COPA 2018: Aumentando esperanças e tensões

A Costa Rica precisava de pelo menos um pontinho para ter alguma chance matemática. Então, veio pra bater muito e jogar em contra ataques. Só que... Haja cera! Eu detesto cera! Todo time que faz cera deveria perder! Deu no que deu.

Enquanto o Brasil veio nervoso, apreensivo, querendo mostrar que tem futebol pra disputar o título. E tem? Bom... após um primeiro tempo tenso, a seleção brasileira voltou bem melhor, mas não soube lidar com os nervos e a catimba clássica de um time americano.  Merecemos a vitória (mesmo nos acréscimos) pelo segundo tempo mas...

Há tempos que as laterais do Brasil foram treinadas para serem pontas (mais atacantes) e não alas (mais defensores). É inegável o talento de Marcelo na frente, porém, com jogadores do porte de William (que anda jogando mal e pode ter perdido a vaga para o Douglas) e Philippe Coutinho (craque que precisa ser tão protagonista quanto Neymar), acho que não precisaríamos disso, pois teríamos uma defesa melhor protegida e mais espaço de trabalho no ataque. Agora vivemos enfrentando equipes que se fecham completamente e jogam no contra ataque, aproveitando exatamente as avenidas que se abrem nas laterais. Correremos riscos ao longo da competição.

E eu sinto falta daquele jogador do drible objetivo, de um Rivaldo, de um Ronaldinho Gaúcho ou mesmo de um Juninho Paulista. É muito passe lateral na espera do passe certo em profundidade. Sinto também falta do atacante que amedronta a defesa, de um Romário, de um Ronaldo ou mesmo de um Adriano, porque Gabriel Jesus e Firmino não fazem nem o papel de puxar a defesa.

A Sérvia furou rapidinho o ferrolho suíço, mas não foi fácil manter o placar em um jogo tão equilibrado (e talvez um dos melhores jogos até aqui junto ao 3 a 3 ibérico). Tadic do lado sérvio e Shaqiri do lado suíço foram os desafogos de um jogo com bons momentos, mas de duas seleções fechadas em marcação intensa. O empate seria mais justo, mas a Suíça foi mais perseverante e (com um golaço) virou o jogo.

Agora... atenção: o Brasil não está classificado e está numa complicada situação! Pegamos a Sérvia, a seleção mais difícil do grupo que precisa ganhar de qualquer jeito, enquanto a Suíça encara a Costa Rica que já está fora da Copa... Entenda:

• Brasil e Suíça vencendo = as duas passam com a liderança decidida no saldo.
• Brasil e Costa Rica vencendo = passam Brasil em primeiro e Suíça em segundo.
• Brasil vencendo e empate no outro jogo = passam Brasil em primeiro e Suíça em segundo.
• Sérvia e Suíça vencendo = as duas passam, com Suíça em primeiro.
• Sérvia e Costa Rica vencendo = passam Sérvia em primeiro e Brasil em segundo.
• Sérvia vencendo e empate no outro jogo = passam Sérvia em primeiro e Brasil em segundo.
• Empate nos dois jogos = passam Brasil em primeiro e Suíça em segundo.

Preparem-se!

E ainda teve Nigéria e Islândia querendo seguir na competição. Era um jogo chave não só para as duas equipes como para a Argentina, que está eufórica com o resultado de vitória para os nigerianos. Os islandeses mostraram todas as suas limitações ao conseguirem segurar os dorminhocos nigerianos no primeiro tempo, mas, quando eles acordaram, não deu.

A última rodada desse grupo vai pegar fogo! Croácia já está classificada, mas pega a Islândia que precisa vencer pra ter a menor chance de passar. Argentina (que agora está em último no grupo) e Nigéria se enfrentam pra conseguir passar. Quem vencer, passa. Se houver empate, Argentina estará fora e Nigéria precisará da vitória croata.

Sinceramente? Acho que a segunda vaga está em aberto... A Nigéria vai partir pra cima da Argentina, sabendo da crise hermana. Mas isso pode ser bom para Messi e companhia... tanto a crise (querem a saída do técnico) quanto o avanço nigeriano (que vai abrir espaços). Ao mesmo tempo, a Islândia vai jogar com uma Croácia classificada, sendo que já andou vencendo os croatas em jogos recentes.

COPA 2018: Vontade de vencer (vs. Apatia)

O grupo C teve dois bons jogos na segunda rodada com bastante disputa e raça em busca do resultado. O interessante é que as duas seleções que saíram na frente (Dinamarca, com um belo gol, e a França) se viram pressionados para segurar o resultado, mas só uma conseguiu. Austrália e Peru acabaram em desvantagem e frustrados por terem mostrado um bom rendimento técnico.

Na próxima rodada, França (já classificada) e Dinamarca disputam a liderança. Entretanto, os dinamarqueses precisam empatar ou vencer, pois a Austrália está na cola: se os cangurus vencerem o Peru, podem levar a vaga dependendo dos resultados. O Peru tinha o sonho modesto de ficar com a segunda vaga e mostrou um bom futebol. Agora vai para o último jogo sem qualquer chance, mas querendo provar que os mais de 30 anos de ausência de Mundiais não foi à toa.

É... a história argentina nessa Copa parece estar fadada ao fracasso. Com uma defesa ASSUSTADORA (o goleiro não pode voltar ao país), um meio de campo inexistente e o melhor jogador do mundo solitário e apático, Argentina foi HUMILHADA. Não sei se a culpa é do técnico ou de um individualismo velado dos jogadores (ou os dois). Já a Croácia se classifica com um time muito bem organizado e disciplinado, alguns jogadores interessantes e ainda deve ficar na primeira posição do grupo com credibilidade para seguir.

Enquanto isso, a Argentina espera que a Nigéria vença a Islândia para chegar na última rodada podendo pegar a última vaga SE golear a Nigéria e a Croácia vencer a Islândia. Ou seja, os argentinos são anti-Islândia até o fim, mas dependem de resultados e saldos de gols.

Os jogos da terceira rodada acontecem ao mesmo tempo e teremos emoções!

COPA 2018: Placares mínimos

Uruguai ainda está devendo. E muito. Com um futebol burocrático e sem qualquer criatividade, ganhou da fraca Arábia Saudita pelo placar mínimo, quando a Rússia já tinha feito cinco nos sauditas. Fico com a impressão que a Rússia vai sair como líder desse grupo com louvor. Vão ficar de olho no grupo B, pois essa liderança vai decidir quem pega quem a partir do saldo de gols.

Havia previsto que o fraco grupo A não deveria ir além das oitavas. Porém, a fraca defesa de Portugal me coloca uma dúvida, mesmo com Cristiano Ronaldo fazendo o que faz...

Afinal: "uma andorinha faz ou não faz verão"? Se essa andorinha for o Cristiano Ronaldo, a resposta pode ser sim (desculpa Sallah). Portugal mostrou todas as suas falhas e colocou uma dúvida sobre seu favoritismo ao título, que recai sobre o ambicioso astro português. Já Marrocos lutou bravamente e chegou a dominar 2/3 da partida e talvez merecesse uma vida melhor no grupo se não tivesse tomado aquele gol iraniano no finzinho do primeiro jogo.

O Irã já havia conseguido o resultado em cima do Marrocos na primeira rodada e não temeu a Espanha. O gol saiu numa jogada de sorte para os espanhóis, que até tiveram a soberania no jogo, mas sofreram para vencer.

E, de repente, Irã e Marrocos, transformaram um grupo fácil em um grupo tenso. Na última rodada, Marrocos enfrenta a Espanha querendo sair com pelo menos uma vitória da Copa. Pelo que as duas equipes vem apresentando, não duvido nada. No entanto, os espanhóis só precisam do empate. Já Portugal pegou uma pedreira, porque precisa vencer um Irã que também quer uma vaga e vem pra vencer. Os portugueses precisam rezar pra São Cristiano Ronaldo ser mais efetivo do que sua débil defesa. Ainda boto fé nos ibéricos, mas não acho impossível o Irã surpreender.

COPA 2018: Trapalhadas

O grupo H abriu e fechou para detonar todas as apostas. Muito dinheiro foi perdido não só por causa da rodada, mas pra toda sequência da Copa, pois Colômbia e Polônia eram dadas como favoritas e ambas perderam pelo placar de 2 a 1 para Japão e Senegal, respectivamente.

No primeiro jogo, um lance capital: uma expulsão aos três minutos de jogo desnecessária. Aí você vai dizer: "ah, mas se ele não coloca a mão seria gol do Japão". Ok, mas você ainda teria 11 jogadores pra continuar. Sanchez impediu o gol e acabou a Colômbia, que foi envolvida pelos japoneses e precisou correr desmedidamente. O Japão não tem nada a ver com isso e acabou mostrando um futebol competente que se aproveitou da situação.

No segundo jogo, um gol contra e uma atrasada de bola bisonha. Aí você vai dizer "gol contra é azar e a atrasada de bola foi ilegal". Olha... gol contra só é azar se a bola bate no jogador e entra, mas quando o jogador bota o pé só por botar, aí é ignorância e falta de confiança no goleiro. Sobre a atrasada bisonha, o jogador de Senegal seguiu as instruções do juiz e aproveitou a soneca da defesa polonesa. Senegal mostrou uma organização que ninguém esperava e soube aproveitar as oportunidades de uma Polônia limitada e pressionada por uma boa apresentação.

Como resumo da primeira rodada, esse grupo é a prova de que essa Copa está nivelada por baixo. Sem querer desmerecer as seleções medianas, mas as grandes potências ou decepcionaram ou sofreram pra vencer. As seleções sulamericanas precisam sair do salto (Uruguai foi o único que ganhou com um gol nos acréscimos), enquanto as renovações europeias se mostraram com problemas. Tenho visto muita seleção correndo demais e à toa, chegando no final das partidas totalmente esgotada, mostrando despreparo físico e emocional. O juiz de vídeo precisa de ajustes, enquanto os juízes de campo precisam se afastar um pouco das jogadas. O destaque é a dona da casa com 5 gols, sendo dois muito bonitos, e a imprevisibilidade da segunda rodada.

"Uma andorinha não faz verão". Sallah que o diga (em sua única Copa, provavelmente). Mesmo melhorando o Egito, novamente um gol contra "abriu a pirâmide" para os gols russos. Embalados pela confiança dos cinco gols, a Rússia emplacou mais uma vitória fatal.

Com isso, a Rússia já está classificada para a segunda fase e joga a liderança contra o Uruguai na última rodada (pois supostamente a Celeste deve passar pelos árabes) com a vantagem no saldo de gols. Egito e Arábia vão jogar um amistoso pra sair com algum ponto e fechar com honra. Está tudo mais para os egípcios, mas um empate fraco é bem possível.

COPA 2018: A convencer

Me arrisco a dizer que Suécia e Coréia do Sul fizeram um jogo pior do que Irã e Marrocos. Jogo chato, truncado, pegado, faltoso com lances que pareciam mais ao acaso do que trabalhados. A Suécia veio com o status de ter eliminado a tetracampeã Itália na repescagem das eliminatórias europeias sem Ibrahimovic. A Coréia veio com o status de fazer parte de um seleto grupo de seleções que estiveram presentes em todas as copas de 1986 (Argentina, Brasil e Espanha) e com o bom jogador Son (do Tottenham). Equilibraram-se (ou seria anularam-se?) na mediocridade. Só um gol de pênalti (de vídeo) poderia mudar o resultado mesmo.

México e Suécia saíram na frente e só se enfrentam na última rodada, quando os mexicanos provavelmente - já terão vaga garantida, pois devem ganhar dos coreanos na próxima rodada. Os suecos agora pegam os alemães que precisam da vitória, então, será o jogo definitivo para ambos. Acho que a Coréia dançou e perdeu sua única chance.

O que se esperar de um confronto entre uma seleção estreante e uma geração de ouro? Uma goleada, não? Sim, mas o placar não representa o que aconteceu. A Bélgica tem jogadores excelentes que não se acertam como uma equipe. Como se fosse uma eterna promessa que não vinga por individualismos e falta de treino coletivo (bem semelhante à Inglaterra, adversária deste grupo). O Panamá veio pra participar pela primeira vez. Qualquer ponto, qualquer gol, qualquer lance já entrou pra história. Sustentou o primeiro tempo sem gols, mas alcançou suas limitações no início do segundo tempo, quando "a porteira abriu".

A renovada seleção inglesa vive com uma pressão de 50 anos, enquanto a Tunísia chegou nessa Copa como a melhor seleção africana, invicta nas eliminatórias. Mesmo com o eurocentrismo a seu favor, a Inglaterra mostrou deficiências (falta de criatividade e inciativa) que coloca em cheque sua evolução na competição.

É óbvio que Bélgica e Inglaterra são favoritas nesse grupo, mas essas duas seleções precisam convencer e isso será feito na última rodada, quando disputarão a liderança do grupo e indicarão quem pode realmente ter futuro na Copa. Mas ainda acho que Panamá e Tunísia vão fazer os europeus sofrerem um pouco.