quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Muito mais que descortês

Faço questão de reproduzir aqui na íntegra a coluna de Miriam Leitão que saiu na última terça-feira no blog que a jornalista mantém n'O Globo, inclusive com o mesmo título para essa postagem:
As declarações do ministro Aldo Rebelo sobre o fato de a ex-ministra Marina Silva ter carregado a bandeira olímpica poderiam ser apenas mais uma exibição dos maus modos do ministro, ou de suas esquisitices. Mas foi pior do que isso. Sua fala pública e a de outros nos bastidores mostram que eles confundem país com governo, o que é comum apenas em regimes autoritários.

O mal estar gerado por algo que deveria ser visto como um motivo de orgulho foi mais significativo do que pode parecer. É autoritarismo o que está implícito na ideia de que só governistas podem representar o país, suas causas, suas lutas. Era comum no regime militar essa mistura entre o permanente e o transitório, essa apropriação do simbolismo da pátria pelos governantes. É também falta de compreensão do que é o espírito olímpico: a boa vontade que prevalece sobre as diferenças. Foi por isso que os escolhidos representavam o combate à pobreza, a luta por justiça, os pacificadores, o esforço de convivência entre povos, a preservação da Terra.

Quem o ministro gostaria que fosse o símbolo da proteção da floresta? Ele e seu projeto de Código Florestal que permitia mais desmatamento? Marina dedicou a vida a essa causa, desde o início de sua militância com Chico Mendes. Esse é um fato da vida.

“A Marina sempre teve boas relações com a aristocracia europeia. Não podemos determinar quem a Casa Real vai convidar, fazer o quê?”, disse o ministro dos Esportes. Nisso revelou que desconhecia os fatos, as regras de etiqueta, a lógica da festa, o simbolismo da bandeira olímpica, o que o governo inglês pretendia com a abertura e até quem é responsável por organizar a festa. Obviamente, não é a Casa Real.

Isso é mais espantoso, porque o Brasil é o próximo país a receber uma Olimpíada e a preparação já está em andamento. Se essa pequenez exibida na declaração do ministro tiver seguidores, o Brasil fará uma festa governamental. Outro integrante do governo comparou a escolha de Marina ao desfile de um trabalhista na frente de um governo conservador. A espantosa confusão não é exclusividade do ministro, é feita por outros graduados funcionários. Outros concordaram com essa canhestra interpretação. A demonstração de desagrado do governo brasileiro foi tão evidente que o representante inglês se sentiu obrigado a lembrar aos jornalistas o óbvio: a escolha não foi política, porque este não é o momento.

O governo poderia interpretar os fatos como os fatos são. O Brasil é detentor da maior fatia da floresta com maior biodiversidade do planeta. É o segundo país em cobertura florestal do mundo. O primeiro é a Rússia, que não tem a mesma riqueza de espécies. Nem de longe. A escolha de uma brasileira demonstra esse reconhecimento de que, numa causa estratégica para o século XXI, o Brasil tem destaque.

Marina mostrou que tinha entendido exatamente o que tudo aquilo representou. Fez declarações delicadas e com noção da grandeza do momento. O incidente não é apenas uma descortesia à Marina, mas uma demonstração de falta de capacidade de compreensão do espírito olímpico por parte dos governantes do país que organizará a próxima Olimpíada.

Autoridades que falaram aos jornalistas, com o compromisso de não divulgação de seus nomes, explicaram por que estavam amuadas: não foram avisadas. Como a ex-ministra disse, os organizadores pediram que não divulgasse a informação. Ela fez isso. Até a presidente Dilma deu uma nota fora do tom ao dizer que “o Brasil fará melhor" na festa de abertura. “Vai levar uma escola de samba e abafar”. A hora era de elogiar a festa de Londres e entender a complexidade da preparação da abertura de uma Olimpíada. Não basta chamar uma escola de samba.

Pra quem não sabe, Marina Silva é reconhecida mundialmente por seu trabalho de defesa do meio-ambiente. Ela entrou carregando a bandeira com os anéis olímpicos juntamente com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o maestro argentino Daniel Barenboim, o ex-boxeador Muhammad Ali, o fundista etíope Haile Gebreselassie e alguns prêmios Nobel. O convite partiu do Comitê Olímpico Internacional, sem o conhecimento do governo brasileiro, e foi mantido em sigilo a pedidos. Acabou dando mais ibope que a presidenta...

E tem muito mais... o presidente da Câmara, Marco Maia, disse que ficou surpreso e que o COI deveria ter feito um melhor trabalho de comunicação com o governo brasileiro "para a escolha das pessoas". Outro membro da delegação (que pediu para não ser identificado) acredita que o COI fez o equivalente a convidar um membro da oposição britânica para um evento no Brasil que tenha o governo de Londres como convidado especial.

E a educada e delicada Marina explicou que recebeu o convite poucos dias antes e, para não criar polêmica com a presidenta, insistiu em dizer que "sentia orgulho" em ver a primeira presidente mulher do país na arquibancada do estádio olímpico. Para ela, a emoção olímpica se equiparou à sua alfabetização tardia.

Gente... esse ano é de eleição. Vamos começar a mudar essa governância. Não reconhecer os ideais olímpicos é digno de repulsa. Começo a temer o que vem por aí em 2014 e 2016.

domingo, 29 de julho de 2012

É nosso!

sexta-feira, 27 de julho de 2012

De volta ao espírito olímpico!


De hoje ao dia 12 de agosto o mundo esportivo estará às voltas com os Jogos Olímpicos de Verão em Londres! Já falei muito sobre Olimpíadas e identidade visual neste blog, ainda mais, considerando os próximos jogos no Rio de Janeiro. Relembrem...


No fim, farei um balanço de nossa participação, mesmo com minha eterna baixa credibilidade. Não por causa de nossos atletas, mas por causa da política para os esportes que não são o futebol aqui no Brasil. E isso porque nunca ganhamos medalha de ouro no futebol olímpico...

terça-feira, 24 de julho de 2012

Vou ali e já volto...

Chichen Itzá (México), uma das sete maravilhas do mundo moderno!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Por uma sociedade BEM melhor


Alexandre Lopes, um professor de Petrópolis (RJ), está concorrendo ao prêmio de melhor professor dos EUA por seu trabalho com crianças autistas e baixo poder aquisitivo!

(Reprodução/Macy's)
Na última quinta-feira (dia 12), o brasileiro foi eleito o melhor entre os mais de 180 mil professores da rede estadual de ensino da Flórida, levando pra casa prêmios em dinheiro, um carro, uma viagem a Nova York, um anel de ouro e um treinamento espacial na Nasa!

Desde 1995 - quando emigrou para os EUA -, Alexandre vem conquistando prêmios por seu trabalho. No entanto, para ele, o mais importante é o legado que está deixando não só para as famílias, mas também para toda sociedade.
Eu não vou estar mais aqui, meus aluninhos não vão estar mais aqui, mas a sociedade ensinada por eles e pelo meu ensino, sim.
Alexandre também dá forças aos pais que passam por isso:
Essas crianças são filhas desses indivíduos, mas elas também são parte da nossa sociedade, é injusto que deixemos esses pais sozinhos com o grande desafio que enfrentam.
Que bom que existem profissionais assim por aí que trabalham independente da nacionalidade ou dos prêmios. Aliás... que bom que existe GENTE assim. (Matéria completa aqui - que deveria estar em todos os grandes jornais como manchete...)