sábado, 2 de agosto de 2014

Dalí aqui

O CCBB do Rio está comemorando seus 25 anos com a mais significativa retrospectiva de Salvador Dalí do país, com cerca de 150 obras do artista, entre pinturas, gravuras, documentos, fotografias e ilustrações. A mostra abrange as diversas fases criativas do pintor (temos um autorretrato cubista logo no início, por exemplo), com ênfase no período surrealista, que o consagrou e no qual refletiu seu imaginário singular. No entanto, não são as obras mais conhecidas (como os relógios d'A persistência da memória). São obras menos óbvias que fazem não só a gente ter uma ideia do escopo do trabalho do artista como também da sua importância.

Mesmo com significativos trabalhos envolvendo o mundo ilusório de Dom Quixote, destaco duas séries impressionantes: suas ilustrações para "Alice no País das Maravilhas" e suas impressões botânicas em flores e frutas surreais. Na primeira, Dalí e Alice parecem ter sido feitos um para o outro. Talvez o pintor tenha vindo do País das Maravilhas! São imagens incríveis! Quem viu a animação que Dalí e Disney quase fizeram, vai reconhecer a personagem de Alice nas pinturas abaixo.

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As flores e frutas demonstram a criatividade frenética de Dalí. Talvez algumas delas façam você realmente acreditar que o bigodinho do pintor seria um traço de loucura. Engano: é genialidade.

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Genialidade essa que fica muito clara nas obras, mas não na exposição. Falta bastante informação sobre o pintor e sobre o período vivenciado. Documentos e revistas com grande importância artística são dispostos apenas como ilustrações sem qualquer relevância editorial. Uma sala com capas de revista e até anúncios de TV que Dalí participou, mostram um lado comercial importante do pintor que fica só como um registro que ele era excêntrico. Mas ele era mais do que isso. Sua postura artística tinha um significado até político.

Mesmo assim, ver Dalí é mais do que importante. É ver sonhos, metáforas e novos mundos se realizarem numa tela. Fica até setembro.

domingo, 20 de julho de 2014

Gurda-chuva-poste

Vocês sabiam que todo ano os japoneses inventam alguma novidade em relação à guarda-chuvas? A última é o guarda-chuva iluminado!


Afasta perigos de noites escuras de temporal com duas pequenas lâmpadas que podem ser avistadas a 30 metros de distância! Só vende no Japão em seis modelos diferentes, mas não consegui descobrir nem o preço nem como funcionam ou onde ficam as lâmpadas. Acredito que deva ser algo no cabo.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Benévola


Só essa imagem aí em cima já diz tudo: Angelina Jolie É Malévola, a bruxa do conto da Bela Adormecida, a responsável por fazer a princesa dormir pra sempre só porque não foi convidada para festa, aquela que vira dragão e criar muros de espinhos. E ela realmente está a cara e o jeito da vilã da Disney (aí do lado).

Mas prestem atenção: se vocês esperam um filme de princesa, esqueçam. Esse é um filme da bruxa! Essa não é uma versão com humanos do desenho da Disney... portanto, não fiquem rabugentos, puristas! E não é um filme mulherzinha, porque também tem um daqueles combates que viraram obrigação em filmes de fantasia entre homens e criaturas.

Estamos no século XXI e todas as menininhas perdem suas inocências bem antes do esperado/desejado. Rapidamente elas ficam sabendo que todo mundo é capaz de ser bom e mal, principalmente, se for por amor (a eterna razão pra tudo...). Não é à toa que uma novela como Avenida Brasil ou uma série como Revenge fazem sucesso. Então, Malévola não poderia ter feito tudo que fez somente por não ter sido convidada. A Disney precisava dar motivos para suas ações.

Peraí... a Disney querendo justificar maldades? Claro que não, né! Ela a transformou numa fada/bruxa que tem seu coração partido e fica amarga, raivosa e terrível. Com grandes diferenças do desenho, acabamos nos apiedando de Malévola e ficando do lado dela ao invés das fadinhas Fauna, Flora e Primavera, que acabaram com seus péssimos nomes originais e um jeito demasiado trapalhão. O rei é o ambicioso vilão, o verdadeiro Malévolo. Nem quando a princesa bocó entra em cena, mudamos de lado: a fada/bruxa fica com a nossa torcida.

Na minha sessão, o final (mais fantasia, menos humano) arrancou aplausos. Não acho que tenha sido pra tanto, mas acho muito bom quando os estereótipos femininos de final feliz são reconstruídos. Principalmente pela Disney, a grande construtora desse estereótipo princesinha. Ao lançar Valente (Brave, 2012), a Casa do Mickey criou uma forte figura feminina que não quer casar de forma arranjada e quer viver sua vida com seus desarrumados cachos vermelhos. Mas uma boneca da valente Princesa Merida de cabelos alisados colocou em dúvida o que a Disney estava fazendo.


O ilustrador inglês David Trumble resolveu até recriar mulheres famosas em princesas para questionar esses estereótipos. Além da humilde e corajosa Rosa Parks (que você vê aí embaixo), ele recriou outras que você pode ver aqui.


Concluo dizendo que Malévola (Maleficent, 2014) é um filme da época em que vivemos, cheia de "jogos vorazes" e "mulheres divergentes"que não aceitam seu destino e tentam reescrever sua história.

PS.: Eu vi esse filme antes da Copa, mas não dava pra parar tudo por causa de uma princesa... oops... bruxa, né?

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Realidade anamórfica

Você já ouviu falar em tipografia anamórfica? São aqueles textos escritos em paredes que você só consegue ler em um determinado ponto de vista. Tem um exemplo aqui no blog. Agora imagine um clipe de música todo feito a partir dessas mudanças de ponto de vista e perspectiva, deixando você sem saber o que é real. E numa única tomada!


A banda Ok Go é incrível mesmo. Já fiz uma postagem sobre os clipes deles que vale a pena sempre ver de novo, porque são sensacionais! E até a música é boa!

segunda-feira, 14 de julho de 2014

A Copa das Copas

É impressionante como a expectativa é capaz de levar alguém do céu ao inferno e vice-versa. Atentem para o seguinte:
  • DO CÉU AO INFERNO: A maioria dos brasileiros acreditavam que o Brasil chegaria à final com um futebol maravilhoso capitaneado por Neymar. A expectativa era tanta que a humilhação se tornou histórica. Nosso futebol está sendo corretamente questionado e esperamos boas consequências disso, de preferência, sem expectativas...
  • DO INFERNO AO CÉU: A imprensa mundial e nacional deixaram bem claro que o Brasil não estava pronto para um evento dessa proporção, porque mantinha seus estereótipos de selva, bunda e violência. A expectativa era tão baixa que o próprio país se tornou o melhor da Copa. Esqueceram que a gente entende é de festa, ou alguém aí duvida do Carnaval no Rio, de Parintins, dos Festas de São João no Nordeste e por aí vai?

Em relação à competição, o número de recordes batidos foi enorme! Primeira seleção europeia a vencer na América, Klose como maior artilheiro das Copas e por aí vai... Tivemos a maioria dos jogos com muita emoção e uma chuva de gols (171 no total, como em 1998 na França). A classificação geral ficou assim:
  1. Alemanha
  2. Argentina
  3. Holanda
  4. Brasil
  5. Colômbia
  6. Bélgica
  7. França
  8. Costa Rica
  9. Chile
  10. México
  11. Suíça
  12. Uruguai
  13. Grécia
  14. Argélia
  15. EUA
  16. Nigéria
  17. Equador
  18. Portugal
  19. Croácia
  20. Bósnia
  21. Costa do Marfim
  22. Itália
  23. Espanha
  24. Rússia
  25. Gana
  26. Inglaterra
  27. Coréia do Sul
  28. Irã
  29. Japão
  30. Austrália
  31. Honduras
  32. Camarões
Pra mim, o futebol mediano equalizou essa Copa e acabou nos proporcionando uma emocionante competição. Grandes potências europeias, como Espanha, Itália e Inglaterra, foram superadas por Bélgica, Suíça e até mesmo a Grécia na sequência da competição. Nas Américas, tivemos a ascensão de Colômbia, Costa Rica e Chile, com destaque para EUA e México, sem que isso signifique que haja uma real evolução. Tirando a Argélia, os times africanos continuaram decepcionando, só que dessa vez com notícias de corrupção e até mesmo o banimento da Nigéria de competições da Fifa. E na Ásia/Oceania o futebol continua muito ruim...

Dar o título de melhor jogador da Copa para o Messi foi absolutamente ridículo. Sim, ele é craque e decidiu alguns jogos para a Argentina, mas ele não jogou nem 1/5 do que sabe em nenhum dos jogos. Isso é a prova de que o futebol é só resultado. Fez gol? Então você é o melhor. Seguindo esse critério Müller (Alemanha) e Robben (Holanda) mereciam muito mais. O goleiro alemão Neuer também não deveria ter sido escolhido o melhor goleiro. Ele é excelente, mas nessa Copa tivemos melhores: Navas (Costa Rica), Bravo (Chile), Ochoa (México), Howard (EUA) e Ospina (Colômbia), por exemplo. Neuer foi beneficiado por uma defesa sólida e acabou fazendo poucas defesas importantes. Talvez tenha despontado por ter jogado como líbero em vários momentos.


Que venha a Rússia! Mas antes... o Brasil tem a Copa América, as Olimpíadas no Rio de Janeiro (título ainda inédito para nós) e, dessa vez, tem que passar pelas eliminatórias, ou seja, precisa conquistar uma das 4,5 vagas que América do Sul oferece. Lembrando que além de Colômbia, Chile, Argentina, Uruguai e Equador, teremos que enfrentar Paraguai, Bolívia, Venezuela e Peru. Será que ficaremos na repescagem? Veremos.