Fui ver A Origem (Inception, 2010) do diretor Christopher Nolan, com Leonardo DiCaprio (Dom Cobb), Ellen Page (Ariadne), Joseph Gordon-Lewitt (Arthur), Ken Watanabe (Saito), Tom Hardy (Eames), Marion Cottilard (Mal), Cillian Murphy (Fischer), Michael Caine, Tom Berenger e outros. Inception quer dizer inserção, a colocação de uma idéia dentro da mente de uma pessoa. Talvez não seja um nome comercialmente interessante, mas A Origem ficou meio estranho também. A sinopse básica do filme é:
Em um mundo onde é possível entrar na mente humana, Cobb (DiCaprio) está entre os melhores na arte de roubar segredos valiosos do inconsciente, durante o estado de sono. Além disto ele é um fugitivo, pois está impedido de retornar aos Estados Unidos devido à morte de Mal (Cotillard). Desesperado para rever seus filhos, Cobb aceita a ousada missão proposta por Saito (Watanabe), um empresário japonês: entrar na mente de Richard Fischer (Murphy), o herdeiro de um império econômico, e plantar a ideia de desmembrá-lo. Para realizar este feito ele conta com a ajuda do parceiro Arthur (Levitt), a inexperiente arquiteta de sonhos Ariadne (Page) e Eames (Hardy), que consegue se disfarçar de forma precisa no mundo dos sonhos.
É difícil falar algo sobre o filme sem entregar algo importante, então aí vai: depois de ter visto Ilha do Medo (Shutter Island, 2010) - também protagonizado por DiCaprio - fica fácil chegar a uma conclusão sobre o filme. Existem vários recados nas entrelinhas dos diálogos que entregam tudo. Novamente nenhuma atuação carrega o filme (apesar de adorar a jovem Ellen Page e acreditar no crescimento profissional de Gordon-Levitt), mas nada disso invalida o maravilhoso trabalho de direção de Nolan. Quem viu o excelente Amnésia (Memento, 2000) sabe que ele adora desconstruir os personagens, assim como as edições de seus filmes. Quem viu Batman - O cavaleiro das trevas (The Dark Knight, 2008) e o novo Coringa já sabe de sua capacidade de conduzir filmes de ação e construir cenas memoráveis. Aliás, Nolan escreveu esse filme antes de dirigir os filmes do homem-morcego porque achava que ainda não estava preparado para realizá-lo. Que bom. Sua maturidade no controle das câmeras está aprovadíssima. E sem 3D! Amén!
No entanto, confesso ter esperado algo muito maior em termos visuais já que estamos falando de sonhos! Me lembrei do filme A Cela (The Cell, 2000), com Jennifer Lopez e Vincent D'Onofrio, que possui um roteiro ao menos semelhante: entra-se na cabeça do psicopata em coma para saber onde ele deixou sua última vítima. O visual desse filme é muito louco! Entendo que no A Origem era necessário um sonho mais real com o objetivo de enganar os outros. Sobrou pra gente as incríveis escadas escherianas, alguns movimentos em câmera lenta e a excelente luta com a sala girando. Achei simples tudo em relação à arquitetura... dobrar uma rua? Andar no teto? Prédios em ruínas na beira do mar? Isso não é nada demais com os efeitos que temos hoje. Os belos cartazes já mostravam o que íamos ver:
Dito como o novo Matrix (1999 e 2003), A Origem já está sendo considerado o terceiro melhor filme de todos os tempos - atrás de Um sonho de liberdade (The Shawshank Redemption, 1994) e o Poderoso Chefão (The godfather, 1972)! Está com cheiro de Oscar... vários!!! Só que tenho que concordar com Ligia Fascioni: o filme é bom, mas Matrix (a trilogia toda mesmo) foi capaz de deixar o mundo inteiro refletindo. A Origem não é um filme tão difícil como se prega (já tem até história de ser um plágio do Tio Patinhas!), mas vai se tornar um extenso estudo psicológico sobre sonhos e as relações entre a vida real e nossos desejos. Então - sem ser tão entusiasta - acabo concordando também com Otávio Almeida, do blog Hollywoodiano: a genialidade do filme está em Nolan.
Além do sensacional cartaz que começa esse post (labirintos de cabeças dentro de labirintos de cabeças dentro de...), fica aqui esse outro do designer americano Trent Walton. Só vai entender os "totens" - objetos que os invasores de sonhos usam no filme como link com a realidade - quem viu, mas é legal: