Bom, seguindo as perguntas que fiz a todos... o que eu faço é brincar com as palavras, desde o som às letras que as compõem. Sempre fui fascinado pela nossa língua e me lembro de ter passado mais de uma semana com a palavra "papoula" ressoando na minha mente. Quando aprendi as figuras de linguagem na aula de português da minha inesquecível professora Auxiliadora, senti que as possibilidades eram enormes. Aliás, foi na aula dela que escrevi meu primeiro poema iludidamente construtivista e totalmente cliché:
DÚBIO PREDICATIVO
Por que Sertão?
Ser tão pobre.
Ser tão miserável.
Ser tão infértil.
Ser tão seco.
Ser tão desesperançoso.
Ser tão morto.
É.
Por isso somos tão.
Daí vieram os sinônimos, antônimos e a noção que nosso idioma é realmente rico. As palavras foram amadurecendo dentro de mim e em 2000 participei de uma exposição coletiva chamada DaGema, com a obra DicionáRIO.
A vida foi tomando outro rumo até que entrei no universo acadêmico que me fazia complicar o fácil, ser prolixo porém conciso e claro. Em 2010, a porteira se abriu e a produção começou. A maioria já apareceu aqui no blog:
- enGARRAFAmento
- Banco de DADOS
- emPILHAmento
- indigNAÇÃO
- É, nem... nem é!
- Rio de Janeiro a Novembro de 2010
- Direitos Humanos para Humanos Direitos
- Direito Civil: onde já se viu? (em gênero, número e grau)
- Luto - Luta
- Arranquem o SiSU
- Irã. Irá? Ira!
- COMUNIDADE
- FRIO
- Cética Ética ETC... e a variação CosmÉTICA
- Afeto Afeta
- Deus Juiz
- Muda.
- Sabia, sábia sabiá?
- B! (Anagrama)
- entre outros...
Mas dando sequência nas perguntas... como eu faço isso? Olha... não tem muito uma fórmula. Normalmente, quando alguma palavra me pega, eu a anoto e deixa ela amadurecer. Assim que ela precisa sair (e eu tenho tempo), eu vou pro computador testar espaços e tipografias. Tenho as tipografias prediletas e os formatos e cores mais ou menos queridos, mas tudo está aberto para o que a palavra quiser.
Agora vem a pergunta mais difícil, provavelmente aquela que empacou com todo mundo: POR QUÊ? E eu não sei responder mesmo. Eu faço porque eu quero, porque eu preciso. Não é só uma forma de expressão, é a criação de algo e ao criar me sinto dando vida. Algo nesse mundo passa a existir porque eu fiz. Esse tipo de poder é único, comparado talvez à geração paterna/materna.
É isso. Esse é meu lado artista, meu lado criador (e ontem esse blog fez 9 anos!).
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