião e seus consequentes dogmas e edificações.

O mesmo homem que criou a religião em seus primórdios para tentar entender o mundo, agora tem a ciência para explicar seus fenômenos. Neste livro, ele retoma o eterno embate entre ciência e religião. E em 2/3 de seu discurso, a ciência parece vitoriosa nas explicações. Mas não nos meios. Leiam esse longo trecho que a Igreja enfrenta diretamente a Ciência e dá até uma pitadinha de Bauman:
A ciência é o novo Deus. Medicina, comunicações eletrônicas, viagens espaciais, amnipulação genética, estes são os milagres sobre os quais agora falamos às nossas crianças. Estes são os milagres que alardeamos como prova de que a ciência nos trará as respostas. As histórias antigas de concepções imaculadas e mares que se abrem não são mais relevantes. Deus ficou obsoleto. A ciência venceu a batalha. Nós nos rendemos. Mas a história da ciência nos custou caro. Custou muito caro para cada um de nós.

A ciência pode ter aliviado os sofrimentos das doenças e dos trabalhos enfadonhos e fatigantes, pode ter proporcionado uma série de aparelhos engenhosos para nossa conveniência e distração, mas deixou-nos em um mundo sem deslumbramento. Nossos crepúsculos foram reduzidos a comprientos de ondas e freqüências. As complexidades do universo foram desmembradas em equações matemáticas. Até o nosso amor-próprio de seres humanos foi destruído. A cieência proclama que o planeta Terra e seus habitantes são um cisco insignificante no grande plano. Um acidente cósmico. Até a tecnologia que promete nos unir, ao contrário, nos divide. Cada um de nós está hoje eletronicamente conectado ao globo inteiro e, entretanto, todos nos sentimos sós. Somos bombardeados pela violência, pela desintegração e pela traição. O ceticismo passou a ser uma virtude. O cinismo e a exigência de provas para tudo converteram-se em pensamento esclarecido. Alguém ainda se admira que as pessoas hoje se sintam mais deprimidas e derrotadas do que em qualquer outra ocasião da história do homem? Será que existe alguma coisa que a ciência considere sagrada? (...) Despedaça o mundo de Deus em parcelas cada vez menores em busca de significados e só encontra mais perguntas.

A velha guerra entre a ciência e a religião está encerrada. Vocês venceram. Mas não venceram honestamente. Não venceram fornecendo respostas. Venceram redirecionando nossa sociedade de modo tão radical que as verdades que outrora víamos como diretrizes agora parecem inaplicáveis. A religião não tem capacidade de acompanhar isso. O crescimento científico é exponencial. Alimenta-se de si mesmo como um vírus. (...) Atualmente calculamos por semana o progresso científico. Estamos girando fora de controle. O abismo entre nós se aprofunda sem parar e, à medida que a religião vai ficando para trás, as pessoas se vêem em um vazio espiritual. Imploramos pelo sentido das coisas. (...) Frequentamos médiuns, buscamos contato com os espíritos, experiências extracorpóreas, uso do poder mental (...) São o grito desesperado da alma moderna, solitária e atormentada, deformada por seu próprio esclarecimento e incapacidade de aceitar que haja sentido em qualquer coisa que seja estranha à tecnologia.

(...) Desde o tempo de Galileu, a Igreja vem tentando diminuir o ritmo da marcha implacável da ciência, às vezes por meios equivocados, mas sempre com intenções benéficas. (...) As promessas da ciência não foram mantidas. As promessas de eficiência e simplicidade resultaram somente em poluição e caos. Somos uma espécie despedaçada e frenética, seguindo um caminho que nos leva à destruição.

Quem é esse deus-ciência? Quem é esse deus que oferece poder a seu povo, mas nenhuma estrutura moral para lhe dizer como usar este poder? Que tipo de deus dá fogo a uma criança, mas não a avisa sobre seus perigos? A linguagem da ciência não vem com diretrizes sobre o bem e o mal. Os livros científicos explicam-nos como criar uma reação nuclear, mas não tem nenhum capítulo discutindo se a idéia é boa ou má.

(...) Estamos exaustos de tanto ser uma diretir para o mundo. Nossos recursos estão esgotados por sermos a voz do equilíbrio enquanto vocês se atiram de cabeça em sua busca or chips menores e lucros maiores. (...) Seu mundo anda tão depressa que, se pararem por um instante que seja para refletir sobre as implicações de seus atos, alguém mais eficiente pode ultrapassá-los em um piscar de olhos. Por isso voces vão em frente. Promovem o aumento das armas de destruição em massa, mas é o Papa quem tem que viajar pelo mundo suplicando aos líderes que tenham prudência. Clonam criaturas vivas, mas é a Igreja que tem de lembrar a necessidade de considerarmos as implicações morais de nossos atos. Incentivam as pessoas a interagir através do telefone, telas de vídeo e computadores, mas é a Igreja que abre suas portas e nos lembra de comungar aqui, no mundo real, que é como se deve fazer. (...)

(...) Mostrem-nos uma prova de existência de Deus, dizem vocês. E eu respondo, usem seus telescópios para olhar o céu e me digam como é possível não haver um Deus. (...) Será que é mesmo tão mais fácil acreditar que escolhemos a carta certa em um baralho em que há bilhões delas? Será que estamos tão falidos espiritualmente que preferimos acreditar numa impossibilidade matemática e não em um poder maior do que nós?

Se vocês acreditam em Deus ou não, tem de acreditar nisto: quando nós, como espécie, abandonamos a confiança em um poder maior do que nós, abandonamos também nossa obrigatoriedade de prestar contas. A fé, todas as formas de fé, são advertências de que existe algo que não podemos compreender, algo a que temos de responder. Com fé, prestamos contas uns aos outros, a nós mesmos e a uma verdade maior. A religião é falha, mas só porque o homem é falho. (...)

O Vaticano já está mandando boicotar o filme assim como fez com o anterior... aliás... assim como fez com os livros. Mas será que o livro foi lido? Será que é outro equívoco na tentativa de frear a ciência?

Eu me considero, de certa forma, um cético. Continuo sendo mais "cientista", porém tenho a minha fé. Esse texto vale uma longa reflexão. Talvez não pela religião ou pela ciência, mas pelos rumos que estamos indo.

(BROWN, Dan. Anjos e Demônios. Trad. Maria Luiza Newlands da Silveira. Rio de Janeiro: Sextante, 2004, p. 314-8.)

terça-feira, 12 de maio de 2009

Desmistificando a Disney

Olha, eu sou fã das criações de Walt Disney e o que foi criado em seu nome. Sério. Mas esse videozinho me deixou com uma pulga atrás da orelha. Minha primeira reação foi achar falta de criatividade. Mas depois lembrei que os filmes eram feitos à mão, quadro a quadro, pintados... ufa! Relevei algumas coisas, pois acredito que os moldes já deveriam estar prontos. Mas mesmo assim, me senti meio trouxa... Vejam e opinem:

sábado, 9 de maio de 2009

Últimas do Wolverine

Wolverine já veio e já foi embora do Brasil. Mas as notícias não param.

A Marvel confirmou a continuação do filme (ai... ai... ) e deve fazer um filme solo para explorar o personagem de Ryan Reynolds, o Deadpool/Wade Wilson. Parece que o filme teve várias cenas pós-créditos (eu só vi duas - a prisão de Stryker e Wolvie na Ásia - mas parece que o DVD conterá todas) e numa delas Deadpool aparece vivo (clone?). Com isso os mutantes da editora ganham um enorme fôlego na telona, pois já existem projetos para Magneto e os Novos Mutantes.

E vale uma correção: parece que a Marvel decidiu mudar o personagem de Dominic Monaghan. Ele seria o Bico/Barnell Bohusk, mas terminou como Bolt/Chris Bradley, personagem que não existe nas HQs, mas tenta evitar problemas com os "fanáticos puristas".

Além disso, Hugh Jackman gostou tanto do game que foi feito do filme que confessou que algumas narrativas do game foram incluídas no filme. E parece que as críticas tem sido mais positivas ao game do que ao filme. O jogo mostra o mutante desde sua fuga das instalações do Projeto Arma X até as florestas da África e além. As plataformas de lançamento são o Xbox 360, PlayStation 3, PCs, Nintendo Wii, Nintendo DS, PlayStation 2 e PSP. Pena que não jogo mais...

A Panini lançou um hotsite sobre o herói para os brasileiros se informarem mais. Tem até videozinho!

Snikt!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Apareceu o design brasileiro!

Está rolando no MAM-SP a exposição Design Brasileiro Hoje: Fronteiras, que vai até o dia 28 de junho. O programa Starte da GloboNews fez uma edição sobre o assunto e ficou bem interessante para todos entenderem como andam as coisas por aqui. Vejam o vídeo (é meio longo) e depois (é claro) farei comentários.


Bom... pra começar estou achando toda essa iniciativa absolutamente incrível. Mostrar design em todas as mídias é importantíssimo para a produção de uma cultura direcionada. E o programa mostra dois discursos bem diferenciados porém intrínsecos: o design mercado e o design arte.

A famosa Ana Couto carrega bem o discurso que puxa o design e o branding para o marketing. Não é o muito desejado. O discurso é beeeeem enfeitado, mas ela toca em pontos importantíssimos para o entendimento da sociedade hoje. As escolhas, as relações com as marcas, as experiências. E coloca muito bem o design a serviço da sociedade.

Adélia Borges, curadora da exposição, apresenta o que o país produz. É maravilhoso quando ela coloca uma vassoura na abertura da exposição provando que o design faz parte do cotidiano de todos. Eu até vou deixar de reclamar por ter pago R$8 na minha vassoura! Afinal... ela está na parede do MAM! E depois que a entrevistadora pergunta sobre as famigeradas cadeiras (ou você não percebeu que no Brasil design e cadeira são sinônimos?), Adélia responde e em seguida puxa a sardinha do design gráfico! Milagre! Maravilha!

Destaco ainda as folhas-convite de Fred Gelli (não as conhecia e achei genial) e os sapatos customizados que Adélia apresenta logo no início. Os sapatos são uma das conclusões da minha dissertação, mostrando a tendência interativa (customizada) do design.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Como não amar?

Novamente Fabricio Carpinejar utiliza as palavras como ninguém para explicar como ele ama. E acho que todo mundo ama assim, mas não se dá conta. Leiam o texto "Pingado" que ele postou no dia 5 de maio. Aqui vai um pedação:
Ninguém ama por inteiro. Eu amo e sou amado por fragmentos. No início da paixão, mostramos a região predileta: os dons e os dotes. Nossa parte benigna. Fácil decorar e pôr em prática.

É mais simples falar eu te amo quando não se ama. Quando vou falar eu te amo amando, o som não é natural. A boca pesa, a mão lateja, acredita-se em toda vogal. Nossa vida vai junto com os lábios de inverno.

Entendo agora: uma verdade que não se cansa é mentira. Portanto, amo de verdade e amo de mentira, para não deixar nada sem amar.

Não amo por inteiro. Amo por fases. Por dias. Por horas. Há incomodações, ódios e resmungos nos intervalos. Nivelar o amor é aniquilá-lo. É não admitir que a pessoa não é o que espero, nem o que ela espera. E passar a desconfiar que não amo por aquilo que não preciso mesmo amar.

Procuro no amor a cegueira da paixão e os olhos já estão abertos nos dedos. Amar é suportar também não amar quem mais se ama. Lidar com o que nos irrita e não explodir. Dar a trégua para a paciência virar confiança. Não se sentir perseguido na hora da crítica. Não cortar a fala pelo passado. Não ameaçar com o fim, não interromper com chantagens, não sobrepor dissidências com suspeitas. Permitir que o rio mergulhe seus pés em nosso corpo.

O que julgava ser uma virtude - minha disposição em ajudar - pode ser compreendida como arrogância. Como se fosse cobrar um favor mais adiante. Ajuda só é ajuda no instante em que ela é esquecida. Tenho que ser suficientemente discreto para não voltar no assunto. Nunca mais.
Isso é só uma parte e eu concordo em tudo. Pensei em grifar algumas partes importantes, mas tudo é importante. E confesso que tenho que fazer um esforço pessoal para conseguir ser tão altruísta como no último parágrafo que copiei.

E ele ainda fecha com uma frase de seu avô ("O abacate é uma das raras frutas que amadurecem fora do pé") e conclui: "Depende de uma semana longe da árvore. Como o amor. Inclusive quando não se ama".

Instrutivo. Reflexivo. Perfeito.