Eu adoro jogar pelada. Gosto tanto que não resisti e ambientei numa pelada o início do livro que estou lançando, "Cinco contra um". O livro não é especificamente sobre peladas nem sobre futebol, mas o personagem principal desse romance adora bater uma peladinha, assim como eu.Então, galera, usem esse texto para peitar suas esposas, namoradas, agregadas e afins!
Muita gente não entende, mas, para nós, peladeiros, o futebolzinho semanal é um momento quase sagrado de nossas vidas. Nós esperamos ansiosos por aquelas duas ou três horinhas em que vamos chutar uma bola e ingar os amigos numa quadra de futebol. Muito peladeiro é capaz de desmarcar reuniões importantes, adiar compromissos marcados há semanas, dar desculpas esfarrapadas para não ir ao jantar de família e alguns chegam até a desmarcar o cinema com a namorada, com todas as consequências que isso pode acarretar, só para não perder a pelada com os amigos.
A pelada é tão importante na vida de alguns caras que muda até alguns de seus hábitos. Normalmente, o homem quando vai fazer compras não se comporta como as mulheres que meem em tudo na loja, viram e reviram as roupas epostas. O homem não é assim, ele fica grilado de tirar as roupas das pilhas porque acha que depois vai ser obrigado a dobrá-las de novo. E homem não sabe dobrar roupa. Ele fica com medo de bagunçar a loja e tomar uma bronca da vendedora. Mas quando o cara vai comprar material esportivo para jogar a sua pelada sagrada ele se transforma, parece uma moça, não se preocupa com nada, calça todas as chuteiras, tira tudo do lugar, não descansa até conseguir se decidir pelo uniforme ideal. Tudo bem, depois de se transformar numa perua deslumbrada ao comprar o uniforme da pelada, ele volta ao normal e tão cedo não vai entrar numa loja por vontade própria. O peladeiro se apega à sua chuteira, não a troca por nada, não deia nem que seja lavada, para quê? Afinal, ela vai sujar de novo na próxima pelada! Ele só vai comprar outra chuteira cinco anos depois, quando o barco que se abriu na sola atrapalhar a perfeição do chute de trivela.
Aliás a pelada é tão importante para alguns homens que é o único lugar em que ele repara na roupa de outro:
— Que camisa maneira!
— É a camisa retrô do segundo título brasileiro do Flu. Lembra? Aquele do gol do Romerito... E a sua?
— Uniforme que o Inter de Milão ganhou o mundial! Oficial! Custou uma fortuna!
E muitos homens casados acabam discutindo com as suas mulheres por causa da pelada. Os peladeiros tem quase certeza de que, quando chegam em casa felizes e imundos da pelada, suas mulheres entram em estado de alerta. E então um pequeno detalhe pode desncadear uma feroz discussão. Esse detalhe é a quantidade de gemidos do homem. Porque homem que chega da pelada, principalmente a partir de uma certa idade, sente várias dores musculares e geme por dois dias seguidos E quando as mulheres escutam os gemidos do peladeiro, uma transformação acontece, e elas resolvem que aquele é o momento para discutir a relação. Como o homem nessa hora não quer conversa, está naquele estado de burrice pós-pelada, em que só consegue falar do golaço que fez, do drible maravilhoso que deu ou no máimo do passe de letra que quase conseguiu executar, então a discussão é inevitável.
Mas, se você é um peladeiro inveterado, haja o que houver, nunca faça como um amigo meu, que no auge da discussão, quando a mulher lhe perguntou "afinal, a pelada é mais importante que a sua mulher?", ele respondeu: "Depende das condições do campo e da qualidade dos jogadores." Fim do casamento.
sábado, 4 de fevereiro de 2012
As agruras de um peladeiro
Transcrevo a coluna de Beto Silva (um dos Casseta) para a Revista de Domingo do jornal O Globo de domingo, dia 27 de março de 2011:
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
No giro do bambolê
Fique tonto:
Então... a lorinha inglesa resolveu usar uma câmera especial para filmagens em movimento em seu bambolê e fez essa doideira. Enjoou?
Então... a lorinha inglesa resolveu usar uma câmera especial para filmagens em movimento em seu bambolê e fez essa doideira. Enjoou?
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Lição de sangue
Batismo de Sangue (2006/2007) não é um filme fácil. Até porque falar sobre a ditadura no Brasil nunca é agradável... ainda mais quando o foco fica na tortura. Mas não quero fazer uma crítica ao filme em si. Quero fazer uma constatação pessoal.
A Igreja me incomoda. Seus rituais, suas necessidades, suas exigências, suas manipulações. Estudar a História do mundo nos coloca frente a frente com uma instituição politicamente incorreta e economicamente desleal (o que falar da Inquisição? E as indulgências abusivas?) Bom... mas também não vou discursar sobre os malefícios dessa igreja.
O filme de Helvécio Ratton baseado no livro homônimo de Frei Betto nos revela a ação dos frades dominicanos durante a ditadura brasileira. Confesso aqui minha surpresa. Não tinha a mínima ideia dessa presença ativa e fundamental em favor da democracia no país.
No meio do filme, aparece um cardeal que reprova as ações do frades, representando a posição que eu imaginava da Igreja. Mas uma missa dentro do presídio do DOPS, realizada pelos quatro frades com Tang sabor uva como vinho e biscoito Maria como hóstia quebrou esse meu paradigma. Na verdade, meu antigo ponto de vista é abalado desde o início quando acompanhei os frades envolvidos em reuniões estudantis e fuga de líderes do movimento libertário.
As torturas servem para impactar - é claro -, mas fazem muito mais: eles humanizam a Igreja. Fortalecem a minha opinião de que a Igreja é uma criação humana... feito por homens para os homens. E, por isso, em nenhum momento fiquei incomodado com as ditas traições dos frades que revelaram informações vitais aos militares. Eles o fizeram sob tortura física e psicológica. Homens sentem dor. Sentem medo.
Sendo assim, creio que esse filme não deve ser apenas um registro do passado: precisa ser ensinado. Em aulas de História, de Política e, principalmente, de Religião.
A Igreja me incomoda. Seus rituais, suas necessidades, suas exigências, suas manipulações. Estudar a História do mundo nos coloca frente a frente com uma instituição politicamente incorreta e economicamente desleal (o que falar da Inquisição? E as indulgências abusivas?) Bom... mas também não vou discursar sobre os malefícios dessa igreja.
O filme de Helvécio Ratton baseado no livro homônimo de Frei Betto nos revela a ação dos frades dominicanos durante a ditadura brasileira. Confesso aqui minha surpresa. Não tinha a mínima ideia dessa presença ativa e fundamental em favor da democracia no país.
No meio do filme, aparece um cardeal que reprova as ações do frades, representando a posição que eu imaginava da Igreja. Mas uma missa dentro do presídio do DOPS, realizada pelos quatro frades com Tang sabor uva como vinho e biscoito Maria como hóstia quebrou esse meu paradigma. Na verdade, meu antigo ponto de vista é abalado desde o início quando acompanhei os frades envolvidos em reuniões estudantis e fuga de líderes do movimento libertário.
A missa. |
Caio Blat como Frei Tito |
Sendo assim, creio que esse filme não deve ser apenas um registro do passado: precisa ser ensinado. Em aulas de História, de Política e, principalmente, de Religião.
sábado, 28 de janeiro de 2012
Poesia pelada
Fabrício Carpinejar é um moderno poeta, escritor, autor, gaúcho e cafajeste (como ele se intitula) com um blog bem interessante. Recentemente, para falar das combinações de um churrasco, comparou ao futebol. Leiam um pedaço:
Marcar futebol é uma negociação tremenda. Se o jogo é domingo, o marmanjo fica o sábado confirmando os nomes. É uma expectativa de menino. Sofre pavor de trabalhar no final de semana, mas não larga o celular para agendar a turma ao campinho. Não achará tempo para mais nada. O finzinho da tarde dominical será dedicado a se recuperar do cansaço e das lesões ou para lembrar os melhores momentos da partida.Legal! É praticamente isso mesmo! Agora, me dêem licença porque eu vou pra minha peladinha sagrada!
Não existe gostar de futebol e desligar o assunto. É fácil entender a fobia das mulheres com o "joguinho". Não se trata de um esporte com hora marcada, é ser envolvido pelos bastidores de uma campanha eleitoral (Ele vai? Não vai? Por quê?). Não é somente um que planeja e efetua a série de telefonemas, todos se falam entre si para reiterar o convite. A crise aumenta se não é salão e sim sete, mais ainda no momento do futebol de campo.
A histeria masculina repousa nas chuteiras. Caso o homem fosse jogar e voltasse assim que terminasse, pronto, estava resolvido; o pomo da discórdia é que inventa de se concentrar como profissional. Ele é amador no trato com a bola e rigoroso na preparação e nos rituais de véspera.
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